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TRABALHO CARANDIRU

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FACULDADE CURITIBANA 
CRISLAINE FLÁVIA VOTROBA 
EDUARDO JOSÉ ATOLINI PFEILSTICHER SILVA 
ELISABETE DA CRUZ 
HIAGO PEREIRA CARDOSO 
JOÃO PEREIRA DA SILVA 
LETICIA DE PAIVA ABREU 
RAFAELA VOTROBA PEREIRA 
TAISSA MARTINS 
 
 
 
 
O MASSACRE DO CARANDIRU 
 
 
 
 
 
 
Curitiba 
2016
CRISLAINE FLÁVIA VOTROBA 
EDUARDO JOSÉ ATOLINI PFEILSTICHER SILVA 
ELISABETE DA CRUZ 
HIAGO PEREIRA CARDOSO 
JOÃO PEREIRA DA SILVA 
LETICIA DE PAIVA ABREU 
RAFAELA VOTROBA PEREIRA 
TAISSA MARTINS 
 
 
 
 
O MASSACRE DO CARANDIRU 
 
 
Trabalho de Teoria Geral de Processo penal, 
Com supervisão do professor Luiz Hallvass. 
 
 
 
Curitiba 
2016 
 
Sumário 
Breve introdução histórica...............................................01 
Pavilhões.............................................................................02 
Pavilhão 2............................................................................02 
Pavilhão 4............................................................................02 
Pavilhão 5............................................................................03 
Pavilhão 6............................................................................03 
Pavilhão 7............................................................................03 
Pavilhão 8............................................................................04 
Pavilhão 9............................................................................04 
Dois de outubro de 1992....................................................................04 
Condições dos presos........................................................................05 
O início da rebelião.............................................................................06 
A entrada da PM..................................................................................07 
Condições psicológicas da PM.........................................................09 
Julgamento dos policiais...................................................................09 
Desativação..........................................................................................11 
Conclusão.............................................................................................11 
Referências bibliográficas...................................................................13
 
1 
 
O Massacre do Carandiru 
Breve introdução histórica. 
O espaço foi construído na década de 1920. Era um complexo 
arquitetônico com sete pavilhões, onde os detentos conviviam soltos durante o 
dia e encarcerados nas respectivas celas durante a noite. Durante duas 
décadas, esse presídio foi considerado como padrão de referência pelas 
autoridades jurídicas, bem como por outras autoridades nacionais e 
internacionais, por estudiosos de filosofia e sociologia, entre outros. Nele, os 
detentos trabalhavam durante o dia, produziam o pão e os legumes que 
consumiam, preparavam remédios, lavavam e passavam suas roupas, faziam 
atividades lúdicas e de aprendizado escolar. 
 A partir da década de 1940, a lotação ficou exagerada e os grandes 
problemas surgiram. Embora o presídio tivesse passado por uma reforma de 
ampliação em 1956, a fim de melhorar as acomodações, o problema não foi 
resolvido, porque mais e mais detentos foram enviados, confirmando, ao longo 
do período, a superlotação. Os problemas, tanto para os internos, do ponto de 
vista do espaço dividido entre os detentos, quanto aos externos –
administradores da casa de detenção, aumentavam à medida que crescia a já 
superlotação. 
Os detentos ocupavam celas conforme seus status econômicos ou 
sociais. Cada preso tinha que “comprar” o espaço com subterfúgios. Assim, os 
detentos mais antigos determinavam onde os recém-chegados deveriam 
residir. O preço do “aluguel” variava conforme as benfeitorias feitas na cela 
pelo respectivo dono. 
No decorrer dos anos muitas rebeliões aconteceram, sendo a última 
em 1992, que culminou no massacre de 111 detentos, praticado pelos policiais 
militares, embora fotos da época denunciem mais de 200 mortos (lembrando 
que no local residiam mais de 7.000 pessoas reclusas). Portanto, sobre esse 
tal massacre que trataremos. 
 
 
2 
 
Pavilhões 
Os pavilhões eram muito parecidos, embora os habitantes de cada 
setor variassem de acordo com seu status moral e financeiro. É interessante 
relatar a existência da denominada rua dez, localizada entre escadas, local 
onde os detentos realizavam acertos de contas, por muitas vezes resultando 
em mortes, sendo por isso local temido por todos. 
Pavilhão 2 
O segundo pavilhão era o lugar para onde iam os detentos recém 
chegados à casa de detenção. Primeiramente havia uma passagem por esse 
pavilhão, para que os mesmos fossem registrados, fotografados, recebessem o 
corte de cabelo característico, calça bege (única cor permitida) e 
encaminhados para outros pavilhões. Nesse pavilhão recebiam a palestra 
inicial onde eram introduzidos às primeiras regras da detenção. 
Pavilhão 4 
O mais "desejado" entre os novos presos por não ser tão populoso e 
contar com celas individuais era o pavilhão 4. Esse pavilhão foi criado com a 
intenção de ser uma área médica, que apesar de nunca tê-lo sido de forma 
exclusiva, acabou por manter essa característica. Em seu térreo ficavam os 
presos tuberculosos, no segundo andar, os doentes mentais ou aqueles que 
fingiam sê-lo e, por fim, no quinto, a enfermaria. 
Além disso, no térreo desse pavilhão existiu uma ala conhecida como 
masmorra ou amarelo: celas apertadas, úmidas e escuras onde ficavam 
detentos jurados de morte por outros presos e que não podiam ser transferidos 
para outros pavilhões. Essas celas foram motivo de frequentes polêmicas com 
a imprensa e organizações humanitárias. Todavia, as mesmas eram uma 
garantia de vida para esses presos, que preferiam não sair dali, a não ser para 
outro presídio. 
 
 
3 
 
Pavilhão 5 
O mais populoso dos pavilhões, também considerado o mais humilde 
de todos, o pavilhão 5 tinha seus habitantes olhados com desdém pelos 
detentos de outros pavilhões. No primeiro andar, ficavam as celas de castigo. 
Semelhantes às masmorras, trancafiavam por cerca de trinta dias infratores 
internos (porte de drogas, armas, desacato etc.). Em seu terceiro andar eram 
alojados estupradores, justiceiros (matadores "profissionais" de ladrões) e 
aqueles que foram expulsos de outros pavilhões. O quarto andar possuía perfil 
similar ao terceiro, porém com presença de muitos travestis, na qual havia um 
setor conhecido como "Rua das flores", em referencia aos grupos LGBT. O 
quinto andar, também foi conhecido como amarelo e abrigou de forma precária 
muitos presos jurados de morte. Esses presos, por estarem ameaçados não 
tinham banho de sol e ficavam acuados em suas celas. Por isso tinham a 
aparência amarelada, o que deu o apelido ao setor. Devido a todos esses 
fatores, tal pavilhão foi sempre considerado o mais armado dos pavilhões. 
Pavilhão 6 
O 6° pavilhão era onde ficava a cozinha, já há muitos anos desativada 
e um antigo cinema (destruído em rebelião) transformado em um grande 
auditório no segundo andar. Salas de administração localizadas no segundo e 
terceiro andar. Celas nos quarto e quinto andares, sendo que este último andar 
ainda possuía uma área destinada a abrigar presos com o mesmo perfil que o 
amarelo, devido à superpopulação no pavilhão 5. 
Pavilhão 7 
Entre todos, foi considerado o mais calmo, chegando a permanecer 
dois ou três anos sem mortes. Criado com o intuito de ser um pavilhão de 
trabalho, o sete permaneceu habitado por detentos com ocupações laboriosas,como confecção de bolas, pipas, barcos e dentre outras atividades. Este 
também era o preferido por aqueles que pretendiam fazer escavações e tentar 
a fuga, uma vez que era o mais perto das muralhas. 
 
 
4 
 
Pavilhão 8 
Provavelmente o lugar onde moravam os presos mais respeitados, pois 
por serem reincidentes no crime, conheciam muito bem as regras prisionais e 
sabiam como se comportar neste ambiente. Todavia, nem por isso deixava de 
ser tenso e violento. Junto a este, ficava o campo de futebol que era o maior, 
pavilhão dentro da Casa. 
Pavilhão 9 
Ficou famoso fora da Casa de Detenção, pois uma torcida organizada 
do Sport Club Corinthians Paulista com o mesmo nome (Pavilhão 9) foi 
formada por detentos que abrigavam o nono pavilhão. Seus habitantes eram 
réus primários, o que acabava muitas vezes por gerar conflitos, já que os 
mesmos eram impetuosos e ainda sem a assimilação completa das regras a 
serem seguidas. 
Dois de outubro de 1992 
A penitenciária virou, começou uma das maiores rebeliões vistas na 
historia do Brasil, os criminosos mais perigosos e sanguinários estavam ali, 
tampouco se importavam com o dom da vida. Não se preocupavam com a vida 
dos infratores da lei, que eles mesmos iriam tirar, da forma mais abominável 
possível. Ali o valor sentimental dos familiares que estavam em meio à 
civilização iria ser desprezado. É sempre bom lembrar quem começou a 
rebelião: “os condenados por não conseguir viver livremente na sociedade”. 
Estavam presos traficantes de drogas, onde no mundo exterior fizeram 
muitas mães chorarem por ver seus filhos serem tragados por essa prática 
desprezível, condenando-os a morte gradativa (condenando quem? As mães, 
os presos, os filhos ou quem usa? Ficou confuso), sem falar nos assassinatos 
cometidos pela tal divida do sistema do trafico de drogas, muitas das mortes 
cruéis, corpos esquartejados, queimados, etc. 
Não podemos nos esquecer dos latrocidas, seres que violaram todo o 
tipo de dignidade da pessoa humana, sentenciando suas vítimas à morte, 
vítimas essas que lutavam honestamente pelo sustento de sua família. Esses 
 
5 
 
indivíduos são capazes de esquecer que um filho nunca mais verá o pai, 
porque o mesmo assim se julgou no direito de ceifar a vida daquele homem. E 
esse infrator, indivíduo torpe, também estava lá. 
Ora, o que falar dos maníacos sexuais, que violaram todo tipo de 
escolha que alguém pode fazer nesse sentido, forçando crianças sem 
discernimento, mulheres desprevenidas, de uma forma agressiva a praticar o 
ato. Além disso em muitas dessas ocasiões resultando em severos prejuízos 
de ordem psíquica ou, quando pior, na morte da vítima. Os atos de tais 
indivíduos nenhum ser humano em sã consciência consegue descrever. São 
seres nojentos, sádicos, incapazes de conviver em sociedade. Sim eles 
também estavam lá. 
E o que falar dos assaltantes, que no mundo de fora, sentiam-se no 
direito de se apropriar do que o honesto trabalhador tinha conquistado, por 
meio de seu suor duramente vivido de semana após semana. 
São muitas histórias tenebrosas de seres que em nada colaboraram 
para a sociedade, fica claro o cenário de guerra que eles mesmos causaram 
isso não se discute, a recepção imposta por eles estava formada, qual seria a 
melhor atitude para tomar? 
Condições dos presos. 
Ora, se a sociedade reprova a atitude desumana que esses indivíduos 
cometeram no mundo exterior, porque não se lembrar das condições precárias 
da penitenciaria? 
Apesar de atitudes desumanas, eram seres humanos, serem que 
viviam em superlotação, muitos sem espaço para dormir com dignidade, não 
havia um controle de proteção para os próprios presos, a lei interna era mais 
forte do que as autoridades que regiam o presídio, frequentes estupros 
aconteciam por lá, onde também era violado o direito de escolha, assim como 
ocorria nesse tal mundo de fora, brigas e assassinados de grupos rivais, 
também não podemos esquecer-nos do livre comércio que ali acorria, cigarros, 
bebidas, drogas, etc. 
 
6 
 
O sistema penitenciario pouco se importava com a saúde local, 
saneamento necessário, e formas de reintegrar aquele preso para as normas 
de convívio da sociedade. 
Lá dentro esses presos estavam abandonados, condenados a morte, o 
vírus da AIDS como praga, e a tuberculose se propagando cada vez mais 
rápido, não tinha como escapar, iria chegar para todos. 
 
O início da rebelião. 
Na manhã do dia 2 de outubro de 1992 os presidiários da Casa de 
Detenção do Carandiru jogavam futebol. Durante o jogo entre o time da turma 
da alimentação e o time dos encarregados da faxina, ocorreu um 
desentendimento entre dois detentos causado pela disputa de espaço no varal 
do segundo pavimento do pavilhão 9. "Barba" pendurava sua roupa no varal 
quando foi provocado verbalmente por "Coelho", no entanto "Barba” 
inconformado acertou um soco em "Coelho". Este, por sua vez, utilizou um pau 
que escorava a corda do varal, atingindo "Barba" na cabeça, que foi socorrido 
por agentes penitenciários, sendo levado para a enfermaria. "Coelho" foi 
agredido por agentes penitenciários e levado embora. 
 O portão que dá acesso ao segundo pavimento foi trancado pelos 
guardas. Os presos reagiram, quebraram a fechadura e iniciaram o tumulto. 
Um amigo de "Barba" considerou a agressão covarde e desafiou um comparsa 
de "Coelho" para brigar. Um agente penitenciário tenta apartar, mas é 
ameaçado por outros detentos, que querem que a briga continue. O tumulto 
cresce. O sentinela PM Leal vê o agente penitenciário no meio do grupo e, 
mirando o fuzil, ordena que soltem o carcereiro. 
Outro agente penitenciário grita para que o alarme seja acionado. O 
alarme soa. Pelo telefone da guarita, o PM Leal comunica o Batalhão da 
Guarda e alerta que há rebelião no Pavilhão 9. Às 13h50, carcereiros tentam, 
sem sucesso, conter as brigas entre os presidiários. Às 14h, os carcereiros 
haviam abandonado o local. O pavilhão 9 estava controlado pelos presos para 
o acerto de contas entre eles. Na gíria carcerária, "a casa virou". 
 
7 
 
Então, começou a facção predominante lá dentro estavam prontas, em 
seus postos taticamente preparados, suas armas postas, conheciam o local da 
guerra como ninguém, conhecia a fragilidade do sistema, planejaram tudo, já 
sabiam quais presos eles tirariam a vida para mostrar que não estavam 
brincando, não tinham medo da morte, e de maneira fácil tomou conta de todo 
o sistema. 
A entrada da PM 
Autoridades superiores a Ubiratan avaliam a necessidade de uma 
invasão à Casa de Detenção. Às 15h30, a tropa de choque, sob o comando do 
coronel Ubiratan, estaciona do lado de fora da muralha. 
As autoridades reunidas decidem que, antes da invasão do pavilhão 9, 
o diretor da Casa de Detenção, com um megafone, iria tentar uma última 
negociação. Entretanto, soldados do Grupo de Ações Táticas Especiais 
quebram o cadeado e correntes do portão do pavilhão 9, enquanto o coronel 
Ubiratan se reúne com os comandantes dos 1º, 2º e 3º Batalhões de Choque 
da Polícia Militar. Não houve negociação alguma. As tropas da Polícia Militar 
afastaram Ismael Pedrosa do caminho e, às 16h30, invadiram o pavilhão 9 sob 
o comando e instrução de Ubiratan Guimarães, ação que seguiu até as 18h30. 
Trezentos e vinte cinco policiais militares ingressaram no pavilhão 9 sem as 
respectivas insígnias e crachás de identificação. 
A maioria dos presos refugiou-se nas suas celas, onde muitos deles 
foram mortos, os policiais militares dispararam contra os presos com 
metralhadoras, fuzis e pistolas semi - automáticas, visando principalmente a 
cabeça e o tórax. Na operação também foram usados cachorros para atacar os 
detentos feridos.Ao final do confronto foram encontrados 111 detentos mortos: 
103 vítimas de disparos (515 tiros ao todo) e 8 mortos devido a ferimentos 
promovidos por objetos cortantes, não houve policiais mortos. A ação 
resultou, ainda, em 153 feridos, sendo 130 detentos e 23 policiais militares. 
A maioria das vítimas não havia sido condenada, oitenta por cento das 
vítimas do Carandiru ainda esperavam por uma sentença definitiva da Justiça, 
ou seja, não tinham sido condenados. Só nove presos haviam recebido penas 
 
8 
 
acima de 20 anos. 
 
Quase a metade dos mortos sendo 51 presos, tinha menos de 25 anos e 35 
presos tinham entre 29 e 30 anos. 
 
Logo após o massacre, os policias destruíram provas valiosas que teriam 
possibilitado a atribuição de responsabilidade pelas mortes a indivíduos 
específicos. O acesso de civis aos andares superiores do Pavilhão 9 ficou 
impedido, enquanto a PM dava ordens aos detentos para que removessem os 
corpos dos corredores e celas a fim de empilhá-los no 1° andar. As atividades 
da perícia foram dificultadas pela quantidade de cadáveres e pela faxina feita 
no presídio pelos policiais militares e a remoção ilegal dos corpos. 
 
A perícia policial chegou ao local às 21h30 do dia 2 de outubro e procedeu ao 
exame técnico do térreo e do 1° andar, tendo observado indícios de fogo e uma 
barricada no andar térreo. No 1° andar, encontrou de 80 a 85 corpos 
empilhados no corredor. Os corpos não foram fotografados individualmente. A 
perícia só voltou ao local do crime uma semana depois. 
 
A perícia concluiu que só 26 detentos foram mortos fora de suas celas. Os 
presos mortos foram atingidos na parte superior do corpo, em regiões letais 
como cabeça e coração. Os exames de balística informam que os alvos 
sugerem a intenção premeditada de matar. Um detento tinha 15 perfurações de 
disparos de arma de fogo no corpo. No total entre os 103 mortos, a cabeça foi 
alvo de 126 balas, o pescoço alvo de 31, e as nádegas levaram 17 balas. Os 
troncos tiveram 223 tiros. Os laudos periciais concluíram que vários detentos 
mortos estavam ajoelhados, ou mesmo deitados, quando foram atingidos. 
Diante de tamanha violência, muitos detentos se jogaram sobre os corpos que 
estavam no chão, fingindo-se de mortos para conseguir sobreviver. 
E assim foi o massacre onde autoritarismo e desprezo pela vida 
também ficou claramente demonstrado pela PM, tampouco se importaram com 
as famílias dos presos e o direito que eles tinham. 
 
 
9 
 
Condições psicológicas da PM. 
Em um senário de guerra o controle emocional é fundamental, os 
oficiais que entraram no presídio se deparam com uma situação difícil, como 
controlar um pavilhão inteiro sem utilizar a força, sabendo que a força policial 
na maioria das vezes é respeitada pelo seu poder de fogo, onde eles sabiam 
que a cabeça deles muitas vezes é troféu no meio do crime. 
Segundo o Behaviorismo como análise clínica do comportamento 
enfoca a transformação e não a representação, a interação e não a 
causalidade, a ação e não o ser. Por estas escolhas, a análise clínica precisa 
de uma ética da relação entre pessoas e não de uma ética da profissão 
como entidade. Este ensaio sugere a viabilidade de uma ética behaviorista 
radical para a atuação clínica. Explora-se esta possibilidade a partir dos 
primórdios da filosofia nominalista, das ideias de Buridan e das reflexões de 
autores behavioristas radicais. A leitura das interações sociais pelo conceito de 
contingência tem implicações para a compreensão do sentimento e do seu 
papel de referência na ética. É uma visão necessariamente complexa porque a 
relação terapêutica se constrói no seio de múltiplos contextos, como o da 
cultura, o da política de saúde, o da economia, o do universo restrito da vida 
pessoal do cliente e do terapeuta. 
Portanto é bem provável, que a ação da PM se ocasionou pelas cenas 
que eles se depararam ao entrar no presídio, muitos dispararam apenas por 
ver seus colegas de trabalho assim fazer, induzidos pela emoção, em um 
completo descontrole mental, não tendo mais em vista o discernimento de suas 
ações, impactados pelo ambiente hostil que se encontraram. 
Julgamento dos policiais 
79 Policiais foram acusados pelo massacre, sendo que 330 PMs 
entraram no presídio, isso se deu com base no depoimento dos próprios 
policias que diziam ter atirado, a tese da defesa foi que eles não poderiam ser 
condenados por uma acusação genérica, onde os promotores deveriam 
mostrar a atuação de cada um para assim poder haver uma condenação, e que 
 
10 
 
isso aconteceu pelo fato do presídio ter 7.000 presos, onde não haveria como 
ter a situação sob controle, na ocasião onde morreram 110 presos. 
Embora muitos foram condenados em 1° instancia, a maioria obteve 
uma promoção, e nunca foram afastados da PM, pois segundo a PM em seu 
Regimento Disciplinar, a Polícia Militar do Estado de São Paulo considera faltas 
graves as ações que atentam contra os direitos humanos fundamentais. O 
problema, alega a PM, é que esse regimento foi instituído em 2001. Antes 
disso, o que regulamentava as transgressões disciplinares da Polícia Militar era 
um decreto-lei n°13.657 de 1943, que não previa esse tipo de violação. 
“Todas as decisões administrativas, relacionadas ao caso ‘Carandiru’, 
foram adotadas em cumprimento à legislação vigente à época”, “É bom 
esclarecer que nenhum policial militar acusado no processo do ‘Carandiru’ teve 
sua sentença transitada em julgado até o momento. Diante disso, à luz da 
Constituição Federal, todos ainda são inocentes”. 
Mas, segundo uma fonte ligada à Polícia Militar que não quis se 
identificar “por segurança”, “a PM entendeu que não era caso de demissão 
porque entende que não houve nada de errado. Jogaram embaixo do tapete e 
esperaram a absolvição”. 
 
De acordo com essa fonte, o fato de as sentenças não terem transitado 
em julgado não impediria as punições, pois já houve casos de expulsão de 
policiais militares antes da conclusão dos processos criminais em que eram 
réus. 
Além disso, a instauração de processo administrativo por faltas 
cometidas por policiais independe da existência “de outras medidas cabíveis na 
esfera penal ou civil”, de acordo com a Instrução Policial Militar I-16-PM, 
assim como a “absolvição judicial pelo mesmo fato que originou o processo 
regular” não se constitui “em motivo impeditivo de apuração de 
responsabilidade disciplinar”, “salvo se a decisão judicial declarar a inexistência 
material do fato, do crime ou negativa de autoria”. Ou seja, o policial militar que 
pratica ato irregular responde administrativamente, civil e penalmente, de forma 
 
11 
 
isolada ou cumulativa. É o que no direito se chama “independência das 
esferas”. 
A Lei Complementar nº 893/01 também dispõe, em seu artigo 85, que a 
transgressão disciplinar, quando considerada criminosa, prescreve de acordo 
com a legislação penal. Se o crime não prescreveu, como é o caso dos 73 
policiais militares condenados em primeira instância pelo massacre do 
Carandiru, a transgressão disciplinar também não. 
A questão é que para a PM, os policiais não cometeram faltas: “Do fato 
ocorrido em 1992 não se vislumbra, em princípio, transgressão na esfera 
administrativa. Assim, um eventual processo administrativo contra policiais 
envolvidos na Operação Carandiru somente poderá ser instaurado após 
sentença definitiva. Qualquer atitude contrária constitui abuso e viola os direitos 
fundamentais dos policiais militares. 
Desativação 
Depois de 46 anos no ano de 2002, iniciou-se o processo de 
desativação do Carandiru, com transferência de presos para outras unidades, 
pois foi considerado o maior símbolo de fracassodo sistema penitenciário 
brasileiro, onde em dezembro do mesmo ano foi implodido. 
Nos pavilhões que restaram foram criadas escolas técnicas estaduais, 
a ETEC de artes e a ETEC Parque da Juventude, sendo abrigada também a 
biblioteca de São Paulo. 
Conclusão 
Embora sua construção fosse muito bem elaborada para 1920, não 
havia um plano futurista, onde deveria se estudar historicamente o crescimento 
da população carcerária, bem como ter medidas de proteção eficazes para 
presos e funcionários, só poderia resultar em tragédias e descontrole do 
complexo penitenciário. 
Tendo em vista a história do presídio, percebemos que o massacre 
ocorreu pelo fato de ter um sistema operacional falho, desde sua fundação, 
 
12 
 
onde estavam preocupados em apenas jogar infratores dentro do mesmo, não 
havia projetos de reeducação, muito menos um controle de 7.000 presos. 
Percebemos que a polícia falhou, mas também foram vítimas de um 
sistema cruel, não havia muito ao que ser feito, receberam ordens, e estavam 
programados pelo governo para tomar tal atitude. 
Em relação aos presos “massacrados”, vimos que também foram 
vitimas de uma sociedade radicalista, “bandido bom é bandido morto”, que logo 
após o massacre perceberam que não é assim, eram seres humanos, pessoas 
que sofriam dentro de um sistema despreparado, notamos que a maioria dos 
mortos eram presos condenados por crimes considerados leves, e muitos 
ainda estavam aguardando julgamento, ou seja, vitimas de um sistema 
judiciário precário. 
Por fim, a única parte boa dessa história, foi a desativação, fazendo no 
local um centro de educação de cultura, e é isso que deve ser feito, medidas 
para que a pessoa não dependa do crime, pois não precisamos de mais 
presídio, e sim de mais educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Referências Bibliográficas: 
FGV Sofrimento psíquico da PM, Relatório 03/2001 - Seiji Uchida 
 
Da estação Carandiru a Carandiru (do livro ao filme): Liberdade interditada a 
insustentável dureza do ser - Eliana Maria Simoncelli Lalucci 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Deten%C3%A7%C3%A3o_de_S%C3%A
3o_Paulo#Caracter.C3.ADsticas 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26831228/massacre-do-carandiru 
 
http://claudiosuzuki.jusbrasil.com.br/artigos/121941240/massacre-do-carandiru-
denuncia-generica-ou-aplicacao-da-teoria-da-autoria-incerta 
http://direito-publico.jusbrasil.com.br/noticias/100470956/pms-sao-condenados-
por-massacre-do-carandiru 
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