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Texto Aquino 6B

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TEXTO BÁSICO 68' SEMINARIO
HoLAND A, S ér gio Buarque de- Ra ízes *.1, * 
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;t"]',:iff Ë jfiftï"iï;ï3ti#*',nlSf ,::i j')ï:iii',"*lï;"',ï.,:ryí'idoIv'Livraria José olympio Fditora. IY /Y' lvaptru'" ^'iriïp. :lj6ln)
;:;i:ïóõ;t;;i*.V,pp. 101-112; capítuloV reÍros morlry e_p-olíticos h3le dominantes, r'g]9 e11:n!:ilf:.:ffiilãs-;-.éìï* f;has.-Ndhúa, porém, qüe leve-com justiga,àmuitas e sérias falhas. Nenhuma, porém' que reve-com Jrulrrg&-
ooinião extravagante defentlitla por um número não pequeno de
dãtratores da aõão dos portuguerys no- Brasil, muito1-$g: !-qu1:ãffiïffi"il'üil'ã.;-õ"dõ.ffi oo s'i'it, muitoi $õs 3uals
optariam,. de bom g."sqo, 
.e .eonfessadgïlgl P:':.-1"t:Ï:^::ãipãiìã"ãu á.-ooto"Ït"çaó nouoaeta, convictoi ae. oug lol lgia
levacto e melhores e mais gloriosos Ìumos. Mas antes cte aDoroar
esse tema, é preferível encarar certo aspecto' que parece.slngu'
larmente instiutivo, das determinantes psicologias do moïrmento
de erpansão colonial portuguesa pelas terras de nossa AmerÌca'
DÁDE 8O0r/.L DOg POBTAqVBSaS.4IVrLLZÁQÃ.O
AOilCOLAI4ÁA'NCIA DÚ OBAVLEO NACIAL,4
Lta80 /.880crADo aoí TBABILEOS Yrg,4AeA-
NIZAQÃO DO ÁETE9ANAIO; íVA nnLlfM Dn'
AILIõÁDE NA lATNICA PÕNTVEV88A-INOÁP4..
crDADfr DE LrTnE n DVAADOA&Á ÁgSOU/çI.O.-Á UUOSAL DAg STNZALAS" 8 gVA INXLVaNCIÁ,
-alLoê&o D/. nzPaartÌ{ül EoLÁNDn 84.NOTA AO OAPÍIIIIó II:
PEBEIETENOII. DA LATOVAI DD NPO
. PBEDATôBIO,
Proorrr"* tta oonquirle do tró-
pico para a oivilizagão, tiveram os portugueseg rtêBsa
maioi missão histórioa. E sem emba,rgo de tutlo quatE sem em5argo
,ê884 pÌOgU8, SU8
quantô 8ê -po8B8
alegar oonhe sua obra, forgoso 6 recõnheoer que foran-nfo so'
mrnte og portadorer efetivos como os portatlorer naturais de88a
mlssõo. nãnhup ouho povo do Velho-Mundo-aohou'se tão b9m
armado pare ie aventúar ò exploragão regula,r e intenss das
t€rras prórimas è linha equinocial, onde os honens ileprereo de-terrae prõrimas à linla equinocial,
geaêram, segurtlo o conceito genegeaerah, reguntlo o concõito ge'\óralirado na êta quinhentirta,
s onde-dizia rirn viajante fryn-cêg il9 lempo-r'la__ohal'cur-cí
omêns depreree de-
a era,.quinhentirta,
4 Âuilr6 Thevet, La Elngu|rritat ilc lo Írarcc lntorrrtlquc (Partr, 18?9),
pá9. 408 e reg.
12 c. b. de h.
TBASALEO & AìTENTÏiBA
POSTAEÁLN ACOLONIZÁOZ.O DAg TENAÁS TBOPI.
CAIS-DOI! PnINOtPtOg QOn nneVnt'M DMngA'
UENTE lS AUYIDADES DOg EOü8N8.-PL/.8TIA.cArg,-Dorg PnrN OtPtO I QA I DrvanSa-A8NT8 lS AUYIDADN! IJO9 EOü&N 8.-PLA8TIU.
Nas formas de
ô nas
predomjnância, na tlistinção fundamentaÌ entre
ã. ïo"3. ããe"ãò".r oo eoletores e os povos lawaclores. Para uns,
ã-oij.to final, a mira de todo esforç0, o p-onto de chegada, as-;"ibj.;; iii"t, 
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mira de todo esforç0, o ponto de chegada, as-
sumõ relevância tão capital, que chega a dispensar'-p.or secun'
ãe"iãr, quase supérfluos, todoà os prõeessos intermediôrios. Seu
iã."r Ãu"í.óttt." o fruto sem planlar a ârvore.
Esse tioo humano isnora as fionteiras. No mundo tudo se apre-
senta a
Esse tipo humano ignora as
nta a ele em generosa amPlseo;ü;q úpiito.ag 9 onde q'er. que:e eriia lililtlÍt&l?;!l
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ãi,.,iaoofo a seu"s prãp6sitoi ambieiosos, sat e trãnsformar esse
obstáculo em trampoúm. Yive dos espaços ilimitados, dos pro-jetos vastos, dos horizontes distantes.
" ó trabalhador, ao eontrário, é aquele que eÌlxelga primeiro a
dificuldade & vencer, não o triunfo a alcançar. O esf-orço 
-lento,
pouco so-pensador e persistenter-que, no entatrto, mede toias as
'possibilidaães de esperctício e sabõ tirar o rnálirno proveito do
insisnificante, tem sè"titlo bem nítido para ele. Seu eampo visual
é na]turalmente restrito. A parte maior do que o toclo.
Existe urna ética do trabãlho, eomo existe uma étiea da aven'
tura. Assim, o indivíduo do tipo trabaÌhad'or só atribuirá valor
moral positívo às ações que sente ônimo de praticar e,. inversa-
mente, terá por imorais e cletestáveis as qualidade.s- próprias do
aventureiro-audâcia, imprevidência, irresponsabilidade, instabi'
lidade, vagabundagem-tudo, enfim, quanto se relacione com a
concepção1spaçosa do mund.o, característica desse tipo.
Poi ôutro -laâo, as energias e esforços que se dirigem a uma
recompensa imediata são enaltecidos pelos aventureiros; as- ener-
gias qìe visam à estabiÌidade, à paz, à segurança 
-pessoal e os
õsforçbs sem perspectiva de rápiclo proveito materiaÌ passam, ao
contrário, poi viciosos e desprezíveis para eles. Nade lbes parece
mais estúpido e mesquinho do que o ideaÌ do trabalhador.
Entre eìses dois tipos não há, em verdacle, tantc nma oposição
raízes do br. 13
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oéhémente il,c |tadr leui tdre il,ehorc ln ohd,cui natural,lc ct I'o ilh-
úpe; et par aimô cont ohu,l,ila lr,uletncnt par il'ehore ct froüIa
cm,ël,eilanstt, ao oontr6rio do que rucede aoa outrgs, or hâbitantee
das têrras frian, os quais ííorÍ I,a chalcwr natureltre eert$e et aútr,o
trointe ilcihm par l,c froü catírieur qui trq raútr.aílrrri robutu
ct ooillata, oar lo foroc ct íwult6 ih tottrct lu particc ilu wlrpa
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lução das gociedades.
absoluta como uma incompreensão railical.r Ânbos participam,
em maior ou menor grau" de múltiplas combinagões e,6 claro que,
em estsdo ptrro, nem o aventureiro, nem o trabalhador' possuem
eristênoie ieal fora do mundo das ittéias. Mas ta'mbén nõo há
dúvida gue os'dois conceitos nos ajutla,m a situ&r e e melhor or'
denar nõsso conhecimento tlog homens e dos conjuntos socisis.
E é precisamgüte nessa ertensão superintliviluql, que-eles as'
sumem iuportância inestinável psra o estudo da formagão € eYo-
Iraile, Thomas Mun censurava nos seus compatriotas a imprevi.
dência, o gosto de dissipação inútil, o amor desregtado aos prale-
res e ao lüq a oaiosiclade impudicaJewil' üIeness-"contrôria
à lei de Deus e aos usos das demais nagões", e atribuía a taie
vícios sus impoesibiüdatle de medir-se sèriamente com os holan.
deges.6 Conceitos semelhantes a €sses volta a erprimir, em nossog
dias, esse bom conhecedor e historiador do earáter inglês que é
William Ralph Inge. O cleão de catedral tle St. Paul observa em
livro rico de interessautes sugestões, que o "inglês métlio uÉo
tem presentemente nenhum gosto pela diligência ilfatig6ve!, la-
boriosa, dos alemães, ou pela ftug4i<latle parcinoniosa dos fran'
ceses". E acrescenta a essa observagão nais esta, que e muitos
deve parecer desconaertante e noya: "Â indolência é vício que
partillamoo com os natureis de algumas terras quentes, mas não
õom qualquer outro povo do Nor'üe da I!uropa".7
Essa pouca disposigão para o trabalho, ao menos para o tra-
balho sem compeneagõo próxima, essa indolêncie', como cliz o deão
Inge, não sendo evidentemente um estímulo às agões aventutosas,
não deira de constituir, com not6vel freqüência, o aspecto ne-
gativo do ônimo que gera as grandes empresas. Como expücar,
sem isso, que os povos ibéricog nogtrassem tanta eptidão para a
cagô aos bens msteriais em outroà continentest "Um português
---+omentava certo viajante em fius do século XVIU 
-poile fre-tar um navio para o Brasil com menos d.ificuldade do que lhe
é preclso para ir a cavaÌo tle l/isboa ao Porto".E
E essa ôusia de prosperidatle sem custo, cle tÍtulos honorÍficos,
de posigões e riquezas fáceis, tão notoriamente caracterÍstics da
geute de uossa terra, nÉo é bem uma d.as manifestações mais cluas
do espírito de aventurat Àiatla hojo oouvivemos diariamente oom
a prole uumerosa daquele militar do tempo de Esúwege, que
nõõ se envergonhava tle soüoitsr colocegão na música do pal6cio,
d,o amanuense que não recesvq pedir un cargo de governador,
4o si-ples apliaador de ventosas que aspirava às fungões de oi-
rurgiõo-mor do reino. . . Nilo raro nossa capaciclade cle ação er
gota-se tresss procura incessante, Bem que a neutralüe uma vio.
lência vinda de fora, uma reagão maispoderosq; é um esforgo
que se desencamiuha antes mesmo de encontrar lesistência, que
Engb,uiltr Tteasure.by Forraigne Trade, or tbe Balla,nce of our For
raigue Treile ir tüe Bule oÍ our lEarure. By Thomas Mun 166{", J. B.
MoOulloch (d.), &orlg Englil,h Trute on Oontmerce (Oambriilge, 19õ4),
póga. 191 e reg.i í WiUiam Bl f'ge, Ettgbnà (Londre, 1933), p6g. 160.
E Ja,mog Murpby, Traocb Ür Portugol, throryh the Prothwee ol &ntrc'
-I)otro o üúnlrrj Eéira oú Ál'ém-tclo ún tha gwre 7789 oú 7790 (T.otdtu,
1795), póg. 208.
roÍaes da br. !5
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dos novos mundos coube il
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tinente, empenhadas nessa obra, principalmente as na4ões onde
o tipo tlo trabalhador, tal como acaba de sir ttiscliminado' eu-
controu ambiente menos propício.
Se isso é verdade tanto cle Portugal eomo cla Espanha, nÉo. o
é menos da Inglaterra. O surto industrial poderoso que atingiu
a nagão britânica no dectuso do séeulo passado, criou uma idéia
que est6 longe de corresponder à realitlade, com relagão 8o povo
iirglês, e umÀ ictéia de que os antigos não partilhavam. A verdade
é que o inglês típico não é inclustrioso, nem possui eP- grsn ex'
tremo o seúso tla economia, característico tle seus vizinhos conti'
nentais mais pr6:imos. Tende, muito ao contrório' pa,ra a in-tto-
lência e para a prodigalidadei e estima, acima {e tu$o; a "boa
vida". Era esse ã opiíião corrente, quase unônime, 
-tlos_ estran'geiros que visitavam a Orã-Bretanha antes da era vitoriana. E,
não menos, a dos moralirtas e economistas que bruoavam os re'
métlios para I condigão de inferioridade em que durante longo
tempo se encontrou o país em face de seus competidores. Em
1664, no panfÌeto intitúlaclo Englanitr's Trewure bg Forroigne
! Ums opooiglo 16 tsrir lugar re p€rtercosson À meru4, Íemllia noral.
Neose renüitlo, o rgverso ilo tipo do trabalhaclor rcria, talvez, o tlo pequeao
renticr. Da, mesma forna, o pólo coutr6rio tlo tipo do avenüureiro potle aer
repreaentatlo principalneute pelo vogabundo a,nti-social, o outbo ou o dn-
pler ociooo. A dieübçõo aqui sugerida aparenüa-ae asoiu à que ertabeleceu
ViUreclo Pereto entre oe rmtiai e oa epcou,lotg7i. ÁnoÌirstlB eu ooalroato
oom e Ía,Dross têorls dor 
"quetro ileeejoo funilane[taist', forotúaÌlr por'W. I. Tboma^r, ile tõo fecuulas aptiooçõeo eu ôiverror ranoo tlr oiêncla
eocial, podo-re' ürer qus ao tipo'ito áventureiro correrponilen ile moilo
predoi"iïalte o "ilerejõ ite novg; eenoapõerrt e o ile í.coulïera4ão públicr".O Í'ileeejo de oegurange" e o ìle 
"corroupondôaeie" erüeria,n repremttailor
sobreüualo no üipo ilo trebalhsdor,-Bobert E. PerL e Eraert W. Burgeu,
Inlroduatb* to thc 9oünoc oí Booblogg (Cbicego, 1924), pág. 488 e reip.;
Willts'm f. Tho-a. e Ftoricr ZrrsriocU fhc Pokih Púit h Etogo a*õ
Lnerbo, I (Novo York, 1927), pég. ?2 e reg.
14 s. b. de h.
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TTêõispunh8 aos gestos e raç8rrllas
oi homens de grandes vôos. E não
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Nease ponto, precissnent , o8 portugueses e eeus deecendentê8
i-"dirã;6"4--úexeeüvení. pri,curúao rtcria,r aqui o neio tle
gua oricem. fizeran-lo com uma faciü<Ìaile que ointlo ttão €ncon'
trorr. úvú, segu.Dilo exemplo ua históÌie. Onde lhee Í8ltas8e o
pao h" i.Ai, afreotlian s õomer o da ttrra, e com tal rgluinte'
ãu+afirmava Gabriel Soaree.-g gelt€ tle tratánento..8o consu'iia farinìa ile mantlioco frêsca, feih no 'ija. ,ta-brtnaram'8e
também a tlormir em recles, à maneira do€ Índios' Ál$rnl' como
V"*o- Cootiolo, o itonaúriô do Espírito Sarto, iam 9o pgnto de
beber e moecar fumo, sêgu.E(lo aog tderem tê8temu!tros do tem'
po. Aoe íadios tomarim aintta iagtrurneütos tle caça e pesca,. em'[úaio.. de cagca ou tronoo escavado, que singravan os. rios e
ágtrs tlo litoral, o modo de cultivar I terla at€]8ndo pnrnerra-
dente fogo aos ;notos. À ceaa peninsular, severa e sombria,.-vol-
teds oara tlentro licou monos circunspecte 8ob o novo clrma,
oertle-u um poüõõ tte gu asperezs' gqnhanfl6 a varanda erter-
it" , om aceúo para o muntlo ile fora. Com esaa nova clisposição'
úoott"ô" Dor BIra vez da Ásia ori€tltal e que subsütuía com
àitacen. ôn nosro meio, o tradicioral pótio mourisco, forma'
ta. ipad"ão primitivo e ain<14 hoje vólitlo para as habitações
eumoéiì's nos úópicos. Nas surs plaltações tlo cana, bastou que
<ìeeeivolveesen eú grautle eecala o proeerso ió instituldo'-8egtn-
cto todas ag probabl itlades, na Matleira e em outras ilhas tloÀUúúõ, o"âo o negm da êuinó era utilizatlo nas fainss rurais'
Não é certo que a forma particular as$rmida entre nds peÌo
htifúAio agr6iio fosse umi espécie tle manipdação- original'
fruto ila voa-tatle cúaclota üm pouco arbitr6ria tlos colonos 
-por-
tuFreses. Surgiu, em grantle pa,rte, de eÌementos salÍerìilcios e
ao asbor ilss conveniências al8 produção e do mercado. Neú 8e
pode qfiançg qüé-o ristems ile lavoura, egtabeleciclo, üSt ol^P
ffia"1" uiitoiioiitade ite organização, im quase toilos os teÍÍitó'
rios tropicais e subtropioais ila Ámériea' teúa aiilo' aqui, o re'
sultrdoìe conclições Gtríasêcas e especÍficas <Ìo neio. !'oi a- gla
AoB Dort[cueses e. em meDor grau, &og c8gtêÌhanog' coube gem
ilúvida" a pr{nazia úo enprego ão regime que iria servir de mo'
delo ò exploração latifundiária € monocuÌtora adotada depoÌs
por outroi povõs, E a boa quaüelade ilas tertas ilo Nórdeste 
-bre-Ê eiro pa"i a lavoura altementê lucraüva da cana-de-a9úcar,
foz com- que êssos terrss se tomassem o ceúrio onde, por múto
tempo. d elaboraria em geus tra4oe meis nítidos o tipo de orga-
niza-cãb asrária maig tarde característico das colônias européias
situõdas ú zona tórricla. À abuudôncia cle terras férteis e ainila
mal ilesbravailas fez com que a gtaude propriedade rural ee
tornassô, aqú, a vertlaileira uaidatle tle produ-gão. Cumpria ape-
nas resoivei ó problena ilo trebalho. E veriÍicol'se, frustradas
as tlrimeiras *ntativas de emprego do brago intlígeua, que o
recürso mais fácil estarie na introtlüção de escravos africanos.
Potle dizer-se que a presençs' do negro repredentou g€mpre
fator obrigatório -no deúnvolvimento dos letifúndios coloniais'
Os anticd moradores da têrre foram, eventualmente, prestimo-
soa colúorailores na indústda ortrativq-na-cega'- rrÀ p. esca' etn
tleterminados ofícios mecânicos e na cri8gão do gado' DltlcÌlmeü-
ie se aeomodavam, porém, ao trabalho acuratlo e netód'ico queúã 
" 
.tptã""çao âos cúaviais. Sua tendência espontânea era
par-s ativi-aladeJ menos rêdentáÌias 9.1u9 nu$ess9p €xercer-ae
ãem recularidado forçaila e s€m vigile,tlcia e trscalrzaçao de e6-
trqnhos-, Versát€is ao extremo, eram'lhes tnacesÁlivers certaa no'
ía". d"-""a.., oãnstância e eratittão, que no. europeu fornam
como urna s€gunda nstuÌeza e parecerr requsrtos tundalBen[als
da eristêncit soeial e civiÌ.s O regultaato er&m lncompreensoeg
-õõo eotão silsptavaln-ôe ró .rterioÌeetrt€' s€rn ad€!ão ÍDtimlt e €ssas
"o-t 
Ë FciluãaÃ;;, ."i" ou -*o" cooo iua ator dêrenpenhâ o pepêl
íúízes d'o br. L7
t
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sultado cte concligões intrías€cas e
10 r. b. de h.
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I
tiveram eÌe conte!,trt-se com umo gim-
l.gip"ooq que, de paÌt€ dor in4ígenas, a^ssumian quase s€ÌnDÌea rortna de uma resistência obstinado; ainda quandõ s enciú 
"p1yj,"-1, it imposigões da rasa doninúto. Uirdo 
"sõ."flioaulr"aqueres Áruaques das a ntilhas, dos quaie tliziam oe ooúãe f";_ceses, comparando.os aos nesÌos;. í riegariler_ 
"; ;ã;;;g;-ã;;"-aers c'est le.battre,Ie battre- c,est le tuer_battre 
" 
ãagì:à i;ertLe nounir,, 
-to
tânto
S":, T"^f.lt 9i:!Ì!úd9 ou, u-ua cria-nça Ìecita-& tiçáo quo epreÃat€u do cor.lor o quo sucocleu, ile algum bodo, na.s velhaÁ'Dierltoa jeouÍticas. -ouâe
epós a orpulsão doo padrèe,voltaÌú os I"ato", õ--ütãi-ì*'õ,e-ãü"pnmeiÌe coÃiliQão,
,,0 {91" B.Du Tertre, Eiatoire CéÍLérate dcs Ántiuos,Il (psÌir, 166Z),pá9.490.
18 s. b. de h.
que Duarte Coelho des€mbarqavt 6m sus alonatarie DoErDbu.
c8na, o humanist&_ Cleutrdo, escr€vqtdo de Lrigboa aieu amigo
Latônio, dava nottcia dar miseráveis condigões em que jazism
no psís a8 üdes do campo: "Se om algum lugar a agiculturefoi tids em ileeproo-dizia-ó incontertaveüneuto em Portural.
E antes de mair nada, ficai sab€ndo quo o que faz o nervo piin-
cipal de uma aagõo ó aqú de uma debiüdade ertrema; para iaü,
se há elgun povo dado à preguige sem ser o. portugufu, então
não sei onde ele exigta. F8Ìo 8obretudo cle nós outros que habi-
tamos além do Tejo e que respiramos de maie perto o ar'da Áfü-
ca". E al,gum tempo mais tarile, respouÍleuclo às críticas ttirigi-
.lss por Sebastião Miinster aos habitantee da península hispâ-
nie, Danião de Góis admitio que o labor agrícola era menoe
atraente para eeus compatriotas ilo que as aventuras marítimas
e as glórias ila guerra e da corquirta.u
Quando Ìamentamos que a lavoura, no Brasil, tenha perpa-
necido tão longament€ aferrada a concepgõee rotineira.e, sem pro-
gressos técnicos qge elevassem o nível ds produção, é preciso não
esquecer semelhautes fatores. E ó preciso, além diseo, ter em
conta que o meio tropicaÌ oferece muitas vezes poderoeoe e inea-
perados obstáculos à implantl4ão cle tais melboramentos. Se a
t6enica agrícoÌa adotada aqui pêIos portugros€â representou em
aÌgunr casos, comperada às da Europa, uE retrocesso, em muitos
pontos ver<Iadeiramente milenar, é certo que para ieso contribú-
ran ag resistêDcias da natureza, tle uma nstuÌeza digti:rta ila
européia, não menos do quo I iaércis o a pasoivitlatle dos coÌonos.
O eecssso emprego do arado, por eremplo, enÌ nosÊa lavoura de
feigão tradicional, tem 8ua erpücagão, em grando parte, na8 d!
ficulclades que ofereciam freqüentemãnto ao seu manejo os re-
gíduoe da pujante vegeta4Éo florestal, É compreensível aseiu
quo não se tivesse geaeralizatlo esee emprego, nuito embora fosse
tentsdo em época8 bem antotiores èquelas que costumam 8er Een-
cionadar on çrel para sua iatrottugão.
_ 
E_á notície dc que, entre senhores de eagenho nais abastailos
do Recôncavo baiano, ere cofrent€ o uso ão arado em fins do
século TVIIL Cu.mpre considerar, en tod.o o caso, que esae uso
se restringe u.nicamente à larour& cauavieira, onde, para se obte-
rem safras regulares, já se faz necessário um terrenõ previamen-
tu Ì"Tpo, destocado e arroteado. Sem embargo diaso, sãbemoo pordepoimentos da época que, para puxar cacle arado, era costume,
entre fazendeiros, empregarem juntas de dez, doze ou mois bois,
o que vinha úo ú da pouca resist6ucia desses arxitnsis no Brasil,
]F- {. 
-q""çff"e 
-qeÌej€ir&, O Eitzrrúaismo ar. Porütgaa. Ctanardo. (Qoím-bra,7926), plg. 27L.
6ua n&turez&
com as especiarias e -os metais p.u.io.ãi-õ.'iriïà.-ïï.' ;#;r-
lt-"3^"ii_. l".t-.1"t o esforço de plãntar u .""u ã ìuú.ãi-o'uffi"parê mer"cados, europeus, compensavam abundantemente esie es_rorço 
--etetuado,-de resto, com as mãos e os pés doe negros_mff;
era prectso 
.que .tosse muito simplificado, restringindo-_se ao es_trlt,o- ne-cessário às difereutee operagoes.
Nao.Ì0r. por consegurnte, una civiÌização tipicamente a*rícola
:_glj__to:,P*u"lT os portugueses no Braeil com a levourã açu-c&Ìelra. Nao o foi, em_primeiÌo lugar, porque a tanto não cón_quzla o genro aventuÌeiÌo que os trouxe à América; em secuidapor causa da escassez dq nopulação do reino, quu pË".itúsã ìÃìlgÌaçao em targa escala 9-e trabalhadores rurais, e f-inalmente nelaclrcunsta-ncÌa .tj a ahyldade agrÍcola não ocupar então, em Ê'or_
rugar, poerçao de pÌtmera grandeza. No mesmo ano de 1535. em
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já empregad3s nor,brasileiros de asceudência lusitana.l' Na eeo-
nomia agrária, pode ,lizer-t que os métodoe maus, isto é nrd.i-
mcnÌares, dgnoaos e orientadoJ apenas para o imoderado-e-ine-
diato prov-eito de 
.quem os aptica, tendõm constent€mente a er-pulspr os bons métodos. .e.coìtecê que, n9 B"arü * -ddìções
locais quase. iqpu+"n, p.elo menos'ao'primãi"o ãó"t"tã, -il"ito,daqueles v!étodos ',.mausl' 
.e q}g, para'suplantá-ios, erã mister
uma energia paciente e sistemôtióal
1 , O quj, com segurança, se pode afirmar dos portugueses e seus
J descendentes é que jamais se sentiram eficazfoentiestimuladoe/ I e888 e.ngrgle. Me_smo. oomparados a colonizadores de outras óreas\ oncrc vlrta. a.predominar uma economia ruraÌ fundada, eomo a\ ToTa, no trab&lho_.escr&vo, na monocultura, n& grande proprie-
\ gl_lg,IgTpre 8e distúguirep, em verdade pelo muito que pe-
I I disru È-terra e o pouco que lhe davem em rõtribuição. sãlvo se
lencarados pol um critério estritamente quantitativo-, os métodog
I eue puseram.ep vigor no Brasil nõo relresentam úenhum pro-
I grerso essencial sobre os que, antes deleì, j6 praticavam oj in.t dígenas do paíe.
o contraÀte entre as.condições-normais da lavoura brasileira,
ainda na segrrnda metade do iéculo passado, e as qoe p.le ,L.."
época qrevaleciam no sul dos Estados Unidos, é Ëem-mais apre-
ciôvel do que a semelhangas, tão complacentámentã ÃürËd;
e er*geradae po^r 
-algune hietoriadoresl os fazendeiros oriundo.
clos listedos confederados, qu€ por voÌta de lg66 emicraram Dara
I lf$t I q cui? influênôiã seiem arribuído, com ;ü-sem r;,ã0,o desenvolvimento do emprego de aradoe, aúltivadores, rodos e
qralgs 
.nas propriedades iqrqt, pqulistasj_ estiveraú Uóm-úogecl€..partilhar da meema opiniã0. Certos depoimentos da époõa
reïletem, a0 contrário, o pasmo causado entre muitos deles peloeprocessos alarmantementè primitivor quo encontraram em uso.Os egcravos brasileiros, diz-um_dessee ãepoimentos, fiantam al-go$ão-eratamente como os Índios uorte.ìmericauós'planiú o
milho.l7
f.. O princÍpio.qrge, destle os tempos mais remotos da colonizagão,
/norteara a criagão da riqueza no país, não eessou de valer'um
/ só.moment9 par-a a produgão agrária. Todos queriam ertrair do{ sjlg ercessivos .bene-fícios sem- grandes eacrifícioe. Ou, como já
ï (uzla o m&$ antlgo d,os nossos htstoriadores, queriam eervir-se da
\ !err;a, não como senhores, pa cggg.lsufrufuários, ,,8ó para a
\ desfrutarem e & deirarem destruÍda',.18
- 
!6- Yet aota ao fim tlo eapÍtulo: Per3dctênoia ilo Lauoura de fipo pre.ìl,atório.
l7 Rev. Ballartl B. Dunn, Braail, thc home for the Bouthendrc (NovaYork,186ô). páq. 188.
18 Frei Vi.ìnïe tlo Bolvador, Eictória do Braeil, g.e ed. (Bão paulo,r. il.), pág. 16.
0
/ i^rrìt
rohee d,o br, 2L
eóuro'tambérn de eustaretn aB terras mais a abrir pela sua for-
teleza.l2
A regra era irem busear os lavradorog novon tcrras em lugares
de mato dentro, e assim raramente decorriam duas geragões sem
que uma mesma fazenda mudasse tle sítiq ou de douo. Dssa tran-
sitoriedade, oriunda, por sua vez, dos costumee indfuenes, servia
apenas para conobor&r o oaráter rotineiro clo trabalho nrral.
Como a ninguém oeorria o recurso de revigorar os solos gastos
por meio de fertiÌizantes, faltava estímulo a melhora.mentos de
qualquer natureza. À noção de que o trabalho de sa.raquâ ou
enrada é o únido que as nossas terras suportam, ganhou logo
crédito. Em São Paulo, ond.e, como em outros lugares do Brasil,
o emprego de processos menos rudimentareo ohega.ra a ser ten-
tado desde o segundo século da colonizagão, se não antes---€m
inventário datado de 1637 jó se assinal& "hum feno de arado"
entre os deixados por certo lavrador da zona de Pa,rnaíbalt-,
a força dessa convicção logo contagiava os filhos do reino, con-
forme o atesta em'1766 r:m oapitão-general, em ca,rta ao então
Conde de Oeiras Todos, düiq sustentam qu€ a terra, no Brasil,
só tem sustância na superfíoie, "que se não pode usar arad.o, que
alguns já usararn dele, que tudo se lhes perdeu; e finalmentetodos falam pela mesma boc&".14
Que assim sucedesse com relagão aos portugueses, não é de
arìmirar, sabendo-se que, ainda em nossos dias, os mesmos méto-
dos predatórios e dissipadores se acham em uso entre colonos
de pura estirpe germâniaa, e isso, não dó no meio tropical que
corrstituem as bairadas espírito-santenses, mas também em re-
giões de clima relativamente temperado como as do Rio Grand.e
do Sul.l5 Deve-se, em todo easo, considerar que a origem princi-
palnente mercautil e citadiaa da maioria desses oolonos, seu nú-
mero não muito considerável, os linitados recurÊos materiais de
que dispunham ao se transplantarem do Velho Muudo, erpücam,
em grande parte, a docilidade:com que se sujeita.ra,m a técnioas
J: 
'-'Offi"io do Governgclor D. Fornando Jos6 tte ?ortugal para D. Ro-ilrigo de Souza Coutinho em que se refere ao emprego ile bois e aradol ua
cuìtura das terras e das canas rnoidas de aosucar como combuativel das for-
nalhas e doe engenhos. Bahia, 2E tle Março tle 1798", Ánois tl'a Bibl'ioteao
Nrcirnol ilo Eio de,Ionei,ro, XXXVI (Bio de Janeiro, 1916), pág. 16,
rt Imtentórios e Teetotnenüoc, X (São Paulo, 1912), pá9. 464.
14 Docurnentos Intareseontes pora .o Ewtória, e Aoetumes d,e 8ão Poulo,
XXIil (Bão Paulo, 189ô), pág. 3 e segs.
15 Dr. Erast'Wagemann, Di,c deutsclce Eotronisten im brasil,ianischen Stoote
Eeptrito BonÍo (Munique e Leipzig, 1915), pâ"g.72 € Begs.; Otto Maull,
Tom ltattaga aurn Parogua,y (Leipzig, 1930), pág. 98 o aege., Dr. Eaas
Porzelt, Der ileutsaha Bouer 'in âio Grand'e do Ëul (Och.eoúurü am Main,
1937), pág. 24 e rego.
20 s. b. de h.
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Não cabia, nesse cast, motlüicar os nrdes prooessos dos üraü-
g€nas, tlitadoe pola lei do menor esforgo, utns yez, é claro, que
ge acomodassem às conveniências ela proilução em la,rga escala.
Instrumentos sobretudo passivos, noEsos eolonizadoreg aclima-
rarn-se facilmente, cedendo às rugestões da terra e dos seus pri-
meiros habitantes, sem cuidar tle impor-lhes rotmao firas e inde.
léveis. Mesmo comparados aos castêlhs[os, dertacara,m-se eles por
esse aspecto. Na maior parte das suas posseasões da América, o
castelhano ra,ramente se identificou a tal pouto com a terra e a
gente d,a terta: apetras superpôs-se, com freqüência, a üma e
outra. Dntre nós, o domÍnio eulopeu foi, em geral, brando e mole,
d- A irso cumpre aoregcenta,r outra face bem típica ôe sua er-
,^ .!,hr'. traord.in6ria plasticidade social: a ausência completa, ou prati-Vony- &cauente completa, entre eles, de qualquer orgulho cle raça. Àop,r<Ë- menos do orguÌho obstinado s inimigo de oompromissos, que oo-u 
^e 
n-Lo racteriza os povos do Norte' Essa motlalidade de seu car6ter, quelv I os aprorina das outras uagões de estirpe latina e, mais do que
delas, dos mugulmanos ala África, erplica-se muito pelo fato tle
Eerem os portugues€s, em pa,rte, e j6 ao tenpo do descobrimento
do Brasil, Ìrm povo de nestigos, ainfls em nossoe dias, un antro-
pólogo distingue-os racialmentp dos seus próprios vizinhoe e ir-
nãos, os eepanhóis, por ostentarem um contingente maior cle san-
gue negro. Â isso atribui o fato de os indígenas da África Oriental
os considerarem quase como seua iguais e de os respeitarem muito
meuos de que aog orúros.oivilizados;,Âsqiulr,'afirma, para dgsig:
nar os diferentes povos da Europa, os Suaheli clisarimina,m gom-
pre: enropeus e portugueses.lg
Neste caso o Brasil não fqi teatro do nenhuma grande novi-
dade. À mistura com gente de cor tinha comegado amplamente
na próplia metrópole. Jí antes de 1500,. gregas ao trabalho de
pretos trazidos das possessões ultra,m$iaas, fora possível, no
reino, estender a porgão do solo cultivado, desbravar matos, iles-
sangrsr pôntanos e transforusr charnecas em lavoúas, com o
que s€ abriu passo à fundagão de povoados novos. Og benefícios
-ìõ-pt. Eanr GibtLer, Eaulawlc Ewopot (lúuniquo, 1926), póg. EZ.
n s. b. ihe h,
menos obecliente a regras e dirpositivos do que à lei da netureza.
A vitla parece ter sido aqui inaomparavelneute mais auave, nais
acolhedora das disson{ocias sociais, racieis, e norais. Nossos co-
.-
imediatos que cle seu tf,abalho deoorriam, fizeram com_que aumetl'
tasse incessa,ntemente a procnra desses instrumentos de progresso
material, em uma nagõo ontte se ménoscabavam cada vez mais os
ofícios servis.zoÂs lameutagões de um Garcia de Besende patecem refletir
bem, por volta de 1536, o alarma guscitado entre homerÌs pru-
dentes'por essa silenciosa e sub-reptícia invasão, que arneaçavs
transtornar os próprios fundamentos biológicos onde descansava
tradicionalnente a sociedade portuguesa:
Vemos no reino meter,
Tantos aatiaos aresaer,
E irem-se os naturuis
9ï:,';,tr',h{:3:#i",ytr
 já qencionada caúa de Clenarclo a Lntônio revela-nos, pela
mesma época, oomo pululavam os éscravos em Portugal. Todo
o servigo ero feito por negroe e mouroe cativos, que não ge dis-
tinguiam de bestas de carga; senão na figura. "Estou em creÌ-
nota ele-que em Ldsboa os escr&vos e escravas são mais gue oB
portugueses". Dificilmente se encontraria habitagão onde não
houvesse pelo menos ume negra. Â geute mais rica tinha escravos
de ambos os sexos, e não fa'ltava quem tirasse bons lucros da
venda dos fiÌhos de escravos. "Chega-me & parecer-acresceuta
o humanista4ue os criam oomo quem cria as pombas para ir
oo mercado. Longe de se ofenderem com as ribaldias das escra-
vas, estrmam até que taÌ suceda, porque o fruto segu,e a, conil'igão
itro aentre: nem ali.o padre vizinho, nem eu s€i Ìâ gue cativo
africano o podem reelamarl'.2? .
Embora os aólculos estatísticos acerca da iutrodugão de negros
no Reino fossem, em geral, escassos e vqgamente aprorimativos,
é tle notar que, em 1541, d.efeudenilo o bom nome dos portugue-
ses e espanhóis cgnüra a,s críticas. de Miínster, Da,mião tle Góis
estinaÊse €rd dez a ddzè mil os esor&vos tla N.igríoia que entrava,m
anualmente em seu pafu. E que um decênio depois, conforme o
Sumó,río de Cristóvão Rodrigues de Oliveira, ï.dsboa contava nove
mil e novecentos e cinqüenta esoravos pera o total de dezoito rnil
vizinhos. Isso significa que formavam cerca de uma quinta parte
da populagão.23 Â mesma proporgão ainda se guardava mais para
.ilor* 
Lobo, Ehtória ila Boai,eilaitre em Portugol no Béauloxz (Lisboa,
1904), pá,g. 49 e seg.
2l'Garcia rle Resentlo, í'Miscollano&", Okroniao ìlos Salarosoc, o Inúgnee
f edtos ilcl, Bag Dom looon II ìle Glorio.ao üamorb, Coinbra, 1798, pá9. 363.
22 M. Gouialves Cerejoira, op. ait,, pâg. L7b, n. 278 e segr.
2t J. úúcio rle Âzevetlo, Noooc &porúforor (Lirboa, 1932), p6g. 102
e õegs.
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fi''s do eéc3fo, a j$gar pelos informes g_ã Fiqppo.sassetti, que
andou em Portugal entrC os anos de l5?g e 16ã9.21 ---- '
com o correr do tempo não deve ter dimiauído essa intrusão
dg- rgogor estr-anho,_què pr^ggredia, ao contre"iõ, .ïãoïì*
citlades. 
.Em 1G55, ìfiúuel sJverim'de Faria põú r"rtilãi q".
os mais dos lavradores se €irvam de escravos de cuinG rú"ios.E em fine do século seguinte, a célebre procissãõ d*-Èur.ü]..
Lrisboa, deve_ria ser.espitôcúô quase 
"oúp*eoói ;;;;;;""-cionava quatquer ciqadg b_rasileìra, daquàas onde ã ìõ"fiÀã"t.
negro fosse mais notável. um visitante -estrangeiro aiaa õn?ggque-participavam dos prfglilop entre "quatrú oinôo nitìt-ur,
ssnÍìo a.p-a-lor paúe constituída de negrõs e mulatos.-de n.*ã umunuìs". 
-uim outro depoÌmelto, escrito setenta anoÀ antesïessad-ata, atribuía-se a . 
,. 
- 
lrigueira'da gente portuguesã ãìiãito'ao
olima e maie aintla "da mistura eo'ã ns nãgros,-úúito oraingria
no povo baixo".,.Compreende-se, assin\ qge já fosse eríguo o sentimento de(us[ancra entrê os dominadores, aqui, e a maasa trabnìhadora
constituída de homens de cor. b eicíavo aas piã"iraã* ãìu,
minas.não era um simples mananciar ae enãrsií,-ú"iìir"aã Ë".pq9 e.espera de que ã época industrial o suÈ'stiïuG;;;ü;*-
ousuvel. uor treqüência ae suas relagões com os donos õscilavam
o.a srruagao de depeudente para a de protegido, e até de solittário
e arlm. Èiua rniluência 
-penetrava ginuosamente o recesgo domée-tico, agindo co-o dissofvente de quatquer iâeìã ã;;õ;üã;à.
castae ou rag&s, de qualque_r disciplinaïúaaa"ìr tãilip"'**a..
ïrl,e8s,a a regr& geral: .não_ impedia que tcnham eristião cãsospar-ficutares de estorgos 
_tendentes a coibir a influência ereeesivado homem de côr na. vida da colônia, como aquer" ãraãr ,eci"
!2177Ç, que vedava a qualquer nulatq ate a qriirtã';ãõ*õ: 
"!ïeT,clclo cte. cargos municipais em Minas Gerais, torãando íatpmrblgão ertensiva aos braqcos casadoe coú muúeres de cor.zrMas resolugões como essa-decorreniã, ao que consta, aã-cõnli-
ração dos neg-ros e mulatos, anos- anteó, 
""qúJt" oãíiibniaãït"-yam, oondenodas a ficar no papel e nãó per'túú"d.;;ir.;;rt
a tentlêneia cla popula{ão par.a um abanãono a. toaìs áïurr"1i-
ras sociais, polÍticas e econômicas entre brancos e loúns il;;,livres e escr&vos.26
ïiËr'É.!ff 'Y:+,!Í"í{',t!,rffi i;*,H,tnlï;,ïlf ;,pá9. 9õ.
26 Âar
*::ï"t::lf,* 
-s:*::^*:i^^.9:9.., a,uree,. a câma^ra ite Êrõo yicenrelïff ',ÍA"sï.",ïellH"ï'j*l^i:l*]i.*1**:;tf-"._elf Ë:;ï.""diïïïigFute .os' senu os, ãìciáranag g*j"ilrËüll,ïril ï"iïï3ri?liïï,,ïi?lei, bartariã o juiament
aorn nrarará--^: ^^_^ .o,^1e,, ql,etquer criltão que ouvireo aõtrair. nãiieH:"'r$lt,l"g:ní"1',r{i'.T$",1;tì*"#"":".ï,*{caroprepoaderai-como6rácnãeolt:ì-lãiiaorü-õ;'ô;ï"ï;ifiqïì:ïl:
U s.b.deh.
I (r. 1. 1926),
 pr6pria coroa não hesitou, ocasionalme[te, em temperar oe
zelos de certos funcion6rios mais infensos a essa tentlência. Assim
oeorreu, por eremplo, quando a um governador de Pernambuco
se expediu ord,em, em 1?31, para que desse posse do ofíeio de
procurador ao bacharel nomeado, Autônio ï'erreira Castro, ape-
Ãar da eircunstância alegada de ser o provitlo um mulato. Por-
que-diz a ordem de D. João V-"o clefeito de ser Pardo não
obsta para este ministério e se repara nuito que vós, por esie
acidente, excluísseis um Bacharel Formado proviclo por mim
para introduzirdes e conservardes um homem que não é formado,
õ qual nunca o podia ser por I-rei, havendo Bacharel Formado".z?
É'preciso convir em que tais liberaüdades não. constituíam lei
geral; tle qualquer modo, o erclusivismo "raciota", como se diria
úoje, nunú chegou & ser, aparentemente, o fator determinanJe
clai metlictas que visavam reservar a brancos pnros o exereício
de determinadõs empregos. Muito mais decisivo do que semelhan-
te exclusivismo teria sido o labéu tradicionalmente associado aos.
trabalhos vis a que obriga a escravidão e que não infarnava ape'
nas quem os piaticava, mas igualmente seus deseendentes. A
esta, mais do que a outras razões, eabe atribuir até certo ponto
a singular importância que sempre assumitam, entre portugue-
ses, as habilitações d,e gemere.
Também não seria. outra a verdadeira explicação para o fato
de se eonsiderarem aptos, muitas vezes, os gentios da tena e
os mamelucos, a ofícios de que os pretos e mulatos ficavam le-
galmente exeluídos. O reconheeimento da Ìiberdade civil dos ín-
d.ios-nesmo quando se tratasse simplepmente de uma libertlacle
"tutelada" ou "protegida", segundo a sutil discriminação dosjuristas-tend.ia a distanciá-los do estigma social ligaclo à escra-
üaeo. ú curioso notar eomo algumas característieas ordinaria'
mente atribuítlas aos nossos indígenas e que os fazem menog
compatíveis com a condigão servil---€ua "oeiosidade", sua &ver-
são a todo esforgo'discipüuatlo, sua "imprevid,ência", sua "in-
temperança", seu goeto acentuado por ativiclatles antes pretlató''
rias do que produtivas-ajustam-se de forma bem precisa aos
tradicionais padrões de vicla das elasses nobres. E deve ser por
ãIr. neo o aentlmento ile dietiação racial. Frei Gaepar nrenciona'o, efeti'
vaóenüe, entre outros fatoe demongtrativoa tla "má'f6 tlos portugueseo rro8
aeus conjtratog com os naturais ilo terrat', fatos egses gue mereceriam maig
tarcle a reprovaeõo ilo Primeiro Governeilor-Gerol tlo Brasil.-Frei Gaapar
tla Matlre -ile Dãur, Metnórias para a Eistório ÌIo Capitonra ile S. Yicente(Lisboa, 1797), pâ9. 67.
'2? t'gbbre ildr-põsse ao Doutor'Antonio Fereira Castro alo Officio ile
ProcuraÌlor ila Cõrôa, pelo Mulatigmo lhe aa.m servir de impetlimento",
Ánais ila Bíblioteen Nafurlu,l ilo Èio iìe Janeiro XXVIII (Rio de Janeiro,
1908), pá9. 352.
roízes do br. 25
isso que, ao procursrem traduzir para termos nacionais a tem6-
tica cla lclade Médie, prQpria do rbmantigmo europeu, escritores
do géeulo passado, como Gongalves Dias e Alencar, iriain reservsr
ao índio virtudes convencionais tle antigos fidalgor e eavaleiros,
Bo passo gu_e o- negro devia couteutar-se, 
_no melhor dos casos,úom a posigão cle vÍtima submissa ou rebôlde.
Longe de condenar os casamentos mistos de iudígenas e bran-
cos_, o governo portugnês tratou, em mais de uma ocasião. de
.slimÌrìéìos, e é conhecido o alvarô de 1?55, determinando'oue
os cônjuges, 
-n-esses easos, 
,,não fiqueu eom infâmia alguria,
antes muito Ìrábeis para os cargos dos lugares onde resiãirem
não^ menos que seuJ fihos e dãseendentes] os quais, até terãopreferência para 
_qualquer emprego, honrá ou ãignidaa., ,e.
ctependêncÌa de dispensa algrrma, Íicando outrossim proibido,sob pena de procedimento, dar-se-lhe o nome de cebõclos. ou
outrog semelìantes, que se possam rgputar injuriosos". Os pretos
e oeseencenrcs de pretos, esses coufiíuavam reÌegados, ao nrenos
em certos textos oficiais, a trabalbos tlê baixa repútaçãô, os negrojobs, que tanto degradam o indivÍduo que os exerce, eomo suageração. Assim é que, em portaria de 6 de agôsto de 1Z?1. o
vice-rei do Brasil mandou dar baixa do pôsto ãe capitõo-moí a
um Índio, porque "se mostrara de tão '6aixos sentiinentos que
c&sou eom uma preta, manehando o seu sengue com esta aliança,
e tornando-se assim indigno de erercer o referido posto',.zr
U*q 4T co-nseqüências da esoavidão e da hipertrofia da la.
vour& latrtundlaris na estrutura de uossa economia colonial. foi
a_ausência, praticamente, de qualquer esforço serió aJ c-oõder"-gão nas demais atividatles proãutoras, ao opïsto ao qúe-Àuõeaia
em outros. países, inclusive nos da Ámériõa espanhãla. Èouca
eona existiu, entre nós, comparável ao que refere un historiadorp^eruano.a respeito da prosperidade doi grêmios de oficiaie me-
cenrcos J& exrstentes no p_rimeiro século da conquista de r.iima,
eom alcaides jurados e veìores, taxa de jornais, il;etát;on-petência, inscrigõo, degcenso dominicrl óurigaúrio ãïr-á"co.tpias íle assistência mútua nas diversas confrãrias de mesteiíaiÀ.
conhece-se ainda hoje o regimento dos prateiros aà cidãâì-ão,lÍers, cuJo manuscrrto é conservado na Beneficência púbtica dacapital peruana. nsses oficiais mecônicos, em sua maioria ínttiãs
e. mestiç_os, tinham eap.ela 
_n& nav-e esquerda aa lgrejã ae b*ìoÂgostinho. Sua. organização estabelecãra pe"ióit""nã"ú;6d',
pensoes de vethiee.para as famÍlias dos agrõmiados. Os sapateiros
e curudores constrtuÍram-se no EJxo de 1579, com proprieãade tta
-ãìoão 
Francisco Lisboa, Obrae, IIÍ (gão LuÍe rto Maraahã0, lg66),I'rig. 383 e eeg.
26 s. b. de h.
capela ile São Crispim e São Crispiniano, ua catedral. ÂÍ cele-
bravam suas fungõeg e Íestâs. Tal como sucedeu no Brasil, mas
em esoala maie ampla do que entre nós, certog grômics impuse-
r8E nome a nraa e pragas, onde tinha,m egrupaclas suas t€ndas
e, por vezes, ta,mbém suas moredas; assim os botoeiros, barretei-
ros, esteireiros, manteiros, algibebes, taberueiros, sonbreireiros(de vicunba ou de palhc ile jipijapa), espacleiros, guitarreiros,oleiros, saboeiros e ferreiros. Eavia ta^mbém os fazedores cle tala-
baÉes, na maioria brancos, íudios e mestigos, assim eomo uegros
e mulatos erarn, em regra, os cimrgiões e os barbeiros. Seguiam-
'ee a esses os grêmios de seleiros e fabricantes de jaezes e guar-
nigões, cloe fundiclores, dos ebanistas, earpinteiros, alarifes, alva-
néis, curtidores, aurradores de couro, cerieiros, iuveiros, chapi-
neiros, alfaiatps ou cogtureiros (os brauoos com a confraria de
São Francisco o Grande), confeiteiros e pasteleiros. Esses grê-
mibs, clefinitiva,mente orgáuitattoá por D.-Franciseo de Toledo,
foram durantp lougos anús, p&ra o vice.reinado, uma garantia tle
prosperitlade, riqueza e estabilitlade, nÉo obstante as vicissitutles
tlo trabalho mineiro e a clecadência clo itopério colonial espanhol.2e
No Brasil, e organizagão doe ofícios segundo moldes trazidos
do reino teve seus efeitos perturbatlos pelas coudigões dominan-
tes: preponderâucia absorvente do. trabelho eseravo, indústria
easeira, capaz de garantir relativa intlepegtlência aos ricos, en-
travando, por outro lado, o coméroio e, finalmente, escassez de
artÍfices livres na meior porte das vilas e oiclacles.
SÉo freqüe'ltes, em velhos documentog municipais, as queiras
contra mecôniooe que, ou tranegriilem impunemeute regimentos
de seu ofÍcio, ou se esquivam aos exameg prescritos, contando
para isao com a protegão de juízer beuévolos. Uma simples licen-
ga com fiador er&, em carou tait, o bastantp pats o exercício de
qualquer profissõo, o desse modo se abriam malhae númeroesg
ua tlisciplina ú aparentemente rígiila das posturas. Os que con-
seguiom acumulor algum cabedal, esses tratavam logo clì aban-
donar seus ofÍcioo para poderom desfrutar das regalias ordina-
riamente negatlas a mecÊnicos. Âssim sueede, por eremplo, a
certo Manuel Alves, de Sõo Paulo, que deira em 1639 su& pro-
fissõo de seleiro para subir ò posigão de "homem nobre" e servir
os cargos da Bepública.so
Por vezes, nem tal cautela se torua imprescindível: muitoe
er&m os oasoe de pessoa^s cousideradas nobres, que se dedicavam,
--2g-J.-tle la,Biva-Aguero, ..Lima Erpa,üolar,, El Comeroio (Ltme, 18. f.1935), 1.r regõo, pôg. {.
t0 AÍonro d'E. Tauaay, Eüúórfa Echocntüto ifui Vilo dc 8õo Paulo, IY(8õo Paulo, 1929), pó9. 32õ.
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N,ízes do br. 27
como meio de vida, a servigos mecâ4ieos, sem perderem aB prel-
rogativas pertinenies à suC classe. Contudo não serie esea a lei
geial r é plausível atlmitir que eonstituísse antes um abuso reco-
ãhecido óomo tal, embora lãrgamente tolerado, pois do contrário
não se compreende que um Martim Franeisco, já em começo-do
séeulo passãdo, se aãmirasse de que muitos moradores de ltu,
sendo "todos peÌo menos nobres", se dedieassem a ofíeios meeâ-
nicos, "pois qìe peìas leis dd reino derrogam a nobreza..."3r
Emboia a lei não tivesse cogitado em estabeÌecer qualquer
hierarquia entre as diferentes espécies cle trabalho malual, não
se podi negâr que existiam discriminações consagradas pelos
eostumes, e que uma intolerância maior prevaleceu constante'
mente com reÌação aos ofícios de mais baixa reputação social.
Quando, em 1720, Bernardo Pereira de Berredo, governador do
Estado tlo Maranhão, mandou assentar praça de soÌdatlo a certo
Manuel Gaspar, eleito almotaeé, alegando que "bem longe de
ter nobreza,-havia sido eriado de servir", conformou-se- Ìogo 
-o
senado com a decisão e, aincla por cima, anulou a eleição de
outro indivíd.uo, que "vendia sarclinhas e berimbaus".32
Nos ofícios urbanos reinavam o mesmo amor ao ganho fácil e
a infiridez que tanto earaeterizam, no Brasil, os trabalhos rurais'
Espelhava bem essas condições o fato, notado por alguéT, em
finì da era eoloniaÌ, de que nas tendas de comereiantes se tlistri'
buíam as coisas mais diiparatadas deste mundo' e era tão fácil
comprarem-se ferraduras a. um boticário como vomitórios a um
ferrãiro.tt Poucos indivíduos sabiam dedicar-se a vida inteira
a um só mister sem se deixarem atrair por outro negóeio apa'
rentemente lucrativo. E aincla mais raros seriam os casos em que
um mesmo ofício perduravâ na mesm& família por mais de uma
geração, como aeoìtecia normalnente em terras onde a estrati-
ficação social alcançara maior grau de estabilidatle.
O que sobretudo nos faltou Pfra o" bom-êxito desta 
e de tantas
".r;#ï;;;" ã; ad;ü"ô 
aritio o 
.f oi, se gur amente, um 
a c ap a-
ciclade cle livre . *ïïaí"i" ìtt*i"e!t eitre os elementos em-
oreendedores ao pais'"i""ú"Uot de índole coletiva 
espontanea'
mente aceitos podian ocorrer nos casos onde fossem 
de molde a
satisfazer certos ,t"iiát""i"t t 
-ãnoço"t 
coletivos' como 
-sucede
com os misteres 
".ilffi;ã; de akúm qodo 
ao cuÌto rerigioso.
Casos, por exempro, 
";;-; aa co"ostrugão da velha matriz de
Iguape, em fins ao *eãío XViI' en que colaboraram os homens
notáveis e o povo ou"ïïá,-*'g*d: pedras descle a praia até
ao lugar ontte ficava ;';ï""'" ;; o-da velha matriz de ltu' eri-
eida em 16?9 com 
"rririo 
aït moradores' que de longa distância
t-evavam à cabeça, .;;;;;;i"' "-*itl áe:pedregulyi::i^::'foram piÌatlos orrrút'iiNao'e StÍ.oit ctistincuir' em taÌs casos'
uma sobreviveooia a.ïott"Jtt 
"tioOit' 
cuja iãplantagão no Bra-
ã-snanuol, que antÌou em 1782 ao Rio tle.Janeiro' admirou'ge 
tlos progressos
#*'T,"íÏï1.,"#"**e^fff"'U;51u,1^"Ë'Ër'$"ï;:ï'#'ïi"""1ï
ffi"ffirïrff*]'ffi Hlïïff1frïïï*$f,;];ffi' ãi soit e Ma,rtiua, oP' cit', Í, 132';Ë"l;;.^ï,íi;4ír*ïf,d;.;,.3;x,*'oã];"0,1ïÂ*i"3?ïHfi,l"ii
rìe lguapett, Beristo ila
isao'Fá"to' 1898)' pá'g' 89'
3? 
'íDocumentos rugãit;t", á' Itrsperança' Ítlu' 27' In' 1867'
roízes do br. 29
-ã-t ytr6- Fraacieco Ribeiro iÌ'ÀntlraiÌa Machatlo e SiÌva Í'Jornaes tÌag
Viagens pela Capitania tle S. Pauto (1803-4)", Reousta iÌo Instittúo Eis'
tóriio e'Geogrâiioo Brasileiro, XLV,'1.a parte (Rio tle Janeiro, 1882)t
pás. 18.
t2 João Francisco Lisboa, op, cit,, p6g. 382.!! Guetavo Beyer, "Notas rle Viageas no Braeil, em 1813", Bettisto ìloInstituto Eistóríco'e Geogrâfico de-São Paulo, XII (São Paulo, 1908),
pâs.287.
3{ Urra excegão, e isgo negmo nos principair centros urbaaos, parecem
ter conetituítlo aqueles que. Dela natureza tloi seus ofícios, necesgitavam ale
aptitlões e conheôimentós ãittsticos que nÉo ee improvieàm. Um viajante
28 s. b. de h.
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de irem
reais,õ-úi"i* embandeirados, com qas ms181ta'' uÉ Prwr
o oue se erplica titpü;t"t" ngto sosto-go aDarato e o dos espe'
táôulos coloridos, taíïlìiïrïtï-"oï" sociedade colonial'
sil data pelo menos dos tempos cre Tomé de sousa e da edificaçãoda cidade do Salvador.
Outros costum,rs, como o do muxirão ou mutiráo, 
€rD 0ü€ oBreeeiros se soco*em uns aos outros 
""r'aõ"*ïiãïJï."Ë"loï'oo,pla-ntios, nas corheitar, o" oooriúlaoìe casas, na fiação do ar-godão, teriam sido toúados ae pr;ferc".ii-ãíb.itioï;t;ï" 
.fundam-se,. ao que parece, na erpectativa de auxÍio recÍproco,tanto quanto o" .1::tf lio;-rgq9{cronqaa p.1aq-ãeies; as-ãile*,os d esc autes e os d eeaf i os q ue- aìom p anhú-;ü gái#"ff.iff t"i,serviços' se os homeus se ajudam.ír 
-; outÌos, notou um obser-vador setecentista. fazem-io.iiúí. ;;ü;ã;;-ã. ;õiliËi; rr-ninho do que do amor ao trabahôii.rí íu*orote que erpricagõessenelhantõs são exatas 
"pão"rìá med-ioa em que patenteiam oque hô de ercêntrieo. e riaie óst*t"ïo ì" verdade: realismo dotraço grosso e da cerieatura.
Por outro lado. se.ria, ilusório pretend.er relaeionar e presençadessas formas de'atividadõ ..útil";-ãigo* tendência Dars aeooperaçÉo disciptinnda e constante. b; i;t.; ïi"ïï"ï.i'i"r'a"trabalho em comum.imp_orta ;uiõ';;"s,. n-e.stg-s casos, do queos ser.timentos e incrinaioes que rw".-"-ï"ãúïr;-üïilà"_po de inclivÍduos a socorrei o vizinho ou amlgo precisado deassistência.
Para determinar o signìficado erato dessetrabarho em comumseria preeiso recorrer i airtìniáo ìoã i.o.otus estudos antropo-lógicos, depois de examinados õ conïrontados os;;ililrïï;ïr-portamento de v'rios povos naturais, permiti;;d;il;üõ;:"-tre a genuína,,eoooei8ção,,,.e u,,prËr-tao.ir,;1iiüíìii,irirj.*Distingão que 
.se aparerita, ae certõ-dãoo, à que investiqacões
an teriores j á tinhaú_ f irado óntre ;iooã-puiigao ; ï,; 
"ioïriãiãà,,.Tanto a competicão eolno a eooperação são eomportamentosorienrados, embôra dg ;gd; dr";;;õ;;ï; um objerivo material
99mum: é, em pripeiro Ìugar, sua 
"eìagio;;-ffi;';bl;;ffi 
"
que mantém os indivÍdLos iesfiectiv"rãit" separados ou unidosentre si. Na rivalidade, ao e.onirário, õ.ì gu -prestâúia, ;;ü;*tivo material comum.Ey 
:ig"lti;uõiio-pïti.u_ente secundária;o que antes de tudo i,lnortã é o ãano o" o úrnuii.il-q;;ï;"das partes possa fazer à outra.
Em sociedacle de origens tão nitidamente personalistas comoa nossa, é compreensíoe,l que os sinptes vú.orô" ã.-úï;;";;._roa, indepordentes e até excrusú-"r'ã; qi"tqo.. tendêneia paraa cooperação autêntica entre os i"aioia=uo.,=ìã"rrïï.iaï'ffi*
-1í 
?:"u rnto_s Intercssantas, X[fV 
^(gão paulo, 1915), pág, 196.
r^il"f ïf,lï\H;ïi'r!ri:ïí:tíoí*aòíÃí'ti'ïü;.*ons'Ë,riuií;eoopt,
30 s. b. de h.
sempre os mais decisivos. Âs agregagões e relagões pessoais, em-
bora por vêzee prccárias e, de outro lado, as lutas eutre facgões,
enhe famÍlias, eutre regionalimos, faziam dela um todo incoe-
rente e amorfo. O peculiar de vide brasileira parece ter sido, por
essa época, una acentuagão singularuente enérgica do afetiïo, do
irracional, do passioual, e uma eslaguação ou óntes uma atrofia
correspoudente das quaüdades oralenadoras, disciplinatlolas, ra-
cioualizadoras. Quer dizer, exata,mente o contrário tlo que parece
couvir a ume populagão em vias de organizar-se politicamentc.
ì
E
N6s l,ó no Brasil
A nossa ternura
A açítcar nos sabe,
Tem muíta iloçuro.
Ohl sa teml tem,
Tem um mel mui saborosoÉ bem bom, é bem gostoso.
Ah nhanhã,, aenha escutar
Amor puro e aerdaileiro,
Com preguiçoso iloçura,
Que é Amor ile Brosil,eirolo
Sinuosa até na violência, negadora dle virtudes soeiais, con-
temporizadora e narcotizante de qua.lquer energia realmente pro-
dutiva, a "moral das senzalas" veio a impeiar na administração,
na economia e naS crengas religiosas dos hcmens do tempo. Â
própria criação do mundo teria sido entendida por eles como
uma espécie de abandono, um ìanguescimento de Deus.
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Tvuu ìtre Lerena: Cologão ilos guag cantigas, oferecidas aod seus amigos,fI (Lieboa, 1826), lo 2, p6g..5 e eeg.
roaes do bt. 31
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/ A inftuência tloe negtos, não apenas como negros, mas ainda,
'e sobretudo, eomo escravos, essa populagão nÉo tinha como ofe-
recer obgtáoulos sérios. Uma suavialãde dengosa e agucarada in-
pde, $eetlg cedo, todas as. esferas de vida cõlouial. Nos próprio.sdomÍnios da aú e da litêratura ela eucontro meios ttã eipri-
mir-se, principalmente a partir do Setecentos e do Rococó. O
gosto do erótico, da sensualidatle brejeira, do chichisbeÍsmo, dos
eaprichos sentimentois, pareeem forneôer-lhe um providencial ter-
reno de eleigão, e pernitem que, atravessando o oceano, vá exi.
bir-se em Lrisboa, com os lundus e motlinhas do mulato Caldas
Barbosa:
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em parte, e talvez com jurtos motivos, è ausência, na nãe-p6tria,
de descontentamentos que impelissem à nigra4ão em larga eseala.
Esse malogto representou, em reaÌidacle, eonforme nota o histo-
riador E. J. Priestley, o testemunho clo bon êrito da República
holandesa como eomuuidade naeional.al E, eom efeito, as eondi-
ções econômico-políticas tlas Províncias Unidas tinham alcangado
tamanbo grau de prosperitlacle, após as lutas de indepentlência,
que nos escritórios da Comprnhia das Íntlias Ocidentais ú se
anunciavam, à procura de passagens, soldad.os licenciados, que
tinham ficado sem lar em virtude da guerra dos 30 anos, os gar-
,nanorurn prgfugi de Barlaeus, pequenos artesãos, aprend.izes,
comerciantes (em parte jutleus de ascendência portuguesa), ta-
berneiros, mestres-escolas, mulheres do mundo e "outros tipos per-
didos", informa-nos um pesquisador da história clo Brasil llo-
landês. O exéreito da Companhia, que lutava em Pernambuco,
constava principalmente de alemães, franceses, ingleses, irlan-
d.eses e neerland.eses.l2
Entre seus g€nerais mais famosos, um er& o fidalgo polonês
Cristóvão Arciszewski, que fora obrigatlo a deixar sua p6tria,
-Tl"rbert J. Priertley, Ihc Coning of tlrc Whíte lfca (Nova York,
1930), póg. 297. É intereasaate coafrontar eos€ ponto de vigta com as Buges.
tõee que um enseÍgta portuguêe, o Br. Antônio 8órgio, no prefácio quo
esct€veu para o livro do Br. Gilberto Freyre, O Munilo que o Portugúês
criou (Blio tle Janeiro, 1940), apresenta pora a vocação colonizatlora tle
seus compatrioüas. Aoretlite o 8r. Antônio Sérgio que o mau conôioiona-
mento de Portugal para qualquer intlúetria b6sica obrigou-o tlestlo cetlo a
procurar ro mar e também no além-mar, o equilÍbrio econômico que sua
lerra lhe regeteava. Foi talvez no Bragil que oi portuguèseg vieram'encon-
trar, pela primeira vez, ambiente írancamente propício a um desseg gSneros
tle culüura agrária cujo valor 6 primortlial pÊre, a sueteatação da viilo hu.
nana. Glêneros como tem sido o trigo, por eremplo, em totÌas as 6pocae e
eomo foi particularmente o açúcer 
€m rolao g6culo XVIL{2 erms.u Wiitjen. Du holliintiaohe Kolonblrebh in 8rsilien, (Glotha,
t92t),9&g.240.
32 s. b. de h.
ond,e, segundo consta, ere perse$rido devido às suas itléias soci-
nianae e antijesuíticas, outro o alemão Sigismundo von Schkopp,
sobre cujos antecedentes nada se sabe de certo até hoje.
Populagão cosmopoüta, instável, de caráter prealominantemen-
te urbano, esga gente ia apinhxi-se no Recife ou na nagcente
Mauritsstad, que comegava a crescer na ilha. cle Antônio Vaz.
Estimulantlo, assim, de modo premahrro, a divieão clássica entre
o engenho e a cidade, entre o senhor rural e o mascate, divisão
que encheri&, mais tarde, quase toda a história pernembucÍina.
Dsse progresso urbano era ocorrência nova na vida brasileira,
e ocorrência que ejuala a melhor distinguir, un do outro, os pro-
cessos colonizadores de "flamengos" e portugueses. Ao passo que
em todo o.resto do Brasil as cidedeÊ continuavam simples e po-
bres dependências dos domínios rurais, a metrópole petnarnbu-
cana "vivia por si". Ostentavam-se uela palôcios monÌrmentais
oomo o de Schoonzicht e o de Vrijburg. Seus.parques opulentos
abrigavam os eremplares mais vârios da flora e da fauna indí-
genas. Neles é que os úbios Piso e Marcgrave iam eneontrar à
mão o material de que precisavam para a sua Ht'storio Naturalis
Brasüine e onde Frana Post se erercia em ttenspor para a tela
as cores magnífioas da natureza tropical. Institutos científicos e
culturais, obras de assistência de totla ordem e importantes or-
ganismos políticos s administlativoe íbasta dizer-se que em 1640
se reunia em Recife o primeiro Pafl,omento de que hâ notícia no
hemisfério ocidental), dava^m à secle do governo da Nova Holanda
um esplendor que a destacava singularmente no meio da miséria
amerióana. Para completar o quadro, não faltavam sequer os
aspectos escuros, tradicionais navida urbana de totlos os tempos:já em 1641, a zona do porto de Recife constituía, para alguns
zelosos calvinistas, verdadeiro "antro de perdiçãs".$
Não há dúvida, poréo, que o zelo animad.or dos hoÌandeses
na sua notável empresa colonial, só múto difloilmente transpu-
nha os muros das cidades e não podia implantar-se na vida rural
de nosso nordebtn, Êem desnaüurá-la e perverter-se. Âssim" e Nova
Eolanda exibia tlois munclos distintos, duas zonas a,rtificiosamen-
-F.g,o 
monôs tregse ponüo, ca oolonos da Nove EolanilenÃo parecem ter
sialo ale tSmpeÍa muito ôiveraa da tlos povoatlotee 
_ 
do Brasil Portuguôs.
Eabeoor peloo velhoo crolistaa, pelal carüaa jeeúticas e por outroe do'
cumeatoa, inclusive e eapecialmeute os ile Pri.meira Yisitr,gÉo tlo Sarto
Oflcio, em parte jô pubücatlos, at6 ontle ohegava a liceaga tle coetumes
ae poiuJaçãó brariieirã dure,ate og g6culog iúciaig da oolonização. O qua<ho
que nós oiereceu Paulo Prailo om tou Eetroto ilo Brasil 6 bem eloqüette
a respeito. Corrie're Europa, durante o a6culo XYffr a crença de que aquém
rla lúha do Equatlor não-eristo nenhum peoailo: Ahro aequtnosblam non
peaaad. Barlaeüa, que m€art:ona o ditarÌor-comenta-o, dizendo: "Corno ge a
linha que iliviile o muntlo em ilois henisf6rios têmb6m BepaÌaase a riÌtualo
do vÍciott.
Õ-naiõ$o dfíffis erperiências coloniÊis dos Países Baixos
no continentp americano, durante o século XVII, foi atribuítlo
raízes do br. 33
de fazer
.dte agregattas. O esforgo dos conquistadores batavos limitou'se aI' erigír üna graatleza de-fashatla.,. gu9 só aos^ilcautos nodi1m31
sua forga.
.-T6'pouperam 
esforços, os hoÌandeses, para competir eom seus
predeoessores na vida da lavoura. Âpenas os elementos de gue
ãispunham uão se adaptavam a essa ücta. Só irm ou outro arris-
oaú-s. a abandonar a ciclacle pelas plantagões de caua' E, em
1686, os membros do Conselho Político, alarmados ante a p-ers'
pectíva de ruÍna, por estarem em mãos de portugueses-e sobre'
iudo tuso-brasileirõs as grandes fontes de riqueza da Nova Ho-
landa, pens&Ìem resolvei o problemd,.tentando importar nume'
"óu"r 
iô.nias de lavradores ãa mõe-pátria. Seiia esse o modo de
sõ-próveui"em contra os germ-es de-futuras compÌicagõeg'- "Só
qor;ao tivermos numerosõs filhos dog Países Bairos residindo
intre os portugueses nos terrenos da lavoura é que estará, assegu-
"ãáo "õtio doüínio 
sobre o elemento mais irrequieto da popula-
cão". diziam o Statthal,ter e o Conselho ao Diretório tla Compa'
iÍia'aas Ín6ias Ocidentais, em janeiro de 1638. Para isso recÌa'
o,ãou,r. com urgência, de Amsterclã, a remessa tle mil a três mil
*úpo""reu. Maï esperou-se em 
_v_ão. Os gamponeses deixaram-se
ficai, aferratlos aosieus lares. Não os seduzia uma aventura que
tinham boas razões para supor arriscada e duvitlosa's
que
resul-
mantet
holandesa no BrasiÌ em verdade,O iusucesso da
t4 Eormann 'Wôtjen, op. aitr,, p6g. 240.
34 s. b. de h.
fronto com a holandesa, disposigõo particularuente simp6tica em
muitos desses homens rudes. Aquela observagão, formulada sé-
culos depois por nm Martius, de gue, psrs Dossos Índios, oe idio-
mas nórdioos apresentam difiouldades fonéticas pratieamente in-
superáveis, ao passo que o português, como o castelhauo, Ihes é
muito mais acessívelrs puderam fazê-la bem cedo og invacores.
Os missionários protestautes, vindos em sua aompanhia, logo per-
ceberam que o uso da língua neerlandesa na instrugÉo religiosa
prometia esoasso êrito, não ú eutre os africanos como entre o
gentio db terra. 0s pretos veÌhos, esses positiva,mente não o apren-
diam uunca. O português, ao coutrário, era perfeitameute fami-
liar a muitos del€s. A experiência demonstrou, ao cabo, que seu
emprego em sermõeg e prédicas dava resultados mais compensa-
doreg.a? E assün serviram-se, às vezes, do idioma dos venoidos uo
trato com os pretos e os natura.is da terra, quas€ oono os jesútas , .
se serviam da lÍngua.geral para catequizar Índios, mesmo tapúas.
Importante, além disso, é que, ao oposto do catolicigmo, & re-
f-
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-15 
Eog.o 4ach^er, Eaase u-nil,-Baaseleltstchung badm ü,ansohen, (Berlin,t2?7), plg. 32. 
-C_f-. também A. Grenfell Ptice, Wkíte Settlers in tha-Tropieá(Nova York, 1939), pág. 177.{6 Spir e Martius, op. oit,, pág. 387.{7 ll616ann Wôtjen, opt, oit" pâg. ZZ4.{E A tose Ìlaa origenr eepecüica,meate proteatantee clos modemor Dr€-
conceitos raciais e, em última análiee, tlas teorias racistas 6 atualmênte
ilefendiila com ênfare pelo hiatoriador'iaglêo Ârnoltl J. Toynbee. Embora
Eem aceitar totalmento os poatos ile vista e ag conclugõee do'autor. Dode-ge
adm_itir que a circuutâ,noiã de €sse pÌeconceito lacial ser hoje náii acen-
tuad-o entre- povos proteEta,rtes nio é do motlo alg'- 1ottrolta -ou iatlependa
tle alguns dog fatores que enca,rcrinharam os mesúos Dovo;. em itetersünsilopgtgqq <le sua_higüória, q_q!pça1 a Reforms.-Arnôld Toynboe, Á Stndg
raízes d,o br. 35
of Eistorg, I (Lontlree, 1935), págs. 2lL-27.
ex-
como 8e
oncontram na LibÌary of CongÌess, em W
o segúnte depoimento acerca dos coloncs Ique, efirÌna, nada trouxeram de novo ao
ram a plantar o que os brasileiros já planrpnmruvo e grosserro:
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ter faltado eE tais contatos foi a aimpatia üansigente o conu-
nicativa que a Igreja Católica, sem dúvida mais urdversaìistâ
ou menos erclueiüet do que o prot€stáJxtismo, gabe infundir nos
homens, ainda quando as relagões eristentes entÌe eles uada te-
nham, na aparência, de impecáveis.
Por isso mesmo não parecem ter consegúilo, para sua fé, tan-
tos proséÌitos, ou tõo dedicadoe, como os coneeguiam, aem exces-
sivo trabaÌho, os portugueses, para a reÌigião católica. Disso fo-
ram testemunìas alguns coÌonüaclores das ÁntiÌhas, aos quais
os hoìandeses estabeìecidos no Brasil iam ventler íntÌios aprisio-
nailos'é escravüados. "É fá.cil-diz um depoimento da época-
clistinguirem-se os que foram convertidos à fé pelos portugueses
daqueles que permanecereÌu no Recife com os holandeses, pela
piedade e devoção que mostÌâm nas igrejas, pela sua assitluidade
ao ʀrvigo ilivino e pelo seu erterior, muito maie reeatado e mo-
desto ".{e
A essas inestimá.veis vantagens acrescQnt€-se ainda, em favor
dos portugueses, a já aJudida ausência, nelài, de quaiquer orgu-
lho de raça. En resuÌtado de tudo isso, a mestigagem que re-
presentou, certamente, notáveì eÌemento de fixação ao meio tro-
picaÌ, não constituiu, na América PoÌtuguesa, fenômeno esporá-
dico, nas, so contrário, processo normal. Foi, em parte, graças
a esse processo que eles puderam, eem esforço sôbre-humano,
construir uma pâtria nova longe da sua.
NorÀ Áo CerÍrur,o II
PÁC, aI_PEBEISTÊNCII DA LÁVOVBA DN TIPO PBEDATóNIO.
É sÍcNrrrcAlrvo o testemunho de um observaalor norte-americano.
e Doucos aÌlos da moneÌ-
r rÁédico em Lajes, Santa
da Guerrá dË Sicessão
manuscritos se
n, oferece Clea$f
em São Leopoldo
ad-otivo e se ümita-
e do mesmo modo,
. 
"Conheci u.n iland,ês em Porto Alegre (,...) que tentou intro-dtEir o Jso geral do arado entre os o,Iemã,ps. Nãd obteue o nenor
resultsd.o, pois os colonos TteterìanL recorreÍ c enzad.as ou oó,s e
na gran(lè -maioúa dos casãs, a sirnples ccucdàiros A; í;ú õorr-ôque aonarn cooos para os seÍne?rtes. Este íLltiíno pormenoÍ requer
-ã-J""o B. Du Tortro, op. ciÍ., II, pág. 489.
36 s. b. de h.
e-!fllgt: nouos py6nngs tìobo.lhaüres ruroi.t ficaria rm itútsiia,eEtarrecdos 8e et thes dlsser oue a laoourd. qsnt g.feiú,-ë;õ;ãí,com o ou,clllo- d.e 
-eíLxada.s, rnl,ôis 
.raranente. d.ê pdsJ-+- 1;;o';;;;"onale 
-o -l,carad,oÌ é stlicieitemeue esclarecl'rto para res/rsür ao hà--ot o corrente, que consrste en Ío,zer abr-ir as cotsas com o/.lcilío d.ey!! s:n:plei- pedaço de plu, a Jinl de nelcs se cotocarem os7;;,e;-úes. E oef dd,cLe, 
-como acìma se dis_se, qüe alguns, muito poucos, sesocoìrern ile- ptás; 
.estas, por&n, nõo plassan- ae potrei' {uLqd.ïieà"p.ara o grand.e símbolo d.a ciuilizaçã.o, a úItíma paí.aora ai iiiitcàí^(o salua.d.ot d,o nrnd,o) que é o àrado,'jo
De então para cá, a aquisição de tecnicas_superiores, eqüvalentea uma subversão dos pioceslos ìerdados dos - antigos' naìuràï -ãa
1::ll, I"_9 
-callirrho\ na progressão que 
"".ia púã-a-"""iìii. Fõâï-iuqrzer que o desenvolvimento técnico visou,erà gerai, áìitã á,,enãsa aumentar a produtividade do solo do que a eónòiiiiar lsióiìiÃ.
^ Igl,"lg" lado, é inegávêl, entretanto, que, vencida a etapa iniciale-pronelra, ond€ 
-aqueles pnocessos primitivos se apresentám oúase
99-T9 uma fataüdade, os âescendenìes aoi mtõnoãïiãiãã-o,iìïã_uaÌro-s, se- mostÌaram, em r€gra, mais bem dtspostoi ãõ-ã'üã-oil.iiõ_
-oÌasllerros.a acolhe-r.as formas de agÌicultuÌa intensivã fundadassobre metodos aperÍeiçoados.
, 
Essas observações colocam-nos
oe 
-perto a matéria aoui tratadâ.
a
bert Willelmy que, umne Alemanhâ durante os anos daguerla, não cliegõu â ènconúõ i repercúsãJmãüãã.r'i
Mostra-se. nesse trabalho como o recuÌso às queirnadas deve pa-
â#".'iï:rïïïï,i"+Hïï"{"ï.i#inr;*i#l*i*lÈ:rf #
: ,^:.ifyy ?ii:!y,t Eo llccord, oÍ FaatE gnd Obseruataor.s on Montucfidnit. customs in souti Brozit, u*oitií-i,-oíi-"óíii ;;;;;-";" #;'ï;"r,
lurlng g-pe_r!o_q oÍ- tíore thon iucnty gears', by R. Cf""." e.-ú-' 'ï"iiÌu.ing a.perioit oÍ nore thon i.ioiiiiìu'. ii'nl."õ;#ïl'ül'. ::ï5"
^L:j.*.1989 Y!,..d1 
r,ibÌ_ary.of gú.e".. waiúiigô;'b: ó.',ï it 
"'ïí.;
Lajer; 18ã6 MS. ãa übrary of Coú
Dr. Iiano Porzelt, op. at, "pag. illi..
_ 
5l Eorbert WllheLE ,.,probleDe der UrçalilÈolorios.tioD in güilaloerika,,zeitechriít iter Geaetb:choft für EÌ.tkunde , Be** ,a"iã-izïïïsi;i_ix. D40), pÁ98: 908.314. pÌôÍ. Dr. Karl Bapper, oã g^ãí*"líroìíiii|l,
.tcr EÌde úLd ihrc Ztkunftsaa*ir,htcn lür die' aL^"níai 1Stíïffiï,'1íïí;,pag. E5.
. C., íL 5 e aeg.j
raízes do br. 3T
ï+ï+-gïÈip':rffi iàtËT*S*$"ï:i"ï'#fr :TFï'r.#isão quase -sernPrepare a maderra co
iúto mais quanto
mercado Próxüno
9e*."*,ÌlifËï"n:âi:,I'*ijã""a3",]'"ff 
'ffÍ::s:3:iËqïËe"Ëï!ïú'q-"'t . 91 -1cY-"19Hieí"çr*-uí{lltlr'at*ï: iããï tlí "ú'pi"go. ui'torèndimento de um hecErehante coDlrontg revela' Por
Ëil*l{igil$ir*+t;:lit'*llçtg','"q'i'****;t
mals
ãúxiüo ão fogo".
er:siiffi:lïli*,'-*iãf ilTfi"i-Ëï,iïi'tr'"-s"ïli-ï,"'l.f ï$t
#Jffi ,*J#il.1'iiii'n*t;g;'*gt"-ff ':':i!"f'fi ""fl iãï:H
o crescimentô das Plsnlas'
ï;flg'ml*ËH*d$uu*fl.$m*iffi {+ffi ii!çr,'"',r"ffitËiffi'Ëtüg:*dflii:i"$lt-l'"
'Ëïrïi;itï:','"ï.i"',ïËËrtÍï+*:ffi'$ii*çï[hÍundo ÌersroEo' u" *"ËË,!iáoï i',iiiiitË ã-ri*íuilidade' quandoA Ponto de 8e teÌem I
,**t{ïÈ*r*n:".r"ìlìi*rs*qi$"e'$fi ïb*aasáÌees'ores'
F""Ì n1z'
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38 s. b. de h'
Tais maloEros 52 não deveriam int€rpretar-se, todaüe, como urn
convite à inlrcia e à persistência dê hábitos Ìotineiros' mes ao
exame prévio das pecuüaridades de cada solo, antes de se intro-
ãúiréni aperteiçoainentos na técnice agÌária.-As mencionadas ex-
periências paÌecem indlcar apenas que o lrabalho do araco se Ìorna
óreiudicial quatdo e Ìelha revolve tão protundamente o Eolo que
õheia a sepu-ltar a tênue cameda de húmus sob terras Pobres, isen-
tas ãe microganismos e, etn geral, das substâncias orgãnices neces-
sáries ao desenvotvimento das plsntas cultivadas.
Estudos eÍetusdos em outros continentes tendem a coriobolar as
observacões Íeita! por Sepper e ltrilhelmy na ArttéÌlca troplcal.
Assim. ãuando uma rrande Íábrlce de tecidos de Leipzig tratou de
promoveì em Sadani, na Álrice Central, plantsçóês de algodão se-
ir.rndo métodos modernos, utilizando para isso alados que lavravam
ã terra numa proÍundidade de 30 a 35 cm, a conseqüência foi urn
imediato € desastroso decréecimo na produüvidade.
explicar, no
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Reconhecida a causa do insucesso, psssou-se a praticaÌ uma ara-
dúÁ de superlÍcie, com os melhores resútador. Como expücar, .no;;ï""t;, ãtïõlËuÍtas, nes guas missões do Par-asuai, teiüam in-
tróãúúo] desde o começ:o, e com bom. êxito' a. lavouÌa de âÌado?A razáo deverla estar em que os aredos traãcos Peros e8pâlrnolsÃ-;;õ àeGLiÁ ãstar eín'que os aredos tÌszidos Pelos eapanhóis
paÌq s}lqf p€ssessóes.americanry !E1YS1-:T^S9!1['-I 
-P}:1elÌpara suas posgessóes smericanÂs lavravam em gelal' a Pouca pro-lundidade. Sapper inlorma-nos ,que' nesse ponÌo' nao 8e (tlsurl8ulam
muito de taclla ou srado de pé doE antlgos (4ulchuas: a 
-crlagao- tqa$iõlìó a"ioãiiilú úado de pé dls anugos Qúchuas: a.criasóo mals
avançada de técnice âgráÌia dâ Amèrlca pr.è'colomDlena.r' sus
wrntnoem ê3teva êm due. num mesmo prazo, lavÌavam âÌeâs duasvantagem $tava em que' num mesmo prazo,
e hêsnezes maiores.
Por uma degcrieáo itatada de meadoe do século XVIII sabemos
oue os toscìs úÀáós de madeüa usados nas missõer lesulticas pene-
i"úam no eoió apenas um quarto de vare e, sgm embargo'- tudo
ouanto ali semeavsm crêscia bem' CresceÌia nelÌror e darra lrutog
àais ó;iosd, gurtentava o Pedre Ftgria! Pauele' tuff3adg çrta-
mente sègundo padrõe8 europeus, 8e, à meneiÌa clos arado8 ce lerro'
-IO" 
ob""*"çu., ile Wilheloy c&be ãcterc€Dta! s d€ uú ilult!€ snêri-
ceuists, ó Or, úrl Bopper, pari quon- o ourProgo. irtenalvo- ilo- 8railgt o,td
terra! qu€[te! o ú&ida!, poilo coltribuú peta a dilleBrla{eo ca Darerla'i-. 
"e,ior 
caaor 
'ique teitãnuahei--declorsalle fsto f€! oon que o-8Ìsdoíú" 
"0"ú*t" pogto ae patto, coo bolr Ì€rulteôo! Der& .e lrúdo ilo!ii"ú"u"aot"t e d6 rua gentã"'-tseÌbÊrt wilhotly, op' oít', pôg' 313'
ót O moEo &utor stirms t€t &vi6tailo e|B 1987' !r! imeillagõer ile Ourco,
uua tcoìk GÉ! u!o, quo !€ aPÌotuliÌrr& no lolo 9€Ìca de 20 s-2õ cE 
--E-sÌÌ
:i"* l:*i*:r;rï lãïï1Ë:: iWw:E -{."*hiah'e i'ê'r L'àh'
raí.es ilo br, 39
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cor,üacsem mais fundo e revolvessem a terra "como ocorre ellr Dotl'ói paÍgee alemães".5{
À América portuguesa mal clre-garam e-s!9s 
-e outros plogressosteãiõJáã-ouã ãã#iitaram ós Íiliios das 
-Missões._{ lavoura- entreil'&.-õãtÏi"ã" ;iúã:se-nas hgresus 
-e I custa dpla-s' pos lawa-liõã"-êïõ pãuìõairiÀ, ãã rioo' D. Luls Antônio de sousa, seu
iiôR"#sË|tJËl"tr;:-sfl trÍ?,ïtïf"u:1""1T''8.Â*i3i.i?"oïjËËiË'õFJÃìË"ïã"-Sãi0,"="iã,ïuãdistà=rh-aitacutiavúteléguas"'Ë-iüaïiã"àú", ;õ ;;ì{o-õ'gËn!io só sqbiam 'cotrer trls do.mato
ü"ã"ti,=*,idããaõ ;-tìËbeieËúãã sú-aómicruo por onde o há"'55
-51 
rto.i"o Paucke, g. J.' Eacià 4lt81J paryaoó,(ana cúoilo cntte.loc
o"a+oi úì*a*",-nis-716t), ur, 2.4 Pútã (Tucum.ó'Bueaoo aires, 1944),
pá9. 173.
' ïs Do* 
^toa Inlcr.cssal;ÍcD'jqrc a Elbt&rb 
c Aoetwnee ilc 8' Paulo,
XXtIr (8óo Paulo, 1896), póg.7De oegc.
_/r á.M
u iáil ;+"*t\ \qA" | \Ì
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l)v
40 s. b. d"e h.
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O SEMEADOR' E O LADRILEADOR
Á FANDAçI.O D8 CIDÁDEy COMO-INSTNAMENTO
"D i- ïò:u7 íúb ío-.:z n ío í nn eN t s t t c o 
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o I c À B'
ífiíz-íx o's1' o rwv Nbo- coMPLEr o- 
-D-4 LrN E a'nïrZ7úZutrit'n-iNínnion.--Á-.no-rrvÀcov'
ffiï7 nZzTo-t'asri.t'iz'. o nsP'vrro--Da Ex'iZfrsVí íoíríeiísÁ-- a NoBnEz 4 
--Nov Á Doàlïfr zhtft o*.-o -niíIu sao La sr r ÁN o'-PÁP EL
- DA IOANJÁ.
NOTAS AO OÂPÍIIIIO TV:
nID.', INTALNCTVI'L NÁ ÁTÊBTCÁ ESPANEO'
LA E NO AUSIL.
Z uxevt-eunÁL 8ü 8. PAvLo.Zv-niszo Às YnrvDE s EcoN aarcÁ 8.
NATTIDEZ', E ÁZTE,
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- ü; efeito. a habitaçõo em cidades é essencialmente autina-
turít, uisócia-se a manifestagões do espírito e da voutcde, ra Te-
áiá;:'Ã-qil se opõem à naiureza. PÁra muitas nagõee eonqús-
t"d;;ú, a congtligóo de cidatles foi o mtis decisivo instnrmento
ile doúnação que conheceram. Max 'Weber mostra admiravel'
;ònt;-õõ e tlunaaçeo de eitlacles represento_u pal.a o Orientep"Oti.o e particulaúcrente para o- mundo heleqístlro ! pars ail;;ãúíú, õã.io e$êdífieo de criaçóo cle órgãos locais de
poder, aciescentando que o meamo fenômeno se encontra na uhr-
ã", óía., 
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durantl o séeulo- passado, a subj-ugagão tlas tribos
ffi;tt.'pôd; ú-iaen6tieada àiurbanizagão de suas terr,.1.. E
neo ioi õn boas. razões que esses povos Ìrsaram de semelhantet"o"t o. poig a experiêncià tem demonstrado que ele^é, entre to'ã;;;üfiãúailãuro e eficiente. As fronteiras econômicas egt&
úelóci6as no tempo e tro espÊgo pelas fundagões.de cialatles noË;ãïilB"-*"- 'túbén as frónteiras do murxdo
roízes do br. 61
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da rural concorda bem com o espírito tla dominagão portuguesa'
qú" te"ú.iou a trazer normas inperativas ! ÈTJllT: 
-ql:::-
Eoo PRIMÂZIÂ aeentuada cta vi-
Amé{g1pyibem aquele metno senso burouótico das ruiuúciat,
g.uq orierúav1 os casuÍstar do. tempo, ocupadoe.em enumerar, de.fìnir e apreciar oa com-plicados câeos dããnããic"cüËil;hifì.
cação e governo dos padres confessores. Na procura áo tucar àu.
se-fosse povoar
confessores. Na procura do lugar-que
se fosse povoar oumpria, antes de tudo, võrificar com õuiaàao
as regiõ_es 
-mais saudáveis, pela abundôncia de homens velhoe eas regiõ_es -mais saudáveis, pela abundôncia de homens velhoi-e
T-oçïl_91,!q1c-ompleição, disposição e cor, e sem enfermidadÀs;
vas terras à Coroa dô Castela, loso ileiõis, üèr, ï-ilãõ ìo'"t.do Estado fez sentir seu peso,-imõondo uuít'aiscipti"a ã"t"ã'ot
novos e velhos habitadores dos páíses americanos, apazizuãndo
suas rivalidades e dissensões e õanalizando a rude uïu"Ëi" ão.
colonos. pa_ra maior proveito da metrópole. concluíd" 
" 
p&õ"õao
e tetmrnad& a eonstrução dos edifícios, ,rúão 4n1gg,'_fssomão-
9qT 
-.f pressam.eaae as O r ilenaneas á,e D es cut r:t*i, "í i 
- i,"", oy ï!bry!,r!?, de 1563-é qle_.gov_ernadores e povoad.ores,- co*T}lta diligêneia e sagrada dedicação, devem tratìr de trazer. na-
crÌre&meÌ:ter ao g-rêmio da santa rgreja e à obediência das áuìo.
rrdades ervrs, toclos os naturais da terra.
. 
J4 È pllmeira- vista, o próprio traçado d.os.centros urbanos. naAmérica Espanhola denúncia o e_sfõrço aete"Ài"ìao-ã;;;"
e retificar 'a fantasia 
-capriehosa da páisagem agreste , e um ãtotlefinido da vontade humana. As rüas não r. ï.i*;ro-;;ãulu"pela.sinuosidade e_pelas asperezas do soio ; impoem-}re.;;ï;' 
"acento voluntário da linta iq.. g plano regula'r uaã nãscã, uúi,
nem ao menos de uma idéia.religioú, como ã que inspiro;; ;;._trução das cidacles do Lácio e naij tarde a a", 
"oïõ"i"r-";;;-gas, de acordo com o rito 
-etrusco; foi siúpiesmã"tu-odil;i"3:,lp::"qt de ordenar e clominaíJ;deô conquisìaããl ó'rõ"reullneo, !T que sg-exprime a direção da vontade a um fim pr-e-
vlstro 
-e 
elerto, manüesta bem essa deliberação. E não é por aôasoque ele impera decididamente em todas.*i"r oú"ã.. ;.'p;;ü;1".,
as primeiras ciclades "abstratas" qoÀ ããttrouram europeus emnosso continente.
F,t oi$aq1 ggpantops na 4mérica.-F9,_ no priõeiro .orn.o'to,6rcou-ampla tiberdade ao esforço individual,l fim de que. Dorïaçanhas memjráieis, tlataene dj incorporar novas glóriãs ã ìo-
_Up1.teSi,slação abundnnte previn! de antemão,. entre os des-cenclentes dos conqrristadores castelhanos, 
.qualqúer faniasü'"capricho na edificação dos núcleos tu"uã"ós.'õíâì.po.iïio*u, ^ã*
Leis das Índias, que devem 
".gu" í};arçãõ ããíïiã"d'*ï"
-:il"t 
W'eber, op. cdt., rr, pág. ?13.
62 s. b. de h.
de animais sãos e-de competènte tamenhô, de frutos ã maììi:
Tentos sadio,s; onde não hòuvesse coieas peçonhentas e nocivas;de boa e feliz eonstelação; o céu claro e bãnigrro, o 
"r 
purJ e
suave.
Se fosse na nrariuha, era p_reciso-ter em consideração o'abrigo,
a profundidade, e a c,apacidade 4e-defesa do portô e, quanãópossível, que o mar-não batesse da parte do sül ou cló ioente.Para as-povoaçõcs de terra dentro, uão se escolhessem lugares
deTaslaclo altos, expostos aos ventos e de acesso clifícil; nem
muito baixos, que eostumam ser enfermiços, mas sim os que se
achassem a altura mediana, deseobertos para os ventos de norte
e sul. Se houvesse serras,_que fosse pela bãnda do levante e poen-
te. Caso recaísse a escolha sobre lõcalidade à beira tle um rio,
ficasse ela de modo que, ao sair o soì, desse primeiro na povoação
e só depois nas águas.
A conjtrução da cidacle_con'eçaria senÌpre pela chamada praça
maior. Quando em costa de mar, essa prãga iicaria no lugàr áe
desembarque do porto; quando em zonã mlditenânea, ao -centro
da povoação. A forma da praça seria a de um quadrilátero, cujalcrgura eorrespondesse pelo- menos a dois terços do comprimenìo,
de modo que, enl dias de festa, nelas pudessem correi eavalos.
Em tamanho, seria proporcional ao número de vizinhos e. tendo-
-se em 
_conta que as povoações podern aurnentar, não mediriaÌnenos d.e duzentos pés de lar.gura.por trezentos de'compriurento,
nem mais de oitocentos pés de eomprido por qninhentoà e trinta
e dois de largo; u mediana e boa pi.oporção seiia a de seiseentos
pés de comprido por quatrocentoi $è targo. A praça servia de
base para o 
_traçado das ruas: as quatro principais sairiam do
eentro de eada face da praça. De cada ângulo saiiiam mais d.uas,
havendo o cuidado de que op.euatro ângulos olhassem parâ osquatro ventos. Nos lugares frios, as ruai deveriam ser ìargas;
estreitas nos Ìugares.quentes. No e^ntanto, onde houvesr. .ouãlor,
o melhor seria que fossem largas.86
Assim, a povoação partia nitidamente de un eentro; a praça
maior 
_representa aqui o mesmo papel do cardo e do decumanus
nas eidades romanas-as duas linhaì traçadas pelo tituus do fun-
-ïãInr*Vnoción ile Legce ile tos nryn)s d,e Indias, If (Matlri, L756), 
.fls. 90-92.
lìfa-fles espanholas na
ampla liberdade ao r
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dador, de norte a sul e de leste a 
_oe8te, que serviam como refe-
"en.l" 
psrs o plauo futuro da rede urbaua. Mas, ao p888o que
nestas o agnrpà-ento ordenado prete_nde aPe'al reproduzir na
tõ; ;püprïa ordem cósmiea,- no.plano-das ai6ades hispano-
-amencanasi o qo. se exprime é a idéia de que o homen pode
üte*i" arbitrariamente,ì com sucesso, no curso das coisas e tle
ã". 
" 
história não somente "aeontece", mas também pode ser
di"igid" e até fabrieacla.tT É esse pensamento 
_que aleança a sua
meÌiior erpressão e o seu spogeJr na-organização tlgs jesuítas e4
roi" r.a"ôOJr. nstes não sô õ introtluziram. na qulÍu"" naterial
tlas missõei guaranis, "fabricanclo" cidades geométrieas-, cl.e Petlra
iawada e aãobe. numa regiõo rica em lenìo e paupé*ima em
pedreiras. como o estencleram até às instituigões. Tudo estava
:*u- .úo 
".*tâdo. refere um 
depoimento, que nas reduções situadas
çnfl .(*s'.. terütório'hoje boüviano, "conjuges Inil'inni meilia nocte sonaOf\'. tintinabuld ail eaercendum coitum eac'õtarentuf'.óó
' \ Na América Portuguesa, entretanto, a obra_tlos jesuítas foi
um& rara e milagrosJexceção. Ao lacto clo prodÍgio vercladeira-
mente rorr.iúor"o cle vontâde e cle inteligência que constituiu
essa obra, , do qu" também aspirou a ser I coìonizagão espatllglt
,ii
*
e uos dois seguintes, de modo que, ao eneerrar-se o período co-
lonial, tinbam sido instsladas nas d,iversas possessões de Castela
nada menos de vinte e três universidades, seis das quais de pri
meira categoria '(sem iucluir as do México e Lrima). Por esses
estabelecimentoÈ passaram, ainda durante a dominação espanho-
Ia, dezenas de milhares de filhos da Âmérica que puderam, assim,
. 
-0, completar seus estudos sem precisar transpor o Oceano.se
, V0* Esse exemplo não oferece senão uma d,as faces da colonizagão{*^1,""'espanhola, mas que serve bem para iÌustrar a vontade criadõra
r /,J'b' que a anima. Não se quer dizer que essa vontade criad.ora distin-
,\ c, ,r" guisse sempre o esforgo castelhano e que nele as boas inteuções
í...r'j' ,' tenham triunfado persistentemente sobre todos os,esforços e pre-e- 
.L'" valecido sobre a inércia dos homens. Mas é indiscutrvelmente por
t,.Ìt" isso que seu trabalho se distingue do trabalho

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