Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Clique para editar o estilo do título mestre Clique para editar o estilo do subtítulo mestre * * * Hibridização — Método de Orbitais Moleculares Joaquim Delphino Da Motta Neto Departamento de Química, Cx. Postal 19081 Centro Politécnico, Universidade Federal do Paraná (UFPR) Curitiba, PR 81531-990, Brasil CQ167, Aula #9 * * * Na aula anterior vimos que no começo do Século XX todos queriam usar Mecânica Quântica para estudar Química, mas não havia como fazer aquele monte de contas. CQ167, Aula #9 * * * Resumo Hibridização (Lewis, 1919) Repulsão de elétrons de valência Teoria de orbitais moleculares Conclusões CQ167, Aula #9 * * * Basicamente Mecânica Quântica se preocupa em obter combinações lineares de orbitais atômicos. Mas há uma infinidade de combinações. Quais são as mais apropriadas para mapear a estrutura real (e as propriedades químicas) das moléculas? CQ167, Aula #9 * * * Hibridização Uma extensão natural dos cálculos de Heitler & London é o método VB: os orbitais moleculares são localizados, geralmente ao longo das ligações químicas. Os químicos geralmente preferem a descrição VB por que se pode associar cada orbital com um dos traços (ou pares de pontos) de estruturas de Lewis tradicionais. CQ167, Aula #9 * * * Construção dos híbridos Várias combinações de funções de onda s, p, d, f etc. podem ser usadas. Para descrever a ligações de elementos representativos, apenas as funções angulares s e p são necessárias. Estas funções são dadas pelos harmônicos esféricos etc. CQ167, Aula #9 * * * Portanto, a parte angular do i-ésimo orbital híbrido é então expresso pela combinação Por requerimentos de normalização e ortogonalidade, CQ167, Aula #9 * * * Exemplo: hibridização sp3 Os OAs do átomo central formam quatro híbridos: Estes híbridos são completamente equivalentes, e o ângulo entre eles é 109,47. CQ167, Aula #9 * * * Exemplos: CH4 CCl4 SO4= NH4+ CQ167, Aula #9 * * * Em várias espécies químicas importantes o átomo central pode ser descrito por esta hibridização. amônia cátion hidrônio CQ167, Aula #9 * * * Exemplo: hibridização sp2 Um dos quatro orbitais atômicos não se hibridiza (este é o que vai formar a ligação ). Os outros três se combinam para formar os três orbitais híbridos CQ167, Aula #9 * * * Numa molécula como o formaldeído (HCHO), tanto o carbono como o oxigênio sofrem esta hibridização. CQ167, Aula #9 * * * O híbrido h1 de um átomo se combina com o híbrido h1 do outro átomo para formar a ligação . Cada um dos híbridos h2 e h3 do carbono se ligam a um hidrogênio (também ligações ). CQ167, Aula #9 * * * Os híbridos h2 e h3 do oxigênio são ocupados cada um por dois elétrons (são os pares isolados). Finalmente, os orbitais não-hibridizados do carbono e do oxigênio se combinam para formar a ligação . CQ167, Aula #9 * * * Observe como a descrição VB, além de simples, descreve completamente a estrutura eletrônica da molécula, além de fornecer explicação para propriedades como o seu momento de dipolo (=2,33 D, maior que o da água). CQ167, Aula #9 * * * A hibridização sp2 é importante por que em Química Orgânica vários grupos funcionais são descritos com base na carbonila. Neste grupo tanto o carbono como o oxigênio têm hibridização sp2 . CQ167, Aula #9 * * * Logicamente, a hibridização pode envolver orbitais outros além dos s e p. Em compostos de metais de transição, os orbitais de valência pertencem ao manifold d. Diversas possibilidades de combinação são possíveis... CQ167, Aula #9 * * * Se combinamos um orbital d, um s e três p do átomo central, obtemos cinco híbridos dsp3 . É fácil ver por que estas hibridizações envolvendo orbitais d são interessantes: CQ167, Aula #9 * * * Química de Coordenação Evidentemente as considerações anteriores também podem ser usadas para orbitais d. Se a molécula tem um metal de transição como átomo central, a teoria VB pode ser usada para prever as formas de moléculas. CQ167, Aula #9 * * * Naturalmente começou-se a especular, será que é possível usar alguma aproximação que mantenha o poder conceitual da teoria VB? Algo que seja fácil e rápido de usar? CQ167, Aula #9 * * * Repulsão de elétrons de valência (VSEPR) Sidgwick & Powell propuseram (1940), e Gillespie popularizou, um esquema fácil de usar. A idéia era bem simples: considerar apenas o manifold de elétrons de valência do átomo central. Os elétrons devem estar se repelindo (pois são férmions). CQ167, Aula #9 * * * Problema: BF3 vs. PF3 BF3 é planar, enquanto PF3 é não-planar, como a amônia. Não é fácil entender isto apenas por inspeção. CQ167, Aula #9 * * * Passo 1: desenhar a estrutura de Lewis Passo 2: identificar o átomo central Geralmente pode ser feito por inspeção. Não é difícil, pois na aula passada vimos como desenhar as estruturas de Lewis corretamente. CQ167, Aula #9 * * * Passo 3: calcular o número característico da estrutura Definimos o “número estérico” (steric number, SN) como a soma dos átomos ligados ao átomo central (m) e dos pares isolados (n): SN = m + n CQ167, Aula #9 * * * No caso do BF3 , o átomo central é evidentemente o boro. Ligados a ele temos 3 ligações, e nenhum par isolado. Logo SN = 3 + 0 = 3 No caso do PF3 , temos 3 ligações mais um par de elétrons isolado. Portanto, SN = 3 + 1 = 4 Os números estéricos são diferentes, logo as formas destas moléculas devem ser diferentes. CQ167, Aula #9 * * * Finalmente: Os pares isolados de elétrons ocupam “mais espaço” que ligações. Por isso a água e a amônia (SN = 4 ) são todos tetraedros distorcidos, com os ângulos de ligação ligeiramente menores que o ângulo tetraédrico de 109,47° . Água: (H-O-H) = 104,5° Amônia: (H-N-H) = 106,7° CQ167, Aula #9 * * * Em quase todo livro de Química Geral há uma tabela que pode ser bem útil enquanto o freguês não estiver acostumado com estes conceitos: SN forma (shape) da molécula 2 linear 3 trigonal planar ou angulada tetraédrica regular ou angulada bipirâmide trigonal, borboleta ou T 6 octaédrica, piramidal ou planar quadrada etc. CQ167, Aula #9 * * * CQ167, Aula #9 * * * Parece fácil, mas... É bom fazermos alguns exemplos para exercitar estes conceitos. CQ167, Aula #9 * * * CH4: SN = 4 + 0 = 4 tetraedro CQ167, Aula #9 * * * ClF3: SN = 3 + 2 = 5 Aqui três estruturas são possíveis (dependendo de “onde” estão os pares não-ligantes): bipirâmide trigonal, borboleta e forma de T. CQ167, Aula #9 * * * PF5: SN = 5 + 0 = 5 CQ167, Aula #9 * * * O legal do método VSEPR é que com ele se consegue mapear a simplicidade e a interpretabilidade química da função VB sem ter de calcular explicitamente todos aqueles orbitais. CQ167, Aula #9 * * * Apesar do sucesso da teoria VB, não havia na época computadores (ou software ) capazes de lidar com a complexidade da função de onda. Logo apareceu uma alternativa interessante... CQ167, Aula #9 * * * Robert S. Mulliken (1896-1986) Em 1921, recebeu o Ph.D. na Univ. de Chicago por seu trabalho com W.D. Harkens na separação de isótopos. Em 1922 foi para Harvard. Em 1927 foi para a Europa e discutiu a teoria de Hund. Logo conseguiu associar números quânticos aos elétrons em moléculas. . CQ167, Aula #9 * * * Friedrich Hund (1896-1997) Formado pela Escola de Göttingen, quase não tinha treinamento formal em Química. Entretanto, formou parceria frutífera com Robert S. Mulliken (normalmente atribui-se a eles a primeira proposta da teoria de orbitais moleculares em 1928). CQ167, Aula #9 * * * Teoria de Orbitais Moleculares Em 1928, Mulliken e Hund introduziram a idéia de que em muitas moléculas os elétrons de valência não estavam “localizados” em ligações covalentes, mas descritos por funções matemáticas (chamadas “orbitais moleculares”) distribuídas ao longo de toda a molécula. Estes orbitais moleculares podem ser facilmente formados de combinações lineares de orbitais atômicos. A teoria é menos intuitiva para os químicos, mas é muito mais fácil de implementar e executar em computadores. CQ167, Aula #9 * * * A principal mudança em relação ao método VB é que os orbitais estão espalhados por toda a molécula, em vez de localizados nas ligações químicas. A principal vantagem desta representação é a possibilidade da aplicação de simetria. CQ167, Aula #9 * * * MO vs. VB As diferenças entre as teorias podem ser entendidas em termos de culturas diferentes. Para alguns alemães (pelo menos Heitler e London), o pragmatismo americano parecia petulância vazia... E para alguns americanos (pelo menos Mulliken, Pauling, Slater e van Vleck), a mania alemã de fazer tudo com exatidão parecia rebuscada, tortuosa e desnecessária. CQ167, Aula #9 * * * A confusão gerada pela existência de duas teorias aparentemente em competição deu origem a vários mal-entendidos e certa dose de vituperação de lado a lado. Eventualmente o método MO foi adotado pela comunidade devido à sua maior simplicidade de aplicação. CQ167, Aula #9 * * * Só para lembrar: a forma da função de onda no método de orbitais moleculares segue o modelo de partículas independentes como sugerido por Bohr. CQ167, Aula #9 * * * Douglas R. Hartree (1897-1958) Durante a primeira metade do século XX, trabalhou com Física Matemática em Manchester e Cambridge. Percebeu que a solução numérica de problemas de muitos corpos teria de envolver automação (tanto analógica quanto digital) dos cálculos necessários. Participou do desenvolvimento dos primeiros computadores modernos, entre os quais o famoso ENIAC. CQ167, Aula #9 * * * Sala de testes do analisador diferencial CQ167, Aula #9 * * * Produto de Hartree (1928) Em 1928 Douglas Hartree adotou o modelo das partículas independentes (sugerido por Bohr em 1923) e propôs uma forma alternativa para a função de onda: o “produto de Hartree” formado pelos orbitais individuais descrevendo o movimento de cada elétron O modelo foi bastante bem-sucedido na descrição da estrutura eletrônica de muitos átomos. CQ167, Aula #9 * * * Vladimir A. Fock (1898-1974) Graduou-se em 1922 em Petrogrado. Em 1926 generalizou a equação de Klein-Gordon (versão relativística da equação de Schrödinger). Em 1930 propôs o método Hartree-Fock para o cálculo de propriedades moleculares. Espaços de Fock (soma direta de produtos tensoriais de espaços de Hilbert de uma partícula) são utilizados para número variável ou desconhecido de partículas... CQ167, Aula #9 * * * Clemens C.J. Roothaan (1918- ) Começou a estudar engenharia elétrica em Delft em 1935. Foi perseguido e passou por alguns campos de concen- tração, onde fez cálculos para a empresa Philips até o fim da Guerra. Em 1946 foi para a Chicago, onde obteve seu Ph.D. trabalhando com Mulliken em teoria de cálculos semi-empíricos. O famoso artigo de 1951 estabeleceu as bases definitivas dos cálculos de orbitais moleculares. CQ167, Aula #9 * * * O método autoconsistente (SCF) A função de primeira ordem é o familiar determinante sugerido por Slater em 1929. CQ167, Aula #9 * * * Aplicando-se o princípio variacional, pode-se variar os spin-orbitais { } até que a energia alcance um mínimo (auto-consistência). O método SCF é apenas uma aproximação, mas como é correto até primeira ordem freqüentemente o resultado é suficiente para uma descrição mais que razoável... CQ167, Aula #9 * * * O Procedimento: 1) Escolher um conjunto de base 2) Calcular as integrais necessárias ( S, H, J e K ) 3) Chutar uma função de onda razoável 4) Montar a matriz de Fock 5) Diagonalizar a matriz de Fock 6) Calcular os autovetores e a matriz densidade 7) Comparar a matriz densidade com a anterior 8) Se não convergiu, usar a matriz densidade como chute no passo 3 e tentar de novo 9) Se convergiu, usar esta solução para calcular as propriedades CQ167, Aula #9 * * * A equação secular resultante é ( F - ) C = 0 FC = C que é a generalização da equação de autovalor para uma matriz Hermitiana. Obviamente o método exige um trabalho muito grande, mesmo para moléculas pequenas. CQ167, Aula #9 * * * Conclusão Mecânica Quântica não é apenas um monte de contas. A principal utilidade é a solidez conceitual de teoria. CQ167, Aula #9 * * * A seguir: Terça, 6 / abr: aula de revisão geral Quinta, 8 / abr: primeira prova parcial CQ167, Aula #9
Compartilhar