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Aula 9 Processo legislativo parte 3

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Processo Legislativo – parte 4
MEDIDA PROVISÓRIA (art. 62 da CF)
Na aula de hoje trataremos do instituto medida provisória,espécie normativa objeto de incontáveis controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais desde a promulgação da vigente Carta Política. O fato é que a medida provisória chamou para si praticamente todas as controvérsias acerca do atual processo legislativo.
Sabe-se que a medida provisória foi criada pela atual Carta da República em substituição ao antigo decreto-lei, espécie esta que não mais integra o nosso processo legislativo. 
Cópia de um instituto presente no constitucionalismo italiano, a medida provisória tem sido reiteradamente utilizada no Brasil em substituição à lei, nas hipóteses em que o Chefe do Poder Executivo vislumbra a ocorrência de relevância e urgência para sua edição.
Em 2001 ela sofreu uma alteração importante através da EC n.32, ficando mais democrática.
NATUREZA JURÍDICA
A medida provisória está inserida no art. 59 da CF, logo é espécie normativa primária, ou seja tira seu fundamento da própria CF.
A medida provisória não é lei, em termos formais. Medida provisória é ato normativo dotado de força de lei (normativa) desde a sua publicação na imprensa oficial. Pode-se dizer que medida provisória é lei em sentido material, quando versa sobre normas gerais e abstratas, de conteúdo normativo.
A criação da medida provisória foi o meio encontrado pelo legislador constituinte originário da carta de 88 de outorgar ao Chefe do Executivo (presidente da República) um meio rápido, célere para que ele possa, em situações de relevância e urgência, tratar de matérias sujeitas à reserva legal, sem necessidade de passar pelo lento emoroso processo legislativo de elaboração das leis (que, como vimos, mesmo quando o Chefe do Executivo solicita urgência para a apreciação de projeto de lei de sua autoria, pode levar até cem dias, desconsiderados os períodos de recesso, para a elaboração da lei).
	
OBS: E o governador do estado poderia editar MP em caso de relevância e urgência?
	Depende, se estiver expressamente da Constituição do Estado, poderá sim editar MP (em Minas não tem, em Tocantins tem por exemplo).
	E os prefeitos poderão? 
	Dependerá de 2 fatores: o primeiro é que haja disposição positiva expressa na Constituição Estadual e na Lei orgânica Municipal.
Assim, nessas situações de urgência e relevância, o Chefe do Executivo dispõe do poder de fugir do moroso processo legislativo, editando uma medida provisória para tratar de matéria que, em situações de normalidade, exigiria lei para o seu tratamento.
Importante realçar que a medida provisória tem força de lei desde a sua publicação. Essa sua força de lei não depende da apreciação do Congresso Nacional. 
O que depende da apreciação do Congresso Nacional é a sua conversão em lei, isto é, a transformação de um ato provisório, de eficácia limitada (medida provisória), em um ato permanente, com eficácia por prazo indeterminado (lei).
REGIME JURÍDICO CONSTITUCIONAL
Da promulgação da Constituição Federal até os dias atuais, as medidas provisórias tiveram dois regimes constitucionais distintos.
O primeiro regime, estabelecido pelo texto originário da Constituição Federal, teve vigência até setembro de 2001, quando foi promulgada a Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001. Nesse regime jurídico antigo, a medida provisória tinha uma eficácia inicial de trinta dias, mas podia ser sucessivamente reeditada pelo Chefe do Executivo; a apreciação da medida provisória era em sessão conjunta do Congresso Nacional etc.
A Emenda Constitucional nº 32/2001 deu nova redação ao art. 62 da Constituição Federal, mudando completamente o tratamento constitucional dessa espécie normativa. A medida provisória passou a ter eficácia inicial de sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta dias; sua apreciação pelo Congresso Nacional passou a ser em separado, nas duas Casas Legislativas; foram estabelecidas diversas vedações ao uso de medida provisória etc.
A Emenda Constitucional nº 32/2001 foi, portanto, um divisor de águas entre o regime constitucional antigo e o regime novo das medidas provisórias. Com a sua promulgação, todo o regime constitucional das medidas provisórias foi alterado.
Aliás, até a numeração das medidas provisórias foi reiniciada, começamos tudo “do zero”, isto é, as novas medidas provisórias, editadas a partir da Emenda Constitucional nº32/2002, no novo regime jurídico, receberam numeração nova, começando da medida provisória nº 1, medida provisória nº2, medida provisória nº 3 – e assim por diante.
Sobre as medidas provisórias antigas, editadas no regime constitucional antigo, antes da Emenda Constitucional nº 32/2001, temos que saber algo para o fim de OAB e concurso?
A respeito das medidas provisórias antigas só temos que saber responder à seguinte indagação: o que aconteceu com as medidas provisórias antigas, editadas no regime constitucional anterior, que estavam em trâmite no Congresso Nacional na data da promulgação da Emenda Constitucional nº 32/2001? Que fim foi dado a essas medidas provisórias antigas?
Com efeito, na data da promulgação da Emenda Constitucional nº 32/2001 havia no Congresso Nacional 66 medidas provisórias antigas em tramitação, isto é, havia 66 medidas provisórias editadas no regime constitucional anterior que ainda não haviam sido apreciadas pelo Congresso Nacional. O que aconteceu com elas?
A resposta está no art. 2º da Emenda Constitucional nº 32/2001, que estabeleceu a seguinte regra: continuarão elas em vigor até que medida provisória ou outra espécie normativa ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional.
Observe que a Emenda Constitucional nº 32/2001 concedeu vigência por prazo indeterminado a essas medidas provisórias, continuarão elas em vigor, regulando a matéria com força de lei, até que aconteça uma das seguintes medidas: 
sejam revogadas explicitamente por outra medida provisória (ou por outra lei ordinária, lei delegada, lei complementar ou emenda constitucional);
sejam apreciadas definitivamente pelo Congresso Nacional, para o fim de rejeição ou conversão em lei.
Em verdade, o art. 2º da Emenda Constitucional nº 32/2001transformou esses atos normativos provisórios em atos de vigência por prazo indeterminado. Por força desse dispositivo da Emenda Constitucional nº 32/32, passamos a ter no nosso ordenamento jurídico um grupo de medidas provisórias que, de “provisórias” mesmo, não têm nada!
Algumas peculiaridades dessa regra de transição de tais medidas provisórias antigas merecem ser destacados.
A primeira é que elas ganharam vigência por prazo indeterminado, independentemente de qualquer ato ulterior (não há necessidade de reedição, de prorrogação do prazo etc.). O próprio art. 2º da Emenda Constitucional nº 32/2001 lhes conferiu vigência por prazo indeterminado, sem necessidade da prática de qualquer ato ulterior, seja pelo Congresso Nacional, seja pelo Presidente da República. Com a mera promulgação da Emenda Constitucional nº 32/2001 elas ganharam vigência por prazo indeterminado, e pronto.
A segunda é que não é correto afirmar que elas foram convertidas em lei pela Emenda Constitucional nº 32/2001, pois permanece, ainda, a possibilidade de o Congresso Nacional, a qualquer tempo, apreciá-las, para o fim de rejeição ou conversão em lei. A distinção é sutil, mas juridicamente relevante: elas continuarão regulando as respectivas matérias por prazo indeterminado, com força de lei, como se leis fossem, mas não foram convertidas, transformadas em lei; ganharam vigência por prazo indeterminado, com força de lei, mas não foram convertidas em lei, porque permanece a possibilidade de o Congresso Nacional, a qualquer tempo, vir a apreciá-las, para o fim de convertê-las definitivamente em lei, ou de rejeitá-las.
A terceira é que se o Congresso Nacional decidir por apreciar uma dessas medidas provisórias deverá fazê-lo segundo as regras do regime constitucionalantigo (sessão conjunta do Congresso Nacional etc.) – e não de acordo com o regime constitucional novo, implantado pela Emenda Constitucional nº 32/2001.
PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS
Medida provisória somente pode ser adotada diante de urgência e relevância (são cumulativos). Caso seja adotada sem a presença desses pressupostos constitucionais, será inconstitucional, por flagrante desrespeito ao texto da Constituição Federal (CF,art. 62).
Mas, a quem caberá o exame quanto à presença, ou não, desses pressupostos constitucionais? Poderá o Poder Judiciário declarar uma medida provisória inconstitucional pelo desatendimento, pela ausência desses pressupostos de urgência e relevância?
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, num primeiro momento caberá ao próprio chefe do Executivo decidir pela presença dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência e, num segundo momento, ao Poder Legislativo, ao apreciar a medida provisória adotada pelo Executivo.
Porém, essa competência dos demais Poderes da República não afasta a competência do Poder Judiciário para, excepcionalmente, declarar a inconstitucionalidade de medida provisória que tenha sido editada sem a presença dos seus pressupostos constitucionais.
Portanto, embora em regra caiba aos Poderes Executivo (ao editar) e Legislativo (ao apreciar) a decisão sobre a presença dos pressupostos constitucionais, poderá o Poder Judiciário, nos casos de excesso, declarar a inconstitucionalidade de medida provisória que tenha desatendido aos pressupostos de urgência e relevância.
Em relação à competência do Poder Legislativo, o atual texto constitucional impõe a obrigação de as duas Casas do Congresso Nacional emitirem juízo sobre os pressupostos de urgência e relevância, antes do exame do mérito da medida provisória. 	Agora, portanto, não se trata de mero poder das Casas Legislativas, mas sim de um dever constitucional, por determinação expressa da Constituição. 
Esse foi o meio encontrado pelo legislador constituinte derivado de coresponsabilizar o Poder Legislativo no tocante à adoção e conversão em lei de medida provisória editada sem a presença dos seus pressupostos constitucionais. 
Atualmente, se uma medida provisória editada sem a presença dos seus pressupostos constitucionais for convertida em lei, não se pode culpar, apenas, o Chefe do Poder Executivo, pois as duas Casas do Congresso Nacional também terão se manifestado, expressamente, sobre a questão, firmando sua convicção de que tais pressupostos estavam presentes.
Com efeito, determina a Constituição Federal que a deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais (CF, art. 62, § 5º).
Na prática, por força desse dispositivo constitucional, a apreciação da medida provisória nas duas Casas do Congresso Nacional dá-se em duas fases distintas: numa fase preliminar, a Casa Legislativa emite um juízo sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais, isto é, se estão presentes os pressupostos de relevância e urgência para a edição da medida provisória (se a Casa decidir pelo desatendimento dos pressupostos constitucionais, a medida provisória será rejeitada); numa segunda fase, se a Casa decidir pela presença dos pressupostos constitucionais, passa-se para o exame do mérito da medida provisória, isto é, passa-se para o exame do seu conteúdo.
Cabe destacar que esse exame prévio quanto à presença dos pressupostos constitucionais ocorre nas duas Casas do Congresso Nacional - Câmara dos Deputados e Senado Federal.
VEDAÇÕES:
	Medida provisória tem força de lei ordinária e, portanto, pode disciplinar matérias submetidas à reserva legal.
Porém, não é qualquer matéria disciplinável por lei ordinária que poderá ser tratada por meio de medida provisória, pois a Constituição Federal veda, expressamente, e implicitamente a edição de medida provisória para o tratamento de certas matérias.
Limitação implícita: 
	Arts. competência exclusiva do CN e privativa das respectivas casas. (art. 49, 51 e 52 da CF)
Limitação expressa:
As vedações constitucionais à edição de medida provisória estão em, apenas, quatro dispositivos constitucionais, a saber:
a) art. 25, § 2º;
b) art. 62, § 1º;
c) art. 73 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT);
d) art. 246.
A primeira vedação, estabelecida no art. 25, § 2º, da CF/88, é dirigida ao Governador de Estado, que não poderá adotar medida provisória para regulamentar a exploração dos serviços locais de gás canalizado. Evidentemente, essa vedação só se aplica àqueles Estados que tiverem optado pela adoção, nas respectivas Constituições Estaduais, da espécie normativa medida provisória.
A segunda, do art. 62, § 1º, da CF/88, enumera diversas matérias que não poderão ser tratadas por medida provisória, tais como nacionalidade, cidadania, direitos políticos, direito penal, processual penal e processual civil etc.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
A terceira, prevista no art. 73 do ADCT, veda a adoção de medida provisória para a regulação do Fundo Social de Emergência.
A quarta, do art. 246 da CF/88, veda a edição de medida provisória para regulamentar artigo da Constituição Federal cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda constitucional promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação da Emenda Constitucional nº 32/2001 (inclusive os artigos cuja redação foi alterada por esta Emenda Constitucional nº 32/2001).
Essa vedação só atinge, portanto, os artigos da Constituição Federal cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda constitucional entre 1º de janeiro de 1995 até a Emenda Constitucional nº 32/2001. (setembro de 2001) 
Artigos da Constituição Federal que tenham sido alterados por emenda constitucional em data anterior a 1º de janeiro de 1995 (1994, 1993, 1992 etc.) não se submetem a esta vedação, tampouco os artigos da Constituição que tenham sido (ou venham a ser) alterados por emenda constitucional depois da Emenda Constitucional nº 32/2001 (isto é, pelas emendas constitucionais nº 33, nº34, nº 35, nº 36, nº 37 etc).
Na verdade são às emendas n. 5 até a 32. de 95 até 2001. (foi por motivo político).
Ex.:art. 207 parágrafo 1. EC n. 11 de 96
PRAZOS CONSTITUCIONAIS
A medida provisória é espécie normativa com prazo constitucionalmente determinado para sua apreciação pelo Congresso Nacional.
Com a publicação da medida provisória, começam a correr dois prazos distintos:
a) um prazo para sua apreciação pelo Congresso Nacional, isto é, para conclusão do processo legislativo de sua apreciação;
b) um prazo para o trancamento da pauta da Casa Legislativa em que a medida provisória estiver tramitando.
O prazo para apreciação da medida provisóriaé de sessenta dias, prorrogável por uma única vez por mais sessenta dias, desconsiderados os períodos de recesso do Congresso Nacional (art. 62 par. 3, 7).
Essa prorrogação é automática, ocorrerá sempre que os primeiros sessenta dias não forem suficientes para a conclusão do processo legislativo, sem necessidade de solicitação do Chefe do Executivo.
Observe que esta hipótese é de prorrogação de prazo, e não de reedição da medida provisória. Não se edita um novo ato normativo; a mesma medida provisória ganha um novo prazo de eficácia, de mais sessenta dias.
Note-se, também, que a eficácia da medida provisória poderá ultrapassar, em muito, cento e vinte dias, uma vez que não são computados os períodos de recesso do CongressoNacional. 
	Assim, se a medida provisória for publicada em 15 de julho um pouco antes do recesso (durante o recesso do Congresso Nacional, portanto), a contagem do prazo só será iniciada em 1 de agosto, quando termina o recesso do Congresso Nacional. 
Nessa hipótese, somente ocorrerá a contagem do prazo em data anterior se houver convocação extraordinária do Congresso Nacional, pois, neste caso, as medidas provisórias em vigor nada data da convocação extraordinária serão automaticamente incluídas na pauta de convocação (CF, art. 57, § 8º). Ora, se serão automaticamente incluídas na pauta de votação, inicia-se acontagem do prazo, enquanto perdurar a sessão legislativa extraordinária (SLE).
O prazo para trancamento de pauta da Casa Legislativa em que a medida provisória estiver tramitando é de quarenta e cinco dias, desconsiderados os períodos de recesso do Congresso Nacional.
Assim, publicada a medida provisória, se esgotar o prazo de quarenta e cinco dias sem a conclusão do processo legislativo de sua apreciação, a pauta da Casa em que estiver tramitando estará automaticamente trancada, isto é, não se votará nenhuma matéria nessa Casa Legislativa até que se ultime a votação da medida provisória (CF, art. 62, § 6º).
Exemplificando: se no esgotamento do prazo a medida provisória estiver tramitando na Câmara dos Deputados, a pauta desta Casa restará trancada; nesse momento não acontecerá nada com a pauta do Senado Federal; num momento seguinte, quando a Câmara dos Deputados ultimarem a votação da medida provisória, destrancando a sua pauta, a medida provisória segue para o Senado Federal, trancando automaticamente a pauta daquela Casa Legislativa (não se conta novo prazo de quarenta e cinco dias na segunda Casa); se eventualmente o Senado Federal emendar o texto aprovado na Câmara dos Deputados, a matéria retorna para a Câmara, para revisão, e novamente já chega trancando a pauta desta Casa Legislativa (não há nova contagem do prazo de quarenta e cinco dias).
Aspecto interessante é que mesmo acontecendo o trancamento de pauta com a expiração do prazo de quarenta e cinco dias, continua sendo possível a perda de eficácia de medida provisória por decurso de prazo, isto é, pelo esgotamento do prazo constitucionalmente previsto sem a conclusão do processo legislativo de apreciação da medida provisória (sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta dias). Isso porque o trancamento de pauta (com a expiração do prazo de quarenta e cinco dias) não paralisa a contagem do prazo para apreciação da medida provisória (sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta dias). Logo, se a pauta da Casa Legislativa permanecer trancada, mesmo com esse trancamento estará correndo o prazo para apreciação da medida provisória, e, uma vez esgotado este sem a conclusão do processo legislativo, a medida provisória perderá a sua eficácia por decurso de prazo.
INSTITUIÇÃO E MAJORAÇÃO DE IMPOSTOS
Determina a Constituição Federal que medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos - exceto o imposto de importação (II), imposto de exportação (IE), imposto sobre produtos industrializados (IPI), imposto sobre operações financeiras (IOF) e imposto extraordinário de guerra (IEG) – só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada (CF, art. 62, § 2º).
Essa regra veio para moralizar, no tocante aos impostos, a aplicação do princípio da anterioridade (CF, art. 150, III, “b”),evitando que uma medida provisória publicada em 31/12 majorando imposto legitime a exigência desse imposto já a partir do dia seguinte (1º de janeiro), independentemente de sua conversão em lei.
Agora, em relação aos impostos (exceto II, IE, IPI, IOF e IEG), a medida provisória publicada num exercício financeiro só legitimará a exigência a partir do primeiro dia do exercício seguinte se houver sido convertida em lei até 31/12 daquele exercício em que foi editada. 
Se a medida provisória for publicada em outubro de 2004, teremos o seguinte: (i) caso seja convertida em lei até 31/12/2004, o imposto será exigível a partir de 1º/01/2005; caso só seja convertida em lei em 2005, o imposto só será exigível a partir de 1º/01/2006.
Três detalhes em relação a essa regra:
(a) essa regra só se aplica à majoração de IMPOSTOS (e não de todos os TRIBUTOS); portanto, em relação à instituição e majoração das demais espécies tributárias (taxas, contribuições de melhoria e contribuições) basta a publicação da medida provisória até 31/12 para se fizer cumprir o princípio da anterioridade;
(b) mesmo em relação aos impostos, deve-se ressalvar o II,IE, IPI, IOF e IEG, que são os impostos que não se sujeitam ao princípio da anterioridade tributária;
(c) essa regra deve ser combinada, também, com a regra estabelecida no art. 150, III, “c”, da CF/88, introduzida pela Emenda Constitucional nº 42/2003 (exigência de noventa dias entre a publicação da lei/medida provisória e a exigência de alguns tributos).
TRÂMITE LEGISLATIVO
Quando a medida provisória é recebida no CongressoNacional, é examinada por uma comissão mista de Deputados e Senadores, que sobre ela emitirá parecer (CF, art. 62, §9º).
A comissão mista não deliberará definitivamente sobre a medida provisória, competência esta que pertence ao Plenário das Casas Legislativas. O parecer da comissão mista tem por fim, apenas, agilizar/facilitar a apreciação da medida provisória, em separado, pelo Plenário das Casas Legislativas.
Emitido o parecer pela comissão mista, a medida provisória terá sua votação iniciada na Câmara dos Deputados (CF, art.62, § 8º). A Câmara dos Deputados é, pois, casa iniciadora obrigatória no processo legislativo de medida provisória.
Se aprovada na Câmara dos Deputados, observado o dispostono art. 62, § 5º, da CF/88 (emissão de juízo prévio sobre a presença dos pressupostos de relevância e urgência e, após, apreciação do mérito), seguirá para o Senado Federal, para revisão, observada, novamente, a regra do art. 62, § 5º, da CF/88 (emissão de juízo prévio sobre a presença dos pressupostos de relevância e urgência e, após, apreciação do mérito).
Se houver emendas no Senado Federal, a matéria retorna para a Câmara dos Deputados, para apreciação das emendas apresentadas.
Depois da apreciação da medida provisória pelo Plenário das duas Casas Legislativas, teremos um dos seguintes resultados:
1º) CONVERSÃO INTEGRAL EM LEI: temos a conversão integral quando é aprovado pelas Casas Legislativas exatamente o texto adotado pelo Presidente da República, sem nenhuma modificação substancial; nesse caso, como não há alteração no texto adotado pelo Presidente da República, não há retorno para sua sanção ou veto; o próprio Congresso Nacional promulgará a lei resultante e encaminhará à Presidência da República, para publicação;
2º) REJEIÇÃO EXPRESSA INTEGRAL: temos rejeição expressa integral quando o Poder Legislativo rejeita, expressa e integralmente, a medida provisória adotada pelo Presidente da República; a rejeição integral poderá dar-se por motivo formal (ausência dos pressupostos constitucionais de urgência e relevância para edição da medida provisória) ou material (discordância quanto ao conteúdo da medida provisória); havendo rejeiçãointegral, a medida provisória perderá sua eficácia desde a edição, devendo o Congresso Nacional, no prazo de sessenta dias contado da rejeição, disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas dela decorrentes; se o Congresso não editar o decreto legislativo no prazo de sessenta dias, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da medida provisória conservar-se-ão por ela regidos;
Vamos entender bem esse ponto: havendo rejeição da medida provisória, esta perderá sua eficácia desde a edição; a partir daí, o Congresso Nacional terá o prazo de sessenta dias para editar um decreto legislativo disciplinando as relações jurídicas constituídas no período, isto é, para determinar como ficarão as situações jurídicas daquelas pessoas que foram atingidas pela medida provisória no período entre a sua publicação e a ulterior rejeição; porém, a competência do Congresso é limitada no tempo, isto é, se não for editado o decreto legislativo no prazo de sessenta dias, o Congresso perderá a sua competência para tal, e as relações do período conservar-se-ão regidas pelo texto da medida provisória (mesmo com a rejeição da medida provisória, as relações jurídicas consolidadas no período de sua vigência, entre a publicação e a rejeição, continuarão regidas pelos seus termos).
3º) PERDA DE EFICÁCIA POR DECURSO DE PRAZO (REJEIÇÃO TÁCITA): temos a rejeição tácita quando ocorre o esgotamento do prazo constitucionalmente previsto sem a conclusão do processo legislativo de apreciação da medida provisória (sessenta dias, prorrogáveis por mais sessentadias, desconsiderados os períodos de recesso do CongressoNacional); nesse caso, como a medida provisória não foi convertida em lei, ocorrerá a perda de sua eficácia desde a edição, aplicando-se, a partir daí, a mesma regra do subitem “2º”, acima (o Congresso Nacional terá sessenta dias para editar um decreto legislativo disciplinando as relações do período; se não o fizer, as relações jurídicas do período conservar-se-ão regidas pelos termos da medida provisória);
4º) CONVERSÃO PARCIAL: temos conversão parcial da medida provisória quando o Poder Legislativo a converte em lei, mas com modificações substanciais no seu texto (isto é, com supressão de texto, acréscimos de texto, com alterações substanciais de redação etc.); nesse caso, a medida provisória é transmudada para “projeto de lei de conversão” (o Legislativo, a partir da medida provisória, elabora um “projeto de lei de conversão”) e, caso seja aprovado pelas Casas Legislativas, retornará para o Presidente da República, para sanção ou veto (veja que nesse caso teremos o envio do projeto de lei de conversão para o Presidente da República vetar ou sancionar, pois foram introduzidas modificações no texto por ele adotado na medida provisória e, portanto, deverá ele manifestar-se sobre essas modificações);
Nesse caso, quando a medida provisória é transformada em projeto de lei de conversão (conversão parcial), se aprovado esse projeto de lei de conversão será ele encaminhado para o Presidente da República, para sanção ou veto. 
Então, como o Presidente da República terá o prazo de quinze dias úteis para vetá-lo ou sancioná-lo (CF, art. 66, § 1º), a Constituição determina que nesse período, enquanto o projeto de lei de conversão estiver pendente de veto ou sanção, a medida provisória permanecerá integralmente em vigor (CF, art. 62, § 12), ainda que ultrapassado o prazo máximo de sua eficácia (sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta dias).
Exemplificando: suponha que, na conversão parcial, o projeto de lei de conversão tenha sido aprovado no 120º dia no Congresso Nacional (portanto, no último dia de prazo de eficácia da medida provisória); nesse caso, como o projeto de lei de conversão ainda terá que ser sancionado ou vetado pelo Presidente da República, que tem o prazo de quinze dias úteis para fazê-lo, a medida provisória manter-se-á integralmenteem vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto (CF,art. 62, § 12).
Mas, atenção: nesse período de pendência do veto ou sanção do Presidente da República, quem estará regulando a matéria será o texto original da medida provisória, adotado pelo Presidente da República – e não o texto do projeto de lei de conversão, elaborado e aprovado pelo Congresso Nacional.
8) REEDIÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA
É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo (CF, art. 62, § 10).
Pela leitura desse dispositivo constitucional, constata-se que continua sendo permitida a reedição de medida provisória que tenha sido rejeitada (rejeição expressa) ou que tenha perdido a sua eficácia por decurso de prazo (rejeição tácita), desde que em sessão legislativa distinta daquela em que se deu a rejeição ou a perda de eficácia por decurso de prazo.
Enfim, a vedação constitucional aplica-se, apenas, à reedição de medida provisória na mesma sessão legislativa em que tenha sido rejeitada ou em que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. Poderá ocorrer a reedição legitimamente, desde que em sessão legislativa distinta.
RETIRADA DE MEDIDA PROVISÓRIA
Não se admite a retirada de medida provisória submetida à apreciação do Congresso Nacional. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não se permite ao Chefe do Executivo retirar medida provisória por ele submetida ao Congresso Nacional para apreciação.
REVOGAÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA
É possível juridicamente que o Presidente da República edite uma medida provisória revogando outra medida provisória por ele anteriormente editada e submetida à apreciação do Congresso Nacional.
Então, cuidado: não se admite a retirada de medida provisória pelo Chefe do Executivo, mas admite-se a revogação de medida provisória ainda não apreciada pelo Congresso Nacional.
Nesse caso, teremos uma situação jurídica um tanto quanto complicada, visto que, em verdade, um ato normativo precário, dependente de apreciação do Congresso Nacional, estará sendo revogado por outro ato também precário e dependente de apreciação do Congresso Nacional. Enfim, será um ato precário revogando outro ato precário...
Como resolver juridicamente essa situação? Como compatibilizar a revogação de um ato precário por outro ato precário, ambos dependentes de apreciação do Congresso Nacional?
Suponha a seguinte situação hipotética: o Presidente da República publica a medida provisória 1 (MP1), submetendo-a à apreciação do Congresso Nacional; ulteriormente, após 90 dias, publica uma medida provisória 2 (MP2), revogando a medida provisória 1 (MP1).
Nessa situação, segundo a jurisprudência do SupremoTribunal Federal, teremos o seguinte:
a) na publicação da MP2: nesse momento teremos, apenas, a suspensão da eficácia da MP1, até que a MP2 venha a ser apreciada pelo Congresso Nacional;
b) na apreciação da MP2: nesse momento, se a MP2 for convertida em lei, teremos a efetiva revogação da MP1; se a MP2 for rejeitada, teremos a restauração da eficácia da MP1, pelo prazo que lhe restava (no exemplo dado, por mais trinta dias).
Vimos que uma vez esgotado o prazo de quarenta e cinco dias contados de sua edição, a medida provisória tranca a pauta da Casa em que estiver tramitando, impedindo qualquer deliberação nesta Casa.
Diante o trancamento da pautada Câmara dos Deputados por uma medida provisória, desenvolveu o seguinte argumento: 
(1) medida provisória que está trancando a pauta é medida provisória ainda não apreciada; 
(2) o STF admite a revogação de medida provisória ainda não apreciada por outra medida provisória, conforme acabamos de ver neste item; 
(3) logo, a pauta da Casa Legislativa poderá ser destrancada por meio da revogação da medida provisória por outra medida provisória;
(4) editou-se, então, uma nova medida provisória revogando a que estava trancando a pauta da Câmara dos Deputados, destrancando-se a pauta.
Inaugurou-se, assim, a técnica de liberar a pauta daCasa Legislativa por meio da revogação da medida provisória pendente de apreciação por outra medida provisória, editada às pressas, com essa específica finalidade!
Essa questão foi levada ao conhecimento do SupremoTribunal Federal, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, e a nossa Corte considerou essa prática constitucional, legítima.
Pelo menos, ao aceitar esse artifício, o Supremo Tribunal Federal deixou assente que a medida provisória que está sendo objeto de revogação não poderá ser reeditada na mesma sessão legislativa, em respeito ao disposto no art. 62, § 10, da Lei Maior.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DE MEDIDA PROVISÓRIA
As medidas provisórias têm força de lei desde a sua edição, e ,portanto, estão sujeitas a controle de constitucionalidade desde a data de sua publicação, independentemente de sua conversão em lei.
Em verdade, submetem-se a controle de constitucionalidade político, exercido pelas Casas do Congresso Nacional, e, também, a controle judicial, exercido pelos juízos e tribunais do Poder Judiciário.
O controle político ocorre quando as Casas Legislativas emitem juízo sobre a presença, ou não, dos pressupostosconstitucionais de relevância e urgência para edição damedida provisória pelo Chefe do Poder Executivo (CF, art. 62, § 5º).
Com efeito, caso a Casa Legislativa (Câmara dos Deputados ou Senado Federal) entenda que não estavam presentes os pressupostos constitucionais de relevância e urgência para a edição da medida provisória, deverá rejeitá-la, por desrespeito à Constituição Federal. Trata-se, portanto, de juízo de constitucionalidade emitido pelo Poder Legislativo, caracterizando controle de índole política, porque exercido por órgão estranho à estrutura do Poder Judiciário.
O controle judicial ocorre quando o Poder Judiciário é provocado para examinar a constitucionalidade da medida provisória.
Essa provocação do Poder Judiciário poderá partir:
de qualquer pessoa que tenha sido prejudicada pelos termos da medida provisória (controle difuso, diante de um caso concreto, com eficácia inter partes); 
De um dos legitimados pela Constituição Federal para instaurar o controle abstrato perante o Supremo Tribunal Federal, com o fim de obter, com eficácia erga omnes, o reconhecimento da sua inconstitucionalidade (ou da sua constitucionalidade).
Assim, desde a sua publicação, a medida provisória poderá ser impugnada por qualquer pessoa prejudicada pelos seus termos (por meio de mandado de segurança, por exemplo),visando ao afastamento da sua aplicação a um caso concreto.
Da mesma forma, desde a publicação da medida provisória, um dos legitimados pela Constituição poderá instaurar o chamado controle em abstrato, visando discutir, em tese, a sua validade. Assim, um dos legitimados pelo art. 103, I ao IX, poderá ajuizar uma ação direta de inconstitucionalidade (ADIN) ou uma argüição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), ou um dos legitimados pelo art. 103, § 4º, poderá ajuizar uma ação declaratória de constitucionalidade (ADECON) perante o Supremo Tribunal Federal, para discutir a validade da medida provisória, desdeque cumpridos os requisitos para o ajuizamento dessas ações (que serão oportunamente estudados).
	Importante destacar que esses dois controles judiciais – concreto e abstrato – poderão ser instaurados desde a data de publicação da medida provisória, independentemente de sua conversão em lei pelo Congresso Nacional.
CONTRIBUIÇÕES DE SEGURIDADE SOCIAL
As contribuições de seguridade social poderão ser instituídas por meio de lei ordinária, desde que incidentes sobre as bases de cálculo já autorizadas na Constituição Federal, no art. 195 do Texto Maior.
Somente para a instituição de novas fontes para garantir a manutenção ou a expansão da seguridade social, incidentes sobre bases de cálculo não-previstas no art. 195 da Constituição Federal, é que se exige lei complementar (CF, art. 195, § 4º).
Portanto, no primeiro caso – instituição de contribuições de seguridade social incidentes sobre as bases de cálculoprevistas no art. 195 da Constituição Federal – as contribuições poderão ser instituídas, também, por meio de medidas provisórias, desde que diante de urgência e relevância.
No segundo caso – instituição de novas fontes destinadas a garantir a manutenção ou a expansão da seguridade social, incidentes sobre bases de cálculo não previstas no art. 195 da Constituição Federal – as contribuições não poderão ser instituídas por meio de medida provisória, pois esta espécie não pode tratar de matéria reservada à lei complementar.
É sabido que as contribuições de seguridade social não se submetem ao princípio da anterioridade tributária, previsto no art. 150, III, “b”, da Constituição Federal. Sujeitam-se elas à chamada anterioridade nonagesimal, isto é, poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado (CF, art. 195, § 6º).
Mas, cuidado: somente as contribuições de seguridade social não se sujeitam ao princípio da anterioridade; as demais contribuições – de interesse das categorias profissionais e econômicas e as de intervenção no domínio econômico – sujeitam-se ao princípio da anterioridade tributária, previsto no art. 150, III, “b”, da Constituição Federal.
Surgiu, então, a seguinte dúvida: no caso de uma contribuição de seguridade social ser instituída por meio de medida provisória, a partir de quando poderá ser exigida?
Após noventa dias da publicação da medida provisória, ou somente noventa dias após a conversão em lei da medida provisória?
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que o prazo de noventa dias é contado a partir da publicação da medida provisória, e não de sua conversão em lei pelo Congresso Nacional.
Anote-se que, por força desse entendimento do STF, é possível atualmente a exigência de contribuição de seguridade social instituída (ou majorada) por medida provisória mesmo antes da conversão desta em lei, pois os noventa dias da anterioridade nonagesimal poderão expirar antes do término do processo legislativo de apreciação da medida provisória pelo Congresso Nacional (sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta dias, desconsiderados os períodos de recesso do Congresso Nacional).
A única exceção a essa regra seria o caso de conversão parcial da medida provisória em lei, se nesta conversão parcial for introduzida matéria nova, não prevista no texto originário da medida provisória. Nessa hipótese, não faria sentido falar-se, em relação a essa matéria só introduzida pelo Congresso Nacional, em contagem desde a edição da medida provisória (pois a matéria sequer constava do texto da medida provisória).
RESUMO DO TRAMITE:
Roteiro básico do procedimento legislativo de Medida Provisória: 
A MP é editada e publicada pelo Presidente da República, que a remete no mesmo dia à mesa do Congresso Nacional –
Recebendo a MP:
A mesa do Congresso Nacional tem 48 horas para constituir uma COMISSÃO MISTA específica de Deputados e Senadores, a qual terá 14 dias para emitir parecer sobre: 
A) a constitucionalidade da MP, inclusive sobre a existência de relevância e urgência (art. 62, § 5º); 
B) o mérito; 
C) a adequação financeira e orçamentária. 
Nessa fase serão recebidas as emendas parlamentares de Deputados e Senadores. 
Em seu parecer a Comissão Mista poderá opinar: 
A) pela aprovação total ou parcial; 
B) pela aprovação com alteração, 
C) pela rejeição. 
3. o parecer da Comissão Mista é encaminhado à Câmara dos Deputados (Casa iniciadora), para apreciação em Plenário (art. 62, § 8º), por quórum de maioria simples (CR, art. 47). Em sua deliberação, a Câmara dos Deputados pode: 
A) rejeitar a MP, caso em que será arquivada, perdendo de imediato sua eficácia de lei; 
B) aprovar integralmente a MP; e 	
C) aprovar o “projeto de lei de conversão”, que consiste na MP com emendas (alterações) proposta pela Comissão Mista. Nessas duas últimas hipóteses,a Câmara remeterá a MP ou o “projeto de lei de conversão” ao Senado Federal, para apreciação; 
4. O Senado Federal (Casa revisora) deliberará sobre o que foi aprovado pela Câmara dos Deputados – a MP ou o “projeto de lei de conversão”, podendo: 
A) rejeitar, caso em que será arquivado, perdendo a MP a eficácia de lei; 
B) aprovar integralmente a MP aprovada pela Câmara, nesse caso será a MP convertida em lei, independente de sanção do Presidente da República, e será promulgada pelo presidente do Senado;
C) aprovar integralmente o “projeto de lei de conversão” aprovado pela Câmara, nesse caso será o projeto de lei remetido ao Presidente da República para sanção ou veto (art. 62, § 12)
D) aprovar a MP com emendas ou o “projeto de lei de conversão” com emendas não aprovadas pela Câmara (ou seja, de forma diferente do que foi aprovado pela Câmara), nesse caso, o “projeto de lei de conversão” (com emenda) retornará à Câmara dos Deputados (Casa iniciadora) para nova apreciação, em turno único. Esta é a última deliberação legislativa, sem possibilidade de novas alterações. Nesse caso, estará aprovado o “projeto de lei de conversão”, que será remetido ao Presidente da República para sanção ou veto (art. 62, § 12).Somente com a sanção do Presidente será convertido em lei. 
A partir da publicação o Congresso Nacional tem 60 dias para apreciar (aprovar ou rejeitar) em ambas as Casas (Câmara e Senado), podendo este prazo ser prorrogado uma única vez (mais 60 dias). 
O prazo se suspende no período de recesso parlamentar. 
Se ao final do prazo o Congresso não houver apreciado, a MP perderá sua eficácia (art. 62, §§ 3º e 4º). 
A partir do 45º dia de tramitação, se não tiver sido apreciada, a MP entrará em regime de urgência, trancando a pauta das Casas até sua aprovação final (art. 62, § 6º);

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