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RESUMO LIÇÃO 04 Ana Lucia Sabadell

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LIÇÃO 4 – CONFLITOS, INTEGRAÇÃO E MUDANÇAS SOCIAIS. 
O PAPEL DAS NORMAS JURÍDICAS.
A sociologia define-se, de modo geral, como a “ciência da sociedade”, De modo mais concreto, a sociologia examina o comportamento humano no âmbito social sendo particularmente interessada pelos modelos de comportamento existentes na sociedade. Tais modelos são o resultado de um processo de construção social da realidade e acabam padronizando as relações que se estabelecem entre os indivíduos. Dessa maneira, a sociologia observa e analisa as regras que regem as relações sociais, ou seja, estuda a interação entre pessoas e grupos.
O estudo das relações sociais e da interação entre pessoas requer a análise das regras de organização social, dos conflitos e mudanças sociais. Os grupos de poder procuram influenciar as demais pessoas, de forma a que estas últimas compartam os padrões de comportamento dominantes (“integrar”, “socializar” ou “ressocializar”).
A imposição de uma ordem social não se realiza sem que surjam conflitos relativo às regras sociais. Muitas vezes estes conflitos levam a uma alteração da organização da sociedade, ou seja, a uma mudança social.
Por esta razão a sociologia encontra-se com o direito, cujo objetivo principal é estabelecer regras explícitas e coerentes, que visam a regular o comportamento social. 
TEORIAS FUNCIONALISTAS E TEORIAS DO CONFLITO SOCIAL
As principais teorias da sociologia moderna são de tipo macrossociológico. – Macrossociológica significa não se interessar pela interação principalmente pelos indivíduos e pequenos grupos (microssociológicaia) – mas examinar a sociedade como um todo. Duas são principais correntes de teorias macrossociológicas: as teorias funcionalistas e as do conflito social.
As teorias funcionalistas, também denominadas teorias da integração, dividem-se em várias correntes, partem de uma visão similar de como funciona a sociedade. Atribui-se a Durkhein ainda no século XIX. 
O autor se preocupa pelo estudo da estrutura social. Em seu livro, “Da divisão social do trabalho”, ele se concentra no estudo das funções sociais desenvolvidas pelas instituições. Essas funções são ordenadas segundo critérios hierárquicos e se relacionam com os valores atribuídos socialmente a tais funções. Durkhein considera que os seres humanos são diferentes e possuem capacidade diversas. A educação recebida pelos indivíduos pode inclusive acentuar essas diferenças. Por isso, a desigualdade social é inerente à organização social. 
Vamos apresentar aqui, de forma mais simples, algumas características gerais das teorias funcionalistas.
Podemos iniciar dizendo que os funcionalistas consideram a sociedade como uma grande “maquina”. Esta distribui papéis e recursos (dinheiro, poder, prestígio, educação) aos seus membros, que são identificados como as “ peças da máquina”. 
A finalidade da sociedade é a sua reprodução por meio do funcionamento perfeito dos seus vários componentes.
Toda sociedade prevê, porém, mecanismos de reajuste e de redistribuição de recursos e funções, permitindo uma mudança paulatinamente dentro dos limites estabelecidos pela própria sociedade.
Cada situação de crise e de conflito que escape a estes mecanismos é considerada como uma disfunção. Diante disto, a sociedade deve reagir: ou os elementos de contestação serão controlados e neutralizados (repressão) ou a máquina social será destruída. Para os funcionalistas, as funções sociais são atividades das estruturas sociais dentro do processo de manutenção do sistema social. Toda mudança social radical é uma disfunção, uma falha do sistema, que não consegue mais integrar as pessoas em suas finalidades e valores.
Aqui se encontra o ponto mais fraco das teorias funcionalistas. Estas consideram a sociedade como um sistema harmônico e interpretam qualquer conflito e qualquer crise como uma disfuncionalidade, como uma manifestação de patologia social.
Assim o funcionalismo é criticado como uma teoria estática, que não consegue interpretar os processos sociais fundamentais limitando-se a uma descrição superficial.
As teorias do conflito social (marxistas e liberais) opõem-se às teorias funcionalistas. Em geral, as teorias do conflito entendem que na sociedade agem grupos com interesses estruturalmente opostos, que se encontram em situação de desigualdade e em luta pelo perpétua pelo poder.
Na visão das teorias do conflito, as crises e as mudanças sociais são fenômenos normais da sociedade.
O fundamento das teorias do conflito é exprimido pela famosa frase inicial do manifesto do partido comunista de Marx e Engels: “A história de todas as sociedades até hoje é a história da luta de classes”
De uma forma geral, os teóricos do conflito explicam o funcionamento social usando a hipótese da estratificação social (lição 9). A hierarquia social que existe nas sociedades modernas cria uma desigualdade no acesso ao poder e aos meios econômicos. Consequência desta situação é a existência de contínuos conflitos.
ANOMIA E REGRAS SOCIAIS
2.1 O conceito de anomia
Anomia é uma palavra grega que é usada em quase todos os idiomas da cultura ocidental. A-nomia significa literalmente a ausência de lei. (a=ausência; nomos=lei).
Afirma-se que o termo era usado desde a Grécia Antiga para indicar a violação da lei. Na sociologia adquiriu novos significados a partir da obra de pensadores franceses do século XIX.
Mirando Rosa aponta que o termo anomia é atualmente utilizado em três sentidos:
Quando uma pessoa vive em situação de transgressão das normas, demonstrando pouca vinculação às regras da estrutura social a qual pertence. Exemplo: um infrator de normas penais. Aqui a anomia significa principalmente ilegalidade.
Quando ocorre um conflito de normas que acaba estabelecendo exigências contraditórias, tornando difícil a adequação do comportamento do indivíduo à norma. Aqui a anomia tem o sentido de ausência de regra clara de comportamento.
Quando se constata falta de normas que vinculem as pessoas num contexto social.
Geralmente por anomia se entende este terceiro significado (falta de normas que vinculem as pessoas num contexto social), que indica uma situação de grande interesse para o sociólogo e também para o jurista.
Aqui a anomia indica tanto uma situação de “crise de valores” na sociedade (contestação das regras de comportamento social), como também uma situação de crise da legitimidade do poder político e do seu sistema jurídico.
2.2 A anomia em Guyau
O primeiro autor que se dedicou ao estudo do tema foi Jean-Marie Guyau (1854-1888). Em obra redigida em 1884, definia a anomia como “ausência de lei fixa” que possa ser imposta aos indivíduos. O autor entendia que a moral só podia ser individual, questionando assim a tese de Kant sobre a existência de uma moral universal, à qual todos estaríamos vinculados. 
Para Guyau qualquer moral que se apresente como universal constitui uma forma de opressão. O conceito de anomia é introduzido para indicar a existência de uma moral desvinculada de regras sociais.
Guyau entendia que a evolução histórica fez com que os homens se tornassem sempre mais autônomos, de forma a prevalecer o individualismo, ou seja, as escolhas morais pessoais contra qualquer imposição. Temos anomia quando as pessoas rejeitam o dogmatismo e as autoridades, especialmente as religiosas.
2.3 A anomia em Durkhein
Durkhein costuma ser considerado principal teórico da anomia. O autor inverte a problemática de Guyau. A anomia deixa de ser algo positivo, que propicia a libertação do indivíduo. Doravante, identifica-se como a desordem social, sendo analisada como indício de uma crise que, longe de libertar o indivíduo, deixa o desorientado e pode, inclusive, levar a sua destruição.
No final do século XIX era corriqueira a ideia de que os suicídos tinham correspondência (ou seja, relação causal) com as doenças psíquicas, com a situação geográfica, o clima, a raça ou a etnia. Por outro lado, Durkhein partia da hipótese que o suicídio estava relacionado com fatores sociais.
Na primeira etapa do seu trabalho,o autor dedicou-se a analisar a argumentação empregada na época para explicar a prática do suicídio, concluindo que se tratava de argumentos falsos e inconsistentes. O autor demonstrou que as taxas de suicídio não tinham correspondência com fatores extrassociais (Durkhein, 2000, pp. 31-162). OK!
O passo seguinte foi apresentar provas empíricas da veracidade de sua hipótese.
As taxas de suicídio eram maiores em determinadas situações como por exemplo, entre pessoas solteiras, profissionais liberais, pessoas de religião protestante, de educação superior e nas comunidades urbanas.
Também tentou identificar as razões que pudessem explicar porque as pessoas se suicidavam.
A causa encontrada pelo autor era o grau de coesão social. Apesar das diferenças a maioria dos suicídios coincidia em um ponto: constatava-se um excesso ou uma falta de integração do suicida na sociedade ou o suicídio era ligado a uma crise social geral, ou seja, a uma falta de regras que vinculem os membros da sociedade. Assim sendo, a causa dos suicídios estava na própria sociedade. A taxa social de suicídios só se explica sociologicamente.
Com base nesse critério, o autor classificou o suicídio em quatro classes. Nas duas primeiras o problema encontra-se na forma de inserção do indivíduo no grupo social (falta ou excesso de integração); nas duas últimas o problema encontra-se nas próprias regras sociais (falta ou excesso de regulamentação).
Egoísta: neste caso, a pessoa se sente socialmente desvinculada como, por exemplo, um viúvo sem filhos.
Altruísta: ao contrário do caso anterior, a pessoa encontra-se muito vinculada a um grupo social.
Fatalista: a pessoa encontra-se extremamente pressionada por regras de comportamento muito rígidas que o oprimem, levando-o ao desespero.
Anômico: neste caso, a pessoa vivência uma situação de falta de limites e regras sociais.
Esta última categoria de suicídio relaciona-se com duas situações aparentemente contraditórias. A primeira refere-se ao aumento de suicídios nos períodos de depressão econômica; a segunda ao aumento da prática de tais atos nos períodos de prosperidade, quando se identifica um crescimento acelerado.
Segundo o autor, a causa comum está no fato de o homem ter, em princípio, desejos ilimitados. Somente a sociedade pode impor regras, ou seja, colocar limites aos desejos ilimitados. Somente a sociedade pode impor regras, ou seja colocar limites aos desejos do indivíduo, propiciando um equilíbrio entre as necessidades pessoais e os meios disponíveis para obter satisfação.
Nesta situação caótica podem desencadear-se os desejos ilimitados.
Por meio desta análise, Durkhein apresenta a sua visão sobre a anomia. Neste sentido, anomia significa “estado de desregramento”, falta de regulamentação, situação na qual a sociedade não desempenha o seu papel moderador, ou seja, não consegue orientar e limitar a atividade do indivíduo. O resultado é que a vida se desregra e o indivíduo sofre porque perde suas referências, vivendo num vazio.
Nas obras de Durkhein podemos destacar uma regra geral: quando se criam na sociedade “espaços anômicos”, ou seja, quando um indivíduo ou um grupo perde as referências normativas que orientavam sua vida, então enfraquece a solidariedade social, destruindo-se o equilíbrio entre as necessidades e os meios para sua satisfação. O indivíduo sente-se “livre” de vínculos sociais, tendo, muitas vezes, um comportamento antissocial ou inclusive autodestruitivo.
2.4 A anomia em Merton
Merton afirma que em todo contexto sociocultural desenvolvem-se metas culturais. Coloca-se, então, uma questão: como a pessoa consegue atingir estas metas? Merton diz que, cada sociedade estabelece determinados meios. Trata-se de recursos institucionalizados ou legítimos que são socialmente prescritos. Existem também outros meios que permitem atingir estas mesmas metas, mas são rejeitados pelo grupo social. A utilização destes últimos é considerada como violação das regras sociais em vigor.
O insucesso em atingir as metas culturais devido à insuficiência dos meios institucionalizados pode produzir o que Merton denomina de anomia: manifestação de um comportamento no qual as “regras do jogo social” são abandonadas ou contornadas. O indivíduo não respeita as regras de comportamento que indicam os meios de ação socialmente aceitos. Surge então o desvio, ou seja, o comportamento desviante.
O exemplo típico refere-se à criminalidade, gerada por uma inobservância da lei.
Merton fez uma classificação dos tipos de comportamento. Trata-se daquilo que o autor denomina de modos de adaptação, que exprime o posicionamento de cada indivíduo em face das regras sociais.
O primeiro modo de adaptação é a conformidade: o indivíduo busca atingir as metas culturais empregando os meios estabelecidos pela sociedade.
O segundo modo de adaptação é a inovação. Neste caso, a conduta do indivíduo é condizente com as metas culturais, mas existe uma ruptura com relação aos meios institucionalizados. Aqui a busca do sucesso leva a uma violação das regras sociais, já que o indivíduo adota o princípio de que “os fins justificam os meios”.
O terceiro modo de adaptação é o ritualista. Aqui o indivíduo demonstra um desinteresse em atingir as metas socialmente dominantes. O medo do insucesso, do fracasso, produz desencanto e desestímulo. A pessoa acredita que nunca poderá atingir as “grandes metas”; continua, porém, respeitando as regras sociais, apegando-se às mesmas como em uma espécie de ritual.
O quarto modo de adaptação é a evasão, que se caracteriza pelo abandono das metas e dos meios institucionalizados. Esta conduta indica uma falta de identificação com os valores e as regras sociais; o indivíduo vive em determinado meio social, mas não adere ao mesmo. Um exemplo é dado pelos mendigos, que vivem como se fossem um corpo estranho dentro da sociedade. 
Aqui encontramos um nítido comportamento anômico. A conduta mais extrema de evasão é o suicídio.
CONTINUAÇÃO – EM BREVE (AGUARDE)

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