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DIREITO CIVIL PARTE GERAL 14ª AULA

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DIREITO CIVIL – PARTE GERAL - 14ª AULA
DOS FATOS JURÍDICOS
Os fatos jurídicos são acontecimentos da vida relevantes para o direito. São eles que fazem nascer, desenvolver e extinguir o direito. Nem todos os fatos da vida são jurídicos, só o são aqueles que geram efeitos jurídicos, ou seja, que tenham valor para o direito. Chover, p. ex. é um fato, mas, em princípio, é um fato natural e não jurídico, só passará a sê-lo se tiver relevância para o direito, no caso de causar prejuízos.
1 – Definições
O fato jurídico em sentido amplo abrange os fatos naturais e fatos humano. O primeiro é fato da natureza e o segundo é decorrente da atividade humana.
Os fatos naturais, independentes da atuação humana, são chamados de fatos jurídicos em sentido estrito. Estes se dividem, por sua vez, em ordinários (nascimento, morte, maioridade, etc) e extraordinários (caso fortuito e força maior como terremoto, etc).
Os fatos humanos decorrem de ações humanas (atos jurídicos) destinadas a criar, manter, modificar e extinguir direitos. Podem ser atos lícitos ou ilícitos. Os primeiros feitos de acordo com o ordenamento jurídico geram conseqüências voluntárias. Os segundos, feitos ao arrepio da lei, geram conseqüências jurídicas involuntárias, impostas pelo ordenamento. Os atos ilícitos em vez de direitos criam deveres.
Os atos humanos lícitos dividem-se em ato jurídico em sentido estrito, em negócio jurídico e ato-fato jurídico. Nos dois primeiros exige-se uma manifestação de vontade no último não.
No negócio jurídico a vontade procura um resultado definido, perseguido, desejado. Há necessidade de uma vontade qualificada sem vícios (p. ex. compra e venda). O Negócio Jurídico é a manifestação de vontade que tem fim negocial, que abrange a aquisição, conservação, modificação ou extinção de direitos.
O ato jurídico em sentido estrito também exige uma manifestação de vontade, mas o efeito desta manifestação de vontade não é decorrente diretamente desta, mas da lei. P. ex. uma notificação do devedor, para que pague a dívida em 15 dias, depende da minha vontade, mas a mora do devedor, se o pagamento não for feito, decorre diretamente da lei. O reconhecimento de filho também implica na relação de filiação imposta pela lei e não pela vontade de quem reconhece. A vontade do ato jurídico em sentido estrito não precisa ser qualificada, basta a simples intenção.
No ato–fato jurídico o efeito gerado não é buscado nem imaginado pelo agente, mas decorre de uma conduta e é sancionado pela lei. Ex. achada de um tesouro, por uma criança de três anos de idade. A conduta do agente não tinha por fim adquirir a metade do tesouro, mas é isso o que ocorre porque a lei determina. Art. 1264. Outro exemplo a pintura de um quadro por um louco que dpois adquire a sua propriedade (art. 1.269 do CC).
2 - Aquisição de direitos
Acontece quando um direito se incorpora ao patrimônio de um sujeito. Pode ser originária ou derivada. A primeira ocorre quando o bem não teve um titular anteriormente. Ex. ocupação. A derivada ocorre com a transferência da titularidade do bem de uma pessoa para a outra. Neste caso o bem é recebido pelo novo titular com todas as qualidades e defeitos do título anterior.
A aquisição de direito pode ser gratuita e onerosa. Quanto à sua extensão pode ser a aquisição a título singular inter vivos ou causa mortis e a título universal.
Direito atual é o direito subjetivo que já se incorporou ao titular, confunde-se com o direito adquirido. Direito futuro é o que ainda não se constituiu. O direito futuro denomina-se deferido quando a sua aquisição depende só do sujeito. Ex. Propriedade de bem imóvel que só depende do registro do título aquisitivo. Denomina-se não deferido quando a sua aquisição se subordina a fatos ou condições falíveis. Ex. Eficácia de doação já feita, sujeita a um casamento futuro do donatário. A expectativa de direito é a mera possibilidade de se adquirir um direito. Ex. Filho ser herdeiro do pai. Direito eventual é aquele direito que já existe em embrião, mas precisa de concretização. Ex. exercício do direito de preferência. Direito condicional está subordinado a uma condição., que é um evento futuro e incerto.
3 - Conservação de direitos
Os direitos podem ser resguardados por medidas de caráter preventivo ou repressivo, judiciais ou extrajudiciais.
 
As medidas preventivas visam preservar o direito de futuras violações. Podem ser extrajudiciais, tais como: hipoteca, alienação fiduciária (de caráter real), fiança, aval (de caráter pessoal),etc. Em outras ocasiões são judiciais, a saber: seqüestro, arresto, protesto, etc.
As medidas repressivas são as que se tomam para restaurara o direito já ofendido. São tomadas através de ações propostas em juízo, que tem a seu cargo a tarefa de dirimir conflitos de interesses. É o cumprimento da determinação constitucional de que não se pode excluir da apreciação do judiciário nenhuma lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV). Não se admite a defesa privada de direitos, salvo os casos do art. 188, I e II do CC (legítima defesa, exercício regular de um direito e estado de necessidade). e do art. 1210, § 1º do CC (legítima defesa da posse).
4 - Modificação de direitos.
Os direitos subjetivos durante a sua existência podem sofrer modificações. As mudanças podem ocorrer em relação ao objeto, ao sujeito e às vezes em ambos os casos.
A modificação é objetiva quando diz respeito ao objeto. E neste caso pode ser qualitativa, quando o conteúdo do direito se transforma em outra espécie sem que aumentem ou diminuam as faculdades do sujeito. Ex. O credor que tem direito a receber certa quantia em dinheiro e aceita receber um carro no seu lugar. Pode ser quantitativa quando o objeto do direito aumenta ou diminui, sem alterar a qualidade do direito. Ex. Aumento de propriedade pelo aluvião.
A modificação é subjetiva quando diz respeito ao sujeito do direito, ao seu titular. Ou seja, muda-se o titular sem que se modifique a relação jurídica inicial. Pode ser inter vivos ou mortis causa. Exp. Cessão de crédito, a desapropriação, alienação etc. Os direitos personalíssimos não admitem a modificação subjetiva. Na assunção de dívida só se muda o sujeito passivo
 
5 - Extinção de direitos
São várias as causas que levam à extinção dos direitos. Assim, temos: a alienação, renúncia, abandono, falecimento do titular de direito personalíssimo, prescrição, decadência, confusão, etc.
Algumas causas da extinção são subjetivas (falecimento do titular) e outras objetivas (perecimento do objeto). Também temos causas de extinção que se ligam ao vínculo jurídico (prescrição e decadência, extinção da pretensão). Caio Mário diz que alguns autores distinguem entre perda do direito e extinção do direito. Dá-se a perda quando o direito sai da esfera de um titular e passa a viger com outro. Na extinção o direito desaparece não podendo ser exercido pelo atual titular e nem por outro qualquer.
QUESTIONÁRIO
1 – O que são fatos jurídicos em sentido estrito e em sentido amplo?
2 – Como se classificam os atos humanos lícitos? Defina cada um deles.
3 – Distinga entre direito futuro deferido e direito futuro não deferido.
4 – Distinga entre modificação subjetiva e objetiva de direitos.

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