Buscar

Teorias Administrativas e Organizacionais Sulivan D. Fischer e Gilson R. Karkotli

Prévia do material em texto

Teorias Administrativas 
e Organizacionais 
Sulivan Desirée Fischer
Gilson Rihan Karkotli
UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD
Teorias Administrativas 
e Organizacionais
Livro-texto EaD
Natal/RN
2011
 .eériseD naviluS ,rehcsiF t925F
 Teorias administrativas e organizacionais / Sulivan
 Desirée Fischer, Gilson Rihan Karkotli. – Natal: EdunP, 2011.
 274p. : il. ; 20 cm
 Ebook – Livro eletrônico disponível on-line.
 ISBN 978-85-61140-74-8 
 1. Administração - teorias. I. Karkotli, Gilson Rihan. II.Título.
856 UDC FSCB/PnU/NR
DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Reitoria
Sâmela Soraya Gomes de Oliveira
Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária
Sandra Amaral de Araújo
Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação
Aarão Lyra
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Coordenação Geral 
Barney Silveira Arruda
Luciana Lopes Xavier
Coordenação Pedagógica
Edilene Cândido da Silva
Coordenação de Produção
de Recursos Didáticos
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Coordenação de Produção de Vídeos
Bruna Werner Gabriel
Coordenação de Logística 
Helionara Lucena Nunes
Revisão de Linguagem
e Estrutura em EaD
Priscilla Carla Silveira Menezes
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Úrsula Andréa de Araújo Silva
Apoio Acadêmico
Flávia Helena Miranda de Araújo Freire
Assistente Administrativo
Eliane Ferreira de Santana
Gabriella Souza de Azevedo 
Gibson Marcelo Galvão de Sousa
Giselly Jordan Virginia Portella
Sulivan Desirée Fischer
Gilson Rihan Karkotli
Teorias Administrativas 
e Organizacionais
 1a Edição
Natal/RN
2011
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS DA UnP
Coordenação de Produção de Recursos Didáticos
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD
Priscilla Carla Silveira Menezes
Ilustração do Mascote
Lucio Masaaki Matsuno
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
Delinea - Tecnologia Educacional
Coordenação Pedagógica
Margarete Lazzaris Kleis
Coordenação de Editoração
Charlie Anderson Olsen
Larissa Kleis Pereira
Coordenação de Revisão e Linguagem em EaD
Simone Regina Dias
Revisão Gramatical e Linguagem em EaD
Luzinete Carpin Niedzieluk
Coordenação de Diagramação
Cristina Assumpção
Diagramação
Valdir Siqueira
Ilustrações
Alexandre Beck
SULIVAN DESIRÉE FISCHER
Sou graduada em Administração (1991) e especialista em 
Gestão da Qualidade (1996) pela Fundação Universidade Regional 
de Blumenau, Mestre em Administração (2002) pela Universidade 
do Estado de Santa Catarina e doutoranda em Administração 
pela Universidade Federal da Bahia. Atuei durante 12 anos na 
Administração Pública, e sou docente da Faculdade Estácio de Sá de 
Santa Catarina. Na graduação, ministro disciplinas de Teoria geral 
da administração e Funções administrativas e coordeno o Curso 
de Pós-graduação (Lato Sensu) de Gestão em Recursos humanos 
na Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Sou professora 
efetiva no Centro de Ciências da Administração na Universidade do 
Estado de Santa Catarina. Presto consultoria a empresas públicas e 
privadas na área de organização administrativa. Sou responsável 
pela produção dos capítulos 1 ao 6 e espero que você aprenda 
muito na trajetória desta disciplina.
GILSON RIHAN KARKOTLI
Olá! Sou Doutor em Responsabilidade Social Empresarial pela 
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e Mestre em Gestão 
de Negócios. Especialista em Marketing pela Escola Superior de 
Propaganda e Marketing (ESPM/SP). Fiz aperfeiçoamento em 
Estudos Avançados de Marketing na Universidade Católica de Los 
Angeles – UCLA (EUA). Administrador pela Fundação Armando 
Álvares Penteado FAAP/SP. Bacharel em Direito pela Universidade 
do Vale do Itajaí e Especialista em Processo e Direito do Trabalho. 
Especialista em Gestão de Ensino à Distância. Autor de 22 livros 
nas áreas de administração, direito, gestão em diversas áreas, 
meio ambiente, responsabilidade social. Desde 2005, sou professor 
efetivo da Universidade Municipal de São José. E fiquei responsável 
pela construção dos capítulos 7 e 8.
CO
N
H
EC
EN
D
O
 O
 A
U
TO
R
CO
N
H
EC
EN
D
O
 O
 A
U
TO
R
TEORIAS ADMINISTRATIVAS E ORGANIZACIONAIS
Este livro-texto foi elaborado para facilitar sua aprendizagem 
sobre as teorias administrativas e organizacionais. Ele é um 
convite a você para desvendar o estado da arte em administração. 
Para um melhor aproveitamento dos conteúdos, a leitura dessa 
apostila deve ser realizada sempre utilizando seu imaginário, 
procurando identificar, a partir dos conceitos e teorias, situações 
já experimentadas. É igualmente importante que você desenvolva 
todas as etapas que compõem cada capítulo.
Teorias Administrativas e Organizacionais é considerada 
uma disciplina fundamental, de uso para diferentes áreas do 
conhecimento. Seu objeto de estudo são as organizações em geral. 
O conteúdo abordado nessa disciplina oferece ao leitor uma visão 
ampla sobre os diferentes conceitos e abordagens que revestem o 
campo.
Vivemos em uma sociedade permeada de organizações, em 
crescente complexidade, que precisam ser administradas. Cada um 
de nós interage com diferentes organizações diariamente e durante 
a vida toda, o que eleva a importância da tarefa de administrar.
Na atualidade, as organizações são bastante heterogêneas, 
diversificadas, com estruturas, tamanho e objetivos diferenciados, 
o que requer formas diferenciadas e inovadoras para gerir as 
organizações, pois disso depende a vida e prosperidade delas 
e das pessoas que nelas trabalham. As teorias administrativas 
e organizacionais, ao oferecer conceitos, teorias, técnicas e 
ferramentas, podem ajudar nesse processo, por meio da aplicação 
de diferentes conhecimentos provenientes das diferentes teorias.
Importante ressaltar que as teorias administrativas e 
organizacionais são fruto de uma época, em resposta aos problemas 
que surgiram em um determinado momento. O seu sucesso 
depende do discernimento de um gestor à sua aplicação prática.
CO
N
H
EC
EN
D
O
 A
 D
IS
CI
PL
IN
A
CO
N
H
EC
EN
D
O
 A
 D
IS
CI
PL
IN
A
Desta forma, para que você possa se tornar um administrador bem 
sucedido, é importante que vá além de adquirir os conhecimentos teóricos, 
também esteja capacitado para enfrentar desafios. Administrar uma 
organização não envolve somente o uso de teorias, técnicas e ferramentas. 
Envolve principalmente a habilidade de coordenar pessoas. Por isso, é 
fundamental que durante toda a leitura dessa apostila, você realize as 
atividades práticas constantes em cada capítulo. Isto lhe proporcionará maior 
reflexão e ajudará no desenvolvimento de suas habilidades e competências.
Capítulo 1 - Introdução à Teoria Geral da Administração ........................ 13
1.1 Contextualizando .......................................................................................................... 13
1.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 14
 1.2.1 Administração como ciência, arte ou ideologia ....................................... 15
 1.2.2 A importância da administração e suas perspectivas ............................ 17
 1.2.3 As funções administrativas: planejamento, organização, 
 direção e controle .......................................................................................................... 20
 1.2.4 Habilidades e papéis administrativos ........................................................... 22Habilidades técnicas, humanas e conceituais .........................................................................22
 Papéis interpessoais, informacionais e decisórios .................................................................24
 1.2.5 Efi ciência e efi cácia organizacionais ............................................................. 26
 1.2.6 As organizações e seu ambiente .................................................................... 27
 Ambiente geral ou macroambiente e ambiente tarefa .......................................................28
 1.2.7 Antecedentes históricos da administração ................................................ 30
 Infl uência fi losófi ca............................................................................................................................31
 Igreja Católica ......................................................................................................................................32
 Organização militar ...........................................................................................................................33
 Revolução Industrial .........................................................................................................................33
 1.2.8 A racionalização do trabalho e o aumento da produtividade ............. 35
1.3 Aplicando a teoria na prática .................................................................................... 38
1.4 Para saber mais .............................................................................................................. 41
1.5 Relembrando .................................................................................................................. 42
1.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 43
Onde encontrar ..................................................................................................................... 45
Capítulo 2 - A abordagem clássica da administração .............................. 47
2.1 Contextualizando .......................................................................................................... 47
2.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 47
 2.2.1 Teoria da administração científi ca ................................................................. 47
 2.2.2 As origens da administração científi ca ....................................................... 50
 2.2.3 Características, princípios e postulados da Teoria da 
 administração científi ca ............................................................................................... 50
 2.2.4 Críticas à Teoria da administração científi ca .............................................. 58
 2.2.5 Teoria clássica da administração .................................................................... 63
 2.2.6 Origens da Teoria clássica da administração ............................................. 64
 2.2.7 As funções básicas da empresa ...................................................................... 64
 2.2.8 Princípios da Teoria clássica da administração .......................................... 67
 2.2.9 Críticas à Teoria clássica da administração ................................................. 72
2.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 75
2.4 Para saber mais .............................................................................................................. 76
2.5 Relembrando .................................................................................................................. 76
2.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 78
Onde encontrar ..................................................................................................................... 80
SU
M
Á
RI
O
SU
M
Á
RI
O
Capítulo 3 - A abordagem humanística da administração e a behaviorista ................ 81 
3.1 Contextualizando ................................................................................................................................... 81 
3.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................. 82 
 3.2.1 Abordagem humanística da administração: Teoria das relações humanas, 
 comportamental e de desenvolvimento organizacional.......................................................... 82
 3.2.2 Teoria das relações humanas ................................................................................................... 82
 As origens da Teoria das relações humanas ........................................................................................................... 83
 3.2.3 A experiência de Hawthorne .................................................................................................... 84
 Conclusões da experiência de Hawthorne ............................................................................................................. 89
 3.2.4 Teoria comportamental .............................................................................................................. 90
 As origens da Teoria comportamental .................................................................................................................... 90
 3.2.5 Teorias da motivação ................................................................................................................... 92
 3.2.6 Estilos de administração ...........................................................................................................100
 3.2.7 Liderança ........................................................................................................................................102
 3.2.8 Processo decisório ......................................................................................................................104
 3.2.9 Teoria do desenvolvimento organizacional (DO) ............................................................105
 As origens da Teoria do desenvolvimento organizacional ............................................................................106
 O processo de desenvolvimento organizacional ..............................................................................................106
 Críticas à Teoria do desenvolvimento organizacional .....................................................................................108
3.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................109 
3.4 Para saber mais .....................................................................................................................................110 
3.5 Relembrando .........................................................................................................................................110 
3.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................112 
Onde encontrar ............................................................................................................................................113
Capítulo 4 - A abordagem neoclássica da administração .........................................115 
4.1 Contextualizando .................................................................................................................................115 
4.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................115 
 4.2.1 Origens e características da Teoria neoclássica ................................................................1164.2.2 Princípios básicos da organização ........................................................................................118
 4.2.3 Centralização versus descentralização ................................................................................121
 4.2.4 Funções do administrador .......................................................................................................122
 4.2.5 Tipos de organização .................................................................................................................126
 4.2.6 Departamentalização ................................................................................................................127
 4.2.7 Administração por objetivos – APO .....................................................................................131
4.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................137 
4.4 Para saber mais .....................................................................................................................................139 
4.5 Relembrando .........................................................................................................................................139 
4.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................140 
Onde encontrar ............................................................................................................................................140
Capítulo 5 - A abordagem estruturalista da administração .....................................141 
5.1 Contextualizando .................................................................................................................................141 
5.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................141 
 5.2.1 Teoria burocrática .......................................................................................................................142
 5.2.2 As origens da teoria burocrática ............................................................................................143
 5.2.3 Tipos de autoridade ...................................................................................................................144
 5.2.4 Tipos de poder .............................................................................................................................145
 5.2.5 Características da burocracia ..................................................................................................146
 5.2.6 Vantagens da burocracia ..........................................................................................................150
 5.2.7 Disfunções da burocracia .........................................................................................................151
 5.2.8 Teoria estruturalista ....................................................................................................................158
 5.2.9 As origens da Teoria estruturalista ........................................................................................159
 5.2.10 Principais aspectos do estruturalismo ..............................................................................160
 5.2.11 Características do estruturalismo ......................................................................................167
 5.2.12 Críticas ao estruturalismo ......................................................................................................168
5.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................168 
5.4 Para saber mais .....................................................................................................................................169 
5.5 Relembrando .........................................................................................................................................170 
5.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................171 
Onde encontrar ............................................................................................................................................172 
Capítulo 6 - A abordagem sistêmica e contingencial da administração ..................173
6.1 Contextualizando .................................................................................................................................173 
6.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................173 
 6.2.1 Teoria de sistemas .......................................................................................................................174
 6.2.2 As origens da Teoria de sistemas ...........................................................................................174
 6.2.3 Conceitos de sistemas ...............................................................................................................176
 A organização como sistema aberto .....................................................................................................................179
 6.2.4 Críticas à Teoria de sistemas ....................................................................................................181
 6.2.5 Teoria da contingência ..............................................................................................................182
 6.2.6 As origens da Teoria da contingência ..................................................................................186
 6.2.7 Tipologias de ambientes ..........................................................................................................196
 6.2.8 Críticas à Teoria da contingência ...........................................................................................197
6.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................199 
6.4 Para saber mais .....................................................................................................................................200 
6.5 Relembrando .........................................................................................................................................200 
6.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................201 
Onde encontrar ............................................................................................................................................203 
Capítulo 7 - Teoria organizacional ..............................................................................205 
7.1 Contextualizando .................................................................................................................................205
7.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................206 
 7.2.1 Contextualização da teoria organizacional ......................................................................206
 7.2.2 O que é tecnologia? ...................................................................................................................212
 7.2.3 A tecnologia da informação: forças e limitações .............................................................214
 7.2.4 Mudanças: desafi os da gestão diante do avanço de novas tecnologias ................217
 7.2.5 Panorama conceitual sobre cultura e clima organizacional ........................................219
 7.2.6 Níveis de análise da cultura organizacional ......................................................................2227.2.7 Introdução aos conceitos e técnicas de clima organizacional ...................................230
7.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................233 
7.4 Para saber mais .....................................................................................................................................234 
7.5 Relembrando .........................................................................................................................................235 
7.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................236
Onde encontrar ............................................................................................................................................237
Capítulo 8 - Poder nas organizações e as metáforas organizacionais ..................... 239
8.1 Contextualizando .................................................................................................................................239 
8.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................239 
 8.2.1 Conhecendo o poder e as metáforas organizacionais ..................................................239
 8.2.2 Aprofundando conceitos básicos sobre poder: o poder pessoal 
 e o poder organizacional ....................................................................................................................244
 8.2.3 Poder e autoridade .....................................................................................................................245
 8.2.4 Fontes de poder ..........................................................................................................................252
 8.2.5 As organizações vistas como máquinas .............................................................................256
 8.2.6 As organizações vistas como organismos .........................................................................260
 8.2.7 As organizações vistas como cérebros ................................................................................261
8.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................264
8.4 Para saber mais .....................................................................................................................................265 
8.5 Relembrando .........................................................................................................................................266 
8.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................267 
Onde encontrar ............................................................................................................................................267 
Referências ....................................................................................................................269 
Capítulo 1
13Teorias Administrativas e Organizacionais
TEORIAS ADMINISTRATIVAS E 
ORGANIZACIONAIS
CAPÍTULO 11
1.1 Contextualizando
O objetivo deste capítulo é apresentar os conceitos iniciais de 
administração para que você possa, pouco a pouco, ir assimilando os conteúdos 
teóricos que revestem o campo da administração. Inicialmente, apresentamos 
os diferentes entendimentos acerca da administração para, a partir desta 
compreensão, avançarmos neste campo. 
Este capítulo, além de situar o leitor de que a administração é uma ciência 
social aplicada, também explora a importância da administração no contexto 
atual e suas perspectivas futuras. É demonstrado ao leitor que o desempenho 
das tarefas administrativas depende fortemente de um conjunto de papéis e 
habilidades que uma pessoa imbuída dessa tarefa deve possuir. 
As ideias iniciais exploradas neste capítulo buscam demonstrar a você, 
leitor, que desde os primórdios da administração – como nos ensinamentos 
realizados pelos filósofos, na organização militar, etc. – os princípios 
administrativos já eram empregados. E que a racionalização do trabalho 
e o aumento da produtividade são fruto de estudos realizados visando 
desenvolver métodos científicos em substituição à improvisação na forma de 
realizar o trabalho.
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de identificar o campo 
em que se situa a administração, deverá saber definir eficiência e eficácia e 
explicar a importância da administração para o contexto atual. Além disso, você 
deverá ser capaz de caracterizar as funções, os papéis e habilidades exigidos 
das pessoas que exercem tarefas administrativas e reconhecer a influência dos 
primórdios da administração às teorias administrativas e organizacionais.
Capítulo 1
14 Teorias Administrativas e Organizacionais
1.2 Conhecendo a teoria
A Teoria Geral da Administração (TGA) é o campo do conhecimento que 
estuda as organizações, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. Seu 
estudo trata da administração das organizações. 
Maximiano (2009, p. 8) expõe que “as teorias da administração são 
conhecimentos organizados, produzidos pela experiência prática das organizações”. 
A história dos estudos da administração tem relevado uma evolução 
no pensamento administrativo, causado pelas mudanças no ambiente que 
exigem soluções diferentes. As teorias desenvolvidas apresentam diferentes 
contribuições, e juntas formam um processo cumulativo de conhecimento 
a respeito das organizações. É importante compreender que elas foram 
desenvolvidas a partir de uma necessidade vivenciada em determinada 
época, mas que, independente disto, todas as teorias são válidas, apesar de 
que quando a estudamos isoladamente possa nos parecer, algumas vezes, 
uma visão míope.
A TGA estuda a administração das organizações que, segundo 
Chiavenato (2003), do ponto de vista da interação e da interdependência dos 
principais componentes se constituem nas seis variáveis: tarefas, estrutura, 
pessoas, tecnologia, ambiente e competitividade.
LEMBRETELEMBRETE
Importante lembrar que estas variáveis foram 
sendo incorporadas à medida que os estudos 
das teorias administrativas e organizacionais 
foram sendo desenvolvidos.O atual desafio da 
administração, conforme Chiavenato (2003), é o 
de adequar e integrar estas seis variáveis.
Buscando delinear um pouco a natureza do campo da administração 
e familiarizar você, estudante, com os conceitos, apresentamos no próximo 
tópico as diferentes interpretações de classificação da administração.
Capítulo 1
15Teorias Administrativas e Organizacionais
1.2.1 A administração como ciência, arte ou ideologia
Existem inúmeras interpretações sobre o modo de classificar 
a administração que incitam questionamentos sobre os diferentes 
entendimentos neste campo, revelando uma diversidade de ideias. Sob 
o ponto de vista do caráter das ideias e da natureza do conhecimento, a 
administração vem sendo entendida como arte, ideologia e ciência. 
A administração como arte é entendida como um conjunto de 
habilidades consideradas inerentes ao indivíduo; sua ênfase recai sobre o 
discurso do talento natural. Seu princípio está fundamentado na prática, 
na ação, um fazer que se aprende, na medida em que se executa (FRANÇA 
FILHO, 2004). 
Esta comparação da administração como arte apóia-se na retórica 
de que ambos, o administrador e o artista, possuem características 
inatas que o conduzem ao exercício de suas atividades profissionais, 
podendo ser exercidas sem a obtenção de um conhecimento formal. 
Para fundamentar esta concepção, são contadas estórias e histórias de“grandes administradores” de sucesso que construíram impérios. Este 
modo de pensar tem sido rejeitado por muitos teóricos e, segundo França 
Filho (2004), requer reflexões mais aprofundadas. Pensar a administração 
como arte, na percepção deste autor, requer, por um lado, um estudo 
aprofundado sobre as trajetórias pessoais e a dinâmica organizacional 
e, por outro, é preciso considerar as condições do êxito profissional em 
gestão, em comparação ao contexto atual ao passado.
Efetivamente, a administração como ideologia, na leitura de França 
Filho (2004), envolve um entendimento mais complexo das organizações, 
que representaria um conjunto de normas, de valores e de ideias que 
justificam posições sociais desiguais. Deste entendimento, a administração 
busca concretizar os interesses dos proprietários e, diante disto, haverá 
sempre interesses divergentes entre capital e trabalho. Esta realidade 
requer uma compreensão das organizações como um sistema de atividade 
política em que a administração é um sistema de dominação.
Capítulo 1
16 Teorias Administrativas e Organizacionais
Esta interpretação da administração como ideologia, baseada no 
entendimento como forma de dominação, segundo França Filho (2004), 
ganha consistência quando se realiza uma análise etimológica do termo: 
administração - ad do latim – significa direção, tendência para e minister 
também do latim, quer dizer mais baixo, inferior ou subordinado.
Por fim, ao pensar a administração como ciência, é necessário 
compreender, inicialmente, o significado do termo. Muitas pessoas empregam 
a palavra ciência no seu dia-a-dia, de forma coloquial, sem, muitas vezes 
conhecer o seu verdadeiro significado. 
No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009, p. 463), encontramos 
o termo ciência definido como um “corpo de conhecimentos sistematizados 
adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas 
categorias de fenômenos e fatos, e formulação metódica e racionalmente”. 
A ciência está preocupada em substituir o “achismo” por conhecimento 
sistematizado, aprofundado, adquirido por meio da reflexão ou experiência, 
baseado em provas, obedecendo a princípios que legitimem sua validade.
A palavra ciência provém do latim scire, que significa tão somente conhecer. 
Seu objetivo é descrever os fenômenos do mundo real. Podemos dividir a ciência em 
pura e aplicada. A ciência pura se preocupa com a atividade científica exclusivamente 
intelectual, sem aplicação prática ou técnica. Isto significa dizer que a preocupação 
da ciência pura se limita à descrição do fenômeno. Já a ciência aplicada visa à 
aplicação prática e/ou técnica de resultados científicos (FRANÇA FILHO, 2004). 
A administração é uma ciência aplicada, ou melhor, uma ciência social 
aplicada, seu objeto de estudo são as sociedades humanas situadas em 
diferentes espaços e sob diferentes aspectos. A preocupação da administração 
está relacionada à aplicação do conhecimento, dos aspectos relacionados ao 
indivíduo e a sociedade da qual é parte integrante.
A par disto, para que se possa considerar a administração como ciência, 
é necessária a existência de um objeto de estudo. Este objeto de estudo da 
administração são as organizações. A preocupação da administração enquanto 
ciência social aplicada está no estudo das organizações como um fenômeno 
social, que busca dialogar com outras disciplinas do conhecimento científico, 
como a psicologia, a sociologia, a economia, a antropologia, entre outras, 
buscando compreender o fenômeno social (FRANÇA FILHO, 2004).
Capítulo 1
17Teorias Administrativas e Organizacionais
Figura 1 - Formas de abordagem da administração
Arte Ideologia Ciência
Administração
Agora que você já sabe que a administração é uma ciência social 
aplicada, convém avançar na busca de um entendimento sobre a importância 
da administração e as perspectivas futuras que este campo reserva.
1.2.2 A importância da administração e suas perspectivas
Historicamente, a administração sempre teve seu lugar nas práticas 
cotidianas do ser humano, mas à medida que a sociedade se tornou complexa, 
a administração passou a ocupar um lugar central. Foi a partir da complexidade 
do ambiente, do acelerado ritmo de mudança, do avanço tecnológico que a 
administração se tornou uma das atividades mais importantes.
Complementando, Maximiliano (2009, p. 6) expõe que a “administração 
é importante em qualquer escala de utilização de recursos para realizar 
objetivos – individual, familiar, grupal, organizacional ou social”.
Chiavenato (2003) acrescenta que esta atividade é realizada em diferentes 
organizações: seja nas indústrias, no comércio, nas organizações de serviços públicos, 
nos hospitais, nas universidades, nas instituições militares ou em qualquer outra 
forma de empreendimento humano. Ela se aplica, segundo o autor, a qualquer tipo 
ou tamanho de organização. Silva (2008) expõe que a administração é necessária 
sempre que pessoas estejam trabalhando juntas em uma organização.
Apesar de já ter sido mencionada a origem da palavra, é importante 
você ter claro entendimento do conceito de administração, visto que a 
palavra sofreu transformações. Na visão de Chiavenato (2003, p. 10), “a 
tarefa básica da administração é a de fazer as coisas por meio das pessoas de 
forma eficiente e eficaz”. 
Silva (2008) expõe que a administração se relaciona com o alcance de 
objetivos por meio dos esforços de outras pessoas. 
Capítulo 1
18 Teorias Administrativas e Organizacionais
A partir destes conceitos apresentados, é possível perceber que a tarefa 
de administrar exige cooperação de pessoas com vistas a alcançar um objetivo 
pretendido. Todavia, para que se consiga a cooperação das pessoas, é necessário 
que os objetivos sejam interpretados, para serem transformados em ação de 
forma coordenada. Tudo isso requer, conforme Silva (2008), a aquisição de 
conhecimentos teóricos e práticos para administrar as organizações.
Complementando, o autor acrescenta que os administradores necessitam 
utilizar teorias administrativas para tomar suas decisões por meio do exercício 
de planejar, organizar, dirigir e controlar. É por isso que a administração passou 
a ser cada dia mais importante.
É importante relembrar que vivemos em uma sociedade de organizações, 
em que o ritmo de mudanças se tornou acelerado, a competitividade está cada 
vez mais acirrada, os clientes estão cada dia mais exigentes e novas demandas 
exigem novas formas de administrar.
 Para Chiavenato (2003), a administração vem sendo considerada uma 
das áreas mais importantes da atividade humana e a chave para a solução 
dos graves problemas que assolam o mundo moderno. Na atualidade, ela se 
tornou uma atividade fundamental para a sociedade moderna. Mas você sabe 
quais são as perspectivas futuras da administração?
As perspectivas futuras da administração, ainda na visão de Chiavenato (2003), 
demonstram que novas arquiteturas organizacionais estão surgindo adequadas 
às demandas da era pós-industrial. Seu pressuposto está baseado no princípio 
evolucionário que cada época exige uma forma organizacional adequada.
Neste sentido, o autor expõe que o mundo verá o fim da organização 
burocrática, devido as suas deficiências e a partir dos germes desta se 
desenvolverão novas formas organizacionais. Para Chiavenato (2003), isto se 
deve a três aspectos: 
a) mudanças rápidas e inesperadas no mundo dos negócios nos campos do 
conhecimento e à explosão populacional, impondo novas e crescentes 
necessidades, não atendidas pelas organizações na atualidade; 
Capítulo 1
19Teorias Administrativas e Organizacionais
b) crescimento e expansão das organizações, tornando-asmais complexas 
e globais; 
c) atividades que exigem pessoas com competências diversas e ao 
mesmo tempo especializadas envolvem problemas de coordenação e, 
principalmente, de atualização, reflexo das rápidas mudanças.
Para o autor, nos próximos anos, a tarefa administrativa será ainda 
mais incerta e desafiadora, pois abrangerá uma infinidade de variáveis, 
de mudanças e transformações carregadas de incertezas. Os problemas 
se tornarão cada dia mais multifacetados e mais complexos. A atenção do 
administrador será demandada pelos eventos e pelos grupos, situados dentro 
e fora da organização. O diagnóstico perceptível e a visão dos problemas pelo 
administrador se tornarão mais difíceis, pois as informações fornecidas pelos 
grupos serão algumas vezes contraditórias. 
Chiavenato (2003) complementa que as exigências, desafios e expectativas 
que exigirão capacidade do administrador para sua compreensão virão da 
sociedade, dos clientes, dos fornecedores, das agências regulamentadoras, 
dos concorrentes, da alta administração, dos subordinados, dos acionistas, 
etc. Isto tenderá a aumentar ainda mais com a inclusão de novas variáveis, 
complicando a tarefa administrativa de planejar, organizar, dirigir e controlar 
uma organização.
Somado a isto, sustenta Chiavenato (2003) que vários outros fatores 
deverão provocar profundos impactos sobre as organizações e suas formas 
de administrar como: o crescimento das organizações; o acirramento da 
concorrência; a sofisticação da tecnologia; taxas elevadas de inflação; a 
globalização da economia internacional e a ampliação da visibilidade das 
organizações. 
Agora que você já sabe qual a importância da administração para a 
sociedade moderna e quais são as perspectivas futuras, vamos conhecer as 
funções administrativas que devem ser exercidas por quem administra uma 
organização.
Capítulo 1
20 Teorias Administrativas e Organizacionais
EXPLORANDOEXPLORANDO
Para saber mais sobre as atividades, áreas 
de atuação e formação de um profissional 
administrador, consulte: <www.cfa.org.br>.
1.2.3 As funções administrativas
Para que as tarefas administrativas sejam realizadas e se alcance os 
resultados pretendidos, é necessário que os administradores desempenhem 
suas atividades baseadas nas funções administrativas básicas que constituem 
o processo administrativo. São elas: planejamento, organização, direção e 
controle. Na visão de Silva (2008, p. 9), podemos definir:
 • Planejamento – como a determinação de objetivos e metas para o 
desempenho organizacional futuro e decisão das tarefas e recursos 
utilizados para o alcance desses objetivos;
 • Organização – processo de designação de tarefas, de agrupamentos 
de tarefas em departamentos e de alocação de recursos para os 
departamentos;
 • Direção – influência para que outras pessoas realizem suas tarefas de 
modo a alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, 
ativação e persuasão dessas pessoas;
 • Controle – função que se encarrega de comparar o desempenho atual 
com os padrões predeterminados, isto é, com o planejado.
Vale ressaltar que a função direção é substituída por diferentes autores, 
como Chiavenato (2003); Dalf (2008); Bateman (2008); Maximiano (2009), pela 
liderança. Esta é uma visão dos livros norte-americanos. Segundo Silva (2008), 
é importante compreender que a liderança é uma condição da direção, uma 
qualificação da direção, e segundo este autor, não deveria ser substituída, pois 
para ele, pode-se dirigir sem liderar, o que não é a melhor condição. 
Capítulo 1
21Teorias Administrativas e Organizacionais
Deste modo, para que você possa fixar as funções administrativas, 
apresentamos a figura 2, elaborada a partir de Silva (2008, p. 10):
• Planejamento • Organização
• Direção • Controle
• Estabelcer 
objetivos e missão
• Examinar as 
alternativas
• Determinar as 
necessidades 
de recursos
• Criar estratégias para 
o alcance dos objetivos
• Desenhar cargos 
e tarefas específi cas
• Criar estrutura 
 organizacional
• Defi nir posições de staff 
• Coordenar as atividades 
 de trabalho
• Estabelecer políticas e
 procedimentos
• Defi nir a locação de
 recursos
• Conduzir e motivar os 
empregados na realização 
das metas organizacionais
• Estabelecer comunicação 
com os trabalhadores
• Apresentar solução 
dos confl itos
• Gerenciar mudanças
• Medir desempenho
• Estabelecer comparação
 do desempenho com
 padrões
• Tomar ações necessárias
 para a melhoria do
 desempenho
Figura 2 - Funções administrativas e suas características 
Fonte: adaptado de Silva (2008). 
Importante ter em mente que o exercício das funções administrativas em 
uma organização irá sofrer alguma variabilidade, face aos aspectos exclusivos 
de cada organização. 
Em face disto, é fundamental que as organizações, segundo Chiavenato 
(2003), sempre que pretendam incluir um novo funcionário em seu quadro 
administrativo, devem submeter os candidatos a uma infinidade de testes e 
entrevistas para investigar em profundidade seus conhecimentos, habilidades 
e competências, suas atitudes e características de personalidade. Estes fatores 
devem ser considerados porque somente o domínio das funções administrativas 
que vimos anteriormente não são suficientes. 
A organização precisa reconhecer quais as habilidades que requer para 
o desempenho das tarefas administrativas na organização, como também os 
papéis que este indivíduo deve desempenhar em função do nível hierárquico 
que estará posicionado na estrutura organizacional. Este é o assunto a ser 
explorado no próximo tópico.
Capítulo 1
22 Teorias Administrativas e Organizacionais
1.2.4 Habilidades e papéis administrativos
Habilidades administrativas
O trabalho de um administrador é complexo e multidimensional (DAFT, 
2008) e o desempenho dele depende, segundo Chiavenato (2003), muito mais 
das habilidades que o administrador possui e utiliza do que de seus traços de 
personalidade.
CONCEITOCONCEITO
“Habilidade é a capacidade de transformar 
conhecimento em ação e que resulta em 
um desempenho desejado” (CHIAVENATO, 
2003, p. 3).
O grau de exigências das habilidades varia em relação ao nível hierárquico que 
o indivíduo ocupa na organização. Segundo Katz (apud CHIAVENATO, 2003), elas 
podem ser divididas em habilidades técnicas, habilidades humanas e habilidades 
conceituais. Chiavenato (2003) apresenta a seguinte definição para cada uma delas:
 • Habilidades técnicas – são o uso de conhecimento especializado 
e a facilidade na execução de técnicas com o trabalho e com os 
procedimentos de realização. Envolve funções específicas como 
contabilidade, programação de computador, engenharia, etc. As 
habilidades técnicas estão relacionadas com o fazer, isto é, com o 
trabalho, com o como as coisas são feitas, com processos materiais ou 
objetos físicos e concretos. É relativamente fácil trabalhar com coisas 
e com números porque eles são estáticos e inertes, não contestam 
nem resistem à ação do administrador.
 • Habilidades humanas – são a capacidade de trabalhar com pessoas 
e por meio das pessoas, referem-se à facilidade de relacionamento 
interpessoal e grupal. Envolvem a capacidade de comunicar, motivar, 
coordenar, liderar, e resolver conflitos pessoais e grupais. As habilidades 
humanas estão relacionadas com a interação entre as pessoas. O 
desenvolvimento da cooperação dentro da equipe, o encorajamento 
da participação, sem medos ou receios, e o envolvimento das pessoas 
são aspectos típicos de habilidades humanas. 
Capítulo 1
23Teorias Administrativas e Organizacionais
 • Habilidades conceituais – são a capacidade de compreensãoe visão do todo 
organizacional, a facilidade em trabalhar com idéias e conceitos, teorias 
e abstrações. Um administrador com habilidades conceituais está apto a 
compreender as várias funções exercidas na organização, complementá-
las entre si, como a organização se relaciona com seu ambiente, e como 
as mudanças em uma parte da organização afetam o restante dela. As 
habilidades conceituais estão relacionadas com o pensar, com o raciocinar, 
com o diagnóstico das situações e com a formulação de alternativas de solução 
dos problemas. Representam as capacidades cognitivas mais sofisticadas do 
administrador e que lhe permitem planejar o futuro, interpretar a missão, 
desenvolver a visão e perceber oportunidades onde ninguém enxerga nada. 
O uso das habilidades varia em relação ao grau que o indivíduo ocupa 
na hierarquia organizacional. À medida que um indivíduo sobe na escala 
hierárquica, a exigência das habilidades se altera. As habilidades conceituais são 
mais exigidas por pessoas que se encontram no topo da pirâmide organizacional 
como executivos de primeira linha, diretores e presidentes de organizações. 
Enquanto as habilidades humanas são mais demandadas às pessoas que se 
encontram no meio da pirâmide organizacional, como os executivos de nível 
médio, gerentes, supervisores, etc. E as habilidades técnicas são mais exigidas 
das pessoas que se encontram na base da pirâmide, no nível operacional.
Para que você possa compreender melhor e fixar o grau de exigência de 
cada habilidade em relação ao nível hierárquico, apresentamos a figura 3.
 Figura 3 - Habilidades administrativas
Habilidades Conceituais
(capacidade cognitiva, conceitos 
e ideias abstratas)
Habilidades Humanas
(relacionamento interpessoal)
Habilidades Técnicas
(métodos, técnicas e uso de 
equipamentos)
Capítulo 1
24 Teorias Administrativas e Organizacionais
Papéis administrativos
Henry Mintzberg (1939 apud STONER, 1999) realizou uma ampla pesquisa 
a respeito dos papéis exercido pelos administradores. Suas conclusões foram 
agrupadas em três categorias: papéis interpessoais; papéis informacionais e 
papéis decisórios. Conceitualmente, papéis são conjuntos de expectativas de 
comportamento de um indivíduo, em situações específicas (SILVA, 2008, p. 15).
CONCEITOCONCEITO
Papéis são os conjuntos de expectativas de 
comportamento de um indivíduo, em situações 
específicas (SILVA, 2008, p. 15).
A partir da classificação de Mintzberg, autores como Stoner (1999); 
Chiavenato (2003); Daft (2008); Silva (2008) definem:
 • Papéis interpessoais – estão relacionados às relações com outras 
pessoas e pertencem às habilidades humanas. Mostram como o 
administrador interage com as pessoas e influencia seus subordinados. 
Estes papéis dividem-se em três: 
a) Chefe: representa a organização como o chefe da unidade. Envolve 
lidar com atividades de cerimoniais e simbólicas.
b) Líder: envolve as relações com os subordinados, incluindo a 
motivação, a comunicação e a influência. Trata do processo 
comportamental da equipe. Treina, aconselha e orienta a equipe.
c) Ligação: mantém redes de comunicação, refere-se ao desenvolvimento 
de informações tanto dentro como fora da organização.
 • Papéis informacionais – descrevem as atividades usadas para manter 
e desenvolver uma rede de informações. Em média, um administrador 
no nível institucional gasta cerca de 75% do seu tempo trocando 
informações com outras pessoas dentro e fora da organização. 
Mostram como o administrador troca e processa a informação. Estes 
papéis dividem-se em três:
Capítulo 1
25Teorias Administrativas e Organizacionais
a) Monitor: envolve a procura de informações em uma série de 
fontes. Acompanha ativamente o ambiente visando obter 
informações relevantes para o desempenho organizacional.
b) Disseminador: transmite informações para terceiros ou 
membros da organização.
c) Interlocutor ou porta-voz: transmite informações para 
pessoas que estão fora da organização.
 • Papéis decisórios – envolvem eventos e situações em que 
o administrador deve fazer uma escolha ou opção. Estes 
papéis normalmente exigem tanto habilidades humanas 
como conceituais e mostram como o administrador utiliza a 
informação em suas decisões. Dividem-se em quatro papéis: 
a) Empreendedor: inicia mudanças, projetos, ideias, identifica 
oportunidades, assume riscos, delega responsabilidades de 
idéias para outros.
b) Solucionador de conflitos: resolve conflitos entre subordinados 
ou departamentos e adapta o grupo diante de crises ou 
mudanças, toma ação corretiva em disputas ou crises.
c) Alocador ou administrador de recursos: decide como alocar, 
distribuir os recursos organizacionais.
d) Negociador: representa a organização em situações 
que envolvem negociações com sindicatos, vendas, 
financiamentos, fornecedores, etc.
Agora que você já conhece quais são as habilidades e 
os papéis que um administrador deve exercer, é importante 
compreender que ele deve realizar isto aplicando os recursos 
organizacionais de forma eficiente e eficaz. Isto é, o exercício 
da atividade de administrar envolve fazer as coisas por meio das 
pessoas, aplicando os recursos de forma eficiente e eficaz. E você 
sabe o que é eficiência e eficácia? 
Capítulo 1
26 Teorias Administrativas e Organizacionais
Se você não sabe, não se preocupe, vamos desvendar isso juntos. Se você 
já sabe, ótimo, vamos aprofundar e fixar estes conceitos. 
1.2.5 Efi ciência e efi cácia organizacionais
Primeiramente, você sabe por que as organizações existem? As 
organizações existem para suprir as necessidades das pessoas, fornecendo 
produtos e serviços: água, luz, energia, serviço hospitalar, segurança, educação, 
diversão, alimentação, etc. Para que elas possam fornecer os bens e serviços que 
a sociedade necessita e alcançar os objetivos definidos, elas transformam os 
recursos que têm a seu dispor. São considerados recursos em uma organização: 
pessoas, informação, conhecimento, espaço, tempo, dinheiro, instalações. A 
tarefa da administração é garantir que os recursos sejam utlizados de forma 
eficiente e eficaz.
LEMBRETELEMBRETE
“Administrar é fazer as coisas por meio 
das pessoas de maneira eficiente e eficaz” 
(CHIAVENATO, 2003, p. 10).
O indicador de medida do desempenho organizacional é a eficiência e 
a eficácia. A eficiência é a medida da utilização dos recursos quando se faz 
alguma coisa. Está relacionada as ‘entradas’ em um processo. Quanto maior as 
saídas obtidas com as mesmas entradas, maior o grau de eficiência alcançado 
(SILVA, 2008). Significa fazer bem e corretamente (CHIAVENATO, 2003). 
A eficácia é a medida de alcance do objetivo ou resultado. Está 
relacionada à realização das atividades que levem ao alcance dos objetivos/
resultados estabelecidos (CHIAVENATO, 2003; SILVA, 2008).
Silva (2008) apresenta alguns elementos que ajudam a fixar as diferenças 
entre eficiência e eficácia. Veja a figura 4.
Capítulo 1
27Teorias Administrativas e Organizacionais
• Ênfase nos meios
• Realização de tarefas
• Resolução de problemas
• Treinamento de funcionários
EFICIÊNCIA
• Ênfase nos resultados
• Alcance dos objetivos
• Acerto na solução de proposta
• Trabalho realizado corretamente
EFICÁCIA
 Figura 4: Elementos que diferenciam efi ciência da efi cácia
 Fonte: Silva (2008).
PRATICANDOPRATICANDO
A partir dos conceitos de eficiência e eficácia e suas 
diferenças, pense em situações práticas que estejam 
sendo realizadas por pessoas utilizando recursos 
visando alcançar um resultado. Exemplifique o 
uso da eficiência e eficácia. Com isso, você poderá 
aferir graus de eficiência e eficácia.
1.2.6 As organizações e seuambiente
Como tem sido explanado desde o início deste capítulo, a tarefa de 
administrar assumiu uma importância sem precedentes e, isto se deve ao fato 
de que, vivemos em uma sociedade de organizações. As organizações afetam 
a vida das pessoas e provocam impactos sobre a sociedade, e também sofrem 
influências do ambiente.
Para um melhor entendimento, convém inicialmente conceituar 
organização. Para Maximiano (2009, p. 4), “uma organização é um sistema 
de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de 
objetivos)”. 
Silva (2008) salienta que as organizações são entidades dinâmicas, 
complexas e, desta forma, podem ser conceituadas de várias formas. Para 
este autor, o conceito mais comumente encontrado de organização é: “Duas 
ou mais pessoas, com desejo e disposição de cooperar para o alcance de um 
objetivo comum” (SILVA, 2008, p. 40). 
Capítulo 1
28 Teorias Administrativas e Organizacionais
A percepção e interpretação do ambiente pelas organizações se dão 
de forma própria, de acordo com o contexto ambiental do qual participam. 
Segundo Chiavenato (2003, p. 513), a percepção ambiental é “uma 
construção ou um conjunto de informações selecionadas e estruturadas 
em função da experiência anterior, intenções e maneiras de pensar dos 
dirigentes de cada organização.”
Essa percepção dependerá do valor que as pessoas que administram a 
organização atribuem a cada variável constante do ambiente. O ambiente 
pode ser desdobrado em ambiente geral ou macroambiente e ambiente tarefa 
ou microambiente. 
 • O macroambiente ou ambiente geral é mais genérico e comum a todas as 
organizações. Tudo que ocorre neste ambiente afeta a organização direta 
ou indiretamente. Ele é constituído, conforme Chiavenato (2003), por:
a) Condições tecnológicas: o desenvolvimento tecnológico que ocorre nas 
outras organizações provoca profundas influências nas organizações, 
principalmente quando esta tecnologia está sujeita a inovação. As 
organizações precisam adaptar-se e incorporar tecnologia proveniente 
do ambiente geral para se manterem competitivas.
b) Condições legais: a legislação vigente afeta direta ou indiretamente 
as organizações e auxilia ou impõe restrições às suas operações. 
Estas leis abrangem caráter comercial, trabalhista, fiscal, civil, etc. 
que constituem elementos normativos para a vida das organizações.
c) Condições políticas: referem-se às decisões e definições políticas 
tomadas em nível federal, estadual e municipal que influenciam 
as organizações e que orientam as próprias condições econômicas.
d) Condições econômicas: referem-se à conjuntura econômica, ao seu 
desenvolvimento e a sua retração. Esta variável condiciona fortemente 
as organizações e constituem-se em aspectos como a inflação, a 
balança de pagamentos do país, a distribuição de renda interna, etc., 
que não podem passar despercebidos pelas organizações.
Capítulo 1
29Teorias Administrativas e Organizacionais
e) Condições demográficas: são os aspectos que determinam as 
características do mercado atual e futuro, como taxa de crescimento 
da população, raça, religião, distribuição geográfica, distribuição 
por sexo e idade, etc.
f) Condições ecológicas: estão relacionadas com o quadro demográfico 
que envolve a organização. O ecossistema refere-se ao sistema de 
intercâmbio entre os seres vivos e o meio ambiente. Há que lembrar 
que existe a chamada ecologia social: as organizações influenciam 
e são influenciadas por aspectos como poluição, clima, transportes, 
comunicações, etc.
g) Condições culturais: a cultura da região penetra a organização por 
meio das pessoas que participam dela e dos seus consumidores, 
afetam direta ou indiretamente o ambiente.
 • Ambiente tarefa: é o ambiente mais próximo à organização, é onde 
são realizadas as operações da organização. Este ambiente, na visão 
de Chiavenato (2003), é constituído por:
a) Fornecedores de entradas: incluem-se os fornecedores que 
proporcionam os diferentes tipos de recursos que a organização 
necessita para trabalhar, como materiais, financeiros, humanos, etc.
b) Clientes e usuários: são os consumidores das saídas da organização.
c) Concorrentes: são as organizações que competem no mercado, 
pelos recursos e tomadores de suas saídas.
d) Entidades reguladoras: são os órgãos que regulam e fiscalizam 
as atividades no mercado. Entre eles, estão incluídos: sindicatos, 
associações de classe, órgãos regulamentadores do governo, de 
proteção aos consumidores, etc.
Cada uma destas variáveis afeta a organização de forma direta ou 
indiretamente, podendo representar uma oportunidade ou uma ameaça à 
organização.
Capítulo 1
30 Teorias Administrativas e Organizacionais
Procure refletir a respeito das atividades 
realizadas pela organização que você trabalha 
ou que alguém com quem você tem contato e 
você conheça trabalhe. Procure identificar quem 
são os fornecedores, concorrentes, clientes, 
entidades reguladoras e que tipo de impacto 
eles podem provocar sobre a organização.
REFLEXÃO
 Figura 5: Ambiente geral e ambiente da tarefa
 Fonte: Chiavenato (2003).
Ambiente de Tarefa
Concorrentes
Ambiente Geral
Condições Tecnológicas
Condições legais
Condições políticas
Condições econômicas
Condições ecológicas
Condições demográfi cas
Condições culturais
Fornecedores Empresa Clientes
Entidades Reguladoras
1.2.7 Antecedentes históricos da administração
A administração reconhecida como ciência ocorre somente no início 
do século XX, entretanto, existem referências que demonstram práticas 
administrativas desde a Antiguidade. Recorrendo à memória da história, vamos 
percorrer o passado na tentativa de identificar a influência dos filósofos, da 
organização eclesiástica, da organização militar até a Revolução Industrial no 
pensamento administrativo e nas formas de organização.
Capítulo 1
31Teorias Administrativas e Organizacionais
Influência filosófica
A administração recebeu influência desde a Antiguidade, com os 
filósofos: Sócrates, Platão, Aristóteles, Francis Bacon, René Descartes, Thomas 
Hobbes, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx e Friedrich Engels, Adam Smith. 
Suas ideias, segundo Stoner (1999); Chiavenato (2003) e Silva (2008), podem 
ser compreendidas por alguns fatos:
 • Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.): expõe seu ponto de vista sobre a 
administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento 
técnico e da experiência, em uma discussão com Nicomaquides.
 • Platão (429 a.C a 347 a.C.): preocupou-se com os problemas políticos 
inerentes ao desenvolvimento social e cultural do povo grego, 
especialmente a forma democrática de governo e de administração.
 • Aristóteles (384 a.C a 322 a.C.): estudou a organização do Estado, 
distinguindo três formas de Administração pública: Monarquia 
(governo de um só podendo redundar em tirania); Aristocracia 
(governo de uma elite podendo redundar em oligarquia); e Democracia 
(governo do povo podendo degenerar em anarquia).
 • Francis Bacon (1561 – 1626): preocupava-se com a separação entre o 
essencial e o acidental ou acessório, antecipando-se ao princípio da 
administração de prevalência do principal sobre o acessório.
 • René Descartes (1596 – 1650): em seu livro O discurso do método, 
descreveu seu método filosófico na divisão do trabalho, na ordem e no 
controle: princípio da dúvida sistemática ou da evidência (não aceitar 
como verdadeira coisa alguma, enquanto não houver evidência); 
princípio da análise da decomposição (subdividir um problema em 
partes e resolvê-las cada uma separadamente); princípio da síntese da 
composição (começar pelos assuntos mais simplese fáceis, caminhando 
gradualmente para os mais difíceis); princípio da enumeração ou da 
verificação (fazer recontagem, verificações até que esteja seguro de 
nada haver omitido).
 • Thomas Hobbes (1588 – 1679): defendia um governo absoluto, pois 
entendia que, na ausência do governo, os seres humanos tendem a 
Capítulo 1
32 Teorias Administrativas e Organizacionais
viver em guerra permanente para obtenção de meios de subsistência. 
Em sua obra Leviatã, assinala que o povo renuncia aos seus direitos 
em favor de um governo que imponha ordem, organize a vida social 
e garanta a paz.
 • Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778): desenvolveu a teoria do Contrato 
Social, no qual o Estado surge de um acordo de vontades. O contrato 
social significa que os membros de uma sociedade reconhecem a 
autoridade de um conjunto de regras, de um regime político ou de 
governantes. Imagina pessoas vivendo de maneira pacífica e cordial, 
sem atritos.
 • Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895): desenvolvem 
uma teoria da origem do Estado como resultado da dominação 
econômica do homem pelo homem. O Estado seria uma forma de 
coerção imposta por uma classe exploradora. Para eles, a história da 
humanidade sempre foi a história da luta de classes. Desta forma, os 
fenômenos históricos são produto das relações econômicas em cada 
época. 
 • Adam Smith (1723-1790): economista clássico, nascido na Escócia, 
mostrou extraordinário conhecimento no que se refere à evolução das 
funções administrativas. Ele deu grande ênfase à divisão do trabalho 
e seus respectivos benefícios, assim se antecipando em seu século ao 
enfoque sobre a decomposição de um serviço ou tarefa. Sua principal 
obra, A riqueza das nações, coloca-o entre os intelectuais do mundo 
moderno. Suas ideias sobre a divisão do trabalho são fundamentais 
na simplificação de funções e estudos e estende-se também a áreas 
como a de produção, por exemplo.
Igreja Católica 
A Igreja Católica Romana é a organização formal mais antiga e foi 
uma herança do Império romano. Ao longo da história, a Igreja Católica 
foi estruturando sua organização, sua hierarquia de autoridade, sua 
assessoria (estado-maior) e sua coordenação funcional, tendo como fonte 
de inspiração as instituições dos Estados. Este tipo de organização serviu 
de modelo para muitas organizações (STONER, 1999; CHIAVENATO, 2003; 
SILVA, 2008).
Capítulo 1
33Teorias Administrativas e Organizacionais
Organização militar
Várias teorias administrativas incorporaram aspectos da organização 
militar como a organização linear, unidade de comando, a escala hierárquica, 
a delegação de autoridade, planejamentos e controles centralizados 
em paralelo a operações descentralizadas (centralização do comando e 
descentralização da execução), o princípio de direção (todo soldado deve 
saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer), 
disciplina, planejamento estratégico, decisões científicas e a aceitação da 
incerteza e o planejamento de forma a minimizar esta mesma incerteza. 
(STONER, 1999; CHIAVENATO, 2003; SILVA, 2008).
Revolução Industrial
No centro da Revolução industrial está a invenção da máquina a vapor 
(1736 – 1819) por James Watt, e a sua posterior aplicação à produção marca o 
início da 1ª Revolução Industrial, com mudanças econômicas, políticas e sociais, 
inicialmente na Inglaterra. A máquina a vapor, o descaroçador de algodão 
e o tear mecânico vieram substituir o trabalho do homem e a força motriz 
do homem, do animal ou da roda d’água. A aplicação da máquina a vapor 
transformou as oficinas, transportes, comunicações e a agricultura. O artesão 
deu lugar ao operário e as fábricas basearam-se na divisão do trabalho. Define-
se cada vez mais um considerável controle capitalista sobre quase todos os 
ramos da atividade econômica.
A chamada 2ª Revolução Industrial, iniciada em 1860, foi provocada 
pela fabricação do aço, pelo aperfeiçoamento do dínamo e pela invenção 
do motor a combustão interna. Suas características eram de: substituição 
do ferro pelo aço; substituição do vapor pela eletricidade e derivados 
de petróleo; desenvolvimento da máquina automática; especialização 
do trabalho; domínio da indústria pela ciência; transformação nos 
transportes e comunicações (automóveis, aviões); novas formas de 
organização capitalista com o capitalismo industrial dando lugar ao 
capitalismo financeiro (dominação da indústria pelas inversões bancárias, 
acumulação de capital através de trustes e fusões, separação entre 
propriedade particular e direção das empresas e desenvolvimento 
das holding companies; expansão da industrialização). Na Revolução 
Industrial houve uma transferência da habilidade do artesão para 
a máquina e a substituição da força animal ou humana pela potência 
Capítulo 1
34 Teorias Administrativas e Organizacionais
da máquina a vapor. Proprietários de oficinas, devido à concorrência, 
passaram a trabalhar para proprietários de oficinas que tinham máquinas. 
A maquinização provocou a fusão de pequenas oficinas, transformando-
se em fábricas. O crescimento acelerado promoveu a diminuição dos 
custos de produção, propiciando preços competitivos e um alargamento 
do mercado consumidor. A mecanização do trabalho levou à divisão 
maior do trabalho e à simplificação de operações, que poderiam ser 
executadas por pessoas sem qualificação e com enorme simplicidade de 
controle. Grandes contingentes de operários passaram a trabalhar juntos 
com elevadas jornadas de trabalho e condições insalubres e perigosas de 
trabalho. Mas este crescimento era improvisado, baseado no empirismo. 
Com a multiplicação das transações e a demanda de força de trabalho, 
novos problemas de gerência surgiram. O longo período de trabalho 
em conjunto permitia estreita relação entre os trabalhadores e uma 
crescente conscientização das condições de trabalho precárias. Logo, as 
primeiras tensões apareceram. Os Estados passaram a intervir reprimindo 
ou propondo algumas leis trabalhistas. A administração e a gerência 
passaram a ser uma preocupação. O capitalista distanciou-se dos operários, 
gerando problemas sociais e reivindicativos. A gestão de pessoal e a 
coordenação do esforço produtivo eram aspectos negligenciados pelos 
empresários. Tudo isso ensejou o aparecimento de inúmeras organizações 
baseadas no modelo de organização militar ou eclesiástica. A máquina 
impôs o caráter cooperativo do trabalho, a necessidade de uma regulação 
social. O uso capitalista das máquinas leva a uma direção autoritária, à 
regulamentação trabalhista, à extorsão da mais-valia. As organizações e 
empresas modernas nasceram com a revolução industrial graças à ruptura 
das estruturas corporativas da Idade Média, ao avanço tecnológico e 
à substituição da produção artesanal pela industrial (STONER, 1999; 
CHIAVENATO, 2003; SILVA, 2008).
LEMBRETE
A Revolução Industrial iniciou na Inglaterra 
e pode ser dividida em duas épocas: a 1ª 
Revolução Industrial (1780 a 1860) pode ser 
chamada de revolução do carvão e do ferro; e a 
2ª Revolução Industrial (1860 a 1914) pode ser 
chamada de revolução do aço e da eletricidade 
(CHIAVENATO, 2003).
Capítulo 1
35Teorias Administrativas e Organizacionais
1.2.8 A racionalização do trabalho e o aumento da produtividade
Com a Revolução Industrial, as pequenas oficinas se transformaram em 
fábricas. Esta nova realidade impôs novas necessidades, como a organização 
racional do trabalho (ORT), que surge como uma tentativa de substituir os 
métodos empíricos de realizar o trabalho por um método científico para 
elevar a produtividade e combater o desperdício. Essa tentativa é realizada 
por FrederickTaylor (1911) quando observou que os operários executavam 
suas tarefas por meio da observação de seus companheiros. Para Taylor (1911), 
sempre existia um método mais rápido e um instrumento mais adequado para 
se realizar um trabalho.
A Teoria da Administração Científica desenvolvida por Frederick W. 
Taylor é assunto para o capítulo 2 desta apostila. Entretanto, convém neste 
tópico compreendermos o que é a ORT.
A ORT está fundamentada, segundo Chiavenato (2003, p. 57), nos 
seguintes aspectos:
 • análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos;
 • estudo da fadiga humana;
 • divisão do trabalho e especialização do operário;
 • desenho de cargos e de tarefas;
 • incentivos salariais e prêmios de produção;
 • conceito de homo economicus;
 • condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto, etc.;
 • padronização de métodos e máquinas;
 • supervisão funcional.
Agora, trataremos de cada aspecto individualmente.
Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos
Para obter a racionalização do trabalho dos operários, o instrumento 
básico é o estudo dos tempos e movimentos. O trabalho é executado melhor 
e mais economicamente por meio da análise minuciosa do trabalho, dividindo 
cada operação da tarefa em uma série ordenada de movimentos simples. 
Eliminando os movimentos considerados inúteis e simplificando os úteis. A essa 
análise do trabalho seguia-se o estudo dos tempos e movimentos. Este estudo 
visa determinar o tempo médio que um operário comum levaria para executar 
Capítulo 1
36 Teorias Administrativas e Organizacionais
uma tarefa, utilizando um cronômetro. Deste tempo médio, novamente eram 
adicionados os tempos elementares e mortos, ou seja, esperas, tempos de 
saída do operário na linha de produção, etc., para obter o tempo padrão. 
Com isso, padronizava-se o método e o tempo padrão para a execução de uma 
tarefa (CHIAVENATO, 2003).
O objetivo deste estudo é eliminar o desperdício e os movimentos inúteis, 
racionalizar o trabalho e facilitar o treinamento dos operários.
Estudo da fadiga humana
Gilbreth (apud CHIAVENATO, 2003), ao perceber que a fadiga predispõe 
o trabalhador a diminuir a produtividade e qualidade do trabalho; que esta 
acarreta na perda de tempo; no aumento da rotatividade de pessoal; em 
doenças e acidentes e na diminuição da capacidade de esforço, realizou um 
estudo sobre os efeitos da fadiga na produtividade do operário. De forma 
resumida, a fadiga provoca baixa eficiência.
A partir dos estudos realizados para reduzir a fadiga, Gilbreth (apud 
CHIAVENATO, 2003, p. 59) propôs princípios de economia de movimentos que 
ele classificou em três grupos:
1) relativos ao uso do corpo humano;
2) relativos ao arranjo material do local de trabalho;
3) relativos ao desempenho das ferramentas e do equipamento.
Divisão do trabalho e especialização do operário
Com a análise do trabalho e o estudo de tempos e movimentos, houve 
uma reestruturação das operações industriais. Desta reestruturação, para 
ajustar-se aos padrões descritos (métodos e tempo), o operário passou a 
realizar apenas uma única tarefa, tornando-se especialista, ou seja, a divisão 
do trabalho e a especialização do operário passaram a fazer parte da ORT a 
fim de elevar a produtividade (CHIAVENATO, 2003).
Capítulo 1
37Teorias Administrativas e Organizacionais
Desenho de cargos e de tarefas
O desenho de cargos e de tarefas foi definido primeiramente por Taylor e 
corresponde à publicação do seu livro: The principles of scientific management 
(1911), que estudaremos no capítulo 2. Por hora, importante é que você 
compreenda o conceito de tarefa e cargo para saber o que é desenhar um 
cargo. Vamos lá?
Chiavenato (2003, p. 60) conceitua: “tarefa é toda atividade executada 
por uma pessoa no seu trabalho dentro da organização. A tarefa constitui a 
menor unidade possível dentro da divisão do trabalho em uma organização”.
Chiavenato (2003, p. 60) conceitua cargo como “o conjunto de tarefas 
executadas de maneira cíclica ou repetitiva.” Assim, desenhar um cargo 
significa especificar seu conteúdo – que seriam as tarefas, os métodos de 
executar as tarefas e definir as relações com os demais cargos existentes.
Incentivos salariais e prêmios de produção
Taylor, em seus estudos realizados, percebeu que para que um operário 
colabore com a organização e trabalhe dentro dos padrões definidos, é 
necessário que haja incentivos salariais e prêmios de produção. A ideia básica 
consiste em: “o operário que produz pouco ganha pouco e o que produz 
mais, ganha na proporção de sua produção. O estímulo salarial adicional 
para que os operários ultrapassem os tempos-padrão é premio de produção” 
(CHIAVENATO, 2003, p. 61). Esta era a lógica desenvolvida por Taylor. 
Conceito de homo economicus
O conceito de homo economicus está baseado na ideia de homem 
econômico, isto é, de que toda pessoa é influenciada exclusivamente por 
recompensas salariais, econômicas e materiais. São elas que influenciam 
o homem para que ele desenvolva suas atividades buscando o máximo de 
produtividade. O homem procura o trabalho pelos benefícios materiais e 
financeiros que ele pode obter e não porque gosta do trabalho.
Capítulo 1
38 Teorias Administrativas e Organizacionais
Condições ambientais de trabalho
Com os estudos desenvolvidos por Taylor, este verificou que a eficiência 
depende de outros fatores além do incentivo salarial. As condições de trabalho 
(adequação de instrumentos e ferramentas e layout) também afetam a 
produtividade, provocam baixa eficiência e elevam a fadiga (CHIAVENATO, 2003).
Padronização de métodos e máquinas
A ORT padroniza os métodos e processos de trabalho visando reduzir as 
perdas na produção. 
Supervisão funcional
Nos estudos realizados por Taylor, ele propôs que para organizar 
racionalmente o trabalho e elevar a produtividade, um operário deve ser 
supervisionado por uma autoridade que detenha conhecimento específico 
sobre determinada área, isto é, a supervisão deve ser realizada de acordo com 
a especialidade de cada superior sobre o operário. Esta seria a forma mais 
adequada de ORT e elevação da produtividade.
1.3 Aplicando a teoria na prática
Para internalizar os conceitos básicos aprendidos neste capítulo, vamos 
aplicar a teoria na prática. A melhor forma de fazermos isto é imaginarmos uma 
situação rotineira (fictícia) em que o processo administrativo precisa ser aplicado. 
Jonas Reinal trabalha em uma empresa de produtos manufaturados 
e atuava como supervisor de uma área dentro da produção. Devido ao seu 
desempenho elevado, suas habilidades e seus métodos aplicados ao trabalho, 
sua área apresentava uma produtividade superior as outras duas divisões 
dentro do Departamento de Produção. Jonas obteve reconhecimento e foi 
promovido. Atualmente, é o Diretor de produção, um nível mais elevado. 
Passou a se reportar diretamente ao Presidente da empresa e este colocou 
desafios que terão que ser enfrentados por Jonas. Dentre a lista de desafios 
apresentados pelo Presidente a Jonas, está elevar a produtividade das outras 
áreas de produção, coordenadas por outros dois supervisores, que segundo 
diagnóstico efetuado por uma empresa de consultoria contratada está 
Capítulo 1
39Teorias Administrativas e Organizacionais
relacionado ao uso inadequado dos recursos no processo produtivo. Estas duas 
áreas acabaram afetando todo o desempenho organizacional. A área de Jonas 
foi destacada pelos consultores como a única dentro do processo produtivo 
que mantinha níveis elevados de produtividade, por isso, sua promoção.
A partir da situação exemplificada, responda:
1) Qual o domínio das habilidades que Jonas possuía antes

Continue navegando

Outros materiais