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Teorias Administrativas e Organizacionais Sulivan Desirée Fischer Gilson Rihan Karkotli UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD Teorias Administrativas e Organizacionais Livro-texto EaD Natal/RN 2011 .eériseD naviluS ,rehcsiF t925F Teorias administrativas e organizacionais / Sulivan Desirée Fischer, Gilson Rihan Karkotli. – Natal: EdunP, 2011. 274p. : il. ; 20 cm Ebook – Livro eletrônico disponível on-line. ISBN 978-85-61140-74-8 1. Administração - teorias. I. Karkotli, Gilson Rihan. II.Título. 856 UDC FSCB/PnU/NR DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP Reitoria Sâmela Soraya Gomes de Oliveira Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária Sandra Amaral de Araújo Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação Aarão Lyra NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP Coordenação Geral Barney Silveira Arruda Luciana Lopes Xavier Coordenação Pedagógica Edilene Cândido da Silva Coordenação de Produção de Recursos Didáticos Michelle Cristine Mazzetto Betti Coordenação de Produção de Vídeos Bruna Werner Gabriel Coordenação de Logística Helionara Lucena Nunes Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD Priscilla Carla Silveira Menezes Thalyta Mabel Nobre Barbosa Úrsula Andréa de Araújo Silva Apoio Acadêmico Flávia Helena Miranda de Araújo Freire Assistente Administrativo Eliane Ferreira de Santana Gabriella Souza de Azevedo Gibson Marcelo Galvão de Sousa Giselly Jordan Virginia Portella Sulivan Desirée Fischer Gilson Rihan Karkotli Teorias Administrativas e Organizacionais 1a Edição Natal/RN 2011 EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS DA UnP Coordenação de Produção de Recursos Didáticos Michelle Cristine Mazzetto Betti Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD Priscilla Carla Silveira Menezes Ilustração do Mascote Lucio Masaaki Matsuno EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO Delinea - Tecnologia Educacional Coordenação Pedagógica Margarete Lazzaris Kleis Coordenação de Editoração Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Coordenação de Revisão e Linguagem em EaD Simone Regina Dias Revisão Gramatical e Linguagem em EaD Luzinete Carpin Niedzieluk Coordenação de Diagramação Cristina Assumpção Diagramação Valdir Siqueira Ilustrações Alexandre Beck SULIVAN DESIRÉE FISCHER Sou graduada em Administração (1991) e especialista em Gestão da Qualidade (1996) pela Fundação Universidade Regional de Blumenau, Mestre em Administração (2002) pela Universidade do Estado de Santa Catarina e doutoranda em Administração pela Universidade Federal da Bahia. Atuei durante 12 anos na Administração Pública, e sou docente da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Na graduação, ministro disciplinas de Teoria geral da administração e Funções administrativas e coordeno o Curso de Pós-graduação (Lato Sensu) de Gestão em Recursos humanos na Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Sou professora efetiva no Centro de Ciências da Administração na Universidade do Estado de Santa Catarina. Presto consultoria a empresas públicas e privadas na área de organização administrativa. Sou responsável pela produção dos capítulos 1 ao 6 e espero que você aprenda muito na trajetória desta disciplina. GILSON RIHAN KARKOTLI Olá! Sou Doutor em Responsabilidade Social Empresarial pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e Mestre em Gestão de Negócios. Especialista em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/SP). Fiz aperfeiçoamento em Estudos Avançados de Marketing na Universidade Católica de Los Angeles – UCLA (EUA). Administrador pela Fundação Armando Álvares Penteado FAAP/SP. Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí e Especialista em Processo e Direito do Trabalho. Especialista em Gestão de Ensino à Distância. Autor de 22 livros nas áreas de administração, direito, gestão em diversas áreas, meio ambiente, responsabilidade social. Desde 2005, sou professor efetivo da Universidade Municipal de São José. E fiquei responsável pela construção dos capítulos 7 e 8. CO N H EC EN D O O A U TO R CO N H EC EN D O O A U TO R TEORIAS ADMINISTRATIVAS E ORGANIZACIONAIS Este livro-texto foi elaborado para facilitar sua aprendizagem sobre as teorias administrativas e organizacionais. Ele é um convite a você para desvendar o estado da arte em administração. Para um melhor aproveitamento dos conteúdos, a leitura dessa apostila deve ser realizada sempre utilizando seu imaginário, procurando identificar, a partir dos conceitos e teorias, situações já experimentadas. É igualmente importante que você desenvolva todas as etapas que compõem cada capítulo. Teorias Administrativas e Organizacionais é considerada uma disciplina fundamental, de uso para diferentes áreas do conhecimento. Seu objeto de estudo são as organizações em geral. O conteúdo abordado nessa disciplina oferece ao leitor uma visão ampla sobre os diferentes conceitos e abordagens que revestem o campo. Vivemos em uma sociedade permeada de organizações, em crescente complexidade, que precisam ser administradas. Cada um de nós interage com diferentes organizações diariamente e durante a vida toda, o que eleva a importância da tarefa de administrar. Na atualidade, as organizações são bastante heterogêneas, diversificadas, com estruturas, tamanho e objetivos diferenciados, o que requer formas diferenciadas e inovadoras para gerir as organizações, pois disso depende a vida e prosperidade delas e das pessoas que nelas trabalham. As teorias administrativas e organizacionais, ao oferecer conceitos, teorias, técnicas e ferramentas, podem ajudar nesse processo, por meio da aplicação de diferentes conhecimentos provenientes das diferentes teorias. Importante ressaltar que as teorias administrativas e organizacionais são fruto de uma época, em resposta aos problemas que surgiram em um determinado momento. O seu sucesso depende do discernimento de um gestor à sua aplicação prática. CO N H EC EN D O A D IS CI PL IN A CO N H EC EN D O A D IS CI PL IN A Desta forma, para que você possa se tornar um administrador bem sucedido, é importante que vá além de adquirir os conhecimentos teóricos, também esteja capacitado para enfrentar desafios. Administrar uma organização não envolve somente o uso de teorias, técnicas e ferramentas. Envolve principalmente a habilidade de coordenar pessoas. Por isso, é fundamental que durante toda a leitura dessa apostila, você realize as atividades práticas constantes em cada capítulo. Isto lhe proporcionará maior reflexão e ajudará no desenvolvimento de suas habilidades e competências. Capítulo 1 - Introdução à Teoria Geral da Administração ........................ 13 1.1 Contextualizando .......................................................................................................... 13 1.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 14 1.2.1 Administração como ciência, arte ou ideologia ....................................... 15 1.2.2 A importância da administração e suas perspectivas ............................ 17 1.2.3 As funções administrativas: planejamento, organização, direção e controle .......................................................................................................... 20 1.2.4 Habilidades e papéis administrativos ........................................................... 22Habilidades técnicas, humanas e conceituais .........................................................................22 Papéis interpessoais, informacionais e decisórios .................................................................24 1.2.5 Efi ciência e efi cácia organizacionais ............................................................. 26 1.2.6 As organizações e seu ambiente .................................................................... 27 Ambiente geral ou macroambiente e ambiente tarefa .......................................................28 1.2.7 Antecedentes históricos da administração ................................................ 30 Infl uência fi losófi ca............................................................................................................................31 Igreja Católica ......................................................................................................................................32 Organização militar ...........................................................................................................................33 Revolução Industrial .........................................................................................................................33 1.2.8 A racionalização do trabalho e o aumento da produtividade ............. 35 1.3 Aplicando a teoria na prática .................................................................................... 38 1.4 Para saber mais .............................................................................................................. 41 1.5 Relembrando .................................................................................................................. 42 1.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 43 Onde encontrar ..................................................................................................................... 45 Capítulo 2 - A abordagem clássica da administração .............................. 47 2.1 Contextualizando .......................................................................................................... 47 2.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 47 2.2.1 Teoria da administração científi ca ................................................................. 47 2.2.2 As origens da administração científi ca ....................................................... 50 2.2.3 Características, princípios e postulados da Teoria da administração científi ca ............................................................................................... 50 2.2.4 Críticas à Teoria da administração científi ca .............................................. 58 2.2.5 Teoria clássica da administração .................................................................... 63 2.2.6 Origens da Teoria clássica da administração ............................................. 64 2.2.7 As funções básicas da empresa ...................................................................... 64 2.2.8 Princípios da Teoria clássica da administração .......................................... 67 2.2.9 Críticas à Teoria clássica da administração ................................................. 72 2.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 75 2.4 Para saber mais .............................................................................................................. 76 2.5 Relembrando .................................................................................................................. 76 2.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 78 Onde encontrar ..................................................................................................................... 80 SU M Á RI O SU M Á RI O Capítulo 3 - A abordagem humanística da administração e a behaviorista ................ 81 3.1 Contextualizando ................................................................................................................................... 81 3.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................. 82 3.2.1 Abordagem humanística da administração: Teoria das relações humanas, comportamental e de desenvolvimento organizacional.......................................................... 82 3.2.2 Teoria das relações humanas ................................................................................................... 82 As origens da Teoria das relações humanas ........................................................................................................... 83 3.2.3 A experiência de Hawthorne .................................................................................................... 84 Conclusões da experiência de Hawthorne ............................................................................................................. 89 3.2.4 Teoria comportamental .............................................................................................................. 90 As origens da Teoria comportamental .................................................................................................................... 90 3.2.5 Teorias da motivação ................................................................................................................... 92 3.2.6 Estilos de administração ...........................................................................................................100 3.2.7 Liderança ........................................................................................................................................102 3.2.8 Processo decisório ......................................................................................................................104 3.2.9 Teoria do desenvolvimento organizacional (DO) ............................................................105 As origens da Teoria do desenvolvimento organizacional ............................................................................106 O processo de desenvolvimento organizacional ..............................................................................................106 Críticas à Teoria do desenvolvimento organizacional .....................................................................................108 3.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................109 3.4 Para saber mais .....................................................................................................................................110 3.5 Relembrando .........................................................................................................................................110 3.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................112 Onde encontrar ............................................................................................................................................113 Capítulo 4 - A abordagem neoclássica da administração .........................................115 4.1 Contextualizando .................................................................................................................................115 4.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................115 4.2.1 Origens e características da Teoria neoclássica ................................................................1164.2.2 Princípios básicos da organização ........................................................................................118 4.2.3 Centralização versus descentralização ................................................................................121 4.2.4 Funções do administrador .......................................................................................................122 4.2.5 Tipos de organização .................................................................................................................126 4.2.6 Departamentalização ................................................................................................................127 4.2.7 Administração por objetivos – APO .....................................................................................131 4.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................137 4.4 Para saber mais .....................................................................................................................................139 4.5 Relembrando .........................................................................................................................................139 4.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................140 Onde encontrar ............................................................................................................................................140 Capítulo 5 - A abordagem estruturalista da administração .....................................141 5.1 Contextualizando .................................................................................................................................141 5.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................141 5.2.1 Teoria burocrática .......................................................................................................................142 5.2.2 As origens da teoria burocrática ............................................................................................143 5.2.3 Tipos de autoridade ...................................................................................................................144 5.2.4 Tipos de poder .............................................................................................................................145 5.2.5 Características da burocracia ..................................................................................................146 5.2.6 Vantagens da burocracia ..........................................................................................................150 5.2.7 Disfunções da burocracia .........................................................................................................151 5.2.8 Teoria estruturalista ....................................................................................................................158 5.2.9 As origens da Teoria estruturalista ........................................................................................159 5.2.10 Principais aspectos do estruturalismo ..............................................................................160 5.2.11 Características do estruturalismo ......................................................................................167 5.2.12 Críticas ao estruturalismo ......................................................................................................168 5.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................168 5.4 Para saber mais .....................................................................................................................................169 5.5 Relembrando .........................................................................................................................................170 5.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................171 Onde encontrar ............................................................................................................................................172 Capítulo 6 - A abordagem sistêmica e contingencial da administração ..................173 6.1 Contextualizando .................................................................................................................................173 6.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................173 6.2.1 Teoria de sistemas .......................................................................................................................174 6.2.2 As origens da Teoria de sistemas ...........................................................................................174 6.2.3 Conceitos de sistemas ...............................................................................................................176 A organização como sistema aberto .....................................................................................................................179 6.2.4 Críticas à Teoria de sistemas ....................................................................................................181 6.2.5 Teoria da contingência ..............................................................................................................182 6.2.6 As origens da Teoria da contingência ..................................................................................186 6.2.7 Tipologias de ambientes ..........................................................................................................196 6.2.8 Críticas à Teoria da contingência ...........................................................................................197 6.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................199 6.4 Para saber mais .....................................................................................................................................200 6.5 Relembrando .........................................................................................................................................200 6.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................201 Onde encontrar ............................................................................................................................................203 Capítulo 7 - Teoria organizacional ..............................................................................205 7.1 Contextualizando .................................................................................................................................205 7.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................206 7.2.1 Contextualização da teoria organizacional ......................................................................206 7.2.2 O que é tecnologia? ...................................................................................................................212 7.2.3 A tecnologia da informação: forças e limitações .............................................................214 7.2.4 Mudanças: desafi os da gestão diante do avanço de novas tecnologias ................217 7.2.5 Panorama conceitual sobre cultura e clima organizacional ........................................219 7.2.6 Níveis de análise da cultura organizacional ......................................................................2227.2.7 Introdução aos conceitos e técnicas de clima organizacional ...................................230 7.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................233 7.4 Para saber mais .....................................................................................................................................234 7.5 Relembrando .........................................................................................................................................235 7.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................236 Onde encontrar ............................................................................................................................................237 Capítulo 8 - Poder nas organizações e as metáforas organizacionais ..................... 239 8.1 Contextualizando .................................................................................................................................239 8.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................239 8.2.1 Conhecendo o poder e as metáforas organizacionais ..................................................239 8.2.2 Aprofundando conceitos básicos sobre poder: o poder pessoal e o poder organizacional ....................................................................................................................244 8.2.3 Poder e autoridade .....................................................................................................................245 8.2.4 Fontes de poder ..........................................................................................................................252 8.2.5 As organizações vistas como máquinas .............................................................................256 8.2.6 As organizações vistas como organismos .........................................................................260 8.2.7 As organizações vistas como cérebros ................................................................................261 8.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................264 8.4 Para saber mais .....................................................................................................................................265 8.5 Relembrando .........................................................................................................................................266 8.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................267 Onde encontrar ............................................................................................................................................267 Referências ....................................................................................................................269 Capítulo 1 13Teorias Administrativas e Organizacionais TEORIAS ADMINISTRATIVAS E ORGANIZACIONAIS CAPÍTULO 11 1.1 Contextualizando O objetivo deste capítulo é apresentar os conceitos iniciais de administração para que você possa, pouco a pouco, ir assimilando os conteúdos teóricos que revestem o campo da administração. Inicialmente, apresentamos os diferentes entendimentos acerca da administração para, a partir desta compreensão, avançarmos neste campo. Este capítulo, além de situar o leitor de que a administração é uma ciência social aplicada, também explora a importância da administração no contexto atual e suas perspectivas futuras. É demonstrado ao leitor que o desempenho das tarefas administrativas depende fortemente de um conjunto de papéis e habilidades que uma pessoa imbuída dessa tarefa deve possuir. As ideias iniciais exploradas neste capítulo buscam demonstrar a você, leitor, que desde os primórdios da administração – como nos ensinamentos realizados pelos filósofos, na organização militar, etc. – os princípios administrativos já eram empregados. E que a racionalização do trabalho e o aumento da produtividade são fruto de estudos realizados visando desenvolver métodos científicos em substituição à improvisação na forma de realizar o trabalho. Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de identificar o campo em que se situa a administração, deverá saber definir eficiência e eficácia e explicar a importância da administração para o contexto atual. Além disso, você deverá ser capaz de caracterizar as funções, os papéis e habilidades exigidos das pessoas que exercem tarefas administrativas e reconhecer a influência dos primórdios da administração às teorias administrativas e organizacionais. Capítulo 1 14 Teorias Administrativas e Organizacionais 1.2 Conhecendo a teoria A Teoria Geral da Administração (TGA) é o campo do conhecimento que estuda as organizações, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. Seu estudo trata da administração das organizações. Maximiano (2009, p. 8) expõe que “as teorias da administração são conhecimentos organizados, produzidos pela experiência prática das organizações”. A história dos estudos da administração tem relevado uma evolução no pensamento administrativo, causado pelas mudanças no ambiente que exigem soluções diferentes. As teorias desenvolvidas apresentam diferentes contribuições, e juntas formam um processo cumulativo de conhecimento a respeito das organizações. É importante compreender que elas foram desenvolvidas a partir de uma necessidade vivenciada em determinada época, mas que, independente disto, todas as teorias são válidas, apesar de que quando a estudamos isoladamente possa nos parecer, algumas vezes, uma visão míope. A TGA estuda a administração das organizações que, segundo Chiavenato (2003), do ponto de vista da interação e da interdependência dos principais componentes se constituem nas seis variáveis: tarefas, estrutura, pessoas, tecnologia, ambiente e competitividade. LEMBRETELEMBRETE Importante lembrar que estas variáveis foram sendo incorporadas à medida que os estudos das teorias administrativas e organizacionais foram sendo desenvolvidos.O atual desafio da administração, conforme Chiavenato (2003), é o de adequar e integrar estas seis variáveis. Buscando delinear um pouco a natureza do campo da administração e familiarizar você, estudante, com os conceitos, apresentamos no próximo tópico as diferentes interpretações de classificação da administração. Capítulo 1 15Teorias Administrativas e Organizacionais 1.2.1 A administração como ciência, arte ou ideologia Existem inúmeras interpretações sobre o modo de classificar a administração que incitam questionamentos sobre os diferentes entendimentos neste campo, revelando uma diversidade de ideias. Sob o ponto de vista do caráter das ideias e da natureza do conhecimento, a administração vem sendo entendida como arte, ideologia e ciência. A administração como arte é entendida como um conjunto de habilidades consideradas inerentes ao indivíduo; sua ênfase recai sobre o discurso do talento natural. Seu princípio está fundamentado na prática, na ação, um fazer que se aprende, na medida em que se executa (FRANÇA FILHO, 2004). Esta comparação da administração como arte apóia-se na retórica de que ambos, o administrador e o artista, possuem características inatas que o conduzem ao exercício de suas atividades profissionais, podendo ser exercidas sem a obtenção de um conhecimento formal. Para fundamentar esta concepção, são contadas estórias e histórias de“grandes administradores” de sucesso que construíram impérios. Este modo de pensar tem sido rejeitado por muitos teóricos e, segundo França Filho (2004), requer reflexões mais aprofundadas. Pensar a administração como arte, na percepção deste autor, requer, por um lado, um estudo aprofundado sobre as trajetórias pessoais e a dinâmica organizacional e, por outro, é preciso considerar as condições do êxito profissional em gestão, em comparação ao contexto atual ao passado. Efetivamente, a administração como ideologia, na leitura de França Filho (2004), envolve um entendimento mais complexo das organizações, que representaria um conjunto de normas, de valores e de ideias que justificam posições sociais desiguais. Deste entendimento, a administração busca concretizar os interesses dos proprietários e, diante disto, haverá sempre interesses divergentes entre capital e trabalho. Esta realidade requer uma compreensão das organizações como um sistema de atividade política em que a administração é um sistema de dominação. Capítulo 1 16 Teorias Administrativas e Organizacionais Esta interpretação da administração como ideologia, baseada no entendimento como forma de dominação, segundo França Filho (2004), ganha consistência quando se realiza uma análise etimológica do termo: administração - ad do latim – significa direção, tendência para e minister também do latim, quer dizer mais baixo, inferior ou subordinado. Por fim, ao pensar a administração como ciência, é necessário compreender, inicialmente, o significado do termo. Muitas pessoas empregam a palavra ciência no seu dia-a-dia, de forma coloquial, sem, muitas vezes conhecer o seu verdadeiro significado. No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009, p. 463), encontramos o termo ciência definido como um “corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, e formulação metódica e racionalmente”. A ciência está preocupada em substituir o “achismo” por conhecimento sistematizado, aprofundado, adquirido por meio da reflexão ou experiência, baseado em provas, obedecendo a princípios que legitimem sua validade. A palavra ciência provém do latim scire, que significa tão somente conhecer. Seu objetivo é descrever os fenômenos do mundo real. Podemos dividir a ciência em pura e aplicada. A ciência pura se preocupa com a atividade científica exclusivamente intelectual, sem aplicação prática ou técnica. Isto significa dizer que a preocupação da ciência pura se limita à descrição do fenômeno. Já a ciência aplicada visa à aplicação prática e/ou técnica de resultados científicos (FRANÇA FILHO, 2004). A administração é uma ciência aplicada, ou melhor, uma ciência social aplicada, seu objeto de estudo são as sociedades humanas situadas em diferentes espaços e sob diferentes aspectos. A preocupação da administração está relacionada à aplicação do conhecimento, dos aspectos relacionados ao indivíduo e a sociedade da qual é parte integrante. A par disto, para que se possa considerar a administração como ciência, é necessária a existência de um objeto de estudo. Este objeto de estudo da administração são as organizações. A preocupação da administração enquanto ciência social aplicada está no estudo das organizações como um fenômeno social, que busca dialogar com outras disciplinas do conhecimento científico, como a psicologia, a sociologia, a economia, a antropologia, entre outras, buscando compreender o fenômeno social (FRANÇA FILHO, 2004). Capítulo 1 17Teorias Administrativas e Organizacionais Figura 1 - Formas de abordagem da administração Arte Ideologia Ciência Administração Agora que você já sabe que a administração é uma ciência social aplicada, convém avançar na busca de um entendimento sobre a importância da administração e as perspectivas futuras que este campo reserva. 1.2.2 A importância da administração e suas perspectivas Historicamente, a administração sempre teve seu lugar nas práticas cotidianas do ser humano, mas à medida que a sociedade se tornou complexa, a administração passou a ocupar um lugar central. Foi a partir da complexidade do ambiente, do acelerado ritmo de mudança, do avanço tecnológico que a administração se tornou uma das atividades mais importantes. Complementando, Maximiliano (2009, p. 6) expõe que a “administração é importante em qualquer escala de utilização de recursos para realizar objetivos – individual, familiar, grupal, organizacional ou social”. Chiavenato (2003) acrescenta que esta atividade é realizada em diferentes organizações: seja nas indústrias, no comércio, nas organizações de serviços públicos, nos hospitais, nas universidades, nas instituições militares ou em qualquer outra forma de empreendimento humano. Ela se aplica, segundo o autor, a qualquer tipo ou tamanho de organização. Silva (2008) expõe que a administração é necessária sempre que pessoas estejam trabalhando juntas em uma organização. Apesar de já ter sido mencionada a origem da palavra, é importante você ter claro entendimento do conceito de administração, visto que a palavra sofreu transformações. Na visão de Chiavenato (2003, p. 10), “a tarefa básica da administração é a de fazer as coisas por meio das pessoas de forma eficiente e eficaz”. Silva (2008) expõe que a administração se relaciona com o alcance de objetivos por meio dos esforços de outras pessoas. Capítulo 1 18 Teorias Administrativas e Organizacionais A partir destes conceitos apresentados, é possível perceber que a tarefa de administrar exige cooperação de pessoas com vistas a alcançar um objetivo pretendido. Todavia, para que se consiga a cooperação das pessoas, é necessário que os objetivos sejam interpretados, para serem transformados em ação de forma coordenada. Tudo isso requer, conforme Silva (2008), a aquisição de conhecimentos teóricos e práticos para administrar as organizações. Complementando, o autor acrescenta que os administradores necessitam utilizar teorias administrativas para tomar suas decisões por meio do exercício de planejar, organizar, dirigir e controlar. É por isso que a administração passou a ser cada dia mais importante. É importante relembrar que vivemos em uma sociedade de organizações, em que o ritmo de mudanças se tornou acelerado, a competitividade está cada vez mais acirrada, os clientes estão cada dia mais exigentes e novas demandas exigem novas formas de administrar. Para Chiavenato (2003), a administração vem sendo considerada uma das áreas mais importantes da atividade humana e a chave para a solução dos graves problemas que assolam o mundo moderno. Na atualidade, ela se tornou uma atividade fundamental para a sociedade moderna. Mas você sabe quais são as perspectivas futuras da administração? As perspectivas futuras da administração, ainda na visão de Chiavenato (2003), demonstram que novas arquiteturas organizacionais estão surgindo adequadas às demandas da era pós-industrial. Seu pressuposto está baseado no princípio evolucionário que cada época exige uma forma organizacional adequada. Neste sentido, o autor expõe que o mundo verá o fim da organização burocrática, devido as suas deficiências e a partir dos germes desta se desenvolverão novas formas organizacionais. Para Chiavenato (2003), isto se deve a três aspectos: a) mudanças rápidas e inesperadas no mundo dos negócios nos campos do conhecimento e à explosão populacional, impondo novas e crescentes necessidades, não atendidas pelas organizações na atualidade; Capítulo 1 19Teorias Administrativas e Organizacionais b) crescimento e expansão das organizações, tornando-asmais complexas e globais; c) atividades que exigem pessoas com competências diversas e ao mesmo tempo especializadas envolvem problemas de coordenação e, principalmente, de atualização, reflexo das rápidas mudanças. Para o autor, nos próximos anos, a tarefa administrativa será ainda mais incerta e desafiadora, pois abrangerá uma infinidade de variáveis, de mudanças e transformações carregadas de incertezas. Os problemas se tornarão cada dia mais multifacetados e mais complexos. A atenção do administrador será demandada pelos eventos e pelos grupos, situados dentro e fora da organização. O diagnóstico perceptível e a visão dos problemas pelo administrador se tornarão mais difíceis, pois as informações fornecidas pelos grupos serão algumas vezes contraditórias. Chiavenato (2003) complementa que as exigências, desafios e expectativas que exigirão capacidade do administrador para sua compreensão virão da sociedade, dos clientes, dos fornecedores, das agências regulamentadoras, dos concorrentes, da alta administração, dos subordinados, dos acionistas, etc. Isto tenderá a aumentar ainda mais com a inclusão de novas variáveis, complicando a tarefa administrativa de planejar, organizar, dirigir e controlar uma organização. Somado a isto, sustenta Chiavenato (2003) que vários outros fatores deverão provocar profundos impactos sobre as organizações e suas formas de administrar como: o crescimento das organizações; o acirramento da concorrência; a sofisticação da tecnologia; taxas elevadas de inflação; a globalização da economia internacional e a ampliação da visibilidade das organizações. Agora que você já sabe qual a importância da administração para a sociedade moderna e quais são as perspectivas futuras, vamos conhecer as funções administrativas que devem ser exercidas por quem administra uma organização. Capítulo 1 20 Teorias Administrativas e Organizacionais EXPLORANDOEXPLORANDO Para saber mais sobre as atividades, áreas de atuação e formação de um profissional administrador, consulte: <www.cfa.org.br>. 1.2.3 As funções administrativas Para que as tarefas administrativas sejam realizadas e se alcance os resultados pretendidos, é necessário que os administradores desempenhem suas atividades baseadas nas funções administrativas básicas que constituem o processo administrativo. São elas: planejamento, organização, direção e controle. Na visão de Silva (2008, p. 9), podemos definir: • Planejamento – como a determinação de objetivos e metas para o desempenho organizacional futuro e decisão das tarefas e recursos utilizados para o alcance desses objetivos; • Organização – processo de designação de tarefas, de agrupamentos de tarefas em departamentos e de alocação de recursos para os departamentos; • Direção – influência para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo a alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, ativação e persuasão dessas pessoas; • Controle – função que se encarrega de comparar o desempenho atual com os padrões predeterminados, isto é, com o planejado. Vale ressaltar que a função direção é substituída por diferentes autores, como Chiavenato (2003); Dalf (2008); Bateman (2008); Maximiano (2009), pela liderança. Esta é uma visão dos livros norte-americanos. Segundo Silva (2008), é importante compreender que a liderança é uma condição da direção, uma qualificação da direção, e segundo este autor, não deveria ser substituída, pois para ele, pode-se dirigir sem liderar, o que não é a melhor condição. Capítulo 1 21Teorias Administrativas e Organizacionais Deste modo, para que você possa fixar as funções administrativas, apresentamos a figura 2, elaborada a partir de Silva (2008, p. 10): • Planejamento • Organização • Direção • Controle • Estabelcer objetivos e missão • Examinar as alternativas • Determinar as necessidades de recursos • Criar estratégias para o alcance dos objetivos • Desenhar cargos e tarefas específi cas • Criar estrutura organizacional • Defi nir posições de staff • Coordenar as atividades de trabalho • Estabelecer políticas e procedimentos • Defi nir a locação de recursos • Conduzir e motivar os empregados na realização das metas organizacionais • Estabelecer comunicação com os trabalhadores • Apresentar solução dos confl itos • Gerenciar mudanças • Medir desempenho • Estabelecer comparação do desempenho com padrões • Tomar ações necessárias para a melhoria do desempenho Figura 2 - Funções administrativas e suas características Fonte: adaptado de Silva (2008). Importante ter em mente que o exercício das funções administrativas em uma organização irá sofrer alguma variabilidade, face aos aspectos exclusivos de cada organização. Em face disto, é fundamental que as organizações, segundo Chiavenato (2003), sempre que pretendam incluir um novo funcionário em seu quadro administrativo, devem submeter os candidatos a uma infinidade de testes e entrevistas para investigar em profundidade seus conhecimentos, habilidades e competências, suas atitudes e características de personalidade. Estes fatores devem ser considerados porque somente o domínio das funções administrativas que vimos anteriormente não são suficientes. A organização precisa reconhecer quais as habilidades que requer para o desempenho das tarefas administrativas na organização, como também os papéis que este indivíduo deve desempenhar em função do nível hierárquico que estará posicionado na estrutura organizacional. Este é o assunto a ser explorado no próximo tópico. Capítulo 1 22 Teorias Administrativas e Organizacionais 1.2.4 Habilidades e papéis administrativos Habilidades administrativas O trabalho de um administrador é complexo e multidimensional (DAFT, 2008) e o desempenho dele depende, segundo Chiavenato (2003), muito mais das habilidades que o administrador possui e utiliza do que de seus traços de personalidade. CONCEITOCONCEITO “Habilidade é a capacidade de transformar conhecimento em ação e que resulta em um desempenho desejado” (CHIAVENATO, 2003, p. 3). O grau de exigências das habilidades varia em relação ao nível hierárquico que o indivíduo ocupa na organização. Segundo Katz (apud CHIAVENATO, 2003), elas podem ser divididas em habilidades técnicas, habilidades humanas e habilidades conceituais. Chiavenato (2003) apresenta a seguinte definição para cada uma delas: • Habilidades técnicas – são o uso de conhecimento especializado e a facilidade na execução de técnicas com o trabalho e com os procedimentos de realização. Envolve funções específicas como contabilidade, programação de computador, engenharia, etc. As habilidades técnicas estão relacionadas com o fazer, isto é, com o trabalho, com o como as coisas são feitas, com processos materiais ou objetos físicos e concretos. É relativamente fácil trabalhar com coisas e com números porque eles são estáticos e inertes, não contestam nem resistem à ação do administrador. • Habilidades humanas – são a capacidade de trabalhar com pessoas e por meio das pessoas, referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. Envolvem a capacidade de comunicar, motivar, coordenar, liderar, e resolver conflitos pessoais e grupais. As habilidades humanas estão relacionadas com a interação entre as pessoas. O desenvolvimento da cooperação dentro da equipe, o encorajamento da participação, sem medos ou receios, e o envolvimento das pessoas são aspectos típicos de habilidades humanas. Capítulo 1 23Teorias Administrativas e Organizacionais • Habilidades conceituais – são a capacidade de compreensãoe visão do todo organizacional, a facilidade em trabalhar com idéias e conceitos, teorias e abstrações. Um administrador com habilidades conceituais está apto a compreender as várias funções exercidas na organização, complementá- las entre si, como a organização se relaciona com seu ambiente, e como as mudanças em uma parte da organização afetam o restante dela. As habilidades conceituais estão relacionadas com o pensar, com o raciocinar, com o diagnóstico das situações e com a formulação de alternativas de solução dos problemas. Representam as capacidades cognitivas mais sofisticadas do administrador e que lhe permitem planejar o futuro, interpretar a missão, desenvolver a visão e perceber oportunidades onde ninguém enxerga nada. O uso das habilidades varia em relação ao grau que o indivíduo ocupa na hierarquia organizacional. À medida que um indivíduo sobe na escala hierárquica, a exigência das habilidades se altera. As habilidades conceituais são mais exigidas por pessoas que se encontram no topo da pirâmide organizacional como executivos de primeira linha, diretores e presidentes de organizações. Enquanto as habilidades humanas são mais demandadas às pessoas que se encontram no meio da pirâmide organizacional, como os executivos de nível médio, gerentes, supervisores, etc. E as habilidades técnicas são mais exigidas das pessoas que se encontram na base da pirâmide, no nível operacional. Para que você possa compreender melhor e fixar o grau de exigência de cada habilidade em relação ao nível hierárquico, apresentamos a figura 3. Figura 3 - Habilidades administrativas Habilidades Conceituais (capacidade cognitiva, conceitos e ideias abstratas) Habilidades Humanas (relacionamento interpessoal) Habilidades Técnicas (métodos, técnicas e uso de equipamentos) Capítulo 1 24 Teorias Administrativas e Organizacionais Papéis administrativos Henry Mintzberg (1939 apud STONER, 1999) realizou uma ampla pesquisa a respeito dos papéis exercido pelos administradores. Suas conclusões foram agrupadas em três categorias: papéis interpessoais; papéis informacionais e papéis decisórios. Conceitualmente, papéis são conjuntos de expectativas de comportamento de um indivíduo, em situações específicas (SILVA, 2008, p. 15). CONCEITOCONCEITO Papéis são os conjuntos de expectativas de comportamento de um indivíduo, em situações específicas (SILVA, 2008, p. 15). A partir da classificação de Mintzberg, autores como Stoner (1999); Chiavenato (2003); Daft (2008); Silva (2008) definem: • Papéis interpessoais – estão relacionados às relações com outras pessoas e pertencem às habilidades humanas. Mostram como o administrador interage com as pessoas e influencia seus subordinados. Estes papéis dividem-se em três: a) Chefe: representa a organização como o chefe da unidade. Envolve lidar com atividades de cerimoniais e simbólicas. b) Líder: envolve as relações com os subordinados, incluindo a motivação, a comunicação e a influência. Trata do processo comportamental da equipe. Treina, aconselha e orienta a equipe. c) Ligação: mantém redes de comunicação, refere-se ao desenvolvimento de informações tanto dentro como fora da organização. • Papéis informacionais – descrevem as atividades usadas para manter e desenvolver uma rede de informações. Em média, um administrador no nível institucional gasta cerca de 75% do seu tempo trocando informações com outras pessoas dentro e fora da organização. Mostram como o administrador troca e processa a informação. Estes papéis dividem-se em três: Capítulo 1 25Teorias Administrativas e Organizacionais a) Monitor: envolve a procura de informações em uma série de fontes. Acompanha ativamente o ambiente visando obter informações relevantes para o desempenho organizacional. b) Disseminador: transmite informações para terceiros ou membros da organização. c) Interlocutor ou porta-voz: transmite informações para pessoas que estão fora da organização. • Papéis decisórios – envolvem eventos e situações em que o administrador deve fazer uma escolha ou opção. Estes papéis normalmente exigem tanto habilidades humanas como conceituais e mostram como o administrador utiliza a informação em suas decisões. Dividem-se em quatro papéis: a) Empreendedor: inicia mudanças, projetos, ideias, identifica oportunidades, assume riscos, delega responsabilidades de idéias para outros. b) Solucionador de conflitos: resolve conflitos entre subordinados ou departamentos e adapta o grupo diante de crises ou mudanças, toma ação corretiva em disputas ou crises. c) Alocador ou administrador de recursos: decide como alocar, distribuir os recursos organizacionais. d) Negociador: representa a organização em situações que envolvem negociações com sindicatos, vendas, financiamentos, fornecedores, etc. Agora que você já conhece quais são as habilidades e os papéis que um administrador deve exercer, é importante compreender que ele deve realizar isto aplicando os recursos organizacionais de forma eficiente e eficaz. Isto é, o exercício da atividade de administrar envolve fazer as coisas por meio das pessoas, aplicando os recursos de forma eficiente e eficaz. E você sabe o que é eficiência e eficácia? Capítulo 1 26 Teorias Administrativas e Organizacionais Se você não sabe, não se preocupe, vamos desvendar isso juntos. Se você já sabe, ótimo, vamos aprofundar e fixar estes conceitos. 1.2.5 Efi ciência e efi cácia organizacionais Primeiramente, você sabe por que as organizações existem? As organizações existem para suprir as necessidades das pessoas, fornecendo produtos e serviços: água, luz, energia, serviço hospitalar, segurança, educação, diversão, alimentação, etc. Para que elas possam fornecer os bens e serviços que a sociedade necessita e alcançar os objetivos definidos, elas transformam os recursos que têm a seu dispor. São considerados recursos em uma organização: pessoas, informação, conhecimento, espaço, tempo, dinheiro, instalações. A tarefa da administração é garantir que os recursos sejam utlizados de forma eficiente e eficaz. LEMBRETELEMBRETE “Administrar é fazer as coisas por meio das pessoas de maneira eficiente e eficaz” (CHIAVENATO, 2003, p. 10). O indicador de medida do desempenho organizacional é a eficiência e a eficácia. A eficiência é a medida da utilização dos recursos quando se faz alguma coisa. Está relacionada as ‘entradas’ em um processo. Quanto maior as saídas obtidas com as mesmas entradas, maior o grau de eficiência alcançado (SILVA, 2008). Significa fazer bem e corretamente (CHIAVENATO, 2003). A eficácia é a medida de alcance do objetivo ou resultado. Está relacionada à realização das atividades que levem ao alcance dos objetivos/ resultados estabelecidos (CHIAVENATO, 2003; SILVA, 2008). Silva (2008) apresenta alguns elementos que ajudam a fixar as diferenças entre eficiência e eficácia. Veja a figura 4. Capítulo 1 27Teorias Administrativas e Organizacionais • Ênfase nos meios • Realização de tarefas • Resolução de problemas • Treinamento de funcionários EFICIÊNCIA • Ênfase nos resultados • Alcance dos objetivos • Acerto na solução de proposta • Trabalho realizado corretamente EFICÁCIA Figura 4: Elementos que diferenciam efi ciência da efi cácia Fonte: Silva (2008). PRATICANDOPRATICANDO A partir dos conceitos de eficiência e eficácia e suas diferenças, pense em situações práticas que estejam sendo realizadas por pessoas utilizando recursos visando alcançar um resultado. Exemplifique o uso da eficiência e eficácia. Com isso, você poderá aferir graus de eficiência e eficácia. 1.2.6 As organizações e seuambiente Como tem sido explanado desde o início deste capítulo, a tarefa de administrar assumiu uma importância sem precedentes e, isto se deve ao fato de que, vivemos em uma sociedade de organizações. As organizações afetam a vida das pessoas e provocam impactos sobre a sociedade, e também sofrem influências do ambiente. Para um melhor entendimento, convém inicialmente conceituar organização. Para Maximiano (2009, p. 4), “uma organização é um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos)”. Silva (2008) salienta que as organizações são entidades dinâmicas, complexas e, desta forma, podem ser conceituadas de várias formas. Para este autor, o conceito mais comumente encontrado de organização é: “Duas ou mais pessoas, com desejo e disposição de cooperar para o alcance de um objetivo comum” (SILVA, 2008, p. 40). Capítulo 1 28 Teorias Administrativas e Organizacionais A percepção e interpretação do ambiente pelas organizações se dão de forma própria, de acordo com o contexto ambiental do qual participam. Segundo Chiavenato (2003, p. 513), a percepção ambiental é “uma construção ou um conjunto de informações selecionadas e estruturadas em função da experiência anterior, intenções e maneiras de pensar dos dirigentes de cada organização.” Essa percepção dependerá do valor que as pessoas que administram a organização atribuem a cada variável constante do ambiente. O ambiente pode ser desdobrado em ambiente geral ou macroambiente e ambiente tarefa ou microambiente. • O macroambiente ou ambiente geral é mais genérico e comum a todas as organizações. Tudo que ocorre neste ambiente afeta a organização direta ou indiretamente. Ele é constituído, conforme Chiavenato (2003), por: a) Condições tecnológicas: o desenvolvimento tecnológico que ocorre nas outras organizações provoca profundas influências nas organizações, principalmente quando esta tecnologia está sujeita a inovação. As organizações precisam adaptar-se e incorporar tecnologia proveniente do ambiente geral para se manterem competitivas. b) Condições legais: a legislação vigente afeta direta ou indiretamente as organizações e auxilia ou impõe restrições às suas operações. Estas leis abrangem caráter comercial, trabalhista, fiscal, civil, etc. que constituem elementos normativos para a vida das organizações. c) Condições políticas: referem-se às decisões e definições políticas tomadas em nível federal, estadual e municipal que influenciam as organizações e que orientam as próprias condições econômicas. d) Condições econômicas: referem-se à conjuntura econômica, ao seu desenvolvimento e a sua retração. Esta variável condiciona fortemente as organizações e constituem-se em aspectos como a inflação, a balança de pagamentos do país, a distribuição de renda interna, etc., que não podem passar despercebidos pelas organizações. Capítulo 1 29Teorias Administrativas e Organizacionais e) Condições demográficas: são os aspectos que determinam as características do mercado atual e futuro, como taxa de crescimento da população, raça, religião, distribuição geográfica, distribuição por sexo e idade, etc. f) Condições ecológicas: estão relacionadas com o quadro demográfico que envolve a organização. O ecossistema refere-se ao sistema de intercâmbio entre os seres vivos e o meio ambiente. Há que lembrar que existe a chamada ecologia social: as organizações influenciam e são influenciadas por aspectos como poluição, clima, transportes, comunicações, etc. g) Condições culturais: a cultura da região penetra a organização por meio das pessoas que participam dela e dos seus consumidores, afetam direta ou indiretamente o ambiente. • Ambiente tarefa: é o ambiente mais próximo à organização, é onde são realizadas as operações da organização. Este ambiente, na visão de Chiavenato (2003), é constituído por: a) Fornecedores de entradas: incluem-se os fornecedores que proporcionam os diferentes tipos de recursos que a organização necessita para trabalhar, como materiais, financeiros, humanos, etc. b) Clientes e usuários: são os consumidores das saídas da organização. c) Concorrentes: são as organizações que competem no mercado, pelos recursos e tomadores de suas saídas. d) Entidades reguladoras: são os órgãos que regulam e fiscalizam as atividades no mercado. Entre eles, estão incluídos: sindicatos, associações de classe, órgãos regulamentadores do governo, de proteção aos consumidores, etc. Cada uma destas variáveis afeta a organização de forma direta ou indiretamente, podendo representar uma oportunidade ou uma ameaça à organização. Capítulo 1 30 Teorias Administrativas e Organizacionais Procure refletir a respeito das atividades realizadas pela organização que você trabalha ou que alguém com quem você tem contato e você conheça trabalhe. Procure identificar quem são os fornecedores, concorrentes, clientes, entidades reguladoras e que tipo de impacto eles podem provocar sobre a organização. REFLEXÃO Figura 5: Ambiente geral e ambiente da tarefa Fonte: Chiavenato (2003). Ambiente de Tarefa Concorrentes Ambiente Geral Condições Tecnológicas Condições legais Condições políticas Condições econômicas Condições ecológicas Condições demográfi cas Condições culturais Fornecedores Empresa Clientes Entidades Reguladoras 1.2.7 Antecedentes históricos da administração A administração reconhecida como ciência ocorre somente no início do século XX, entretanto, existem referências que demonstram práticas administrativas desde a Antiguidade. Recorrendo à memória da história, vamos percorrer o passado na tentativa de identificar a influência dos filósofos, da organização eclesiástica, da organização militar até a Revolução Industrial no pensamento administrativo e nas formas de organização. Capítulo 1 31Teorias Administrativas e Organizacionais Influência filosófica A administração recebeu influência desde a Antiguidade, com os filósofos: Sócrates, Platão, Aristóteles, Francis Bacon, René Descartes, Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau, Karl Marx e Friedrich Engels, Adam Smith. Suas ideias, segundo Stoner (1999); Chiavenato (2003) e Silva (2008), podem ser compreendidas por alguns fatos: • Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.): expõe seu ponto de vista sobre a administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência, em uma discussão com Nicomaquides. • Platão (429 a.C a 347 a.C.): preocupou-se com os problemas políticos inerentes ao desenvolvimento social e cultural do povo grego, especialmente a forma democrática de governo e de administração. • Aristóteles (384 a.C a 322 a.C.): estudou a organização do Estado, distinguindo três formas de Administração pública: Monarquia (governo de um só podendo redundar em tirania); Aristocracia (governo de uma elite podendo redundar em oligarquia); e Democracia (governo do povo podendo degenerar em anarquia). • Francis Bacon (1561 – 1626): preocupava-se com a separação entre o essencial e o acidental ou acessório, antecipando-se ao princípio da administração de prevalência do principal sobre o acessório. • René Descartes (1596 – 1650): em seu livro O discurso do método, descreveu seu método filosófico na divisão do trabalho, na ordem e no controle: princípio da dúvida sistemática ou da evidência (não aceitar como verdadeira coisa alguma, enquanto não houver evidência); princípio da análise da decomposição (subdividir um problema em partes e resolvê-las cada uma separadamente); princípio da síntese da composição (começar pelos assuntos mais simplese fáceis, caminhando gradualmente para os mais difíceis); princípio da enumeração ou da verificação (fazer recontagem, verificações até que esteja seguro de nada haver omitido). • Thomas Hobbes (1588 – 1679): defendia um governo absoluto, pois entendia que, na ausência do governo, os seres humanos tendem a Capítulo 1 32 Teorias Administrativas e Organizacionais viver em guerra permanente para obtenção de meios de subsistência. Em sua obra Leviatã, assinala que o povo renuncia aos seus direitos em favor de um governo que imponha ordem, organize a vida social e garanta a paz. • Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778): desenvolveu a teoria do Contrato Social, no qual o Estado surge de um acordo de vontades. O contrato social significa que os membros de uma sociedade reconhecem a autoridade de um conjunto de regras, de um regime político ou de governantes. Imagina pessoas vivendo de maneira pacífica e cordial, sem atritos. • Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895): desenvolvem uma teoria da origem do Estado como resultado da dominação econômica do homem pelo homem. O Estado seria uma forma de coerção imposta por uma classe exploradora. Para eles, a história da humanidade sempre foi a história da luta de classes. Desta forma, os fenômenos históricos são produto das relações econômicas em cada época. • Adam Smith (1723-1790): economista clássico, nascido na Escócia, mostrou extraordinário conhecimento no que se refere à evolução das funções administrativas. Ele deu grande ênfase à divisão do trabalho e seus respectivos benefícios, assim se antecipando em seu século ao enfoque sobre a decomposição de um serviço ou tarefa. Sua principal obra, A riqueza das nações, coloca-o entre os intelectuais do mundo moderno. Suas ideias sobre a divisão do trabalho são fundamentais na simplificação de funções e estudos e estende-se também a áreas como a de produção, por exemplo. Igreja Católica A Igreja Católica Romana é a organização formal mais antiga e foi uma herança do Império romano. Ao longo da história, a Igreja Católica foi estruturando sua organização, sua hierarquia de autoridade, sua assessoria (estado-maior) e sua coordenação funcional, tendo como fonte de inspiração as instituições dos Estados. Este tipo de organização serviu de modelo para muitas organizações (STONER, 1999; CHIAVENATO, 2003; SILVA, 2008). Capítulo 1 33Teorias Administrativas e Organizacionais Organização militar Várias teorias administrativas incorporaram aspectos da organização militar como a organização linear, unidade de comando, a escala hierárquica, a delegação de autoridade, planejamentos e controles centralizados em paralelo a operações descentralizadas (centralização do comando e descentralização da execução), o princípio de direção (todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer), disciplina, planejamento estratégico, decisões científicas e a aceitação da incerteza e o planejamento de forma a minimizar esta mesma incerteza. (STONER, 1999; CHIAVENATO, 2003; SILVA, 2008). Revolução Industrial No centro da Revolução industrial está a invenção da máquina a vapor (1736 – 1819) por James Watt, e a sua posterior aplicação à produção marca o início da 1ª Revolução Industrial, com mudanças econômicas, políticas e sociais, inicialmente na Inglaterra. A máquina a vapor, o descaroçador de algodão e o tear mecânico vieram substituir o trabalho do homem e a força motriz do homem, do animal ou da roda d’água. A aplicação da máquina a vapor transformou as oficinas, transportes, comunicações e a agricultura. O artesão deu lugar ao operário e as fábricas basearam-se na divisão do trabalho. Define- se cada vez mais um considerável controle capitalista sobre quase todos os ramos da atividade econômica. A chamada 2ª Revolução Industrial, iniciada em 1860, foi provocada pela fabricação do aço, pelo aperfeiçoamento do dínamo e pela invenção do motor a combustão interna. Suas características eram de: substituição do ferro pelo aço; substituição do vapor pela eletricidade e derivados de petróleo; desenvolvimento da máquina automática; especialização do trabalho; domínio da indústria pela ciência; transformação nos transportes e comunicações (automóveis, aviões); novas formas de organização capitalista com o capitalismo industrial dando lugar ao capitalismo financeiro (dominação da indústria pelas inversões bancárias, acumulação de capital através de trustes e fusões, separação entre propriedade particular e direção das empresas e desenvolvimento das holding companies; expansão da industrialização). Na Revolução Industrial houve uma transferência da habilidade do artesão para a máquina e a substituição da força animal ou humana pela potência Capítulo 1 34 Teorias Administrativas e Organizacionais da máquina a vapor. Proprietários de oficinas, devido à concorrência, passaram a trabalhar para proprietários de oficinas que tinham máquinas. A maquinização provocou a fusão de pequenas oficinas, transformando- se em fábricas. O crescimento acelerado promoveu a diminuição dos custos de produção, propiciando preços competitivos e um alargamento do mercado consumidor. A mecanização do trabalho levou à divisão maior do trabalho e à simplificação de operações, que poderiam ser executadas por pessoas sem qualificação e com enorme simplicidade de controle. Grandes contingentes de operários passaram a trabalhar juntos com elevadas jornadas de trabalho e condições insalubres e perigosas de trabalho. Mas este crescimento era improvisado, baseado no empirismo. Com a multiplicação das transações e a demanda de força de trabalho, novos problemas de gerência surgiram. O longo período de trabalho em conjunto permitia estreita relação entre os trabalhadores e uma crescente conscientização das condições de trabalho precárias. Logo, as primeiras tensões apareceram. Os Estados passaram a intervir reprimindo ou propondo algumas leis trabalhistas. A administração e a gerência passaram a ser uma preocupação. O capitalista distanciou-se dos operários, gerando problemas sociais e reivindicativos. A gestão de pessoal e a coordenação do esforço produtivo eram aspectos negligenciados pelos empresários. Tudo isso ensejou o aparecimento de inúmeras organizações baseadas no modelo de organização militar ou eclesiástica. A máquina impôs o caráter cooperativo do trabalho, a necessidade de uma regulação social. O uso capitalista das máquinas leva a uma direção autoritária, à regulamentação trabalhista, à extorsão da mais-valia. As organizações e empresas modernas nasceram com a revolução industrial graças à ruptura das estruturas corporativas da Idade Média, ao avanço tecnológico e à substituição da produção artesanal pela industrial (STONER, 1999; CHIAVENATO, 2003; SILVA, 2008). LEMBRETE A Revolução Industrial iniciou na Inglaterra e pode ser dividida em duas épocas: a 1ª Revolução Industrial (1780 a 1860) pode ser chamada de revolução do carvão e do ferro; e a 2ª Revolução Industrial (1860 a 1914) pode ser chamada de revolução do aço e da eletricidade (CHIAVENATO, 2003). Capítulo 1 35Teorias Administrativas e Organizacionais 1.2.8 A racionalização do trabalho e o aumento da produtividade Com a Revolução Industrial, as pequenas oficinas se transformaram em fábricas. Esta nova realidade impôs novas necessidades, como a organização racional do trabalho (ORT), que surge como uma tentativa de substituir os métodos empíricos de realizar o trabalho por um método científico para elevar a produtividade e combater o desperdício. Essa tentativa é realizada por FrederickTaylor (1911) quando observou que os operários executavam suas tarefas por meio da observação de seus companheiros. Para Taylor (1911), sempre existia um método mais rápido e um instrumento mais adequado para se realizar um trabalho. A Teoria da Administração Científica desenvolvida por Frederick W. Taylor é assunto para o capítulo 2 desta apostila. Entretanto, convém neste tópico compreendermos o que é a ORT. A ORT está fundamentada, segundo Chiavenato (2003, p. 57), nos seguintes aspectos: • análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos; • estudo da fadiga humana; • divisão do trabalho e especialização do operário; • desenho de cargos e de tarefas; • incentivos salariais e prêmios de produção; • conceito de homo economicus; • condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto, etc.; • padronização de métodos e máquinas; • supervisão funcional. Agora, trataremos de cada aspecto individualmente. Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos Para obter a racionalização do trabalho dos operários, o instrumento básico é o estudo dos tempos e movimentos. O trabalho é executado melhor e mais economicamente por meio da análise minuciosa do trabalho, dividindo cada operação da tarefa em uma série ordenada de movimentos simples. Eliminando os movimentos considerados inúteis e simplificando os úteis. A essa análise do trabalho seguia-se o estudo dos tempos e movimentos. Este estudo visa determinar o tempo médio que um operário comum levaria para executar Capítulo 1 36 Teorias Administrativas e Organizacionais uma tarefa, utilizando um cronômetro. Deste tempo médio, novamente eram adicionados os tempos elementares e mortos, ou seja, esperas, tempos de saída do operário na linha de produção, etc., para obter o tempo padrão. Com isso, padronizava-se o método e o tempo padrão para a execução de uma tarefa (CHIAVENATO, 2003). O objetivo deste estudo é eliminar o desperdício e os movimentos inúteis, racionalizar o trabalho e facilitar o treinamento dos operários. Estudo da fadiga humana Gilbreth (apud CHIAVENATO, 2003), ao perceber que a fadiga predispõe o trabalhador a diminuir a produtividade e qualidade do trabalho; que esta acarreta na perda de tempo; no aumento da rotatividade de pessoal; em doenças e acidentes e na diminuição da capacidade de esforço, realizou um estudo sobre os efeitos da fadiga na produtividade do operário. De forma resumida, a fadiga provoca baixa eficiência. A partir dos estudos realizados para reduzir a fadiga, Gilbreth (apud CHIAVENATO, 2003, p. 59) propôs princípios de economia de movimentos que ele classificou em três grupos: 1) relativos ao uso do corpo humano; 2) relativos ao arranjo material do local de trabalho; 3) relativos ao desempenho das ferramentas e do equipamento. Divisão do trabalho e especialização do operário Com a análise do trabalho e o estudo de tempos e movimentos, houve uma reestruturação das operações industriais. Desta reestruturação, para ajustar-se aos padrões descritos (métodos e tempo), o operário passou a realizar apenas uma única tarefa, tornando-se especialista, ou seja, a divisão do trabalho e a especialização do operário passaram a fazer parte da ORT a fim de elevar a produtividade (CHIAVENATO, 2003). Capítulo 1 37Teorias Administrativas e Organizacionais Desenho de cargos e de tarefas O desenho de cargos e de tarefas foi definido primeiramente por Taylor e corresponde à publicação do seu livro: The principles of scientific management (1911), que estudaremos no capítulo 2. Por hora, importante é que você compreenda o conceito de tarefa e cargo para saber o que é desenhar um cargo. Vamos lá? Chiavenato (2003, p. 60) conceitua: “tarefa é toda atividade executada por uma pessoa no seu trabalho dentro da organização. A tarefa constitui a menor unidade possível dentro da divisão do trabalho em uma organização”. Chiavenato (2003, p. 60) conceitua cargo como “o conjunto de tarefas executadas de maneira cíclica ou repetitiva.” Assim, desenhar um cargo significa especificar seu conteúdo – que seriam as tarefas, os métodos de executar as tarefas e definir as relações com os demais cargos existentes. Incentivos salariais e prêmios de produção Taylor, em seus estudos realizados, percebeu que para que um operário colabore com a organização e trabalhe dentro dos padrões definidos, é necessário que haja incentivos salariais e prêmios de produção. A ideia básica consiste em: “o operário que produz pouco ganha pouco e o que produz mais, ganha na proporção de sua produção. O estímulo salarial adicional para que os operários ultrapassem os tempos-padrão é premio de produção” (CHIAVENATO, 2003, p. 61). Esta era a lógica desenvolvida por Taylor. Conceito de homo economicus O conceito de homo economicus está baseado na ideia de homem econômico, isto é, de que toda pessoa é influenciada exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. São elas que influenciam o homem para que ele desenvolva suas atividades buscando o máximo de produtividade. O homem procura o trabalho pelos benefícios materiais e financeiros que ele pode obter e não porque gosta do trabalho. Capítulo 1 38 Teorias Administrativas e Organizacionais Condições ambientais de trabalho Com os estudos desenvolvidos por Taylor, este verificou que a eficiência depende de outros fatores além do incentivo salarial. As condições de trabalho (adequação de instrumentos e ferramentas e layout) também afetam a produtividade, provocam baixa eficiência e elevam a fadiga (CHIAVENATO, 2003). Padronização de métodos e máquinas A ORT padroniza os métodos e processos de trabalho visando reduzir as perdas na produção. Supervisão funcional Nos estudos realizados por Taylor, ele propôs que para organizar racionalmente o trabalho e elevar a produtividade, um operário deve ser supervisionado por uma autoridade que detenha conhecimento específico sobre determinada área, isto é, a supervisão deve ser realizada de acordo com a especialidade de cada superior sobre o operário. Esta seria a forma mais adequada de ORT e elevação da produtividade. 1.3 Aplicando a teoria na prática Para internalizar os conceitos básicos aprendidos neste capítulo, vamos aplicar a teoria na prática. A melhor forma de fazermos isto é imaginarmos uma situação rotineira (fictícia) em que o processo administrativo precisa ser aplicado. Jonas Reinal trabalha em uma empresa de produtos manufaturados e atuava como supervisor de uma área dentro da produção. Devido ao seu desempenho elevado, suas habilidades e seus métodos aplicados ao trabalho, sua área apresentava uma produtividade superior as outras duas divisões dentro do Departamento de Produção. Jonas obteve reconhecimento e foi promovido. Atualmente, é o Diretor de produção, um nível mais elevado. Passou a se reportar diretamente ao Presidente da empresa e este colocou desafios que terão que ser enfrentados por Jonas. Dentre a lista de desafios apresentados pelo Presidente a Jonas, está elevar a produtividade das outras áreas de produção, coordenadas por outros dois supervisores, que segundo diagnóstico efetuado por uma empresa de consultoria contratada está Capítulo 1 39Teorias Administrativas e Organizacionais relacionado ao uso inadequado dos recursos no processo produtivo. Estas duas áreas acabaram afetando todo o desempenho organizacional. A área de Jonas foi destacada pelos consultores como a única dentro do processo produtivo que mantinha níveis elevados de produtividade, por isso, sua promoção. A partir da situação exemplificada, responda: 1) Qual o domínio das habilidades que Jonas possuía antes
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