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AC 1882 29 11 P PROBLEMAS NA COBERTURA CONTRATUAL

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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO		TC 005.961/2011-4
GRUPO II – CLASSE V – Plenário
TC 005.961/2011-4 
Natureza: Relatório de Auditoria
Entidade: Secretaria de Infraestrutura do Estado de Alagoas – Seinfra/AL 
Interessado: Congresso Nacional
Advogado: não há 
SUMÁRIO: FISCOBRAS 2011. CANAL ADUTOR DO SERTÃO ALAGOANO. IRREGULARIDADES GRAVES VERIFICADAS EM AUDITORIAS ANTERIORES. AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADES PARA AS QUESTÕES DE AUDITORIA FORMULADAS NESTA FISCALIZAÇÃO. DETERMINAÇÕES. AUDIÊNCIAS. COMUNICAÇÃO AO CONGRESSO NACIONAL.
RELATÓRIO
	Tratam os autos da auditoria realizada nas obras de Canal Adutor do Sertão Alagoano, no âmbito do Fiscobras de 2011. Existe em vigor o Convênio Siafi 447151, assinado entre o Ministério da Integração Nacional e o Governo do Estado de Alagoas, para a construção do referido canal, que inclui as obras da tomada d'água, da estação elevatória e do primeiro trecho do canal, situado entre os quilômetros zero e 45. O segundo trecho do canal, localizado entre os quilômetros 45 e 64,7, conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a serem repassados por meio do Termo de Compromisso Siafi 663932. Na Lei Orçamentária Anual (LOA/2011), o Programa de Trabalho PT 18.544.0515.10CT.0027 destina R$ 88,43 milhões para as obras do canal.
2.	Assinala a unidade técnica que as obras do primeiro trecho, objeto do Contrato nº 1/1993, encontram-se em fase final (97% de execução), e as obras do segundo trecho, objeto do Contrato nº 10/2007, estão em fase inicial. As obras da tomada d'água, da estação elevatória, do primeiro conjunto sifão e adutora dos quatro previstos para funcionamento completo do canal, foram concluídas no âmbito do Contrato nº 3/1992. Os Contratos nº 18/2010, 19/2010 e 58/2010, firmados para execução dos Trechos 3, 4 e 5, respectivamente, e que correspondem aos quilômetros de 64,7 a 150, foram assinados e aguardam emissão de ordem de serviço para o início das obras. O restante das obras do canal, até o quilômetro 250, ainda não foi licitado.
3.	Na auditoria realizada em 2010 foram detectados indícios de sobrepreço nos Contratos nº 18/2010, 19/2010 e 58/2010, o que motivou a prolação do Acórdão nº 3.146/2010-Plenário contendo indicativo de paralisação dos referidos ajustes. Todavia, o Comitê de Avaliação das Informações sobre Obras e Serviços com Indícios de Irregularidades Graves (COI), do Congresso Nacional, decidiu, com fulcro no art. 95 da LDO/2011, após ouvir os representantes do Ministério da Integração Nacional, não incluir a obra sob enfoque no Anexo VI da LOA 2011, cabendo aos gestores observarem fielmente as determinações constantes da aludida deliberação do TCU.
4.	Por fim, aponta-se a existência de seguro-garantia prestado pela empresa contratada para assegurar a apuração em curso, neste Tribunal, acerca de eventual sobrepreço e superfaturamento detectado em auditorias anteriores, especificamente nos Contratos nº 1/1993 e 10/2007 (TC 003.075/2009-9 e TC 028.502/2006-5).
5.	A seguir apresento os achados de auditoria detectados pela equipe de fiscalização da Secob-4 (peça 23):
“3 - ACHADOS DE AUDITORIA 
3.1 – Insuficiência ou inadequação da garantia prestada pela contratada, para assegurar o resultado da apuração em curso no Tribunal de Contas da União acerca de eventual dano ao Erário.
3.1.1 – Tipificação do achado: 
Classificação – grave com recomendação de paralisação (IG-P)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO – A irregularidade se enquadra no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei 12.017/2009 (LDO/2010), pois é materialmente relevante em relação ao valor total contratado, uma vez que o seguro-garantia ofertado não resguarda de forma eficiente a decisão definitiva do TCU acerca do sobrepreço verificado no Contrato 10/2007.
3.1.2 – Situação encontrada: 
Foi verificado que a garantia ofertada pela contratada, para a continuidade das obras em apreço, não resguarda o resultado final da apuração em curso no Tribunal de Contas da União, sobre os indícios de sobrepreço e superfaturamento apontados nos Contratos 1/1993 e 10/2007 (TC 003.075/2009-9 e TC 028.502/2006-5).
Conforme o item 1 (Objeto) das Condições Especiais do Seguro-Garantia Judicial Ampla Defesa, constante da Apólice 1.50.4000110, apresentada pela Seinfra/AL, a execução da aludida garantia NÃO está condicionada à deliberação administrativa de mérito do TCU, mas ao trânsito em julgado de ação judicial, impetrada no âmbito do Poder Judiciário, para a discussão daquela decisão lavrada por esta Corte de Contas. Nesse ponto, cumpre transcrever as disposições do item da apólice em exame, IN VERBIS:
‘’A cobertura desta apólice, limitada ao valor da garantia, somente terá efeito depois de transitada a decisão proferida pelo TCU e, SE HOUVER AÇÃO JUDICIAL AJUIZADA PARA A DISCUSSÃO DESTA, APÓS PROFERIDA DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO, cujo valor da condenação ou da quantia acordada não haja sido paga pelo Tomador quando exigível.’’
Conforme o art. 757 do Código Civil, pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. 
No presente caso, embora a segurada seja a Seinfra/AL, conforme os termos estabelecidos na apólice, o seguro firmado tem como objetivo atender a interesse legítimo mediato do Tribunal de Contas da União, no exercício de suas competências constitucionais de zelar pela correta aplicação dos recursos públicos federais. Tanto é assim que o subitem 9.1 do Acórdão 2.860/2008-TCU-Plenário, firmado no âmbito do TC 028.502/2006-5, ao prever a possibilidade de substituição das retenções cautelares por garantias, dispôs que tais garantias deveriam ser ‘’revestidas de abrangência suficiente para ASSEGURAR O RESULTADO DA APURAÇÃO EM CURSO NO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO acerca de eventual dano ao Erário, decorrente dos Contratos 01/1993-CPL/A e 10/2007-CPL/AL.’’
Ora, partindo do próprio significado etimológico da expressão ‘’garantia’’, não poderia ser outra a conclusão tomada em face da presente questão. Se GARANTIR significa LIVRAR, DEFENDER, ACAUTELAR, ou seja, PREVENIR e PRECAVER (IN Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, versão eletrônica), é evidente que a garantia admitida por este Tribunal, como alternativa à paralisação e a retenção de valores, nas obras do Canal do Sertão, somente pode ter como escopo RESGUARDAR sua própria deliberação de mérito, acerca dos indícios de dano ao erário em apuração nesta Corte de Contas (TC 003.075/2009-9 e TC 028.502/2006-5).
Esperar o trânsito em julgado de decisão judicial, para poder executar a referida garantia, não constitui vantagem adicional significativa ao interesse público, defendido administrativamente por este Tribunal, de ver ressarcidos os cofres da União por conta de danos perpetrados ao erário. Isso porque, após o esgotamento de todas as instâncias judiciais, ou seja, após a discussão judicial de seu título executivo extrajudicial (acórdão), a União, por meio da Advocacia Geral da União, já tem à disposição todos os meios executivos estabelecidos no Código Processual Civil – CPC, para a execução por quantia certa, podendo, no caso, antes de expropriar os bens do devedor (arts. 646 e 647), usar dos seguintes meios previstos na lei adjetiva:
- penhora de dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; de veículos de via terrestre; de bens móveis em geral; de bens imóveis; navios e aeronaves; de ações e quotas de sociedades empresárias; de percentual do faturamento de empresa devedora; de pedras e metais preciosos; de títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; de títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; de outros direitos (arts. 652, §§ 1º, 2º e 3º, e 655); 
- cautelarmente, arresto (art. 813) e sequestro (art. 822).
Nesse ponto, cumpre mencionar a definição de medida cautelar,segundo a lição do doutrinador Humberto Theodoro Júnior, IPSIS LITTERIS:
‘’A providência concreta tomada pelo órgão judicial para eliminar uma situação de perigo para direito ou interesse de um litigante, mediante conservação do estado de fato ou de direito que envolve as partes, DURANTE TODO O TEMPO NECESSÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO PRINCIPAL. Isto é, durante todo o tempo necessário para o desenvolvimento para a definição do direito no processo de conhecimento ou pra a realização coativa do direito do credor sobre o patrimônio do devedor, no processo de execução.’’ (THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil; vol. II, 19ª �x. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 362-363) 
Dessa forma, o seguro-garantia firmado pela empresa Construtora Queiroz Galvão, ora apresentada pela Seinfra/AL, na medida em que condiciona o pagamento da indenização à DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO, não atende ao propósito de resguardar a apuração em curso do Tribunal de Contas da União, razão pela qual deve ser REJEITADA, como medida de cautela adequada para evitar a consumação dos danos verificados nas obras do Canal de Sertão (Contratos 1/1993 e 10/2007).
DA ADEQUAÇÃO DA MANIFESTAÇÃO DO TRIBUNAL ACERCA DA ACEITAÇÃO DO SEGURO-GARANTIA APRESENTADO PELA EMPRESA.
Nesse ponto, passa-se a abordar questão processual relevante, que, se analisada de forma inadvertida, pode levar ao cometimento de equívoco jurídico.
Por meio do item 9.1 do Acórdão 1.332/2009-TCU-Plenário, proferido no âmbito do TC 028.502/2006-5, este Tribunal considerou observada a deliberação contida no item 9.1 do Acórdão 2.860/2008-TCU-Plenário, desde que, nos itens 5.1 e 6.1 das condições especiais e no objeto da Apólice de Seguro-Garantia apresentada, fosse acrescentado o processo TC 003.075/2009-9. Dito de outra forma, este Tribunal deliberou que a Seinfra/AL, se quisesse, poderia aceitar a garantia ofertada, nos termos estabelecidos nos aludidos acórdãos.
Em face do exposto, poder-se-ia argumentar que a apólice ora em análise, por fazer menção ao aludido processo, atenderia aos critérios de aceitação estabelecidos na referida deliberação deste Tribunal, não podendo, assim, ser questionada e daí impugnada, novamente por este Tribunal.
Acerca do assunto, cumpre registrar que a solução do problema jurídico proposto passa pela análise da natureza jurídica das deliberações tomadas pelo Tribunal, no presente caso concreto. Sobre o tema, ressalta-se que o item 9.1 do Acórdão 1.332/2009-TCU-Plenário, ao deliberar acerca da aceitação de seguro-garantia, como alternativa à retenção ou a paralisação de uma obra, constituiu provimento jurídico-administrativo de natureza cautelar. Isso porque a medida nele tratada – aceitação de seguro-garantia – apreciou tutela provisória de urgência voltada à preservação da eficácia da decisão de mérito da questão discutida no processo, no caso a existência de sobrepreço e superfaturamento nos Contratos 1/1993 e 10/2007.
Como todo e qualquer provimento cautelar, o conteúdo da deliberação tratada no item 9.1 do Acórdão 1.332/2009-TCU-Plenário NÃO FEZ COISA JULGADA MATERIAL – no âmbito deste Tribunal, nem coisa julgada formal, dada a ausência de previsão, em nosso Regimento Interno, de um processo eminentemente cautelar -, razão pela qual pode a matéria abordada ser objeto de discussão e exame, a qualquer tempo, por esta Corte de Contas, sempre que subsistirem circunstâncias novas, não discutidas ou insuficientemente examinadas anteriormente no processo.
Nesse sentido, cumpre transcrever o art. 807 do CPC, de aplicação subsidiária ao processo deste Tribunal, IN VERBIS: As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo antecedente [30 dias] e na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer tempo, ser revogadas ou modificadas.
Acerca da impossibilidade de os provimentos cautelares fazer coisa julgada material, faz-se oportuno trazer à baila a lição do processualista italiano Pieri Calamandrei, IPSIS LITTERIS:
‘’(...) os procedimentos cautelares podem ser considerados como emanados com a cláusula REBUS SIC STANTIBUS, posto que eles não contêm a declaração de uma relação esgotada no passado e destinada, por isso, a permanecer através do trânsito em julgado, imutável para sempre; mas constituem para projetá-la no futuro uma relação jurídica nova (relação cautelar), que visa viver e então a transformar-se a dinâmica da vida o exige.’’ (CALAMANDREI, Piero. Introdução ao estudo sistemático dos procedimentos cautelares; tradução: Carla Roberta Andreasi Bassi, Campinas, Servanda, 2000, p. 98.)
Nesse mesmo diapasão, invocam-se os processualistas Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, IN VERBIS:
‘’(...) para que possa ocorrer coisa julgada material, é necessário que a sentença seja capaz de declarar a existência ou não de um direito. Se o juiz não tem condições de declarar a existência ou não de um direito (em razão de não ter sido concedida às partes ampla oportunidade de alegação e produção de prova), o seu juízo – que na verdade formará uma ‘declaração sumária’ – não terá força suficiente para gerar a imutabilidade típica da coisa julgada. Se o juiz não tem condições de conhecer os fatos adequadamente (com cognição exauriente) para fazer incidir sobre estes uma norma jurídica, não é possível a imunização da decisão judicial, derivada da coisa julgada material.’’ (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Manual do Processo de Conhecimento. 3ª �x. ª. Atual e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 614.)
Desse modo, conclui-se que as medidas cautelares podem ser revogadas e alteradas a qualquer tempo pelo Relator ou pelo Tribunal, segundo as situações concretas do momento, desde que verificadas novas circunstâncias que desaconselhem a manutenção da medida cautelar previamente concedida.
Portanto, é plenamente aceitável, sob o ponto de vista processual, que, em face de elementos juntados por ocasião das fiscalizações, seja constatado que uma garantia ou uma retenção é insuficiente para resguardar o erário. Dito de outra forma, são sempre possíveis propostas de reforço de garantia ou de retenção (de valor), de inclusão/revisão de cláusulas em seguros-garantia, e de substituição de uma medida cautelar por outra, sempre que houver motivos novos para tanto.
No presente caso, destaca-se que a questão da vinculação da garantia à decisão judicial não foi apreciada pelo Relator, no voto condutor do Acórdão 1.332/2009-TCU-Plenário. Nesse sentido, aponta-se que não constou das razões de decidir do aludido aresto qualquer menção sobre a adequação da vinculação da garantia ofertada à decisão judicial final de mérito, razão pela qual se entende que a presente questão, por não ter sido incluída na matéria discutida e posta à discussão pelo Plenário, pode perfeitamente ser objeto de análise e deliberação, em nova decisão desta Corte de Contas.
Ante todo o exposto, resta configurada a inadequação da garantia prestada pela contratada, para assegurar o resultado da apuração em curso no Tribunal de Contas da União acerca de eventual dano ao Erário.
3.1.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado: 
(IG-C) – Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
(IG-P) – Contrato 10/2007 – CPL/AL, 23/6/2010, Obras e Serviços de Execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os Km 45 e Km 64,7; Sistema e Instalações Elétricas e de Bombeamento relativos à Estação Elevatória do sistema de Adução do Canal; e Implantação dos Perímetros de Irrigação Pariconha I e Pariconha II, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 66.109.998,86
3.1.4 – Causas da ocorrência do achado: 
Deficiências de controles
3.1.5 – Critérios: 
Acórdão 2860/2008, TCU, Plenário
Acórdão 1332/2009, TCU, Plenário
Constituição Federal,art. 37, caput 
Lei 5869/1973, art. 807
Lei 8666/1993, art. 3º
Lei 10406/2002, art. 121; art. 122; art. 123; art. 757
3.1.6 – Evidências: 
Apólice Canal do Sertão, folhas 1/7.
Sobrepreço Apurado no Contrato 10-2007 - Instrução de fls. 516-519 – TC 028.502-2006-5, folhas 1/5.
3.1.7 – Esclarecimentos dos responsáveis: 
Acerca do assunto, o Secretário de Estado da Infraestrutura de Alagoas, Sr. Marco Antônio de Araújo Fireman, protocolou o Ofício 405/2011/SEINFRA/GS, por meio do qual trouxe as argumentações expostas a seguir.
De início, o gestor público rememorou o contexto em que a garantia em exame foi firmada, tendo mencionado as deliberações que trataram sobre o assunto, especificamente os Acórdãos 2.860/2008-TCU-Plenário e 1.332/2009-TCU-Plenário. Nesse sentido, aduziu que o seguro-garantia (instituto diferente de fiança bancária) foi aceito pela Seinfra/AL no montante pactuado, tendo havido a estrita observância da dicção do Acórdão 1.332/2009-TCU-Plenário.
Sobre a matéria questionada no presente item do relatório, o Secretário da Seinfra/AL ponderou que o achado deve ser tratado como uma questão de exegese, de interpretação da cláusula da apólice.
Após transcrever o item do contrato de seguro em questão, o agente público argumentou que a primeira parte da citada cláusula é clara ao afirmar que a cobertura da apólice, limitada ao valor da garantia, terá efeito depois de transitada a decisão proferida pelo TCU. Somente SE houver discussão judicial sobre tal decisão é que seu efeito se daria após o trânsito em julgado desta.
Dessa forma, o gestor aduziu que a questão passa a ser temporal – oportunidade de execução da garantia – e não de insuficiência ou inadequação daquela, podendo a empresa conformar-se com eventual decisão administrativa que lhe venha a ser desfavorável e fazer valer o seguro contratado. Segundo o defendente, a decisão do TCU e sua eficácia estão asseguradas, atendendo aos ditames do Acórdão cujo cumprimento agora se discute.
Continuando o feito, o titular da Seinfra/AL asseverou que não há que se falar em vinculação da garantia à decisão judicial, como entendeu a auditoria. Nesse sentido, ponderou que “(...) ao revés, ela está VINCULADA AO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO ADMINISTRATIVA e, vai mais além, ao garantir também sua eficácia à decisão definitiva em processo judicial, direito este inarredável da parte, de índole constitucional, erigido ao STATUS de direito fundamental, nos termos do inciso XXXV do art. 5° da CF/88, cujo exercício não pode ser afastado ou suprimido.”
Desse modo, o Secretário da Seinfra/AL argumentou que não se trata, assim, de fato novo a permitir nova análise por parte do TCU, ou que haja motivos novos para tanto, mas de interpretação diferente de um mesmo fato, dada pela auditoria, o que não se afigura possível, posto que mesmo que não tenha sido a atual apólice analisada, foram os princípios sobre os quais ela foi contratada exaustivamente dissecados pelo DECISUM colegiado.
Acerca da afirmação trazida pela auditoria, no sentido de que a União, através de sua Advocacia Geral da União (AGU), tem à disposição todos os meios executivos estabelecidos no Código de Processo Civil para execução de quantia certa — no caso a quantia apurada em acórdão que tem eficácia de título executivo extrajudicial – podendo penhorar dinheiro, bens, títulos, direitos, etc., utilizar-se do arresto, sequestro, expropriar bens do devedor, entre outros mecanismos de satisfação de seu crédito, o agente público aduziu que tal ideia só faz corroborar a sua tese de que o seguro-garantia é, como o próprio nome diz, uma garantia de satisfação do crédito, um PLUS em relação ao apurado em tomada de contas especial, um reforço de resguardo do patrimônio, uma certeza de que administrativa ou mesmo judicialmente os cofres públicos estão salvaguardados.
Nesse passo, ponderou que, se assim não fosse, sequer seria preciso a garantia ora discutida, dado que, de fato, a União, através da AGU, tem todos os meios legais para se ver ressarcida de eventual prejuízo, podendo fazê-lo a qualquer tempo.
Por fim, o Secretário da Seinfra/AL argumentou que seria ‘’(...) por demais penoso ao Estado de Alagoas paralisar uma obra tão importante para o desenvolvimento do Estado, como ressaltado na parte introdutória do próprio RELATÓRIO PRELIMINAR e já reconhecido pelo r. TCU, ou mesmo impedir que recursos financeiros sejam destinados à conclusão da obra apenas por uma questão de interpretação de cláusula contratual, uma vez que a função do seguro-garantia está atendida em sua plenitude e resguardado está o Erário da União e do Estado de Alagoas.’’
Em face do exposto, concluiu que a garantia constante da Apólice 1.50.4000110 e os termos de suas Condições Especiais do Seguro-Garantia Judicial Ampla Defesa deve ser aceita como suficiente e adequada para assegurar o resultado da apuração em curso perante essa r. Corte de Contas.
3.1.8 – Medidas corretivas: 
Exigir e obter da empresa contratada, caso haja interesse desta em continuar as obras de execução e do Canal Adutor do Sertão Alagoano, Trecho 2, correspondente ao Contrato 10/2007, a alteração da Apólice 1.50.4000110, mediante endosso, ou, caso não seja possível, a apresentação de novo seguro-garantia, no qual conste como única condição, para o pagamento da indenização ao segurado, o inadimplemento das obrigações imputáveis ao Tomador, decorrentes de determinação pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no processo TC 028.502/2006-5 e/ou no processo TC 003.075/2009-9, após o esgotamento dos recursos administrativos admitidos no ordenamento jurídico, PERANTE O TCU, ou seja, após transitada em julgado a decisão administrativa proferida pelo TCU, que deliberar sobre a existência de superfaturamento ou sobrepreço em qualquer um dos aludidos processos.
3.1.9 – Conclusão da equipe: 
De pronto, registra-se que os esclarecimentos trazidos pelo Secretário da Seinfra/AL não se mostraram suficientes para elidir o presente achado de auditoria. Dito isso, passa-se à discussão individual dos principais argumentos juntados na peça apresentada pelo defendente, os quais, em linhas gerais, não lograram êxito em demonstrar a suficiência da apólice apresentada, para o fim de resguardar a decisão final de mérito do TCU.
 Com relação ao argumento de que a presente irregularidade constitui uma questão de interpretação, aponta-se que a conclusão a que chegou a equipe de auditoria, no sentido de que a garantia então prestada não resguarda a decisão definitiva deste Tribunal, decorre da mera leitura da cláusula primeira das condições especiais da apólice. Nesse sentido, não é necessário maiores esforços hermenêuticos para se constatar a insuficiência do seguro-garantia ofertado, para o propósito de preservar a efetividade da decisão final desta Corte de Contas, na medida em que a execução desta somente ocorrerá após o trânsito em julgado da decisão judicial, eventualmente instaurada pelo tomador do seguro para discutir a deliberação administrativa prolatada pelo TCU. Trata-se, portanto, de interpretação literal da cláusula em apreço, de conclusão advinda da simples leitura do enunciado nela expresso.
Nesse ponto, deve-se ressaltar que NÃO constitui questão menor o fato de que a abertura de processo judicial, por parte da empresa Construtora Queiroz Galvão S.A., tomadora do seguro, constitui mera possibilidade, que pode ou não se materializar. É justamente essa a questão fulcral onde reside a inadequação ou insuficiência do seguro, uma vez que, da forma em que foi ajustado, a efetividade do seguro está condicionada ao arbítrio e a liberalidade da parte que será atingida pela decisão desta Corte de Contas, o que constitui medida estranha a vários princípios aplicáveis à espécie. Afinal, colocar o interesse público nas mãos de um ente estranho à Administração Pública, especificamente, de um particular, contraria o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse particular e os princípios constitucionaisda moralidade e da impessoalidade (finalidade pública), constituindo, portanto, ato passível de correção ou de sustação de efeitos.
Ademais, ainda que fosse possível à Seinfra/AL dispor do interesse público, sujeitando-o à vontade de um particular, ou seja, ainda que se admitisse, no presente caso, que a Construtora Queiroz Galvão S.A. decidisse, em termos práticos, se o seguro-garantia ofertado seria executado ou não após a decisão do TCU, o que se faz apenas para argumentar; é preciso destacar que a possibilidade aventada pelo defendente – de a tomadora do seguro NÃO ingressar na justiça para discutir eventual decisão contrária do TCU -, de tão remota, constitui uma condição praticamente impossível.
A respeito da validade e da existência das cláusulas condicionais, cumpre trazer à baila as disposições do Código Civil, as quais se amoldam perfeitamente à situação concreta examinada, IPSIS LITTERIS:
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições DEFESAS se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou O SUJEITAREM AO PURO ARBRÍTRIO DE UMA DAS PARTES.
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I – as condições física ou juridicamente IMPOSSÍVEIS, quando suspensivas;
De início, a cláusula em análise se mostra irregular por sujeitar sua efetividade, perante o TCU, ao puro arbítrio de uma das partes, IN CASU, a Construtora Queiroz Galvão S.A..
Ademais, a condição estabelecida para a execução imediata da apólice, após a decisão do TCU – a tomadora não ingressar na justiça -, de tão improvável, possui, em termos práticos, a natureza de condição impossível (um não fazer impossível). Ora, se a eventual deliberação desta Corte de Contas sobre a ocorrência de superfaturamento no contrato impingirá um prejuízo à esfera patrimonial da empresa contratada, é esperado que a parte sucumbente exerça o seu direito inarredável previsto no inciso XXXV do art. 5° da CF/88, conforme bem lembrado pelo defendente. Até porque, segundo a cláusula oitava da apólice, paga a indenização, a seguradora (Itaú Seguros S.A.) sub-rogar-se-á nos direitos do Segurado (Seinfra/AL) contra a tomadora (Construtora Queiroz Galvão S.A.), condição que inevitavelmente compelirá a tomadora a evitar a imediata execução da apólice, utilizando, portanto, a permissão contida no item 1 das condições especiais, qual seja, a discussão do assunto na esfera judicial.
Em termos práticos, a apólice em questão poderá ser executada somente após o esgotamento de todas as instâncias judiciais cabíveis, o que constitui uma hialina prova de inefetividade do seguro-garantia para o propósito de resguardar o TCU. Dessa forma, não assiste razão ao Sr. Marco Antônio de Araújo Fireman.
No tocante à assertiva do gestor público de que a apólice em análise também garante ‘’sua eficácia à decisão definitiva em processo judicial’’, deve-se deixar claro que o que interessa ao TCU não é o seguro-garantia assegurar a decisão definitiva do processo judicial, mas sim, resguardar a deliberação transitada em julgada desta Corte de Contas, o que não ocorre no presente caso. Conforme ressaltado anteriormente, após a decisão judicial final, a União já detém dos meios executórios admitidos em direito para executar suas dívidas, inclusive cautelares, não implicando o seguro-garantia, nos termos ofertados, uma vantagem adicional relevante para o MISTER de ressarcir os cofres públicos.
No tocante à alegação de que não se trata de fato novo, mas de mera interpretação nova de fato já existente, é preciso ressaltar que fato novo, conforme De Plácido e Silva (Vocabulário Jurídico volumes I e II, Rio de Janeiro, Forense, 1996, p. 274), ‘é o fato que ainda não tinha sido alegado, ou porque era desconhecido ou porque surgiu depois que outros fatos se tenham provado’.
No presente caso, registra-se que o item idêntico da apólice anterior não foi discutido por este Tribunal. É preciso repisar que o TCU não deliberou, no Acórdão 1.332/2009-TCU-Plenário, segundo se depreende das razões de seu voto, se a apólice então apresentada resguardava a decisão final transitada em julgada pelo TCU. Trata-se, portanto, de matéria nova, não apreciada pela Corte de Contas naquela oportunidade.
Ainda que assim não o fosse, o que se faz apenas para argumentar, há de se repisar as ilações anteriores acerca do caráter mitigado da noção de coisa julgada em deliberações de natureza cautelar, como a prolatada no item 9.1 do Acórdão 1.332/2009-TCU-Plenário. Nesse sentido, cumpre destacar que o ponto fundamental a ser levado em conta, em situações do tipo, é a suficiência ou não da medida acautelatória adotada, para o propósito de resguardar a decisão final de mérito. Percebendo-se, no curso do tempo, que a decisão cautelar é insuficiente e expõe a decisão final ao risco de ser inefetiva, é assente o Poder-Dever do Estado-Juiz de corrigir a situação, o que o faz, no presente caso, com base no princípio da indisponibilidade do interesse público, mediante a expedição de nova decisão corrigindo e reforçando a medida de cautela anteriormente imposta (impondo a alteração do seguro-garantia, na presente situação). Também nesse ponto, falece razão ao argumento do defendente.
Quanto à assertiva do Secretário da Seinfra/AL de que o fato de a União ter à disposição todos os meios executivos estabelecidos no Código de Processo Civil para execução de quantia certa corrobora que o presente seguro é uma garantia de satisfação do crédito; é preciso destacar que o que o TCU almeja, ao prever e admitir uma medida cautelar que preserve a sua decisão final de mérito, é justamente evitar as dificuldades da discussão da matéria na esfera judicial. 
Essa é a razão maior de o TCU, ao invés de paralisar uma obra com indícios de sobrepreço e posteriormente de superfaturamento, ter optado por impor uma medida cautelar (seguro-garantia): ser a opção adotada uma alternativa efetiva e rápida, frente à alternativa da discussão judicial, para a devolução dos valores que estão sendo pagos a maior, por conta dos superfaturamentos apurados em decisão definitiva do TCU. E tal objetivo, conforme demonstrado anteriormente, não foi atingido pelo seguro-garantia em exame, o qual está condicionado, conforme visto, à decisão final transitada em julgado a ser lavrada em processo judicial. Por mais esse motivo, não prospera o argumento trazido pelo defendente.
Por fim, quanto às ponderações juntadas acerca da importância da obra para o desenvolvimento da região, é preciso ressaltar que se há o custo social relacionado à paralisação de uma obra pública, é evidente que também há um custo social associado ao pagamento de uma obra com indícios de sobrepreço e superfaturamento, sem que sejam oferecidas garantias seguras de que os supostos pagamentos a maior, se confirmados em decisão definitiva pelo órgão máximo de controle externo da Administração Pública Federal, serão rapidamente devolvidos aos cofres públicos.
Considerando o valor total do indício de superfaturamento até então apurado nos Contratos 01/1993-CPL/A e 10/2007-CPL/AL, R$ 66.109.998,86; a condição social do Estado de Alagoas, um dos mais pobres da região Nordeste, com várias demandas sociais em outros setores, a exemplo da saúde, educação e habitação; e o custo de oportunidade do referido montante, que poderia ser alocado em outras obras importantes para o desenvolvimento do estado de Alagoas; a falta de certeza ou a procrastinação quanto à devolução de tal quantia impõe também um prejuízo considerável à população da região, que se vê premida de outros benefícios sociais eventualmente obtidos na hipótese de o montante superfaturado ser utilizado em outras obras da região.
Outrossim, é preciso registrar que o princípio constitucional da economicidade reveste-sede importância basilar quando da gestão de recursos públicos. O valoroso intento de promover o desenvolvimento econômico do país ou de uma região não pode servir de desculpa para se desprezar princípios constitucionais sensíveis, sob pena de se criar um poderoso álibi, um autêntico salvo conduto para a prática de atos ilícitos e/ou danosos ao erário. A promoção do progresso do país deve conviver harmonicamente com os vetores da legalidade, da moralidade, da eficiência e da economicidade. Não há fim legítimo sem um meio justo.
Se a opção processual foi permitir a continuidade de uma obra contendo indícios de sobrepreço, apurados em várias análises promovidas por diversas unidades técnicas que se debruçaram sobre o assunto, exige-se ao menos que a medida cautelar ofertada à Seinfra/AL, IN CASU o seguro-garantia, seja um instrumento capaz e idôneo para assegurar a efetividade da decisão definitiva de mérito do TCU. No presente caso, o seguro-garantia deve possibilitar a incondicionada devolução de recursos aos cofres da União, imediatamente após a confirmação do superfaturamento em deliberação administrativa desta Corte de Contas. Também quanto ao presente argumento, não assiste razão ao defendente.
Ante todo o exposto, resta demonstrada a inadequação da garantia prestada pela contratada, para assegurar o resultado da apuração em curso no Tribunal de Contas da União acerca de eventual dano ao Erário.
Superada a questão controvertida, passa-se à análise da responsabilidade e da medida processual adequada ao caso.
Acerca do primeiro ponto, entende-se que, a despeito da inadequação e insuficiência do seguro-garantia, não se faz possível imputar responsabilidade a qualquer agente administrativo da Seinfra/AL. Isso porque a aceitação do seguro-garantia, nos moldes apresentados e ora criticados, se deu em face do Acórdão 1.332/2009-TCU-Plenário, que não abordou a questão relevante, ora suscitada no presente trabalho. Desse modo, conclui-se que não está evidente qualquer conduta ilícita do corpo administrativo daquela Seinfra, não estando presente, no caso, qualquer ato ou omissão culposa da Seinfra/AL, que se insira no nexo de causalidade do achado em exame.
Inobstante o exposto, faz-se premente avaliar a proposta de adoção, nesse momento, de medidas de cautela, visando salvaguardar a efetividade das decisões de mérito do TCU nos processos TC 028.502/2006-5 e TC 003.075/2009-9, as quais não estão asseguradas pelo insuficiente e inadequado seguro-garantia apresentado.
No que se refere ao Contrato 1/1993, o estágio avançado da obra (97%) conduz à conclusão de que a sua paralisação, no atual estágio, até que se obtenha novo seguro-garantia, não se mostra a providência adequada, sob o ponto de vista da preservação do interesse público. Isso porque os custos de desmobilização e nova mobilização, para a conclusão do remanescente da obra, são proporcionalmente significativos com relação ao valor total residual da obra. Nesse ponto, entende-se presente o perigo da demora reverso, a exigir a continuidade da obra, visando a sua iminente conclusão. No presente caso, a obtenção da nova garantia pode se dar paralelamente à conclusão do presente contrato, sem prejuízo da continuidade da apuração do superfaturamento, no âmbito do processo de tomada de contas especial, ora em tramitação no TCU (TC 003.075/2009-9).
Com relação ao Contrato 10/2007, a situação é diametralmente oposta. Dado o estágio inicial da avença (5,1%), os custos decorrentes da paralisação da execução financeira do empreendimento, até que seja ofertada uma nova garantia que assegure a efetividade da decisão definitiva desta Corte de Contas, acerca da ocorrência de sobrepreço/superfaturamento no ajuste (TC 028.502/2006-5), não se mostram materialmente relevantes frente ao saldo residual do ajuste, não estando presente, na espécie, relevante perigo da demora reverso.
No presente caso, restam configurados, pelo contrário, os requisitos para a concessão de medida cautelar de suspensão dos pagamentos dos itens com sobrepreço do Contrato 10/2007, até que seja corrigida a situação ora apontada como irregular. 
O perigo da demora consubstancia-se na contínua consumação de danos ao erário não acobertados por uma garantia apta a resguardar a efetividade da deliberação do TCU. A continuidade nos pagamentos dos referidos serviços importará o aumento seguido dos prejuízos perpetrados aos cofres da União, uma vez que os sobrepreços apurados no TC 028.502/2006-5 se converterão em superfaturamento, a cada medição efetuada e paga, sem que haja um seguro-garantia efetivo para assegurar a pronta reparação dos danos materializados.
Já a fumaça do bom direito traduz-se na expressiva probabilidade de que os atos praticados no âmbito da presente contratação, conforme o conjunto de evidências exaustivamente trazido nos diversos processos conexos que tratam do assunto (TC 028.502/2006-5 e TC 003.075/2009-9), tenham violado a legislação que disciplina a matéria e seus princípios norteadores, notadamente o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, o art. 3º, da Lei 8.666/1993, e o art. 127 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011) – para citar o dispositivo da LDO mais recente que trata da obrigatoriedade de os custos unitários estarem abaixo dos custos de referência.
Assim, entende-se adequada a expedição da seguinte medida cautelar:
- à Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas (Seinfra/AL), a fim de que se abstenha de efetuar quaisquer pagamentos, com recursos federais, dos serviços do Contrato 10/2007 com preços unitários superiores aos indicados no TC 028-502/2006-5, juntados por cópia ao presente processo, conforme evidência intitulada ‘’Sobrepreço Apurado no Contrato 10-2007 – Instrução de fls. 516-519 – TC 028.502-2006-5’’, até que o Tribunal decida acerca do mérito das questões apontadas no presente item deste relatório ou até que sejam sanadas as graves deficiências ora evidenciadas.
Em atendimento ao art. 276, § 3º, do Regimento Interno, propõe-se a oitiva das partes envolvidas, no caso a Seinfra/AL e a Construtora Queiroz Galvão S.A., para que se pronunciem sobre a adoção da referida medida cautelar.
Por fim, entende-se adequada a expedição de comunicação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei 12.309/2010 (LDO/2011), no Contrato 10/2007, relativo às obras e serviços de execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os Km 45 e Km 64,7(Canal do Sertão, trecho 2, Alagoas), com potencial dano ao erário de R$ 66.109.998,86 (valor da apólice), e que seu saneamento depende da adoção da seguinte medida pela Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas (Seinfra/AL): exigir e obter da empresa contratada, caso haja interesse dessa em continuar as obras de execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, Trecho 2, correspondente ao Contrato 10/2007, a alteração da Apólice 1.50.4000110, mediante endosso, ou, caso não seja possível, a apresentação de novo seguro-garantia, no qual conste como única condição para o pagamento da indenização ao segurado o inadimplemento das obrigações imputáveis ao Tomador, decorrentes de determinação pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no processo TC 028.502/2006-5 e/ou no processo TC 003.075/2009-9, após o esgotamento dos recursos administrativos admitidos no ordenamento jurídico, PERANTE O TCU, ou seja, após transitada em julgado a decisão administrativa a ser proferida pelo TCU, deliberando sobre a existência de superfaturamento ou sobrepreço em qualquer um dos aludidos processos;
3.2 – As condicionantes da Licença de Instalação não estão sendo atendidas.
3.2.1 – Tipificação do achado: 
Classificação – grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO – A irregularidade não se enquadra no conceito de irregularidade grave do incisoIV, parágrafo 1° do art. 94 da Lei 12.309/2010, por não ser materialmente relevante em relação ao valor total contratado e por não ensejar a nulidade do contrato.
3.2.2 – Situação encontrada: 
As condicionantes ambientais estabelecidas pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) na licença de instalação 41/09, referentes à implantação das obras do Canal Adutor do Sertão Alagoano, não estão sendo atendidas pela Seinfra/AL. Ademais, a Secretaria não solicitou autorização específica para a instalação do canteiro de obras e para a supressão de vegetação e não providenciou o licenciamento das jazidas de material para aterros, em desatendimento às prescrições da Lei Estadual 6.787/2006 e das condicionantes ambientais consignadas na licença de instalação 41/2009.
A licença, emitida em 18/8/2009 e com validade até 2/7/2011, abrange todos os 42 municípios alagoanos na área de influência do canal ao longo de seus 250 km, tendo relacionado treze condicionantes a serem atendidas pela Seinfra/AL. Dessas, cinco exigem a elaboração de programas de assistência e informação à população atingida pelas obras, nas áreas de educação, saúde e reassentamento. Outras duas relacionam atividades de identificação e preservação do patrimônio histórico e cultural da região. As demais condicionantes são providências a serem tomadas pela Seinfra/AL relativas às atividades que exigem avaliação ou autorizações específicas do IMA/AL, tais como: disposição de resíduos sólidos, supressão vegetal, instalação de canteiro de obras e exploração de jazidas.
Instada a se manifestar sobre o atendimento das condicionantes ambientais (Ofícios de Requisição 2-2006/2011 e de Reiteração 2-206/2011), a Seinfra/AL informou, por meio do Ofício 24/2011-SPE/SEINFRA, que foram iniciadas as providências pertinentes e que a Secretaria e o IMA/AL estariam formando equipe técnica conjunta para cumprimento e acompanhamento das condicionantes da licença de instalação. Dessa forma, constata-se que, a despeito do andamento das obras, o atendimento das condicionantes não se iniciou efetivamente. 
O não atendimento de três condicionantes deve ser ressaltado por contrariar, além das exigências consignadas na licença de instalação, a legislação estadual aplicável (Lei Estadual 6.787/2006): a exigência de autorização específica para a supressão de vegetação, de aprovação para instalação do canteiro de obras e de licenciamento das jazidas de empréstimo para materiais de aterro. Sobre o assunto, ressalta-se que as obras do trecho 2 (km 45 ao km 64,7) estão em andamento sem que essas condicionantes tenham sido atendidas. Conforme verificado em inspeção de campo e nas informações fornecidas sobre o avanço físico da obra, os serviços de desmatamento e limpeza estão em execução já no km 54 (45% de execução física), o canteiro de obras encontra-se em construção, e quatorze jazidas estão sendo exploradas fora da faixa de domínio do canal e outras estão em fase de avaliação, sem que as providências relacionadas às autorizações exigidas pelo IMA/AL tenham sido tomadas.
Por fim, ressalta-se que apesar de os editais dos trechos 3 a 5 terem sido lançados em 26/11/2009 (Trechos 3 e 4) e 11/05/2010 (Trecho 5), os projetos básicos, especificações e memoriais descritivos em que se basearam esses certames não fizeram menção às exigências previstas na licença de instalação. Tal lapso tem impacto significativo, sobretudo no caso do licenciamento das jazidas, pois a definição de empréstimos exige estudo prévio que deveria ter sido realizado na fase de projeto básico, e sua inexistência implicar a necessidade de adoção de providências posteriores por parte dos contratados para que não ocorram interferências no cronograma das obras.
Dessa forma, resta configurado o não atendimento das condicionantes ambientais previstas na licença de instalação, em desacordo com o art. 8° da Resolução Conama 237/1997.
3.2.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado: 
(IG-C) – Contrato 10/2007 – CPL/AL, 23/6/2010, Obras e Serviços de Execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os Km 45 e Km 64,7; Sistema e Instalações Elétricas e de Bombeamento relativos à Estação Elevatória do sistema de Adução do Canal; e Implantação dos Perímetros de Irrigação Pariconha I e Pariconha II, Construtora Queiróz Galvão S.A.
3.2.4 – Causas da ocorrência do achado: 
Negligência
3.2.5 – Critérios: 
Decreto 99274/1990, art. 17
Lei 6938/1991, art. 10
Lei 6787/2006, art. 4º; art. 5º, inciso II e IV; art. 19
Resolução 237/1997, CONAMA, art. 8º, inciso II
3.2.6 – Evidências: 
Oficio 02-2011-Seinfra/AL - Licença de instalação, folhas 43/45.
Oficio 24-2011-Seinfra/AL - Ofício, folhas 1/2.
Avanço físico da obra, folha 1.
Ofícios - Ofício de Requisição 1-206/2011, folhas 1/2.
Ofícios - Ofício de Requisição 2-206/2011, folha 3.
Ofícios - Ofício de Reiteração 2-206/2011, folhas 8/9.
Oficio 20-2011-Seinfra/AL - Ordem parcial para início dos serviços, folha 16.
Memorial descritivo – Trecho 3 - Trecho km 64,7 ao km 92,93, folhas 1/185.
Memorial descritivo – Trecho 4 - Trecho km 92,93 ao km 123,40, folhas 1/92.
Memorial descritivo – Trecho 5 - Trecho km 123,4 ao km 150, folhas 1/89.
Evidência – ausência de implementação das condicionantes ambientais - Fotos, folhas 1/4.
3.2.7 – Conclusão da equipe: 
A ausência de atendimento das condicionantes ambientais estabelecidas pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) na Licença de Instalação 41/09, bem como a ausência de providências para solicitação e formalização das autorizações para a instalação do canteiro de obras e para supressão de vegetação e de licenciamento das jazidas de material para aterros, configura irregularidade, uma vez que afronta a legislação vigente.
De acordo com a Resolução Conama 237/1997, art. 8°, inciso II, com teor reproduzido pela Lei Estadual 6.787/2006, art. 5º, inciso IV, a licença de instalação autoriza a instalação do empreendimento de acordo com as especificações constantes dos programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante. Dessa forma, as providências consignadas na licença de instalação condicionam a execução das obras ao seu prévio atendimento, sendo que algumas devem ser atendidas ao longo de todo período de construção.
Ainda de acordo com a Lei Estadual 6.787/2006, art. 19, o empreendedor é obrigado a cumprir integralmente as exigências e as condições contidas na licença ambiental, sob pena de suspensão ou cancelamento da licença. Como as condicionantes não foram atendidas e o prazo de validade da licença se aproxima (2/7/2011), a sua não renovação poderá impactar o cronograma da obra. 
Dessa forma, é de se concluir que as obras do trecho 2 do canal não poderiam ter início antes que todas as providências para atendimento das condicionantes estivessem equacionadas. Assim, os gestores que emitiram a ordem de serviço para início das obras, no âmbito do contrato 10/2007, são os responsáveis pela irregularidade em apreço, sendo cabível a promoção de suas audiências.
3.2.8 – Responsáveis: 
Nome: Fernando José Carvalho Nunes – CPF: 903.090.494-15 – Cargo: Secretário de Estado de Infra-Estrutura Adjunto (desde 26/12/2007)
Nome: Ricardo Felipe Valle Rego Aragão – CPF: 039.946.138-84 – Cargo: Superintendente de Projetos Especiais (de 1/6/2010 até 12/4/2011)
Conduta: autorizar o início dos serviços de execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano entre os km 45 e o km 64,7, quando deveria ter providenciado o atendimento das condicionantes da Licença de Instalação 41/2009 dentro dos prazos especificados no documento e antes do efetivo início da obra.
Nexo de causalidade: a emissão da ordem de serviço permitiu o início das obras sem o atendimento das condicionantes consignadas na licença de instalação.
Culpabilidade: em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é passível de responsabilização,na medida que se fazia exigível comportamento distinto do adotado pelo agente público, no caso concreto.
3.3 – Inexistência de Termo de Recebimento Definitivo do objeto contratado.
3.3.1 – Tipificação do achado: 
Classificação – grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO – A irregularidade não se enquadra no conceito de irregularidade grave do inciso IV, parágrafo 1° do art. 94 da Lei 12.309/2010, por não ser materialmente relevante em relação ao valor total contratado e por não ensejar a nulidade do contrato.
3.3.2 – Situação encontrada: 
A Seinfra/AL não demonstrou ter oficializado, por meio da emissão de termos circunstanciados, o recebimento das obras objeto do Contrato 3/1992, conforme prescrição do art. 73 da Lei 8.666/1993.
De acordo com o dispositivo legal, após a conclusão dos trabalhos referentes ao contrato, a Seinfra/AL deveria receber, provisoriamente e definitivamente, os serviços executados. Todavia, em que pesem as solicitações efetivadas pela equipe de auditoria por meio dos Ofícios de Requisição 2-206/2011 e de Reiteração 2-206/2011, o órgão não apresentou os aludidos documentos.
O recebimento da obra é ato de grande relevância, pois é o momento em que os vícios, as desconformidades da obra com os projetos e com os termos contratuais e outros problemas devem ser apontados pela Administração, para fins de correção pelo contratado. Nessa lógica, aponta-se que o recebimento definitivo dos serviços está subordinado ao saneamento de todas as falhas identificadas. Ressalta-se ainda que o transcurso de tempo desde a conclusão dos serviços do Contrato 3/1992, em 12/2007, sem a aceitação definitiva das obras, pode dificultar a imputação de responsabilidades quanto à qualidade dos serviços, na medida em que abre espaço a eventuais alegações de que as falhas posteriormente detectadas ocorreram por conta de falhas de manutenção.
Assim, ao não formalizar o recebimento da obra a Seinfra faltou com o seu dever de verificar a adequação do objeto aos termos contratuais, negligenciando as garantias legais relacionadas às obras públicas.
3.3.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado: 
(IG-C) – Contrato 03/92 – CPL/AL, 5/11/1992, Construção das obras da Tomada D´Agua e da Estação Elevatória do Canal do Sertão Alagoano, localizadas às margens do Lago da Usina de Moxóto no Município de Delmiro Gouveia/AL, Construtora Norberto Odebrecht S.A.
3.3.4 – Causas da ocorrência do achado: 
Negligência
3.3.5 – Critérios: 
Lei 8666/1993, art. 73
3.3.6 – Evidências: 
Ofícios - Ofícios de Requisição 2-206/2011, folha 3.
Ofícios - Ofícios de Reiteração 2-206/2011, folha 8.
Oficio 24-2011-Seinfra/AL - Ofício 24, folha 1.
Oficio 02-2011-Seinfra/AL - Ofício 02, folha 2.
3.3.7 – Conclusão da equipe: 
A Lei 8.666/1993, em seu art. 73, preceitua que, executado o contrato de obras, o seu objeto será recebido definitivamente por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observada a determinação de que o contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados.
A Seinfra/AL não demonstrou ter recebido o objeto, e, consequentemente, ter comprovado a sua adequação aos termos contratuais. Conforme § 1º da 7ª cláusula do 1º termo aditivo do Contrato 3/1992, caberia a uma Comissão de Recebimento de Obras a efetiva emissão dos termos de recebimento. Tal comissão tem, portanto, a função de proceder à vistoria nas obras e consignar as incorreções eventualmente constadas, sendo responsável pela emissão final dos termos de recebimento. Conforme o art. 73, inciso II, alínea “b” da Lei 8.666/1993, a atribuição de constituir tal comissão é da autoridade competente que no presente caso é o Secretário de Estado de Infraestrutura à época da conclusão dos serviços. Dessa forma, é de se concluir que a aludida autoridade é a responsável pela irregularidade em apreço, sendo cabível, portanto, a promoção de sua audiência.
3.3.8 – Responsáveis: 
Nome: Marco Antônio de Araújo Fireman – CPF: 410.988.204-44 – Cargo: Secretário de Estado de Infraestrutura (desde 26/12/2007)
Conduta: não adotar providências com vistas ao recebimento definitivo das obras e serviços objeto do Contrato 3/1992, contrariando o art. 73 da Lei 8.666/1993, quando deveria ter designado comissão para vistoria e posterior emissão do termo de recebimento definitivo da obra.
Nexo de causalidade: a conduta negligente e omissiva do responsável é causa imediata da presente irregularidade, na medida em que possibilitou a conclusão da obra sem a elaboração do termo de recebimento definitivo.
Culpabilidade: em face do exposto, é de se concluir que a conduta do responsável é passível de responsabilização, na medida de que se fazia exigível comportamento distinto do adotado pelo agente público, no caso concreto.
3.4 – Termo aditivo assinado após o término da vigência do contrato.
3.4.1 – Tipificação do achado: 
Classificação – outras irregularidades (OI)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de irregularidade grave da LDO – A irregularidade não se enquadra no conceito de irregularidade grave do inciso IV, parágrafo 1° do art. 94 da Lei 12.309/2010, por não ser materialmente relevante em relação ao valor total contratado e por não ensejar a nulidade do contrato.
3.4.2 – Situação encontrada: 
Foram verificadas a prorrogação de contrato com prazo de vigência expirado e a realização de serviços sem cobertura contratual.
O Contrato 1/1993, por meio de seu 8º Termo Aditivo, tinha vigência até 30/11/2010. Entretanto, o 9º Termo Aditivo, que prorrogou o prazo contratual por mais sessenta dias contados da data de expiração do prazo acordado por intermédio do aditivo anterior, somente foi assinado em 16/02/2011, o que configura a prorrogação de contrato com vigência expirada.
Ademais, considerando o prazo de vigência estabelecido no 9º Termo Aditivo, a ausência de informações oficiais sobre a celebração de um novo aditivo e a plena execução de serviços, verificada em campo, resta caracterizada, ainda, a prestação de serviços sem a cobertura contratual.
A celebração de aditivos contratuais quando o prazo contratual já se encontrava extinto, com atribuição de efeitos retroativos, ainda que amparada em um dos motivos previstos no art. 57, § 1º, da Lei 8.666/1993, constitui negligência administrativa, por se considerar o contrato original formalmente extinto. Dessa forma, nas prorrogações contratuais, a assinatura dos respectivos termos de aditamento deve-se dar até o término da vigência contratual, uma vez que, transposta a data final de sua vigência, o contrato é considerado extinto, não sendo juridicamente cabível a sua prorrogação ou continuidade de execução.
Da mesma forma, a execução de serviços sem amparo contratual fere o artigo 60, caput e parágrafo único, da Lei 8.666/1993, configurando atitude desidiosa, no exercício da atividade administrativa.
Assim, a celebração de termo aditivo de prorrogação de prazo contratual com a vigência do contrato já expirada constitui infração a norma legal.
3.4.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado: 
(OI) – Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
3.4.4 – Causas da ocorrência do achado: 
Negligência
3.4.5 – Critérios: 
Lei 8666/1993, art. 57; art. 60, § único
3.4.6 – Evidências: 
Nono termo aditivo ao Contrato 1/93 - 9º TA, folha 1.
Oitavo Termo Aditivo – Contrato 1/93 - 8° TA, folhas 1/2.
Autorização paracelebração do nono termo aditivo ao contrato 01/93 - Autorização, fl. 1.
40ª medição do contrato 01/93, folhas 1/7.
3.4.7 – Conclusão da equipe: 
A celebração de aditivos após o término da vigência contratual é prática não admitida pela Lei 8.666/1993 e pela jurisprudência do TCU. Em outras oportunidades o Tribunal já afirmou que a celebração de aditivos contratuais quando o prazo contratual já se encontrava expirado constitui negligência administrativa. 
No caso concreto do Contrato 1/1993, além de estar caracterizada a prorrogação de contrato já extinto pelo término do prazo, resta também configurada a execução de serviços sem cobertura contratual. Em outras palavras, foram realizadas atividades previstas no âmbito do contrato original após findo o prazo preconizado pelo contrato. Inobstante o exposto, entende-se que a presente irregularidade tem caráter de falha formal, uma vez que a irregularidade não prejudicou a regular execução do contrato, sendo cabível, portanto, dar ciência à Seinfra/AL sobre a impropriedade.
3.5 – Subcontratação irregular.
3.5.1 – Tipificação do achado: 
Classificação – outras irregularidades (OI)
3.5.2 – Situação encontrada: 
Na execução das obras relativas ao Contrato 10/2007, foram identificadas realizações de serviços por empresas outras que não a contratada, sem, no entanto, existir autorização da Seinfra/AL, em desacordo com a 12ª cláusula do contrato e com o art. 72 da Lei 8.666/1993.
A subcontratação parcial de serviços é prática permitida tanto pela Lei de Licitações e Contratos quanto pelas cláusulas contratuais – Contrato 10/2007 -, desde que atendidas algumas condições, tais como: prévia autorização da administração, comprovação da regularidade fiscal das empresas subcontratadas e comprovação de sua capacidade técnico-operacional.
Em função disso, por meio do Ofício de Requisição 3-206/2011, foi indagado à Seinfra/AL quais eram os procedimentos adotados por aquela secretaria para autorizar a realização dos serviços subcontratados. Além disso, foram solicitadas as autorizações formais para os serviços que já estavam sendo executados por empresas distintas daquela contratada.
Em resposta, a Seinfra/AL apresentou, por meio do Ofício 2/2011, transcrição da cláusula contratual que permite a subcontratação dos serviços, nos seguintes termos: ‘’Mediante prévia e expressa aprovação da CONTRATANTE a contratada poderá, em regime de responsabilidade solidária, subcontratar as parcelas dos serviços de natureza específica que estejam destacadas como de menor relevância técnica e valor’’. Entretanto, não foram apresentadas as autorizações formais para a execução dos serviços por parte das subcontratadas.
Não há dúvida de que a previsão em contrato é condição necessária para a regularidade das subcontratações. Entretanto, somente esse fato não garante a regularidade da execução dos serviços subcontratados observados em campo. Conforme exposto, existem outros requisitos que devem ser cumpridos para o pleno atendimento da legislação.
Dessa maneira, percebe-se que a Seinfra/AL não cumpriu todos os requisitos regulamentares para autorização e acompanhamento da execução de serviços por empresas subcontratadas.
3.5.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado: 
(OI) – Contrato 10/2007 – CPL/AL, 23/6/2010, Obras e Serviços de Execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os Km 45 e Km 64,7; Sistema e Instalações Elétricas e de Bombeamento relativos à Estação Elevatória do sistema de Adução do Canal; e Implantação dos Perímetros de Irrigação Pariconha I e Pariconha II, Construtora Queiróz Galvão S.A.
3.5.4 – Causas da ocorrência do achado: 
Deficiências de controles
3.5.5 – Critérios: 
Contrato 10/2007, CPL/AL, cláusula 12
Lei 8666/1993, art. 72; art. 78, inciso VI
3.5.6 – Evidências: 
Oficio 02-2011-Seinfra/AL - Oficio 2-2011-Seinfra, folha 3.
Ofícios - Ofício de Requisição 3-206/2011, folha 4.
Evidencia Achado Subcontratação - Relatório evidenciando a existência de subcontratação, folhas 1/2.
3.5.7 – Conclusão da equipe: 
Ao promover um procedimento licitatório destinado à seleção de determinada empresa para execução de uma obra ou serviço, a Administração Pública entende que a vencedora do certame reúne as melhores condições para a plena execução do objeto. Em função disso, a empresa selecionada deve ser, em princípio, a única responsável pela execução das atividades concernentes ao objeto avençado, ressalvadas as hipóteses legalmente permitidas.
No caso observado nas obras de construção do Canal do Sertão Alagoano, percebe-se que os requisitos para a subcontratação de determinados serviços não estão sendo integralmente cumpridos. E isso não se trata de um mero descumprimento legal ou contratual. Ao abster-se de autorizar formalmente a realização dos serviços por empresas diversas da contratada, a Seinfra/AL não tem possibilidade de aferir se as subcontratadas reúnem condições de executar o objeto adequadamente, não podendo, por outro lado, valer-se de um instrumento jurídico eficaz para imputar a responsabilidade da empresa efetivamente executora dos serviços, no caso de eventual defeito técnico.
Inobstante o exposto, entende-se que a presente impropriedade apresenta caráter de falha formal, sendo cabível, portanto, a expedição de ofício de ciência à Seinfra/AL, noticiando a ocorrência dessa impropriedade para que tome as providências cabíveis.
3.6 – Ausência de cadastramento de contrato no SIASG.
3.6.1 – Tipificação do achado: 
Classificação – outras irregularidades (OI)
3.6.2 – Situação encontrada: 
Constatou-se a ausência de cadastro no Sistema de Administração de Serviços Gerais (Siasg) dos dados referentes à execução física e financeira dos contratos 10/2007 e 81/2010, celebrados pelo convenente, no âmbito do Termo de Compromisso Siafi 663932, a despeito da obrigatoriedade contida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A obrigatoriedade de publicação no Siasg de todos os contratos e convênios firmados pela Administração vem sendo prevista há tempos nas Leis de Diretrizes Orçamentárias e visa garantir a efetividade ao princípio constitucional da publicidade, além de auxiliar os órgãos de controle, visto que a divulgação dos contratos no sistema possibilita o conhecimento tempestivo das informações referentes aos ajustes e convênios vigentes.
Nesse sentido, a jurisprudência do TCU é farta no sentido de que é obrigatória a disponibilização no Siasg dos dados relativos aos contratos firmados no âmbito da Administração Pública, sendo necessárias também suas atualizações mensais, em conformidade com o previsto nas Leis de Diretrizes Orçamentárias Anuais (Acórdãos 3.094/2009-TCU-1ª Câmara, 347/2007-TCU-Plenário, 524/2007-TCU- Plenário e 523/2007-TCU-Plenário). 
Assim, a ausência injustificada de cadastramento de contratos firmados entre proponentes e construtoras no Siasg configura falha, pois contraria o disposto no art. 19, § 3º, da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
3.6.3 – Objetos nos quais o achado foi constatado: 
(OI) – Contrato 81/2010, Execução de serviços de consultoria de análise e supervisão dos projetos executivos do km 75 ao km 150 e de gerenciamento, supervisão e fiscalização da execução das obras do Canal Adutor do Sertão Alagoano, nos seus trechos entre o km 45 e o km 150, Consórcio Concremat-Hidroconsult.
(OI) – Contrato 10/2007 – CPL/AL, 23/6/2010, Obras e Serviços de Execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os Km 45 e Km 64,7; Sistema e Instalações Elétricas e de Bombeamento relativos à Estação Elevatória do sistema de Adução do Canal; e Implantação dos Perímetros de Irrigação Pariconha I e Pariconha II, Construtora Queiróz Galvão S.A.
3.6.4 – Causas da ocorrência do achado: 
Deficiências de controles
3.6.5 – Critérios: 
Lei 11514/2007, art. 21
Lei 12017/2009, art. 19
Lei 12309/2010, art. 19
3.6.6 – Evidências: 
Consultas Siasg, folhas 1/2.
3.6.7 – Conclusão da equipe:A ausência de cadastramento dos contratos no Siasg impossibilita o conhecimento tempestivo das informações necessárias ao controle e acompanhamento das obras. Essa obrigação de registro é do órgão concedente. De todo modo, dado o caráter de falha formal da presente impropriedade, propõe-se a expedição de ofício de ciência ao Ministério da Integração Nacional para que adote as providências de sua alçada visando a correção da presente falha.
4 – ACHADOS GRAVES TRATADOS EM OUTROS PROCESSOS
A seguir, encontram-se relacionados os achados graves tratados em outros processos, com determinação de paralisação ou retenção cautelar de valores dos objetos fiscalizados, pendentes de deliberação do Tribunal pela regularidade ou que tiveram seu grau de irregularidade inicial alterado por deliberação desta Corte até 14/6/2011.
4.1 – Achados pendentes de solução
4.1.1 – (IG-R) Sobrepreço – Sobrepreço decorrente de BDI excessivo. (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 10/2007 – CPL/AL, 23/6/2010, Obras e Serviços de Execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os Km 45 e Km 64,7; Sistema e Instalações Elétricas e de Bombeamento relativos à Estação Elevatória do sistema de Adução do Canal; e Implantação dos Perímetros de Irrigação Pariconha I e Pariconha II, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
4.1.2 – (IG-R) Sobrepreço – Sobrepreço decorrente de BDI excessivo. (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
4.1.3 – (IG-R) Sobrepreço – Sobrepreço decorrente de inconsistências no Edital / Contrato / Aditivo. (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
4.1.4 – (IG-R) Sobrepreço – Sobrepreço decorrente de jogo de planilha. (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
4.1.5 – (IG-R) Sobrepreço – Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado (serviços, insumos e encargos). (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
4.1.6 – (IG-R) Sobrepreço – Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado (serviços, insumos e encargos). (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 10/2007 – CPL/AL, 23/6/2010, Obras e Serviços de Execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os Km 45 e Km 64,7; Sistema e Instalações Elétricas e de Bombeamento relativos à Estação Elevatória do sistema de Adução do Canal; e Implantação dos Perímetros de Irrigação Pariconha I e Pariconha II, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
Aguardando pronunciamento do grupo de trabalho formado pelo TCU e pela Seinfra/AL, conforme determinado pelo Acórdão 3.146/2010 – TCU – Plenário.
4.1.7 – (IG-R) Superfaturamento – Superfaturamento decorrente de BDI excessivo. (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
4.1.8 – (IG-R) Superfaturamento – Superfaturamento decorrente de inconsistências no Edital / Contrato / Aditivo. (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
4.1.9 – (IG-R) Superfaturamento – Superfaturamento decorrente de preços excessivos frente ao mercado (serviços, insumos e encargos). (TC 013.514/2008-6)
Objeto: Contrato 01/93-CPL-AL, 23/7/1993, Obras do Canal de Adução do Sistema Integrado de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para o Sertão Alagoano, trecho do Km 0 ao Km 45, Construtora Queiróz Galvão S.A.
Este achado está sendo tratado no processo 028.502/2006-5.
4.1.10 – (IG-P) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado. (TC 011.156/2010-4)
Objeto: Edital 41/2009 – T2-CPL/AL, 26/11/2009, CONCORRÊNCIA, Licitação com o objetivo de contratar empresa para execução das obras e serviços de construção do Canal Adutor do Sertão Alagoano, entre o km 92,930 o km 123,400, correspondente ao Trecho 04.
Este achado está sendo tratado no processo 011.156/2010-4.
Aguardando pronunciamento do grupo de trabalho formado pelo TCU e pela Seinfra/AL, conforme determinado pelo Acórdão 3.146/2010 – TCU – Plenário. Quanto à determinação do Tribunal à Seinfra/AL para que se abstenha de emitir ordem de serviço para os contratos referentes aos Trechos 3 a 5 até que as empresas detentoras de cada um dos contratos apresentem fiança bancária ou outra garantia dentre aquelas previstas na legislação vigente, ressalta que não foram providenciadas as aludidas garantias, uma vez que não foram emitidas ordens de serviço.
4.1.11 – (IG-P) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado. (TC 011.156/2010-4)
Objeto: Edital 12/2010 – T1-CPL/AL, 11/5/2010, CONCORRÊNCIA, Execução das obras e serviços de Construção do Canal Adutor do Sertão Alagoano, entre o Km 123,4 e o Km 150 correspondente ao Trecho 5.
Este achado está sendo tratado no processo 011.156/2010-4.
Aguardando pronunciamento do grupo de trabalho formado pelo TCU e pela Seinfra/AL, conforme determinado pelo Acórdão 3.146/2010 – TCU – Plenário. Quanto à determinação do Tribunal à Seinfra/AL para que se abstenha de emitir ordem de serviço para os contratos referentes aos Trechos 3 a 5 até que as empresas detentoras de cada um dos contratos apresentem fiança bancária ou outra garantia dentre aquelas previstas na legislação vigente, ressalta que não foram providenciadas as aludidas garantias, uma vez que não foram emitidas ordens de serviço.
4.1.12 – (IG-P) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado. (TC 011.156/2010-4)
Objeto: Edital 40/2009 – T1-CPL/AL, 26/11/2009, CONCORRÊNCIA, Execução de obras e serviços de Construção do Canal Adutor do Sertão Alagoano, entre o Km 64,7 e o Km 92,93, correspondente ao Trecho 3.
Este achado está sendo tratado no processo 011.156/2010-4.
Aguardando pronunciamento do grupo de trabalho formado pelo TCU e pela Seinfra/AL, conforme determinado pelo Acórdão 3.146/2010 – TCU – Plenário. Quanto à determinação do Tribunal à Seinfra/AL para que se abstenha de emitir ordem de serviço para os contratos referentes aos Trechos 3 a 5 até que as empresas detentoras de cada um dos contratos apresentem fiança bancária ou outra garantia dentre aquelas previstas na legislação vigente, ressalta que não foram providenciadas as aludidas garantias, uma vez que não foram emitidas ordens de serviço.”
6.	Ante o exposto, a equipe de fiscalização da Secob-4, com a anuência dos dirigentes da unidade, propõe:
	a) determinar cautelarmente à Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas (Seinfra/AL) que se abstenha de efetuar quaisquer pagamentos, com recursos federais, dos serviços do Contrato nº 10/2007 com preços unitários superiores aos indicadosno TC 028-502/2006-5, até que o Tribunal decida acerca do mérito das questões apontadas no item 3.1 do relatório ou até que sejam sanadas as graves deficiências ora evidenciadas;
	b) autorizar, em atendimento ao art. 276, § 3º, do Regimento Interno, a realização de oitiva da Seinfra/AL e da Construtora Queiroz Galvão S.A., para que se pronunciem sobre a adoção da referida medida cautelar;
	c) com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/1992 e no art. 250, inciso IV, do Regimento Interno, promover a audiência do Sr. Fernando José Carvalho Nunes, Secretário Adjunto no exercício do cargo de Secretário e do Sr. Ricardo Felipe Valle Rego Aragão, Superintendente de Projetos Especiais, para que apresentem razões de justificativa por terem autorizado o início dos serviços de execução do Canal do Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os km 45 e o km 64,7, quando deveriam ter providenciado o atendimento das condicionantes da Licença de Instalação nº 41/2009 dentro dos prazos especificados no documento e antes do efetivo início da obra;
	d) com fundamento no art. 43, inciso II, da Lei nº 8.443/1992 e no art. 250, inciso IV, do Regimento Interno, promover a audiência do Sr. Marco Antônio de Araújo Fireman, Secretário de Estado de Infraestrutura, para que apresente razões de justificativa por não ter adotado providências com vistas ao recebimento definitivo das obras e serviços objeto do Contrato nº 3/1992, contrariando o art. 73 da Lei nº 8.666/1993;
	e) dar ciência à Secretaria de Infraestrutura do Estado de Alagoas sobre as seguintes impropriedades: 
	e.1) prorrogação de contrato com prazo de vigência expirada e a realização de serviços sem cobertura contratual, o que afronta o disposto no art. 60 da Lei nº 8.666/1993;
	e.2) subcontratação de serviços sem observância do disposto no art. 72 da Lei nº 8.666/1993 e na cláusula 12 do Contrato nº 10/2007;
	f) dar ciência ao Ministério da Integração Nacional sobre a seguinte impropriedade: ausência de cadastramento de contratos no Siasg, identificada nos Contratos nº 10/2007 e 81/2010, o que afronta o disposto no art. 21 da Lei nº 11.439/2006 (LDO 2007) e no art. 19 da Lei nº 12.017/2009 (LDO 2010), respectivamente;
	g) Comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que:
	g.1) foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011), no Contrato nº 10/2007, relativo às obras e serviços de execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano, trecho compreendido entre os Km 45 e Km 64,7 (Canal do Sertão, trecho 2, Alagoas), com potencial dano ao erário de R$ 66.109.998,86 (valor da apólice), e que seu saneamento depende da adoção da seguinte medida pela Secretaria de Estado da Infraestrutura de Alagoas (Seinfra/AL): exigir e obter da empresa contratada, caso haja interesse dessa em continuar as referidas obras, a alteração da Apólice 1.50.4000110, mediante endosso, ou, caso não seja possível, a apresentação de novo seguro-garantia, no qual conste como única condição para o pagamento da indenização ao segurado o inadimplemento das obrigações imputáveis ao tomador, decorrentes de determinação pelo TCU no TC 028.502/2006-5 e/ou no TC 003.075/2009-9, após o esgotamento dos recursos administrativos admitidos no ordenamento jurídico, perante o TCU, ou seja, após transitada em julgado a decisão administrativa a ser proferida pelo TCU, deliberando sobre a existência de superfaturamento ou sobrepreço em qualquer um dos aludidos processos;
	g.2) os indícios de irregularidades graves que se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011), apontados nos procedimentos Licitatórios nº 40/2009, 41/2009 e 12/2010, que resultaram na assinatura dos Contratos nº 18/2010, 19/2010 e 58/2010, respectivamente, relativos às obras de construção dos Trechos 3, 4 e 5 do Canal Adutor do Sertão Alagoano, com potencial dano ao erário de R$ 354.675.237,60, subsistem e que seu saneamento depende da adoção, conforme acordado com o Comitê de Avaliação das Informações sobre Obras e Serviços com Indícios de Irregularidades Graves - COI (Relatório 2/2010), das seguintes medidas pelo órgão gestor: apresentação de fiança bancária ou outra garantia dentre aquelas previstas no art. 56, § 1º, da Lei nº 8.666/93, revestida de abrangência suficiente para assegurar o resultado da apuração em curso no TCU acerca de eventual dano ao erário;
	g.3) não foram detectados novos indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011), nos Contratos nº 3/1992, 1/1993, 18/2010, 19/2010, 58/2010 e 81/2010, relativos às obras e serviços de execução do Canal Adutor do Sertão Alagoano;
	h) encaminhar cópia do presente relatório à Secex/AL e à 4ª Secex.
	É o relatório.
VOTO
	Trago à apreciação deste Colegiado o relatório da auditoria realizada na Secretaria de Infraestrutura do Estado de Alagoas – Seinfra/AL, no âmbito do Fiscobras/2011, com o objetivo de fiscalizar as obras de construção do Canal Adutor do Sertão Alagoano.
2.	O empreendimento aumenta a disponibilidade hídrica da região do sertão e do agreste alagoano, recorrentemente assolados pela seca, trazendo a 42 municípios: oferta de água aos núcleos urbanos e rurais ao longo de toda a extensão do canal, melhores condições para a contínua produção agrícola, remanejamento das adutoras coletivas existentes diminuindo os custos de operação e manutenção, abastecimento de água aos projetos de irrigação e desenvolvimento da piscicultura. Além do canal propriamente dito, tais obras englobam drenagem, pontes-canais, túneis e travessias.
3.	Ao concluir os trabalhos de auditoria em maio de 2011, a unidade técnica assinalou que: 97% do Contrato nº 1/1993 (Trecho 1) haviam sido executados, o Contrato nº 10/2007 (Trecho 2) estava em fase inicial de execução, os Contratos nº 18/2010, 19/2010 e 58/2010 (Trechos 3, 4 e 5) aguardavam emissão de ordem de serviço para o início das obras, e os trechos restantes ainda não foram licitados. 
4.	Em síntese, as principais constatações da equipe de fiscalização, com as respectivas propostas de encaminhamento, são:
	a) inadequação da garantia prestada pela contratada para assegurar o resultado da apuração em curso neste Tribunal acerca de eventual dano ao erário: proposta de suspensão cautelar dos pagamentos, com recursos federais, dos serviços do Contrato nº 10/2007 com preços unitários superiores aos indicados no TC 028-502/2006-5, até a regularização da garantia apresentada pela Construtora Queiroz Galvão S.A., bem como a oitiva da Seinfra/AL e da contratada;
	b) inexistência de termo de recebimento definitivo das obras e serviços objeto do Contrato nº 3/1992: proposta de audiência dos responsáveis;
	c) descumprimento das condicionantes da Licença de Instalação nº 41/2009 antes do efetivo início das obras do Trecho 2: proposta de audiência dos responsáveis;
	d) prorrogação de contrato com prazo de vigência expirado e a realização de serviços sem cobertura contratual: proposta de dar ciência dessa ocorrência à Seinfra/AL;
	e) subcontratação de serviços sem observância do disposto no art. 72 da Lei nº 8.666/1993 e na Cláusula 12 do Contrato nº 10/2007: proposta de dar ciência dessa ocorrência à Seinfra/AL;
	f) ausência de cadastramento no Siasg dos Contratos nº 10/2007 e 81/2010: proposta de dar conhecimento dessa ocorrência ao Ministério da Integração Nacional.
5.	Além do encaminhamento acima exposto, a unidade técnica propõe comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que:
	- foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011) no Contrato nº 10/2007, e que seu saneamento depende da regularização da garantia apresentada pela empresa contratada à Seinfra/AL;
	- persistem os

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