Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson Freitas UEFS / Outubro de 2013 Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Géssica Campos & Jonson Freitas RESUMO Este trabalho traz em seu teor uma abordagem que trata do processo de desenvolvimento do adolescente a partir das interações vividas e das mudanças provocadas nessa nova fase de vida. Sabendo que o adolescente jovem não obstante as adversidades provocadas pela mudança provenientes do meio externo passam por transformações biológicas, físicas, hormonais e psíquicas que o conduzem a um processo de enfrentamento crítico e importante em sua vida e tomando como base os estudos e teorias de Erick Erikson, Papalia e Piaget, esta pesquisa procurou analisar o modo de ser adolescente com base nos questionamentos aplicados. Assim, através da metodologia aplicada e de uma pesquisa de campo baseado em uma entrevista a um adolescente, esse trabalho buscou com bases nos resultados obtidos, discutir sobre de que forma os processos internos e externos pertencentes ao adolescente contribuíram ou não para o processo desenvolvimental biopsicossocial em sua formação pessoal. Palavras Chaves: Adolescente; Desenvolvimento Humano; Interação. INTRODUÇÃO A busca da identidade própria na adolescência constitui um momento em que o jovem abandona o comportamento infantil e vai em busca de um novo papel na sociedade. Inúmeros são os processos psicológicos que transforma – através de sensações, sentimentos e conflitos – os seus momentos de mudanças biopsicossociais de um adolescente. Por ser caracterizada por uma gama de sentimentos diversos, indescritíveis e inexplicáveis, a adolescência apresenta ao longo de seu lapso temporal características típicas de desejos e ações muitas vezes imprevisíveis. Mudanças típicas desse seu perfil biopsicossocial são constantemente verificadas com o finco de estabelecer uma auto-afirmação do seu próprio modo de ser. Essa busca incessante pela auto-afirmação conduz o adolescente então a uma vivencia configurada por momentos que tem como intuito a formação de sua identidade. Logo seu principal desafio é a luta para formar um senso claro de sua individualidade. Na visão de Erik EriKson, o que preocupa fundamentalmente o adolescente “é quem e o que são aos olhos de um círculo mais amplo de pessoas significativas, em comparação com o que eles próprios chegaram a sentir que são” (1971, p. 285). Esse dilema se manifesta em questões como: Quem sou eu? e, Aonde irei na vida? (Weiten, 2002, p. 328). Recorrente as mudança biológicas que provoca alterações fisiológica em virtude do aumento da quantidade de hormônios Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson Freitas UEFS / Outubro de 2013 presentes no corpo, o adolescente depara- se ainda com novas formas de pensar e agir proveniente de mudanças psicossociais. É notório que as alterações provocadas pela influencia de ambientes sociais, familiar e social contribui e muito para o seu desenvolver. Tomando como base essas investigações, o referido trabalho trás em seu teor algumas ideologias e conceitos firmados principalmente por estudiosos como Jean Piaget, Erik Erikson e Papalia. E é justamente a partir das teorizações desses estudiosos sobre o desenvolvimento humano que será tomado como referência a fase da adolescência. Dessa forma, considerando que é na puberdade que o jovem reconstrói seu universo interno e cria relações com o mundo externo, procuraremos entender neste trabalho com base nas referencias teóricas e através de uma entrevista a um adolescente, quais são os processos que marcam tal fase de ser adolescente. Dessa forma a referida investigação teve como objetivo principal compreender através dos questionamentos e respostas obtidas do adolescente os fatores que contribuíram e que vinham contribuindo para o processo de mudanças biopsicossociais nessa sua fase de vida. Destarte, acrescenta-se que tal investigação é justificada pelo fato da adolescência ser um período de transição entre a infância e a vida adulta e, dessa forma, observar o processo de desenvolvimento do adolescente ajudará a refletir sobre a influência e interação de grupos sociais como família, escola e amigos na construção de uma identidade própria. METODOLOGIA A referida investigação teve como meta buscar em seu teor a percepção do adolescente através de seu comportamento e de suas respostas. Para isso a metodologia empregada visou, além da observação comportamental indireta, buscar através de alguns questionamentos, as principais idéias presentes no referido entrevistado. Para isso, inicialmente fora feita uma escolha aleatória de um adolescente no horário das 09h – 10:30h numa praça residencial localizado no bairro Feira VI em Feira de Santana-Ba. Depois da abordagem inicial, foi lido e entregue ao mesmo um termo de responsabilidade informando sobre a intenção da referida entrevista. A referida pesquisa foi de campo, uma vez que foi feita em uma praça residencial, durante uma manha, com aproximadamente uma hora e meia de questionamento. Depois de abordar aleatoriamente o adolescente, o qual identificaremos pelas iniciais G.O.S, o mesmo passou a responder de forma direta 15 (quinze) perguntas direcionadas a sua nova fase de vida. Dessa forma, G.O.S. 17 anos, masculino, filho casula de uma família de 04 pessoas: pai, mãe e o irmão mais velho, passou a responder os seguintes questionamentos: Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson Freitas UEFS / Outubro de 2013 1. Para você o que é a adolescência? Quando ocorre? 2. Você acha que a adolescência é uma fase de novas descobertas? Por quê? 3. Visto que a adolescência é uma fase de descobertas, para você qual são os fatores de risco nessa fase? 4. Por se tratar de uma fase complexa e de adaptações, qual é para você a maior dificuldade durante esse período? 5. Como é sua relação com seus familiares (pais) e amigos (pares)? 6. Para você qual a importância do contexto familiar na adolescência? 7. Sente-se a vontade para conversar com seus pais (responsáveis) sobre sexo? 8. Enquanto adolescente o seu comportamento é influenciado por pais, irmãos e amigos. Até que ponto isso é bom ou ruim para você? 9. De que maneira o contexto escolar exerce influência na sua vida enquanto adolescente? 10. Como é sua interação com professores e amigos no contexto escolar? 11. Você acha que pares (grupo de amigos) exercem um papel ativo quanto aos fatores de risco dos adolescentes? Ex: drogas lícitas ou ilícitas. Nesse caso, você já foi influenciado por algum amigo? 12. A quem você recorre (pais, amigos etc), para pedir conselhos quando está com algum problema pessoal? 13. Você se sente seguro suficiente para tomar suas próprias decisões? 14. Você se sente preparado para ter um relacionamento afetivo (namoro) com responsabilidade? 15. Você acha que as mídias sociais (TV, novelas, filmes, revistas, noticias, facebook etc) contribui para induzir a sua percepção em relação a certas escolhas ou assuntos como moda, estilo de vida, amizades e sexo? Sob este prisma, as referidas anotações, somadas a algumas observações feitas,abarcaram não somente o questionamento feito ao adolescente presente, como também foram observados através das respostas obtidas, todo o contexto psicossocial que estava envolto do referido jovem e, que de uma forma ou outra contribuía para o seu processo de desenvolvimento. RESULTADO E DISCUSSÃO Fazendo uma analogia ao vasto acervo acerca do estudo da adolescência, concomitantemente com o questionamento feito através da pesquisa de campo, verificou-se que o adolescer não é uma tarefa fácil. Em comparação com estudos teóricos pôde-se verificar em relação aos questionamentos feitos que o adolescente passa por uma fase ou período de muitas transições comportamentais na qual a literatura costuma agrupar e denominar de “Síndrome da Adolescência Normal”. Contudo, antes de ater-se às discussões propriamente ditas, convém relatar através das respostas obtidas com o adolescente O.S.B., sobre o seu modo de ser. Dessa forma, diante dos questionamentos aplicados e das respostas dada pelo adolescente, algumas analises foram gradativamente construídas em conformidade com temas baseados na construção do adolescente na adolescência, nas interações no adolescer e nos riscos presentes no convívio social. Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson Freitas UEFS / Outubro de 2013 Sabendo que a fase de adolescência constitui um momento de novas descobertas, na qual a vida está no limiar de muitas oportunidades, e a personalidade se desenvolve baseado em interesses próprios, convém saber que o crescimento não esta penas nas transformações físicas, mas também no seu interior, no desenvolvimento psíquico, na construção da identidade e da personalidade. Baseado nesse desenvolvimento, a pergunta inicial foi construída para saber do adolescente sobre o que seria a adolescência e quando ela ocorria na concepção do mesmo. Diante da resposta o mesmo deu a entender que a adolescência seria a melhor fase da vida dele, já que era constituída de novas descobertas e de novas amizades. Para o mesmo a fase de adolescência iniciava-se a partir dos 13 e 14 anos. Fazendo uma analogia às palavras de Papalia, observa-se que o início da adolescência constitui a saída da infância, sendo o período mais intenso de todo o ciclo de vida, já que é a fase de transição da infância para fase adulta, dos doze aos 13 anos até o início dos 20 anos, durando aproximadamente quase uma década. Na pergunta subseqüente, procurou-se saber do mesmo se a adolescência constituía uma fase de novas descobertas. A resposta foi positiva, pois segundo ele, aconteciam mudanças no corpo (biológicas) e na mente (psicológicas), além das novas descobertas feitas através das experimentações principalmente através dos amigos. Segundo Piaget, influências neurológicas e ambientais se combinam para ocasionar a maturidade cognitiva. O cérebro do adolescente amadurece, e o ambiente social mais amplo oferece mais oportunidades de experimentação e crescimento cognitivo. (pág. 327) Numa outra pergunta foi questionado sobre os fatores de risco que o mesmo poderia enfrentar nessa fase. A resposta foi clara, já que o mesmo respondeu com causa de conhecimento, uma vez considera a gravidez precoce um fator de risco para o desenvolvimento dele. Assim, baseado nas suas próprias palavras, o adolescente respondeu que: “Para mim o risco nessa fase é de entrar no mundo das drogas e da prostituição. Tem muita menina nova se prostituindo e engravidando cedo e sem planejamento. Além das más influências de alguns amigos”. (O.S.B, 2013). É fato que vários são os fatores de risco na adolescência – gravidez precoce, drogas lícitas e ilícitas, violência etc – que acaba conduzindo muitos jovens a caminhos sem volta. Segundo Papalia, no caso do risco das drogas, os adolescentes atiçam a curiosidade ou busca novas sensações ou por pressão dos amigos, ou como fuga de problemas (...) e dessa forma põe em perigo a saúde física e psicológica presente e futura. (Papalia, 2006, pág. 320) Frente a uma fase complexa e cheia de novas adaptações e, diante dos riscos Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson Freitas UEFS / Outubro de 2013 enfrentados pelo adolescente, foi questionado qual seria a sua maior dificuldade durante esse período. A resposta foi: “Superar o vício do cigarro”. Trata-se de um padrão de comportamento, parcamente adaptativo que dura mais de um mês, no qual o indivíduo continua usando uma substância depois de saber que é prejudicado pela mesma (...) o abuso pode levar a dependência de substanciais, ou vício, o qual pode ser fisiológico ou psicológico, ou ambos, e que tem a tendência de continuar na vida adulta. (Papalia, 2006, p. 320) Em relação à interação comumente ocorrida entre os familiares e os amigos foi questionado sobre a sua relação pessoal com seus pais, irmãos e amigos. O mesmo de logo pronto respondeu que a relação com o irmão era conflitante, pois havia discordância de opiniões; mas a convivência com os pais e com os amigos eram boas. Com base nessa resposta é interessante saber que à medida que os adolescentes começam a se separar de suas família e passar mais tempo com os colegas, eles tem menos tempo e menos necessidade da gratificação emocional que costumavam obter dos laços com os irmãos. Irmãos mais velhos exercem menos poder sobre os mais jovens, brigam menos com eles, não são tão próximos e têm menor probabilidade de procurá-los em busca de companhia. O sentimento de participação no grupo é muito forte nas rodas de adolescentes, e determinam um sentimento de grupo e muitas vezes de intolerância para com as diferenças, criando e valorizando códigos de linguagem, gestos e modos de vestir. O sentimento de grupo, segundo Erikson, é uma proteção segura contra os perigos da autodifusão, desencadeada nesta fase (Campos, 2002, p. 89). Para um adolescer saudável, é imprescindível manter relações interpessoais favoráveis. Já que vivemos num estado de interdependência, precisamos dos outros para confirmar nossa existência. No entanto, viver um adolescer saudável, pode variar de uma circunstância para outra, tanto em relação às condições sociais, como às individuais. Neste sentido, interagir com os amigos e familiares pode favorecer a busca de um adolescer saudável. (ARAUJO, 2010, pags. 138-138). Ainda sobre a família foi perguntado qual seria a importância do contexto familiar na adolescência. O mesmo respondeu que a família era muito importante, já que servia de base para os bons conselhos, direcionando a fazer coisas boas como o incentivo ao estudo. Observa-se que embora os relacionamentos entre os adolescentes e seus pais nem sempre sejam harmônicos, os pais constituem ainda o referencial positivo para o seguimento de rumos certos. A criação democrática entre pais e filhos parece estar associada com resultados mais positivos. No tocante ao assunto sexo, foi perguntado se sentia a vontade para conversar com seus pais. A resposta dada pelo adolescente foi: “não toco nem no assunto, eu fico na minha! Não converso sobre sexo Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson FreitasUEFS / Outubro de 2013 com os meus pais. Só converso com alguma mulher que esteja me relacionando e com amigos nem tanto.” A maioria dos pais não dá a seus filhos informações suficientes sobre sexo, e os jovens ainda obtém grande parte de suas informações (informações de amigos) erradas. Os adolescentes cujos pais conversam com eles sobre sexo desde idade precoce, comunicam atitudes saudáveis e estão disponíveis para responder perguntas, tendem a esperar mais para ter atividade sexual. Neste processo de construção de relacionamentos em que questões relacionadas ao exercício da sexualidade estão tão presentes, os adolescentes vêem-se diante de algumas escolhas importantes a fazer: Quem eleger para conversar sobre sexualidade e dividir seus assuntos pessoais? Ficar ou não ficar com alguém? Em que momento experenciar a primeira relação sexual? Percebemos que os adolescentes se dispõem a conversar com familiares, amigos, namorado, mas podem apresentar certo desconforto em falar com seus pais sobre tais assuntos. (ARAUJO, 2010, pag. 138). Ao perguntar se era bom ou ruim a influencia dos seus pais, irmãos e amigos em seu comportamento, o adolescente respondeu em meio termo, já que segundo o mesmo havia um lado bom e outro ruim. O lado positivo considerado pelo mesmo era o próprio acolhimento da família. Mas o negativo, afirma ele, é a proteção excessiva que acaba gerando conflito e falta de liberdade no modo de comporta-se. Os adolescentes que questionam a adequação dos pais como modelos de comportamento, mesmo não estando seguros de si para ficarem sozinhos, buscam os amigos para mostrar-lhes o que é certo e o que é errado. O grupo de amigos é fonte de afeto, solidariedade e compreensão; um lugar de experimentação; um ambiente para conquistar autonomia e independência dos pais. (PAPALIA, 2006, p.360) Sabendo que de uma forma ou de outra o contexto escolar exerce influência na vida de um adolescente, foi perguntado ao mesmo de que forma a escola estava influenciando o seu comportamento e, a resposta foi “a escola ajuda na aprendizagem, a mente da pessoa não fica vazia, ensina a ser uma pessoa melhor. Faz com que a pessoa não siga caminhos errados.”. De acordo com Papalia, a escola é a experiência organizadora central na vida da maioria dos adolescentes, já que oferece oportunidades para adquirir informações, dominar novas habilidades e aperfeiçoar novas habilidades já adquiridas. Então perguntou ao adolescente como era a sua interação com os professores e os amigos no contexto escolar. A resposta foi: “Em relação aos amigos a amizade é positiva, mas com os professores é conflitante. Não gosto de seguir regras”. É cabível notar que apesar da escola amplia os horizontes intelectuais e sociais, alguns adolescentes os vêem tal instituição não como uma oportunidade, mas sim como mais um obstáculo no caminho para a idade adulta. Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson Freitas UEFS / Outubro de 2013 Adiante, o adolescente foi questionado se os seus amigos contribuíram ativamente para que o mesmo fosse levado a enfrentar fatores de risco como o uso de drogas lícitas ou ilícitas. A resposta foi “sim”, informando que foi através da influência dos amigos que o conduziu ao uso de entorpecentes. É sabido que a adolescência é um período no qual o adolescente sente necessidade de se firmar frente à sociedade, podendo ser induzido a alguns comportamentos pelos seus pares, como ao uso de drogas. De acordo com Erikson, em sua teoria de crise de identidade, os adolescentes não formam sua identidade modelando-se conforme outras pessoas, como fazem as crianças mais jovens, e sim modificando e sintetizando identificações pregressas em “uma nova estrutura psicológica, maior do que a soma de suas partes.” Quando os jovens tem problema para se estabelecer numa identidade ocupacional, eles correm o risco de apresentar comportamento com graves conseqüências negativas, como gravidez precoce ou atividade criminosa. Foi perguntado a quem o mesmo recorria (pais, amigos etc), para pedir conselhos quando estava com algum problema pessoal. O mesmo respondeu que recorria “a meus pais, o único conselho que é verdadeiro. Existem muitos amigos falsos, fala que é amigo e depois enfia a faca pelas costas. Não confio neles.” Segundo Papalia, a pressão dos pares influência alguns adolescentes em direção ao comportamento anti-social, mas uma boa educação pode isolar os adolescentes de influências negativas. (pág. 365) Ao perguntar se o mesmo se sentia seguro suficiente para tomar suas próprias decisões, respondeu que “não”, pois nem todas as escolhas que vem a fazer sente está totalmente seguro. Nesse caso Papalia traz que muitos adolescentes têm problemas para se decidir em relação a coisas simples porque agora têm mais consciência das diversas escolhas que a vida oferece. Assim também como também Piaget, em seu estágio de operações formais, qual se caracteriza pela capacidade de pensar de modo abstrato. As pessoas no estágio de operações formais são capazes de raciocinar de modo hipotético-dedutivo. Elas podem pensar em termos de possibilidade, lidar de modo flexível com os problemas e testar hipóteses. (Pág. 338) Em relação à responsabilidade de ter um relacionamento afetivo (namoro) com uma parceira, o adolescente respondeu que se sente preparado para se envolver num relacionamento seguro, já que na concepção do mesmo, o uso do preservativo é suficiente para protegê-lo de qualquer eventualidade negativa. Segundo Erikson, os padrões de pensamento característicos da adolescência incluem a identificação de defeitos nas figuras de autoridade, a tendência para discutir, indecisão, hipocrisia aparente, autoconsciência e idéia de invulnerabilidade, a qual ele chama de fábula pessoal. (Pág. 338) Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson Freitas UEFS / Outubro de 2013 Por fim foi feita a seguinte pergunta ao adolescente: “Você acha que as mídias sociais (TV, novelas, filmes, revistas, notícias, facebook etc) contribui para induzir a sua percepção em relação a certas escolhas ou assuntos como moda, estilo de vida, amizades e sexo?.” O mesmo respondeu o seguinte: “Claro que sim, influem no comportamento dos jovens, principalmente o facebook. Querem ficar na pegada, andar na moda” Observa-se que a mídia dá aos Jovens uma “consciência coletiva” do que está acontecendo nas vidas uns dos outros no mundo inteiro. Por meio da televisão, os adolescentes vêem a si mesmos como parte da cultura mundial. Por todo esse contexto, é notório observar que os adolescentes tendem a apresentar características configuradas por crises e contradições. Baseada nas teorias sobre o assunto configura-se então que muitos adolescentes tendem a seguir caminhos pré-determinados oriundo de uma vontade própria, o que acaba conflitando com determinadas regras imposta pela sociedade em geral. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através desse estudo foi possível compreender de que forma às interações e relacionamentos interpessoais se fazem presente na vida social do referido adolescente, sendo importante para o alcance de um estudo mais aprofundado sobre o processo de adolescerde forma positiva. Concomitantemente às perguntas e respostas obtidas, a análise subseqüente permitiu-nos concluir que as mudanças biopsicossociais têm conduzido o adolescente O.S.B. a busca de uma identidade própria, já que demonstrou características típicas de um adolescente em fase de maturação. Deste modo, diante do seu querer ser, observa-se que o mesmo apresentou algumas características típicas de tal fase. Assim, a busca de si mesmo e da identidade adulta; a separação progressiva dos pais; a tendência grupal; a necessidade de intelectualizar e fantasiar; a deslocação temporal; as contradições sucessivas nas manifestações de sua conduta; a atitude social reivindicatória; as flutuações de humor e do estado de ânimo e a evolução sexual, entre outras, foram alguma indicações obtidas diante das respostas dadas de que além dos fatores biológicos, o adolescente também tem seu desenvolvimento cognitivo influenciado pelo ambiente familiar, cultural e social. Tais traços permitem caracterizar então que a percepção do adolescente O.S.B. visava a busca de uma identidade própria, uma vez que em seus relatos procura estabelecer vínculos sociais semelhantes àqueles buscados por outros congêneres, fazendo dessa forma sentir mais “forte” frente à sociedade e as próprias transformações que vinha enfrentando, tanto de ordem orgânica como psíquica. Permitiu-se também demonstrar que a aproximação nas relações interpessoais Adolescência: um estudo sobre o seu modo de ser Universidade Estadual de Feira de Santana Géssica Campos & Jonson Freitas UEFS / Outubro de 2013 com certos grupos sociais, como pais e professores, no que tange a assuntos como drogas e sexo, era de certo modo dificultosos, já que verificou-se o mesmo não dispõem de algum familiar para dividir suas dúvidas e anseios, conduzindo assim à procura de novos modelos como os amigos. Assim, viver e presenciar o adolescer nada mais é que mergulhar num mundo obscuro e repleto de novas descobertas. É construir e vivenciar momentos fundamentais para a formação de sua identidade própria através do desafio da luta para formar um senso claro de sua individualidade. É envolver-se numa elaboração de um conceito estável de si mesmo como indivíduo único, dotado de uma ideologia ou sistema de valores que lhe ofereça e lhe encaminhe conforme seu próprio senso de direção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Adelita Campos; LUNARDI, Valeria Lerch; SILVEIRA, Rosemary Silva da; THOFEHRN Maira Buss e; PORTO, Adrize Rutz. Relacionamentos e interações no adolescer saudável. Artigo. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2010 mar;31(1):136-42. DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A Família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano. Revista Paidéia, 2007, 17(36), 21-32 UNB, Distrito Federal. Acesso em: 23 outubro 2013. Disponível em www.scielo.br/paideia. PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. Editora Artmed, 8ª edição, Porto Alegre: 2006. RANGEL, Ana P., TORMAM, Ronalisa, FOCESI, Luciana Varisco. Adolescência: construindo uma identidade. Revista Conhecimento Online – Ano 4 – Vol. 1 – Março de 20102. Acesso em: 16 outubro 2013. Disponível em: http://www.feevale.br/site/files/document os/pdf/58663.pdf. SILVA, Paulo Sérgio Modesto da., VIANA, Meire Nunes., CARNEIRO, Stania Nágila Vasconcelos. O desenvolvimento da adolescência na teoria de Piaget. Revista Psicologia. Acesso em: 23 outubro 2013. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL 0250.pdf. SUÁREZ, Adolfo Semo. Crise de identidade na adolescência: breve análise e implicações para a práxis religiosa segundo a teoria de Erik Erikson. ACTA Científica - Ciências Humanas. 2005.
Compartilhar