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Trabalho Medicina Legal MORTE parte 1

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Roberto Damatta
A Casa & a Rua
 MORTE NO BRASIL 
A morte nas sociedades relacionais: reflexões a partir do caso brasileiro
A morte, é um problema filosófico e existencial moderno. Mas não é assim nas sociedades tribais e tradicionais, onde o indivíduo não existe como entidade moral dominante e o todo predomina sobre as partes. Aqui o problema não é bem a morte, mas os mortos. De fato, saber se a morte pode ser vencida, conhecer seu significado, ficar profundamente angustiado com o fato paradoxal de que é a única experiência social que não pode ser transmitida, discutir a imortalidade, o tempo, a eternidade, tomar a morte como algo isolado são questões modernas certamente ligadas ao individualismo como ética do nosso tempo e das instituições sociais. 
REFLEXÕES CLÁSSICAS
Ludwig Feuerbach (publicadas em 1830) relativas à morte e à imortalidade.
"A característica e o traço distintivo mais proeminente da Idade Média era a crença viva na existência concreta da graça divina e nos bens supersensíveis mais altos; a crença inqualificada e abrangente no conteúdo positivo da religião cristã. O indivíduo humano não tinha ainda obtido a consciência vazia e desolada de sua individualidade, de sua isolada autonomia. Não havia. ainda se abandonado a si mesmo, e feito de si mesmo uma plataforma"
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“ A marca registrada de toda a idade moderna é aquela do humano como humano, da pessoa como pessoa; e, como conseqüência, o indivíduo humano isolado na sua própria individualidade foi percebido como divino e infinito. O princípio da crença não era mais a igreja, mas a crença tornou-se a base e o princípio da igreja“(Cf. Feuerbach, 1980: 10).
A tese do autor tem como base que todas as sociedades têm de dar conta da morte e dos mortos, mas há um padrão visível quando se lança os olhos sobre a questão. De um lado há sistemas que se preocupam com a morte, de outro há sistemas que se preocupam com o morto. É claro que não se pode estabelecer um corte radical, mas há uma tendência para ver a morte como importante, descartando o morto; e uma outra que tende a ver o morto como básico, descartando obviamente a morte.
SOCIEDADE RELACIONAL
Roberto Damatta
A especulação do autor Roberto Damatta, toma como ponto de partida a existência de duas formas básicas de sociabilidade que informa grupos de sociedades altamente diferenciadas. Há uma associação entre encarar a morte como um problema e a ideologia individualista vigente em maior ou menor grau no mundo moderno. O autor identifica uma correlação importante entre a sociedade individualista e a morte, e entre "sociedades relacionais" e mortos. Tal correlação ajuda a entender melhor o caso da morte e dos mortos na sociedade brasileira.
Sociedades Relacionais: São fundadas e informadas por uma ideologia em que o individuo não existe como ser moral, como sujeito do sistema, a não ser em momentos muito especiais. Sem dúvida sendo a morte um desses momentos. 
Sociedades Individualistas: Não há nenhuma mediação realizada por meio das relações pessoais, tornando-se diretas as falas dos homens com Deus!, “inacreditável solidão interna do individuo” (weber)
Para Roberto Damatta, “fala-se muito mais dos mortos do que da morte. E isso implica uma estranha contradição, porque falar dos mortos já é uma forma sutil e disfarçada de negar a morte, fazendo prolongar a memória do morto e dando àquela pessoa que foi viva uma forma de realidade”.

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