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Percepcao de Pessoas

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PERCEPÇÃO DE PESSOA
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Pessoas e figuras humanas constituem estímulos como outros quaisquer, e são percebidos pelas mesmas funções perceptivas que os demais. 
No entanto, são estímulos cuja percepção é de suma importância para nós.
Na percepção de pessoas, podemos destacar a percepção da face humana, que na verdade é um dos mais importantes perceptos em nosso dia-a-dia, sendo um dos primeiros estímulos com os quais nós nos deparamos. 
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O recém-nascido tem uma forte tendência de olhar para a face de sua mãe, e o faz inclusive enquanto está mamando, envesgando por vezes seus olhos. 
Alguns estudos mostram que bebês se desesperam quando se deparam com máscaras distorcidas, principalmente quando as máscaras não possuem olhos ou quando os olhos se encontram numa posição inadequada. 
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Os olhos são as partes mais importantes de uma face, mesmo para observadores adultos. 
Foi demonstrado que a simples disposição de dois pontos, um ao lado do outro, é percebida (interpretada) como dois olhos, e consequentemente é vista uma "face".
Na percepção da face humana, não percebemos simplesmente a face de uma pessoa, que talvez possamos identificar, percebemos também alguma coisa mais sobre esta pessoa. 
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Acredita-se em geral que, além de perceber detalhes físicos, como idade, saúde, também podemos perceber algo sobre emoções atuais e, segundo alguns autores, até mesmo algo a respeito de sua personalidade ou caráter.
Entre os primeiros estudos sistemáticos da expressão facial relacionada às emoções, encontram-se os relatos de Charles Darwin (1808-1882). Ele procurou estabelecer relações entre as contrações dos músculos faciais e as emoções sentidas. 
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Nos primeiros estudos, do princípio deste século, foram fotografados atores representando certas emoções básicas, como alegria, tristeza, desgosto, dor etc, 
Em seguida, uma série de juízes (isto é, sujeitos) julgaram estas fotografias, atribuindo estados emocionais a elas. 
A partir destes julgamentos, os pesquisadores chegaram a categorias básicas de emoção, procurando agrupá-las ou classificá-las segundo algum conceito, valendo-se em geral, para isto, de novos julgamentos das emoções definidas. 
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Dentre as maneiras clássicas de sistematizar as expressões emocionais, pode-se citar a de Harold Schlossberg (1952) que dispôs seis emoções básicas (amor/alegria, surpresa, medo/sofrimento, raiva/decisão, nojo e desprezo) de forma circular em função de dois eixos ortogonais: prazer - desprazer e atenção - rejeição. Desta forma, cada expressão facial (ou emoção) pode ser caracterizada por um par de coordenadas destes eixos. 
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Schlossberg chegou a esta disposição das emoções verificando a maneira como certas expressões vizinhas e do extremos da série são confundidas pelos juízes, e por isto optou pela disposição circular. 
Outros pesquisadores, como J. Frois-Wittrnann (1930), procuraram a relação das emoções não em função de sensações básicas, como foi feito por Schlossberg (prazer-desprazer, atenção-rejeição) mas, sim, a relação entre a expressão fisionômica e 10 pontos físicos na face, cada um envolvido com músculos faciais específicos. 
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Os 10 pontos determinados por Frois-Wittmann são: entre as sobrancelhas, pálpebra superior, pálpebra inferior, base superior do nariz, bochecha, lábio superior, canto do lábio superior, lábio inferior, canto do lábio inferior e queixo. Segundo este estudo a região da boca parece ser a mais importante na determinação das expressões faciais. 
 
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Ekman (1972) realizou extensos estudos, com o mesmo objetivo de correlacionar expressões faciais das emoções com a atuação dos diferentes músculos faciais. 
Segundo Ekman, a informação primária para distinguir emoções é fornecida principalmente por três área da face: fronte-sobrancelhas, olhos-pálpebras e boca-face inferior. 
Ekman elaborou inclusive um curso de treinamento destinado a atores, vendedores e outros profissionais para melhorar o seu reconhecimento de expressões faciais. 
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Estudos mais recentes, no entanto, mostram que o conhecimento teórico destas leis pouco ajuda as pessoas no reconhecimento das expressões faciais dos outros. Tudo indica que o mais importante é o contato com as pessoas no dia-a-dia, o qual é responsável pela aprendizagem por ensaio e erro.
No que se refere às características do observador, verificou-se que pessoas de personalidade introvertida, que, portanto, têm menos contato com outras pessoas, têm menor habilidade em julgar expressões faciais, 
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	enquanto os extrovertidos e pessoas comunicativas têm grande precisão ao reconhecer as expressões faciais de outros. 
A maior capacidade de reconhecer o estado emocional dos outros pode levar a pessoa a se tornar mais comunicativa, pois sempre saberá julgar previamente quando é "bem-vinda" e quando não. 
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Por outro lado, a pessoa mais comunicativa tem mais contato com os outros e, por isto, maior oportunidade de reconhecer suas expressões faciais. 
Apesar das expressões faciais que denotam certas emoções serem universais, deve-se lembrar de que as emoções geradas por acontecimentos idênticos são diferentes em diferentes culturas.
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A universalidade das expressões faciais não pode nos levar a pressupor que se trata de comportamentos totalmente inatos ou pré-programados. As expressões faciais são determinadas por processos múltiplos e algumas são nitidamente mantidas pelo seu valor adaptativo no inter-relacionamento específico. 
Assim, a expressão de raiva, se entendida pelo outro, o afasta, e é exatamente isto que o indivíduo quer quando está com raiva da outra pessoa. 
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Já a expressão de alegria, corretamente entendida pelo outro, promove a aproximação. 
Portanto, é altamente adaptativo o fato de todos os indivíduos apresentarem padrões de expressão facial semelhantes.
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MODELO DE EKMAN
4 estágios na formação da expressão emocional:
O primeiro estágio: corresponde aos eventos internos ou ambientais que geram a emoção e combinam aspectos inatos e culturais. 
O segundo estágio: corresponde ao programa de transformação facial, que é universal (provavelmente inato) e corresponde à tradução da emoção exposta (alegria, tristeza, surpresa, desgosto, raiva, medo e interesse) num conjunto de reações motoras dos músculos faciais. 
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É este programa que, sendo universal, permite ao observador reconhecer a expressão facial do outro. 
O terceiro estágio: corresponde às leis de apresentação e convenções de intensificadores, que são basicamente culturais. Algumas culturas permitem que certas emoções sejam apresentadas, e então as expressões faciais de seus indivíduos são intensificadas, enquanto outras emoções não são aceitas, o que leva as pessoas a disfarçar ou até a mascarar a expressão facial correspondente. 
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O quarto estágio: corresponde, finalmente, à execução motora da expressão facial com reações verbais, fisiológicas e outras respostas motoras. Este quarto estágio tem tanto aspectos inatos como culturalmente determinados.
A percepção das pessoas não ocorre unicamente através das expressões faciais, mas também através da postura, dos gestos, da voz e de outros elementos aparentes das pessoas. 
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Percebemos facilmente que a pessoa à nossa frente está tensa, preocupada, quando seu corpo se encontra rígido e simétrico. 
Por outro lado, uma postura assimétrica dos membros ou um tronco inclinado revelam que a pessoa está relaxada, sentindo-se à vontade. 
Em ambos os casos, nós apresentaremos comportamentos que correspondem ao estado emocional que vemos no outro. 
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O curioso é que reconhecemos estas posturas no outro e sabemos interpretá-las "inconscientemente", isto é, dificilmente somos capazes de descrever quais são realmente os indícios por nós utilizados para interpretar o estado emocional
do outro. 
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COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL
Entre os estados emocionais que podemos perceber pela postura, expressões faciais e gestos das pessoas destacam-se as emoções que estas sentem por nós. 
A maneira mais fácil de percebê-las é verificar o quanto o outro se aproxima da gente (e, por outro lado, o quanto nós permitimos que ele se aproxime de nós!). 
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A aceitação é caracterizada por uma proximidade maior, curvar-se para frente, tocar o outro eventualmente com as mãos, contatos visuais (olho no olho) mais longos e mais frequentes, etc. 
Todos estes indicadores fazem parte do que se chama linguagem não-verbal. 
A linguagem não-verbal é responsavel por 65% da comunicação contra 35% da verbal.
Trata-se de um repertório de gestos, posturas e comportamentos específicos, pelo qual nós nos comunicamos com os outros de uma maneira mais ou menos intuitiva ou até fisiológica (por exemplo, a rigidez do corpo, decorrente da tensão que sentimos quando ameaçados, é uma reação natural, reflexa). 
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O grau em que nós conseguimos entender os outros através desta linguagem não-verbal, e de maneira análoga, o grau em que nós nos conseguimos fazer entender, vai determinar nossos relacionamentos sociais, isto é, se eles terão ou não êxito.
Mas não são somente as expressões faciais, posturas e gestos que observamos nas pessoas que nos fornecem informações sobre elas. 
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Outras características são também muito importantes, como o seu modo de falar (a voz em si, a entonação, a correção e o próprio conteúdo), as ações em situações específicas, bem como indicadores totalmente artificiais, com as vestes, o corte do cabelo, a barba e o uso de adornos (esmalte, pintura, batom, perfume etc.). 
A Simples enumeração dos estímulos a que prestamos atenção, ou que utilizamos para perceber uma pessoa, nos dá uma ideia de quão complexo é, na verdade, o estímulo "pessoa" para nós. 
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Em geral, nem nos damos conta de que quando vemos, ouvimos, sentimos cheiramos uma pessoa nosso cérebro está processando esta multiplicidade de aspectos, responsáveis pela formação do percepto desta pessoa.

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