Buscar

O SEGURADO ESPECIAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O SEGURADO ESPECIAL
Em 1991, foi aprovado o Plano de Benefícios do Regime Geral da Previdência Social (Lei nº 8.213), voltado para os trabalhadores do setor privado. O novo Plano de Benefícios consagrou os princípios estipulados pela Constituição Federal de 1988, tendo estabelecido como segurados obrigatórios da Previdência Social os indivíduos em categorias, dentre elas a do segurado especial.
Conceitua-se Segurado especial como sendo o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rural, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam essas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo.
O segurado especial é o único que possui definição específica na Constituição Federal, embora esta não tenha denominado no seu texto a expressão “segurado especial”. Assim, delimita em seu art. 195, §8º, as espécies de segurados especiais e sua forma de contribuição:[1: BRASIL, CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO, 1998. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm Acesso em: 03/04/2016;]
Art. 195. [...]
§8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como as respectivas cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
Do texto acima, é possível entender uma proteção constitucional diferenciada para aqueles que trabalham por conta própria, em regime de economia familiar, visando à própria subsistência, principalmente no que concerne ao modo de custeio.
Fundamenta-se essa necessidade de proteção em razão da instabilidade da atividade, que em razão dos períodos de safra e temporadas de pesca, dentre outros, não permitem que seja estipulado uma contribuição mensal fixa, pois são dependentes da natureza.
No mesmo passo, a Lei nº 8.213/91, em seu art. 11, VII, com a nova redação alterada pela Lei nº 11.718/2008, definiu expressamente o segurado especial, como a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de produtor, pescador artesanal, e ainda o cônjuge/companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, dos segurados mencionados, conforme segue:[2: BRASIL, Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm Acesso: 03/04/2016;]
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:       (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
a) produtor,seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida;     (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 1o  Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.       (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
É possível, da leitura do artigo supramencionado, extrair alguns requisitos objetivos para que o trabalhador possa ser enquadrado como segurado especial, sendo necessária a análise mais detalhada de alguns desses requisitos, como se fará adiante.
Em razão dos termos contidos no art. 11 colacionado aqui não trazerem conceitos previamente definidos, necessitando de maiores esclarecimentos sobre o assunto, o INSS, por meio de algumas Instruções Normativas (INs), buscou trazer maiores parâmetros e definir ainda outros conceitos que o legislador não se preocupou em fazer, devendo tais instruções serem analisadas concomitantes aos dispositivos aqui já citados.
Como já mencionado no texto legal, os segurados especiais são aqueles que, individualmente ou no âmbito familiar, com o regime de economia familiar, desenvolvem a agricultura voltada para a subsistência, destinando parte para o consumo próprio e comercializando o excedente da produção para suprir as necessidades da família.
Consoante o § 1°, do art. 12, da Lei de Custeio (Lei. 8.212/91), alterado pela Lei n. 11.718/2008, entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável a própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.[3: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:(...)§ 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.]
Assim, primeiramente, deve ser dada atenção especial à definição de grupo familiar do segurado especial, em razão da previsão expressa como requisito essencial no texto da Lei nº 8.213/91, bem como em razão da delimitação imposta pelo INSS na Instrução Normativa nº 95/2003, em seu art. 2º, V, “a”, definindo que são integrantes do grupo familiar: a esposa, o esposo, a companheira ou companheiro, filhos ou filhas maiores de dezesseis anos de idade e os equiparados a filhos ou filhas.
É imperioso ainda que tais componentes do grupo familiar desenvolvam a atividade com participação ativa nas atividades rurais, como preconiza o Art. 11, § 6º.[4: § 6º Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar.]
Observado quem faz parte do grupo familiar, por exclusão, podemos dizer que não fazem parte desse grupo familiar, os filhos casados, os netos, genros, noras, sogros e sogras, tios e tias, e parentes nos mais diferentes graus. Embora o legislador não tenha se preocupado em trazer claramente quem não faz parte, a IN/INSS nº. 95/2003 não se manteve silente, declarando de forma expressa em seu art. 2º, §16º.[5: Art. 2º. São segurados obrigatórios da Previdência Social, além dos definidos nas Leis nº 8.212 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e no Decreto nº 3.048, de 1999, as seguintes pessoas físicas:(...)§ 16. Não integram o grupo familiar do segurado especial os filhos e as filhas casados, os genros e as noras, os sogros e as sogras, os tios e as tias, os sobrinhos e as sobrinhas, os primos e as primas, os netos e as netas e os afins.]
No que concerne ao auxílio de terceiros, importante ressalva sobre a Lei nº 11.718/2008 faz também Ivan Kertzman citado por Alves:
[...] antes desta Lei, osegurado especial não podia contar com o auxílio de empregados, mesmo que contratados apenas para o período de safra. Era permitido apenas o auxílio eventual de terceiros, entendido este como o regime de mútua colaboração, não remunerado. [...]
Tal mudança pela referida lei se fez necessário em razão da inexistência de previsão constitucional quanto à vedação de auxílio eventual, uma vez que a Constituição de 1988 trata apenas da proibição quanto às contratações permanentes.
Observa-se atualmente a existência da uma permissão para que o segurado especial possa usar empregados, de forma temporária, sem que venha a descaracterizar sua condição de segurado especial, desde que na forma preconizada pelo art. 11, §7º, da Lei nº 8.213/91, o qual foi modificado pela Lei nº 12.873/2013.[6: § 7º O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput, à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da percepção de auxílio-doença. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013).]
Diante do exposto, é imperioso ainda mencionarmos que a Lei nº 8.213/91, no art. 11, §8º, após as alterações da Lei nº 11.718/08 e da Lei nº 12.873/2013 elencou ainda alguns outros fatos que, embora a princípio pudessem descaracterizar a qualidade de segurado especial, são autorizados por lei para que o segurado possa realizá-los.[7: § 8o  Não descaracteriza a condição de segurado especial:        (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinqüenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar;       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano;        (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar; e        (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; e       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das atividades desenvolvidas nos termos do § 12.       (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)]
Dentre esses fatos podemos citar a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinquenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais; a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano;  a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar, dentre outros estipulados no artigo mencionado.
Nesse teor, Alves citando a observação de Ibrahim, que a atual redação dada às Leis 8.212/91 e nº 8.213/91 “admite não só a contratação de empregados pelo segurado especial, mas até a realização de novas atividades, como a utilização da propriedade como pousada.” Melhorando assim a situação do segurado especial com a referida lei.
No que concerne ao destinatário da norma do segurado especial, analisando a legislação previdenciária, indica Alves afirmação de Jane Lucia Wilhelm Bergwanger:
[...] O produtor rural é elemento comum a todos os que se caracterizam como segurados especiais. [...] A legislação ordinária definiu o produtor rural referido na Constituição Federal, especificando as diversas formas com que se reveste essa condição. A condição de produtor é genérica [...]
De forma mais ampla e acertada, porém, ainda incompleta, Alves citando novamente Ibrahim aduz que “o segurado especial traduz-se, resumidamente, no pequeno produtor rural e no pescador artesanal”.
Tal afirmação mostra-se plausível, mas é necessária uma análise maior sobre o ordenamento, em razão da criação de Instruções Normativas, pelo INSS, que abrangem ainda outras categorias.
 É importante ressaltar que o multicitado art. 11, ao mesmo tempo que indica as categorias de trabalhadores passíveis de serem consideradas segurados especiais, traz de forma implícita também as exigências das formas de vinculação a terra a qual o produtor rural precisa ter para que seja enquadrado como segurado rural, podendo ser como proprietário da terra; usufrutuário; comodatário; possuidor; assentado; parceiro; meeiro; e arrendatário rural.
Novamente, foi preciso que uma IN conceituasse os termos vagos trazidos pela legislação previdenciária, para que fosse possível enquadrar os trabalhadores nos termos propostos. Essas sub-espécies de segurado especial tiveram seus conceitos reunidos nos incisos do art. 7, §1º, da Instrução Normativa INSS/PRESS nº 45, de 06 de agosto de 2010.[8: § 1º Para efeito da caracterização do segurado especial, entende-se por: I - produtor: aquele que, proprietário ou não, desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, por conta própria, individualmente ou em regime de economia familiar;II - parceiro: aquele que tem contrato escrito de parceria com o proprietário da terra ou detentor da posse e desenvolve atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando lucros ou prejuízos;III - meeiro: aquele que tem contrato escrito com o proprietário da terra ou detentor da posse e da mesma forma exerce atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, partilhando rendimentos ou custos;IV - arrendatário: aquele que, comprovadamente, utiliza a terra, mediante pagamento de aluguel, em espécie ou in natura, ao proprietário do imóvel rural, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira, individualmente ou em regime de economia familiar, sem utilização de mão-deobra assalariada de qualquer espécie;V - comodatário: aquele que, por meio de contrato escrito, explora a terra pertencente a outra pessoa, por empréstimo gratuito, por tempo determinado ou não, para desenvolver atividade agrícola, pastoril ou hortifrutigranjeira;VI - condômino: aquele que explora imóvel rural, com delimitação de área ou não, sendo a propriedade um bem comum, pertencente a várias pessoas;VII - usufrutuário: aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural, tem direito à posse, ao uso, à administração ou à percepção dos frutos, podendo usufruir o bem em pessoa ou mediante contrato de arrendamento, comodato, parceria ou meação; VIII - possuidor: aquele que exerce sobre o imóvel rural algum dos poderes inerentes à propriedade, utilizando e usufruindo da terra como se proprietário fosse; IX - pescador artesanal: aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que não utilize embarcação; ou utilize embarcação de arqueação bruta igual ou menor que seis, ainda que com auxílio de parceiro; ou, na condição exclusiva de parceiro outorgado, utilize embarcação de arqueação bruta igual ou menor que dez, observado que:]
Da leitura do art. 7, §1º, da Instrução Normativa INSS/PRESS nº 45, percebe-se que há diversas categorias de trabalhadores que podem ser enquadradas comosegurados especiais, dentre eles, o agricultor, o pescador, o mariscador e o índio. Entretanto é necessário se mencionar que essas categorias de trabalhadores devem preencher os requisitos legais comentados aqui, para que possam ser enquadrados como segurados especiais. Caso contrário, deverão ser enquadrados em uma das outras categorias dos segurados, seja como contribuinte individual ou mesmo empregado rural.
Outro ponto importante a ser observado tem relação com a atividade voltada para a subsistência da família, uma vez que a lei não protege aqueles que possuem outras rendas ou que suas atividades rurais se enquadrem em atividades voltadas para o lucro ou comércio. As exceções trazidas pela Lei nº 8.213, art. 11, §9º permitem que o membro do grupo familiar possa possuir outra fonte de renda, desde que preencha alguns dos requisitos elencados no referido parágrafo.[9: § 9o  Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)I – benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos termos do inciso IV do § 8o deste artigo;       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)III - exercício de atividade remunerada em período não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991;         (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais;        (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991;         (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do § 8o deste artigo;       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.       (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)]
Novamente, percebe-se a tentativa da legislação atual, ao modificar a Lei nº 8.213/91, de amparar o segurado especial, buscando mecanismos para que seu direito possa ser realmente efetivando, assim ampliando o rol de situações nas quais o trabalhador pode exercer a atividade de diferentes formas, sem que tenha descaracterizado sua condição de segurado especial.
Claramente, há uma necessidade de se resguardar os direitos dessa classe, muito em razão da precariedade da atividade. O trabalho rural é de difícil comprovação e de períodos de escassa produção e trabalho, o que obriga o trabalhador a procurar outros meios de sobrevivência para manter a subsistência da família, não devendo, portanto, tal fato acarretar a perda dessa proteção dada aos segurados especiais.
É importante que ao analisar o caso concreto, o julgador busque não só analisar os conceitos trazidos nas Leis nº 8.212/91 e nº 8.213/91, mas também procure observas as INs expedidas pelo INSS, pois, em várias delas, encontrar-se-á conceitos para os termos das referidas leis, bem como exceções e permissões para que se mantenha a qualidade de segurado especial.
É de suma importância também que os julgadores não se limitem ao texto da lei, avaliando caso a caso para que a qualidade de segurado especial não seja descaracterizada de forma leviana e consequentemente elimine assim a tentativa de proteção constitucional a essa categoria de trabalhadores.
No que atine ao modo de contribuição, o trabalhador enquadrado como segurado especial, como já mencionado anteriormente, custeia a previdência social de modo sui generis, só contribuindo quando comercializa o excedente da sua produção. Muito embora não haja a obrigação da contribuição mensal, o art. 39 da Lei nº 8.213/1991 elenca os tipos de benefícios assegurados a essa categoria, sendo eles: o benefício aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão, de pensão por morte e de salário-maternidade, todos no valor de apenas 1 (um) salário mínimo, caso não contribuam facultativamente.[10: Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão:I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido; ouI - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, e de auxílio-acidente, conforme disposto no art. 86, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido; ou (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)II - dos benefícios especificados nesta Lei, observados os critérios e a forma de cálculo estabelecidos, desde que contribuam facultativamente para a Previdência Social, na forma estipulada no Plano de Custeio da Seguridade Social. Parágrafo único. Para a segurada especial fica garantida a concessão do salário-maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do início do benefício. (Incluído pela Lei nº 8.861, de 1994)]
Importante ainda ressaltar que não há exigências de contribuições para a concessão dos benefícios, sendo necessário apenas comprovar o exercício da atividade rural, mesmo que de forma descontínua, em período igual aos meses necessários para cumprir a carência do benefício requerido.
Visando ilustrar o enunciado, abaixo seguem duas jurisprudências atinentes ao tema:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. BENEFÍCIO INDEVIDO. 1. Hipótese em que o Tribunal a quo não reconheceu à recorrente a qualidade de segurada especial, para fins de aposentadoria rural, sob o fundamento de que "ficou comprovado que a agricultura não foi a dedicação principal da autora durante o período aquisitivo do direito, pois trabalhou como empregada doméstica no intervalo de 01-09-1995 a 30-09-2002, conforme CTPS da fl. 11" (fl. 192). 2. O entendimento adotado no acórdão recorrido reflete o disposto na legislação previdenciária, que nega a qualidade de segurado especial a membro de grupo familiar que possua outra fonte de rendimento decorrente do exercício de atividade remunerada (art. 9º, § 8º, do Decreto 3.048/1999). Nesse sentido: REsp 1.307.950/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 18/04/2013; AgRg no REsp 1.146.457/MS, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 3/5/2010; REsp 1.336.462/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 5/11/2012. 3. A análise da veracidade da afirmação de que jamais exercera outra atividade além da rural exige incursão nos elementos fático-probatórios dos autos, o que encontra óbice na Súmula 7/STJ. 4. Recurso Especial conhecido parcialmente e, nessa parte,não provido.
(STJ - REsp: 1397264 RS 2013/0259434-7, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 15/10/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 22/10/2013)
PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. SALÁRIO-MATERNIDADE.PESCADORA ARTESANAL. DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL.REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. 1. A concessão do benefício de salário-maternidade está regrada no art. 39, § único, c/c art. 73 da Lei n.º 8.213/91. 2. A designação de segurado especial encontra-se no art. 11, VII, da Lei n.º 8.213/91. 3. Existindo nos autos documentos que caracterizam razoável início de prova material, corroborados pelos depoimentos das testemunhas ouvidas em juízo, de que a autora exercia atividade de auxílio ao seu marido na atividade pesqueira em regime de economia familiar, tem-se como presentes os requisitos legais para a concessão do benefício de salário-maternidade. 4. Apelação provida.
(TRF-4 - AC: 1199 SC 2001.72.07.001199-0, Relator: NYLSON PAIM DE ABREU, Data de Julgamento: 12/08/2003, SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 27/08/2003 PÁGINA: 784)
Referências:
ALVES, Rafael G. O segurado especial no Regime Geral da Previdência Social. Disponível em http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8521/O-segurado-especial-no-Regime-Geral-da-Previdencia-Social Acesso em: 04/04/2016.
RAGEL, L., PASINATO, M. T., SILEIRA, F. G., LOPEZ, F. G., MEDONÇA, J. L. Previdência Social - conquistas, desafios e perspectivas da previdência social no Brasil vinte anos após a promulgação da constituição federal de 1988. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/4348/1/bps_n17_vol01_previdencia_social.pdf Acesso em: 03/04/2016.

Continue navegando