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PRINCIPAIS ASPECTOS DAS TEORIAS DE SIGMUND FREUD E CARL JUNG ADRIELLE GÊNOVA FERREIRA Trabalho referente à matéria Teorias e Sistemas em Psicologia, ministrada pelo Prof. Sandro R. Gontijo, como parte da avaliação do terceiro termo de Psicologia. Presidente Prudente – SP 2016 FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PRESIDENTE PRUDENTE CURSO DE PSICOLOGIA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PRESIDENTE PRUDENTE CURSO DE PSICOLOGIA 1 SIGMUND FREUD – O CAMINHO À “CURA PELA FALA” O inconsciente é o local de armazenamento de nossas experiências, porém é, para nós, inacessível e incontrolável. Os primeiros cientistas a estuda-lo temiam que, caso fosse possível acessar essas informações, elas pudessem ser muito complexas para compreensão do consciente e muito agressivas, também. Freud quem mencionou o inconsciente como “... a parte da mente que define e explica os mecanismos responsáveis por nossa habilidade de pensar e sentir” (COLLIN, 2012, et. al, pág. 94). Por volta de 1880, o neurologista Jean Charcot, utilizou de métodos hipnóticos para solucionar crises histéricas de seus pacientes, foi quando Freud conheceu este trabalho e passou a analisar o que aconteciam naquelas sessões. “Charcot considerava a histeria um distúrbio mental causado por anormalidades no sistema nervoso...” (COLLIN, 2012, et. al, pág. 94), e Freud adotou para si esta ideia e este tipo de tratamento. Enquanto utilizava a hipnose em seus pacientes, Sigmund foi apresentado a Breuer, um médico que também usava da hipnose, mas ele a tinha como um facilitador para acessar lembranças traumáticas de seus pacientes, e segundo ele, ao falar sobre o evento havia melhora nos sintomas. Breuer concluiu que os sintomas da paciente eram produto das memorias perturbadoras ocultas em sua mente inconsciente e que, ao dar voz aos pensamentos, essas memorias eram trazidas à consciência, possibilitando o desaparecimento dos sintomas (COLLIN, 2012, et. al, pág. 94) A partir daqui Freud passou a adotar essa técnica com seus pacientes, e aos poucos percebeu que não havia necessidade de utilizar da hipnose para acessar essas memórias, pois elas se manifestavam de outras maneiras, como por exemplo, nos sonhos e nos desenhos. Segundo Freud, nosso consciente, a parte ativa da mente ao qual estamos conectados durante a maior parte do dia, é apenas uma fração pequena da realidade psicológica. Quando nos aprofundamos na mente, encontramos o inconsciente, que não é mais a parte superficial, mas sim, a fonte de armazenamento de memórias reprimidas. Essa repressão geraria no homem um estado tensional que só encontraria equilíbrio a partir do momento que as memórias pudessem vir à consciência. Freud utilizou o termo “recalque” para definir a transferência ou transformação da energia psíquica, não aceita ou não suportada pelo consciente, para o inconsciente, que nada mais seria do que a repressão de momentos dolorosos ou traumáticos. Outra função do inconsciente é armazenas as pulsões motivadoras, comportamentos para satisfação de necessidades. Sigmund dizia que no inconsciente encontramos a pulsão de morte, que é o que nos move ao fim do ciclo vital. O inconsciente abriga, segundo Freud, uma enorme quantidade de forcas conflitantes. Além da força das pulsões de vida e de morte, contém também a intensidade das memorias e das emoções recalcadas, bem como as contradições inerentes à nossa compreensão da realidade consciente, permeada pela realidade reprimida. Segundo Freud, o conflito psicológico que surge em função dessas formas contraditórias está subjacente a todo o sofrimento humano. (COLLIN, 2012, et. al, pág. 97) Com esta base teórica Freud deu origem à Psicanalise, terapia na qual o paciente permanece deitado em um divã durante a sessão, com seu terapeuta fora do seu campo de visão. O paciente, por meio de associação livre (criação de C. Jung), onde ouvindo determinada palavra faz-se uma ligação com outra que lhe vem a mente, e “o analista surge como um mediador, procurando abrir espaço para que pensamentos silenciados e sentimentos intoleráveis venham à superfície.” (COLLIN, 2012, et. al, pág. 97). A primeira teoria do aparelho psíquico de Freud consistiu em dividir, em três, o sistema psíquico: INCONSCIENTE – conteúdos não presentes durante a consciência, reprimidos por censuras internas. PRÉ-CONSCIENTE – alguns conteúdos permanecem acessíveis à consciência, quando há algum esforço. CONSCIENTE – aparelho que recebe informações internas e externas. Destaca-se a percepção, atenção e raciocínio. Após comparar as sessões de seus pacientes Freud descobriu que a maioria das neuroses tinham aspectos sexuais reprimidos, nos primeiros anos de vida. Conclui então que a função sexual existe desde o principio, o que significa que o sexo não estava somente relacionado a reprodução; a libido seria a energia dos instintos sexuais. Isso levou Freud a dividir o desenvolvimento sexual em partes: Fase oral – boca; Fase anal – ânus; Fase fálica – órgão sexual; (período de latência caracteriza-se pela diminuição das atividades sexuais); Fase genital – a erotização não está mais no próprio corpo, mas sim no externo, corpo do outro. Durante a fase genital ocorre o Complexo de Édipo (3 a 5 anos). A mãe é o objeto de desejo do menino, e o pai da menina, sendo o sexo oposto um rival que impede o acesso ao objeto de desejo. O menino então escolhe o pai como modelo de comportamento, e a menina a mãe. Após algum tempo, Freud reformulou sua teoria do aparelho psíquico, formando os sistemas de personalidade, utilizada nos dias atuais: ID – pulsões, de vida e morte. Principio do prazer imediato (inconsciente). EGO – equilíbrio entre exigências do id e a realidade do superego, principio da realidade; SUPEREGO – tem origem no complexo de édipo, em que são internalizadas as exigências sociais e culturais. Esse sistema está ligado a ideia de culpa, um mal estar interno em que não precisa de ninguém para dizer o que não deve fazer, sua consciência se encarrega do trabalho. A terapia psicanalítica costuma ser mais demorada, pode levar anos, inclusive. Freud usou como instrumentos de análise os sonhos, um dos meios de deixar vir à tona o inconsciente. O sonho seria a representação de um desejo de modo distorcido. Outro instrumento importante são os atos falhos, seriam erros na fala que demonstram repressões do inconsciente, são involuntários, e, portanto, o terapeuta deve ficar atento para interpretá-las. Assim, o trabalho da psicanálise é decifrar o inconsciente, porque esses conteúdos determinam grande parte da conduta das pessoas e dos grupos. É um trabalho investigativo de autoconhecimento, que possibilita lidar com o sofrimento, criar mecanismos de superação, sempre rumo ao inconsciente. 2 CARL JUNG – PSICOLOGIA ANALÍTICA Apesar de ter unido seus estudos às teorias de Freud, por existirem semelhanças entre suas observações clinicas de existência de inconsciente e repressões, após algum tempo Jung separou suas ideias de Freud, pois ocorreram divergências entre suas maneiras de estudar o psiquismo. C. Jung muito se interessou pelas vastas semelhanças entre a cultura dos povos, observou que existiam simbologias que persistiam por muitos anos. Através disto concluiu que os símbolos não sãoformados por experiências individuais, somente, mas são parte do psiquismo humano. Foi ele o introdutor do conceito de “inconsciente coletivo”, local onde os mitos e símbolos são armazenados independentemente do inconsciente individual, sendo universal aos homens. Jung acreditava que os símbolos existem como parte das memorias hereditárias passadas de geração em geração e que sofrem mudanças apenas sutis conforme as diferentes culturas e a época. Essas memorias herdadas surgem na psique sob a linguagem de símbolos, os quais Jung chamou de “arquétipos”. (COLLIN, 2012, et. al, pág. 104) Segundo Jung os arquétipos são “memórias herdadas” da humanidade. Essas memorias são utilizadas para que possamos entender nossas experiências individuais, pelo conhecimento dos antepassados. Segundo ele, a psique é formada por três componentes: o ego, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. O ego representaria a mente consciente ou o self, enquanto o inconsciente pessoal conteria as memórias do individuo, inclusive as que estão suprimidas. O inconsciente coletivo seria a parte da psique que abriga os arquétipos. (COLLIN, 2012, et. al, pág. 105) Percebeu em suas observações que os seres humanos apenas compartilham parte de sua personalidade, e deixam a outra “oculta” dos demais, de acordo com o ambiente em que se encontram. Chamou este arquétipo de persona. A imagem transmitida aos outros, nosso self público, é nossa Persona; que contem traços femininos e masculinos, Anima e Animus, respectivamente. “Trata-se da outra metade, de parte que nos foi suprimida à medida que nos constituímos homem ou mulher.” (COLLIN, 2012, et. al, pág. 105) Em contrapartida à Persona, temos a Sombra, as partes ocultas que tentamos não demonstrar as demais pessoas, aqui ficariam nossas repressões, sejam sentimentos, vontades, segredos e partes do caráter. A teoria de Jung visa encontrar um equilíbrio, uma “autorrealização”, entre todos os arquétipos, para que se encontre o Verdadeiro Self, união dos demais. E, para tanto, o homem precisa estar consciente a fim de buscar a sabedoria sobre si próprio. Jung também se utilizou dos sonhos, para ele, eram uma fusão de consciência com inconsciente coletivo, e os arquétipos apareciam camuflados como símbolos. Carl foi o primeiro a utilizar da associação livre, da qual Freud adotou a técnica, que auxiliou da criação de testes, posteriormente. A terapia Junguiana é baseada na colaboração entre o analisado e o analista, os inconscientes de ambos teriam de ‘conversar’ abertamente para chegar- se a uma evolução. Por fim, é possível observar algumas diferenças entre as teorias Freudiana e Junguiana, que levaram à separação desses teóricos. Jung não ignora a energia sexual descoberta por Freud, mas para ele não existe somente isso no inconsciente, há, por exemplo, o inconsciente coletivo, que abordaria grandes produções culturais e sociais. Apesar de terem se separado, ambos tiveram muita importância para a psicologia, formando duas grandes teorias até hoje utilizadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS COLLIN, C.; BENSON, N; GINSBURG, J.; GRAND, V.; LAZYAN, M; WEEKS, M. - O livro da Psicologia ,São Paulo: Ed. Globo, 2012. ENTREVISTA COM C. JUNG (1957) - Dr. Richard I. Evans, do Departamento de Psicologia da Universidade de Houston Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=c6VpU5FfqT0 .Acesso em: 16 de maio de 2016. Filme: Freud além da alma, 1963 – John Huston Filme: Um método perigoso, 2012 – David Cronenberg
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