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Centro Universitário Instituto de Educação Superior de Brasília Dallari, Dalmo. “Da sociedade” in Elementos de Teoria Geral do Estado, São Paulo: Ed. Saraiva, Cap. I. Origem da Sociedade (págs. 21 a 30) - Dalmo Dallari inicia seu estudo elaborando uma pergunta sobre a origem da sociedade sob um ponto de vista filosófico, e não histórico. - Existem duas correntes que podem explicar a origem da sociedade: a corrente natural e a corrente contratualista. - Sociedade natural: afirma que o ser humano é um ser social por natureza. - Para Aristóteles, o homem é, entre todos os animais, o único que possui noção do bem e do mal, do justo e do injusto. - O homem tem atrelado em si uma necessidade natural para viver de forma associativa. - Santo Tomás de Aquino também acredita que o homem é essencialmente um ser social e que viver em sociedade é a regra, tendo como exceção a vida solitária. - Santo Tomás de Aquino diz que a vida solitária pode ser encaixar numa de três hipóteses: excelentia naturae (homem virtuoso que poderia viver em comunhão com a própria divindade); corruptio naturae (anomalia mental); mala fortuna (por acidente, a pessoa naufragar ou se perder). - Ainda na primeira corrente, a sociedade é um fato natural, mas não exclui a inclusão da vontade humana. O homem necessita não somente de subsídios materiais, mas também do convívio com outros homens. - De acordo com a segunda corrente, contratualista, a sociedade é resultado de um acordo de vontades, ou seja, um contrato “invisível” firmado entre os homens. - Existe uma variedade de contratualismos, porém algo comum entre eles é o fato de negar o impulso social natural, levantando seu pensamento a partir da ideia de que apenas a vontade humana justifica a existência da sociedade. - Platão elabora em texto, “A República”, uma forma utópica de como deveria ser uma sociedade firmada no contratualismo. - Thomas Hobbes, outro defensor do contratualismo, elabora seu pensamento sobre como é (ou como ele pensa ser) a sociedade e não como deveria ser. Para ele, o homem é naturalmente mau e egoísta e agindo desta maneira ele acabaria vivendo solitário, mas por ser um animal racional, o ser humano analisa e descobre “os princípios que deve seguir para superar o estado de natureza e estabelecer o “estado social”” (pág. 25). - Tendo em vista a ideia contratual, Hobbes elenca duas leis fundamentais da natureza, sendo elas: “a) cada homem deve esforçar-se pela paz, enquanto tiver a esperança de alcançá-la; e, quando não puder obtê-la, deve buscar e utilizar todas as ajudas e vantagens da guerra; b) cada um deve consentir, se os demais também concordam, e enquanto se considere necessário para a paz e a defesa de si mesmo, em renunciar ao seu direito a todas as coisas, e a satisfazer-se, em relação aos demais homens, com a mesma liberdade que lhe for concedida com respeito a si próprio.” (pág. 25). - Firmado o contrato, é necessário a presença de um poder visível, que limite os homens e os coaja. Este poder visível é o Estado, que foi criado pelo homem para garantir sua própria segurança. - Contrário à ideia absolutista de Hobbes, Mostequieu diz que o homem, em seu estado natural e solitário, se sente fraco e amedrontado. E quando este homem se associa, ele passa a se sentir forte e é a partir daí que surgem as guerras entre sociedades, etc. - O contratualismo de Rousseau afirma que a ordem social deriva de convenções entre os homens e não da natureza. Para ele, o homem é essencialmente bom, porém, a partir do momento em que conflitos surgem, o temperamento humano se torna egoísta e mau. - A conclusão de Dallari é formada em cima das duas correntes, onde a sociedade é produto de uma necessidade natural humana, sem excluir a consciência e a vontade humana. A Sociedade e seus Elementos Característicos (págs. 31 e 32) - Conforme a sociedade se desenvolveu, mais complexa ela ficou. Para facilitar os estudos acerca da vida social humana, faz-se necessário a formulação de algumas características, sendo elas: a) uma finalidade social; b) manifestações de conjunto ordenadas; c) o poder social. 2.1. Finalidade Social (págs. 33 a 35) - Dalmo Dallari ressalta duas correntes: determinista e finalista. - Corrente Determinista: acredita que não há um objetivo para ser atingido pelo homem. O homem é sujeito a uma sucessão natural de fatos que ele não pode interromper. - Corrente Finalista: acredita que há um objetivo a ser seguido e que o homem deve ter consciência de que vive em sociedade e que pode interferir nas coisas. - Em síntese, Dallari afirma que a sociedade busca condições e meios para atingir sua finalidade, que é o bem comum. 2.2. Ordem Social e Ordem Jurídica (págs. 36 a 43) - Para assegurar a orientação das manifestações sociais é preciso que a ação conjunta seja ordenada. 2.2.1. Reiteração (págs. 36 e 37) - Os membros da sociedade devem agir de forma conjunta e reiterada para que o objetivo, que é o bem comum, possa ser atingido. - “Os atos praticados isoladamente devem ser conjugados e integrados num todo harmônico, surgindo aqui a exigência de ordem.” (pág. 37). 2.2.2. Ordem (págs. 37 a 41) - É necessário ordem para que os homens não sobreponham interesses individuais e egoístas aos interesses difusos, pois só assim o bem comum poderá ser atingido. - Para garantir a ordem, as leis são criadas. Estas leis são exteriores ao homem e têm poder de coerção o que a torna eficaz, uma vez que é mais fácil obter obediência com algo que é imposto. - Existe uma ordem da natureza e uma ordem humana. - Ordem da natureza: mundo físico e científico. Submetida à causalidade, ou seja, sempre que for identificada a mesma condição, ocorrerá a mesma consequência. - Ordem humana: mundo ético. Submetida à imputação, ou seja, a condição pode gerar determinada consequência, mas pode não gerar. - Unilateralidade da moral: as normas, mesmo que reconhecidas, não estabelecem um relacionamento entre as partes. - Bilateralidade do direito: as normas são reconhecidas e geram relação entre as partes a sensação de direito e dever. - Portanto, as manifestações de conjunto se produzem numa ordem, para que a sociedade possa atingir o bem comum. Essa ordem é externa e coercitiva aos associados, porém ela provém deles. 2.2.3. Adequação (págs. 41 a 43) - A adequação deve ocorrer para que a sociedade se adapte a uma melhor forma de convivência, tendo em vista a livre manifestação para que o indivíduo possa analisar e concluir quais são os melhores meios para viver em sociedade. 2.3. O Poder Social (págs. 44 a 54) - Dallari aponta algumas características que ajudam no entendimento sobre o poder social: socialidade; bilateralidade; relação; processo. - Socialidade: envolve vários indivíduos e grupos. - Bilateralidade: o poder é sempre a correlação entre duas ou mais partes. - Relação: vertical; horizontal; organização; posição das partes. - Processo: dinâmico; sequência no tempo. - O anarquismo é uma corrente que acredita que não é necessária a existência de um poder social, já que é possível para o homem viver de acordo com a natureza, sem precisar se submeter às leis ou instituições sociais. - É possível notar a ideia de anarquismo dentro das ideias dos estoicos (preconizavam a vida espontânea de conformidade com a natureza), dos epicuristas (exaltação do prazer individual) e dos cristãos (passagens na bíblia sendo contrárias ao poder de uns homens sobre outros). - O anarquismo cristão entende que há uma igualdade essencial entre os homens e que por isso nenhum deveria se sobrepor ao outro. Já São Paulo (na Epístola aos Romanos) se posiciona contra o anarquismo, defendendo a ideia de que o homem deve obediência à autoridade terrena, uma vez que “todo poder vem de Deus”. - SantoAgostino foi o cristão que trouxe a mais desenvolvida expressão de anarquismo cristão. Em seu pensamento, todo poder de uns homens sobre outros é ilegítimo. - O anarquismo de cátedra nega a legitimidade do poder, pois o acha apenas como um fato. - O antecedente teórico mais próximo do anarquismo é a obre de William Godwin, que elencava um aspecto que seria fundamento para as manifestações anarquistas, que é a crença na bondade essencial do homem, que seria justo. - Conforme o anarquismo foi perdendo adeptos, grupos remanescentes foram ganhando força e com isso o poder social foi ganhando legitimidade. - Até mesmo nas sociedades mais prósperas, se faz importante a presença de uma ordem garantida por um poder social que coaja todos os indivíduos. - O poder é necessário e legítimo; o poder age comitantemente com o direito; o poder é objetivado pelas vontades dos governados ou da lei; o poder é despersonalizado. As sociedades Políticas (págs. 55 a 58) - As sociedades têm uma finalidade e, para alcançá-la, promovem manifestações de conjunto ordenadas e se submetem a um poder social. - Entretanto, existem diversas sociedades. Estas sociedades se mostram divergentes umas das outras mesmo que todas sejam compostas por aqueles três elementos. - “Gofredo Telles Jr. Expõe o que denomina processo de integração, tendo como ponto de partida o fato em que as sociedades primitivas se apresentam com uma organização simples e homogênea. Aos poucos, todavia, o grupo vai evoluindo e se torna mais complexo, notando-se, então, que os indivíduos de mesma tendência e com as mesmas aptidões preferem constituir um grupo à parte, num movimento de diferenciação. Mas os grupos assim diferenciados necessitam dos demais para sua própria sobrevivência [...]. Isto se consegue por um movimento de coordenação”. - As sociedades políticas são aquelas que se ocupam das ações humanas conjuntas, coordenando-as em função de um bem comum, a fim de que os fins particulares de seus membros sejam consentidos. - O Estado é a sociedade política de mais importância, pois possui capacidade de influir e condicionar.
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