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Aula 9 – Cálculo de Tubulações sob Pressão Eng. Civil Marcelo Botini Tavares 9.1 – INTRODUÇÃO 9.2 – O MÉTODO EMPÍRICO E A MULTIPLICIDADE DE FÓRMULAS 9.2.1 Fórmula de Darcy 9.2.2 Fórmula de Hazen-Williams 9.2.3 Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao 9.3 – PROBLEMAS HIDRAULICAMENTE DETERMINADOS 9.1 INTRODUÇÃO No projeto de uma instalação hidráulica de água fria, a questão principal é determinar a quantidade de energia necessária para “empurrar” a quantidade de água desejada entre um ponto e outro das tubulações. Normalmente, num abastecimento de água por gravidade, os dados conhecidos são a carga disponível e a vazão desejada, e a incógnita é o diâmetro do tubo. Mas qualquer combinação de parâmetros conhecidos ou por determinar é frequente no dia-a-dia dos engenheiros. 9.2 O MÉTODO EMPÍRICO E A MULTIPLICIDADE DE FÓRMULAS A fórmula de Darcy ou Universal, apresenta o inconveniente de precisar de aferição de um coeficiente “f” que nem sempre é transladável de uma situação para outra, o que torna sua utilização problemática. Assim, diversos engenheiros e pesquisadores dedicaram-se a lançar os dados observados na prática em gráficos e tentar desenvolver equações empíricas a partir dos mesmos. A fórmula empírica consagrada pelo uso é a fórmula de Hazen-Williams que, pela tradição de bons resultados e simplicidade de uso via tabelas, há de permanecer em uso por muito tempo no meio dos engenheiros. Em projetos de instalações prediais de água fria ou quente, cuja topologia é caracterizada pela variação de diâmetros e presença de grande número de conexões, é usual a utilização da fórmula de Fair-Whipple-Hsiao. É importante anotar que tais fórmulas assumem que o escoamento é sempre turbulento. 9.2.1 Fórmula de Darcy Darcy teve o grande mérito de ter sido o primeiro investigador a considerar a natureza e o estado das paredes dos tubos, isto é, foi quem primeiro apresentou uma fórmula moderna na atual acepção da palavra. Apresenta-se a expressão de Darcy com a seguinte forma: ℎ𝑓 = 𝑓 𝐿𝑣2 𝐷2𝑔 onde hf = perda de carga (m) f = coeficiente de atrito; L = comprimento da canalização (m); v = velocidade média (m/s); g = aceleração da gravidade (9,8 m/s²). Na sequência apresenta-se algumas tabelas com valores do coeficiente de atrito “f” na fórmula de Darcy. Tabela 9.1 – Valores do coeficiente de atrito na fórmula de Darcy, para tubos novos de ferro fundido e de aço, conduzindo água fria. Tabela 9.2 – Valores do coeficiente de atrito na fórmula de Darcy, para tubos usados de ferro fundido e de aço e para tubulações de concreto, conduzindo água fria. Exercício 9.1 – Uma estação elevatória recalca 220 l/s de água através de uma canalização antiga (com mais de 10 anos de uso), de aço, de 500 mm de diâmetro e 1600 m de extensão. Estimar a economia mensal de energia elétrica que será feita, quando essa canalização for substituída por uma linha nova de aço. Supor custo da energia elétrica R$ 0,38/kWh. Utilizar a equação da potência da bomba 𝑃𝑜𝑡 = 𝑄 × 𝐻 × 0,736 75𝜂 em kW, com rendimento de 70% e Q em l/s. 9.2.2 Fórmula de Hazen-Williams A fórmula de Hazen-Williams pode ser aplicada a condutos livres ou condutos forçados. Seus limites de aplicação são os mais largos: diâmetro de 50 a 3500 mm e velocidade até 3,0 m/s, ou seja, praticamente todos os casos do dia a dia aí se enquadram. A fórmula de Hazen-Williams é descrita da seguinte maneira: 𝐽 = 10,643 𝑄1,85 𝐶−1,85 𝐷−4,87 onde: Q = vazão (m³/s); D = diâmetro (m); J = perda de carga unitária (m/m); C = coeficiente adimensional que depende da natureza (material e estado) das paredes do tubo (Tabela 9.3) A fórmula também pode ser escrita explicitando-se a vazão e a velocidade: 𝑄 = 0,279 𝐶 𝐷2,63 𝐽0,54 𝑣 = 0,355 𝐶 𝐷0,63 𝐽0,54 A fórmula de Hazen-Williams, sendo das mais perfeitas, requer, para a sua aplicação criteriosa, maior cuidado na adoção do coeficiente C. Para tubos de ferro ou de aço, o coeficiente C depende do tempo, de modo que o seu valor deve prever a vida útil que se espera da canalização. Tabela 9.3 – Valor do coeficiente C sugerido para a fórmula de Hazen- Williams A Tabela 9.4, obtida das investigações de Hazen-Williams a respeito do envelhecimento das tubulações, também é de grande utilidade nas aplicações práticas. Para uma mesma rugosidade de parede interna do tubo, na fórmula de Hazen-Williams, conclui-se que: um tubo de maior diâmetro deverá ter um coeficiente C ligeiramente maior que um tubo de diâmetro menor. Tabela 9.4 – Valores do coeficiente C segundo os dados analisados por Hazen-Williams. Tubos de ferro fundido sem revestimento interno Exercício 9.2 – Numa cidade do interior, o número de casa atinge a 1.340 e, segundo a agência de estatística regional, a ocupação média dos domicílios gira em torno de 5 pessoas por habitação. A cidade já conta com um serviço de abastecimento de água, localizando-se o manancial na encosta de uma serra, em nível mais elevado do que o reservatório de distribuição de água na cidade. O diâmetro da linha adutora existente é de 150 mm, sendo os tubos de ferro fundido com 15 anos de uso. O nível de água no ponto de captação flutua em torno da cota 812 m e o nível de água médio no reservatório de distribuição é 776 m; o comprimento da linha adutora é 4.240 m. Verificar se o volume de água aduzido diariamente pode ser considerado satisfatório para o abastecimento atual da cidade, admitindo-se o consumo individual médio como sendo 200 litros por habitante por dia. Nos dias de maior utilização, a demanda é cerca de 25% maior que a média. 9.2.3 Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao Muito utilizadas em projetos de instalações prediais de água fria ou quente, é dada por: 𝑄 = 27,113 × 𝐽0,532 × 𝐷2,596 (ferro fundido) 𝑄 = 55,934 × 𝐽0,571 × 𝐷2,714 (pvc ou cobre) com Q (m³/s), D (m) e J (m/m). 9.3 Problemas Hidraulicamente determinados São problemas hidraulicamente determinados aqueles em que, a partir dos dados, tem-se univocamente a incógnita, somente coma equação do movimento e a equação da continuidade. De acordo com o regime de escoamento (Reynolds) utilizamos fórmulas determinadas da seguinte forma: - Para escoamento laminar (Re < 2.000), em tubos de seção circular, utiliza-se a fórmula de Poiseuille. - Para escoamentos turbulentos (Re > 4.000), utiliza-se a fórmula de Hazen-Williams, ou a fórmula Universal. Para escoamentos com números de Reynolds compreendidos entre 2.000 e 4.000 utiliza-se o diagrama Rouse e Moody. Os diagramas de Rouse e Moody são de grande utilidade na solução geral dos problemas de escoamento em tubos. Com o auxílio destes diagramas, solucionamos os chamados “problemas tipos”. Existem 6 tipos de “problemas tipo” todos relacionando o diâmetro (D), a vazão (Q), a velocidade (v) e a perda de carga (hf). O quadro que segue auxilia na resolução deste problemas. Exercício 9.3 (problema tipo I) – Uma tubulação de aço rebitado, com 300 mm de diâmetro e 300 m de comprimento, conduz 130 l/s de água a 15,5°C (ν = 0,000001132 m²/s). A rugosidade do tubo é 0,003 m. Determinar a velocidade média e a perda de carga. Exercício 9.4 (problema tipo II) – Dois reservatórios estão ligados por uma canalização de ferro fundido (e = 0,000260 m) com 150 mm de diâmetro e 360 m de extensão. Determinar a velocidade e a vazão no momento em que a diferença de nível entre os dois reservatórios igualar-se a 9,30 m. Admitir a temperatura daágua como sendo de 26,5° (ν = 0,000000866 m²/s) . Exercício 9.5 (problema tipo III) – Determinar o diâmetro necessário para que um encanamento de aço (e = 0,000046 m) conduza 19 l/s de querosene a 10°C (ν = 0,00000278 m²/s), com uma perda de carga que não exceda 6,0 m em 1200 m de extensão. Calcular velocidade e perda de carga para o diâmetro adotado. Exercício 9.6 (problema tipo IV) – Uma canalização nova de aço com 150 m de comprimento transporta gasolina a 10°C (ν = 0,000000710 m²/s) de um tanque para outro, com uma velocidade média de 1,44 m/s. A rugosidade dos tubos pode ser admitida igual a 0,000061 m. Determinar o diâmetro e a vazão da linha, conhecida a diferença de nível entre os dois depósitos, que é de 1,86 m.
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