Aula 03 - Poder Constituinte

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Direito Constitucional I
Aula 03 – Poder Constituinte
FADI – Faculdade de Direito de Sorocaba
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Poder Constituinte
 Constituição: lei fundamental do Estado
 Abade de Sieyès*: Contexto: período anterior à Revolução Francesa. É considerado um manifesto de reivindicações da burguesia contra o clero e a nobreza. Formação das sociedades:
- 1º estágio: indivíduos isolados que procuram se reunir, e só por esse fato todos eles têm os direitos de uma nação.
- 2º estágio: reúnem-se, efetivamente, para deliberar sobre suas necessidades públicas e os meios de provê-las. Vontade real comum. (continua)
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Poder Constituinte
 3º estágio: surge o governo exercido por procuração. Não atua uma vontade comum real, mas sim uma vontade comum representativa. Os representantes não exercem a vontade por direito próprio. Para criação desse corpo de representantes há a necessidade de uma CONSTITUIÇÃO, na qual sejam definidas os seus órgãos, formas, funções e os meios para exercê-los.
 Para ele esse poder é jurídico e não encontra outro limite que não o direito natural.
Poder constituinte difere dos poderes constituídos.
A teoria buscava elevar a burguesia que tudo fazia (economicamente), mas não se representava.
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Poder Constituinte
 Poder constituinte se cristaliza na hipótese de a sociedade política manifesta a vontade de organizar juridicamente o Estado, valendo-se de um documento que é a Constituição.
 Conceito: “é a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente organizado.” (Alexandre de Morais).
 “Poder que edita a Constituição nova, substituindo Constituição anterior ou dando organização a novo Estado.” (Manoel Gonçalves Ferreira Filho)
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Poder Constituinte
Natureza do Poder Constituinte: normativistas negam a natureza jurídica do Poder Constituinte, dizendo que é pré-jurídico, anterior à formação do Direito e por isso deve ser estudado em outros ramos da Ciência (Celso Bastos, Michel Temer). 
Jusnaturalistas pensam que o Poder Constituinte não tem limites em direito positivo anterior, mas somente no direito natural (Manoel Gonçalves Ferreira Filho).
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Poder Constituinte
Titularidade: A distinção entre titularidade e o exercício do Poder Constituinte é meramente acadêmica.
Em princípio, o titular é o povo e exercente é aquele que edita a Constituição em nome do povo. Porém, há casos em que se confundem numa mesma figura exercente e titular, como nos movimentos revolucionários.
Pode ser exercido de forma direta pelo povo que é chamado a aprovar ou rejeitar a Constituição, através do referendum.
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Poder Constituinte
Espécies: 1) Poder Constituinte Originário e 2) Poder Constituinte Derivado (reformador, decorrente e de revisão)
1) Poder Constituinte Originário visa criar o Estado, pois esse só existe a partir de sua Constituição. Sendo então movimento inaugural, não tem limites à sua atividade.
Características: inicial, autônomo, ilimitado e incondicionado.
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Poder Constituinte Derivado
2.a) Poder Constituinte Derivado: se destina à reforma do texto constitucional, para que não haja necessidade de chamar o Poder Constituinte Originário a cada alteração, o próprio Poder Constituinte Originário institui o também chamado Poder Constituinte Reformador.
Características: limitado, subordinado, instituído e condicionado.
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Poder Constituinte Derivado
 Limites:
1) procedimentais ou processuais: como é iniciada, a discussão, a votação, aprovação e promulgação, sendo diferenciada em relação às demais leis (art. 60, incs. I, II e III e § 2º);
2) circunstanciais: por ser a reforma constitucional matéria de grande relevância, não pode ocorrer em instantes de conturbação nacional (art. 60, § 1º), como estado de sítio, estado de emergência ou intervenção federal; ou em uma mesma sessão legislativa (§ 5º).
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Poder Constituinte
3) materiais: dizem respeito ao conteúdo e podem ser explícitas ou implícitas.
- No que pertine às limitações materiais explícitas encontramos as vedações relativas às emendas, no art. 60, § 4º e incisos.
- Já nas limitações materiais implícitas, há uma tendência na doutrina de ampliar as limitações. Nelson de Souza Sampaio*, esclarece que consistiriam exemplos dessas limitações implícitas, as normas constitucionais concernentes ao titular do poder constituinte, ao titular do poder reformador e às relativas ao processo de emenda, como o próprio art. 60.
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Poder Constituinte Decorrente
 Poder Constituinte Decorrente: federação e estados-membros
Constituição Federal: Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
CF - ADCT: Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.
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Poder Constituinte de Revisão
 Revisão Constitucional:
CF-ADCT: art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
Há limites ou não? Para José Afonso não havia limites; Para Michel Temer são os mesmos limites do art. 60, § 4º, e para Geraldo Ataliba e Paulo Bonavides só se, pelo do plebiscito, o povo afirmasse que queria o parlamentarismo ou a monarquia constitucional. art. 2º do ADCT.
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Poder Constituinte
A Constituição, do ponto de vista sociológico, pode ser legítima ou ilegítima, dependendo da ser ou não representante do efetivo poder social.
O Poder Constituinte decide quanto à forma de Estado, à forma de Governo, aos órgãos do Poder e como este é alcançado e exercido, e à declaração dos direitos individuais, como fruto da decisão política que é tomada em certo momento.
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Poder Constituinte - Recepção
 Recepção: toda a produção legislativa infraconstitucional que não se incompatibiliza com a nova Carta tem validade e é recepcionada com status previsto para o tema na Carta atual: por exemplo: Código Penal é decreto-lei, contudo, recepcionado como Lei.
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Poder Constituinte - Repristinação
 Repristinação ou efeito repristinatório: não ocorre no direito brasileiro, apenas em caso de previsão expressa. É restauração automática de legislação nascida sob a égide de uma Constituição, não recepcionada pela 2ª, agora, compatível com a terceira ordem constitucional.
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Poder Constituinte - Repristinação
Repristinação admitida expressamente: Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução ao Código Civil – LICC): Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1o  A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2o  A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3o  Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
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Poder Constituinte – Constituinte de 1987/1988
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 26, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1985. Convoca Assembléia Nacional Constituinte e dá outras providências.
AS MESAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS E DO SENADO FEDERAL, nos termos do art. 49 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:
Art. 1º Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-ão, unicameralmente, em Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 1º de fevereiro de 1987, na sede do Congresso Nacional.Art. 2º. O Presidente do Supremo Tribunal Federal instalará a Assembléia Nacional Constituinte e dirigirá a sessão de eleição do seu Presidente.
Art. 3º A Constituição será promulgada depois da aprovação de seu texto, em dois turnos de discussão e votação, pela maioria absoluta dos Membros da Assembléia Nacional Constituinte.
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Poder Constituinte – ADCT – Art. 8º - Anistia
Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que foram abrangidos pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e aos atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969, asseguradas as promoções, na inatividade, ao cargo, emprego, posto ou graduação a que teriam direito se estivessem em serviço ativo, obedecidos os prazos de permanência em atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as características e peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e militares e observados os respectivos regimes jurídicos.
§ 1º - O disposto neste artigo somente gerará efeitos financeiros a partir da promulgação da Constituição, vedada a remuneração de qualquer espécie em caráter retroativo.
§ 2º - Ficam assegurados os benefícios estabelecidos neste artigo aos trabalhadores do setor privado, dirigentes e representantes sindicais que, por motivos exclusivamente políticos, tenham sido punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades remuneradas que exerciam, bem como aos que foram impedidos de exercer atividades profissionais em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos.
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Poder Constituinte – ADCT – Art. 8º - Anistia
§ 3º - Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional específica, em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica nº S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e nº S-285-GM5 será concedida reparação de natureza econômica, na forma que dispuser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze meses a contar da promulgação da Constituição.
§ 4º - Aos que, por força de atos institucionais, tenham exercido gratuitamente mandato eletivo de vereador serão computados, para efeito de aposentadoria no serviço público e previdência social, os respectivos períodos.
§ 5º - A anistia concedida nos termos deste artigo aplica-se aos servidores públicos civis e aos empregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações, empresas públicas ou empresas mistas sob controle estatal, exceto nos Ministérios militares, que tenham sido punidos ou demitidos por atividades profissionais interrompidas em virtude de decisão de seus trabalhadores, bem como em decorrência do Decreto-Lei nº 1.632, de 4 de agosto de 1978, ou por motivos exclusivamente políticos, assegurada a readmissão dos que foram atingidos a partir de 1979, observado o disposto no § 1º.
Art. 9º. Os que, por motivos exclusivamente políticos, foram cassados ou tiveram seus direitos políticos suspensos no período de 15 de julho a 31 de dezembro de 1969, por ato do então Presidente da República, poderão requerer ao Supremo Tribunal Federal o reconhecimento dos direitos e vantagens interrompidos pelos atos punitivos, desde que comprovem terem sido estes eivados de vício grave.
Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal proferirá a decisão no prazo de cento e vinte dias, a contar do pedido do interessado.
Sieyès. Emmanuel Joseph. A CONSTITUINTE BURGUESA – Que é o Terceiro Estado? Trad. Norma Azeredo. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 1997.
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*Sampaio. Nelson de Sousa. O Poder de Reforma Constitucional. 3ª. Ed. Atual. Por Uadi Lamêgo Bulos. Belo Horizonte: Nova Alvorada, 1994.
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