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Resenha Travessia do Silêncio

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Universidade Federal Fluminense
Instituto de Letras - Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Professora: Gildete Amorim Turma: D1
Aluna: Dafne Fonseca Vinhaes
Resenha do documentário “Travessia do Silêncio”. Direção: Dorrit Harazim, Produção: VideoFilmes, 2004.
 O documentário mostra as diversas possibilidades de como lidar com a surdez, destacando a oposição que há, dentro da comunidade surda, entre aqueles que optam pela oralização (uso da língua falada) e o uso de LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais). No entanto, sem a presença de um locutor, essa divergência de opiniões é revelada de maneira muito sutil, baseada apenas nos depoimentos de surdos e suas famílias.
 Logo nas primeiras cenas, uma criança com problemas auditivos é submetida, com certa dificuldade, a exercícios de oralização por uma fonoaudióloga, mostrando um pouco desse processo. Em seguida, a primeira família é entrevistada, e esta manifesta as angústias ao descobrir que os dois filhos nasceram surdos e as preocupações de como lidar com a circunstância da surdez. Os pais demonstram sentimento de culpa pela demora em perceber a condição dos filhos, e optam imediatamente pelo uso de implante coclear (aparelho implantado através de cirurgia que estimula o nervo auditivo, gerando sensações sonoras) e oralização das crianças. É interessante observar que esse comportamento se repete entre os pais entrevistados que possuem boa condição financeira, ou seja, nota-se, no documentário, um certo menosprezo por parte de famílias abastadas pelo uso da língua de sinais.
 Por outro lado, “Travessia do Silêncio” mostra surdos fluentes em Libras de origens mais humildes, cuja principal dificuldade é a comunicação com os parentes, uma vez que geralmente estes não aprendem a se comunicar em LIBRAS. Uma das mães entrevistadas, Esmeraldina, afirma que se esforça para entender o mundo da filha surda, pois para ela, isto é mais fácil do que o contrário, sua filha se inserir no mundo dos ouvintes.
 O filme, dirigido por Dorrit Harazim, expõe um pouco do funcionamento do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), fundado em 1857 no Rio de Janeiro. A instituição adota o bilinguismo, isto é, as aulas são ministradas em LIBRAS com o apoio da língua portuguesa escrita e a leitura labial, método considerado por alguns estudiosos como o ideal na educação de surdos. Um de seus alunos, no entanto, comenta a dificuldade de alguns professores com a língua de sinais mesmo dentro do INES, o que acaba atrapalhando o aprendizado dos alunos. Logo depois, em conversa com o seu irmão (ambos surdos de nascença), esse aluno mostra grande interesse em química – deseja ser professor da área – e em música, algo inusitado para um surdo. Seu irmão encontrou impasses na educação, relatando que sua fonoaudióloga o obrigava a falar, e um de seus professores batia em sua mão para impedi-lo de se comunicar em LIBRAS. Para ele, as pessoas sentem pena dos surdos e os consideram fracos, e por isso eles devem ser tão fortes e capazes como qualquer ouvinte. Essa fala destaca um pouco do grande preconceito que pessoas surdas enfrentam na sociedade, que está altamente despreparada para entender o mundo da surdez.
 Diversos tipos de surdos participam da obra. Surdos de nascença, por sequela após doença, surdos que usam apenas a língua de sinais, outros que tiveram aparelhos implantados e não abrem mão da oralização – estes últimos são alvo de grande discórdia entre os surdos, por preferirem se adequar ao mundo dos ouvintes. Isso mostra a diversidade e os conflitos dentro da comunidade surda, que possui cultura, identidade e língua próprias.

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