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PROCESSO PENAL AULA 02

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PROCESSO PENAL – AULA 02 (30/03/12)
Continuação da Aula anterior (Condições Genéricas da Ação Penal):
d) Justa Causa:
- Deve ser compreendida como o suporte probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal, cuja ausência acarreta a rejeição da peça acusatória.
- Se presente a justa causa, a peça acusatória deve ser recebida pelo juiz, e se ausente, deverá ser rejeitada. Isso está descrito no art. 395, inciso III do CPP.
- O processo penal não pode ser uma aventura leviana.
- Quanto à natureza jurídica da justa causa, há quem entenda que se trata de um pressuposto processual. No entanto, acaba prevalecendo o entendimento de que a justa causa é uma condição genérica sui generis da ação penal. Na verdade, é uma condição que deve ser implementada em todo processo para que o mesmo possa ter início.
04) Condição de Prosseguibilidade
- Não se confunde com a condição de procedibilidade (mesma coisa que condição da ação penal).
- Condição de procedibilidade funciona como uma condição necessária para o início do processo. O processo ainda não começou, e a condição é necessária para o processo começar.
- Já na condição de prosseguibilidade o processo já está em andamento e uma condição deve ser implementada para que o processo possa seguir seu curso normal.
- Ex: Representação nos crimes de lesão corporal leve/culposa. Nestes crimes, antes da L. 9.099/95 os dois crimes eram de ação penal pública incondicionada. Após a L. 9.099/95, no art. 88, alterou o tipo de ação destes dois delitos, que passaram a ser crimes de ação penal pública condicionada à representação.
Natureza Jurídica da representação nos crimes de lesão leve e culposa: 1) Para os processos criminais que estavam em andamento à época em que entrou em vigor a L. 9.099/95, a representação funcionou como condição de prosseguibilidade (art. 91 da Lei); 2) Para os processos que ainda não tinham começado à época em que entrou em vigor a L. 9.099/95, a representação funcionou como condição de prossedibilidade (art. 88 da Lei).
- Esta é uma questão passada, mas existe uma situação controvertida atual no mesmo sentido. É o caso dos processos criminais referentes ao crime de estupro com violência real que estavam tramitando à época da vigência da L. 12.015/09 (alterou os crimes sexuais). Antes desta Lei, o crime de estupro com violência real era de ação penal pública incondicionada (Súmula 608, STF). Após a Lei, o crime passou a ser de ação penal pública condicionada à representação. Para o caso do processo que estava em andamento, é necessária a representação do ofendido? R: Existem duas correntes: 1) Se o processo já estava em andamento, não haverá necessidade de representação, já que a L. 12.015/09 não trouxe dispositivo semelhante ao art. 91 da L. 9.099/95 (esta deve ser a posição que irá prevalecer); 2) Ao passar a exigir representação para um crime que antes era de ação penal pública incondicionada, a L. 12.015/09 assume contornos de norma processual mista, de caráter benéfico ao acusado, pois o não oferecimento da representação acarreta a decadência, e conseqüente extinção da punibilidade. Portanto, para os processos que estavam em tramitação, a representação passa a funcionar como condição de prosseguibilidade. O prazo para o oferecimento dessa representação, para a maioria dos doutrinadores é de 30 dias, aplicando-se, por analogia, o art. 91 da L. 9.099/95. Para o professor, o prazo seria de 06 meses, pois este é o prazo decadencial previsto no CPP (art. 38).
05) Classificação das Ações Penais Condenatórias
- A classificação é feita conforme o pólo ativo.
a) Ação Penal Pública:
- Tem como titular o MP (CF, art. 129, I)
- A peça acusatória nesse tipo de ação é a denúncia.
a.1) Ação Penal Pública Incondicionada:
- A atuação do MP não depende da vontade da vítima.
- Funciona como regra. Se a lei não disse nada, subentende-se que a ação é penal pública incondicionada.
a.2) Ação Penal Pública Condicionada:
- A atuação do MP depende da representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
- A tendência dos últimos anos é a condicionada à representação do ofendido. Isso porque em um primeiro momento, ela colhe o interesse da vítima, e posteriormente o MP atua, não necessitando que a vítima contrate um advogado.
- Ex: Ameaça, Lesão corporal leve e culposa, crime contra a honra do Presidente da República (depende de requisição do Ministro da Justiça).
a.3) Ação Penal Pública Subsidiária da Pública:
- Apenas alguns doutrinadores trazem esta classificação.
- seria verificada em 03 casos:
 Dec. Lei 201/67 (art. 2º, § 2º): trata dos crimes de responsabilidade dos prefeitos e afirma que, se por acaso, o MP estadual não adotar providências contra o prefeito sob crime de responsabilidade, estas providências poderão ser solicitadas ao Procurador Geral da República (chefe do MPU). No entanto, a maioria entende que o § 2º não foi recepcionado pela CF/88, pois atenta contra a autonomia dos MPs Estaduais. Este entendimento também atenta contra o princípio do juiz natural;
 Código Eleitoral, art. 357, §§ 3º e 4º. Este dispositivo está em vigor e tem plena validade;
 Incidente de Deslocamento de Competência (IDC). Está na CF, art. 109, V-A e 109, § 5º. Trata da hipótese de uma causa que estava na justiça estadual e é deslocada para a justiça federal. Esta hipótese é tratada como válida para os tribunais superiores.
b) Ação Penal de Iniciativa Privada:
- O Titular é o ofendido ou seu representante legal.
- A peça acusatória é a queixa-crime.
b.1) Ação Penal Privada Personalíssima:
- O direito de queixa só pode ser exercido pelo próprio ofendido.
- No caso do ofendido ser incapaz, o direito de queixa não pode ser exercido pelo representante legal.
- Não há sucessão processual, ou seja, se o ofendido morrer, o direito não é transmitido, mesmo que o processo esteja em andamento. A morte da vítima extingue a punibilidade? R: Sim, nos crimes de ação penal privada personalíssima, pois nestes crimes não há a sucessão processual.
- Único crime de ação penal privada personalíssima é o do art. 236, do CP (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento).
b.2) Ação Penal Exclusivamente Privada:
- O ofendido incapaz poderá ter seu direito exercido por seu representante legal.
- É possível a sucessão processual.
b.3) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública:
- Somente será cabível diante da inércia do MP.
- Será estudada na próxima aula.
06) Princípios da Ação Penal:
	Ação Penal Pública
	Ação Penal Privada
	Ne Procedat iudex ex officio
	Ne Procedat iudex ex officio
	Ne bis in idem processual
	Ne bis in idem processual
	Princípio da Intranscendência
	Princípio da Intranscendência
	Princípio da Obrigatoriedade
	-------------------------------
	
	
1) Ne Procedat iudex ex officio: 
- Conhecido vulgarmente como inércia da Jurisdição.
- Ao Juiz não é dado iniciar de ofício um processo penal condenatório.
- É natural quando se pensa que o Brasil adota o Sistema Acusatório (CP, art. 129, I), em que o MP é o titular da ação penal, e não o Juiz.
- Processo Judicialiforme (ou Ação Penal ex officio) é um processo criminal instaurado por meio de portaria do Juiz. Está no art. 26 do CPP. Este tipo de processo não foi recepcionado pela CF/88, portanto não é válido.
OBS: Apesar de não poder instaurar processo penal condenatório, o juiz poderá agir de ofício em alguns casos, em que não se tratar de condenação. Ex: A ordem de habeas corpus pode ser concedido de ofício pelo juiz, respeitada a sua competência (art. 654, § 2º, do CPP).
2) Ne bis in idem processual:
- No Direito Penal, o Ne bis in idem é quando uma mesma circunstancia não pode ser utilizada para o mesmo acusado.
- No Direito Processual, o Ne bis in idem assegura que ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação.
- Na Convenção Americana sob Direitos Humanos, no art. 8º, § 4º, este princípio está presente literalmente.
- No caso de decisão absolutória ou declaratória extintiva de punibilidade,ainda que proferida por juízo incompetente, é capaz de transitar em julgado e de produzir seus efeitos regulares, dentre eles o de impedir novo processo pela mesma imputação (STF, HC 86.606/HC 91.505).
3) Princípio da Intranscendência:
- Por conta deste princípio, a peça acusatória só pode ser oferecida contra o suposto autor/partícipe do fato delituoso.
- Nada mais é do que um desdobramento do princípio da pessoalidade da pena (CF, art. 5º, inc. XLV).
4) Princípio da Obrigatoriedade:
- É chamado por alguns doutrinadores por Princípio da Legalidade Processual.
- Presentes as condições da Ação Penal e havendo justa causa, o MP é obrigado a oferecer denúncia.
- É aplicável tanto ao MP como para a Polícia.
- A maioria da doutrina afirma que a previsão legal é o art. 24 do CPP, alegando que os termos imperativos deixam a idéia de que o MP não tem escolha.
- Os mecanismos de fiscalização (controle) do princípio da obrigatoriedade são:
 Art. 28 do CPP, que afirma que o juiz, quando não concordar com o arquivamento, deverá mandar o processo ao Procurador Geral.
 Ação Penal Privada Subsidiária da Pública, que é exercido pela vítima do crime.
- Exceções ao Princípio da Obrigatoriedade (situações em que houve um crime, mas o MP não será obrigado a oferecer denúncia):
 Transação Penal (L. 9.099/95, art. 76), que trata de um acordo entre o MP e o autor de uma infração de menor potencial ofensivo. Será uma pena de multa ou restritiva de direitos. Neste caso, feito o acordo, o MP não será obrigado a efetuar a denúncia. Na Transação Penal, ao invés de se falar no Princípio da Obrigatoriedade, fala-se do Princípio da Discricionariedade Regrada/Obrigatoriedade Mitigada. A liberdade do Promotor é fixada pela lei.
 Acordo de Leniência, que é uma espécie de delação premiada em crimes contra a ordem econômica. A expressão sinônima é acordo de brandura ou acordo de doçura. Estava previsto no art. 35-C da L. 8.884/94, que ainda está em vigor, mas passará a constar (esperando a vacatio legis) do art. 87 da L. 12.529/11 (Nova Lei de Concorrência). Com essa nova lei, o Acordo de Leniência irá abranger os crimes diretamente ligados à formação de cartel.
 Termo de Ajustamento de Conduta, que está previsto na L. 7.347/85 (Ação Civil Pública). É o caso dos crimes ambientais, e com este termo, extinguirá o crime ambiental e uma parte da doutrina entende que enquanto houver o cumprimento do acordo, não haverá interesse de agir (STF, HC 92.921). O STJ é contrário a este entendimento.
 Parcelamento do Débito Tributário, que está previsto no art. 83, § 2º, da L. 9.430/96, com redação dada pela L. 12.382/11 (Lei do Salário Mínimo).

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