Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA E MICROBIOLOGIA DISCIPLINA: PARASITOLOGIA VETERINÁRIA CURSO: MEDICINA VETERINÁRIA PROFª. DRª. LUANNA SOARES CLASSE TREMATODA Classe Trematoda • Características Gerais • Formato semelhante a uma folha • Não são segmentados • Possuem ventosas oral e ventral (ou acetábulo) para fixação no hospedeiro e movimentação sobre o mesmo • Tubo digestivo sem ânus (metabólitos excretados pela boca) • Ceco único ou duplo, termina em fundo de saco • Revestimento externo (tegumento) resistente, com músculos sobre a lâmina basal que mantém a forma do parasito • Heteroxênicos podendo apresentar até três hospedeiros intermediários Classe Trematoda • Características Gerais • Sistema reprodutor masculino com testículos, canais deferentes e bolsa do cirro com vesícula seminal, glândulas prostáticas e um poro genital • Sistema reprodutor feminino com ovário, reservatório seminal, glândulas vitelínicas, oótipo, alças uterinas (útero) e poro genital (vulva) • Presença de glândulas vitelínicas (produzem vitelo, matéria necessária para formação do ovo) • Geralmente são hermafroditas Fasciola hepatica • Classificação Taxonômica • Reino Animalia • Sub-reino Metazoa • Filo Platyhelminthes • Classe Trematoda • Família Fasciolidae • Gênero Fasciola • Espécie Fasciola hepatica Fasciola hepatica • Hospedeiros Definitivos: Bovinos e ovinos, também pode parasitar equídeos, bubalinos e humanos • Hospedeiros Intermediários: Molusco aquático - Lymnaea viatrix (região Sul) e Lymnaea columela (região Sudeste) • Local: Adultos ductos biliares Fasciola hepatica • Morfologia • Cone cefálico, que é uma projeção anterior do corpo onde fica a abertura da ventosa oral • Corpo muito grande em relação aos outros trematódeos, com espinhos no tegumento • Só se distingue ovário e testículos pela localização • Ovos com 150μm amarelados pela bile Fasciola hepatica • Ciclo Biológico • Ovos nas fezes do HD → liberam miracídios → penetração no HI (molusco) → esporocistos → rédias → liberação de cercárias → metacercárias na vegetação → ingestão pelo HD • Se o meio for favorável, dentro do molusco as cercárias são logo produzidas, mas se não, o molusco se afunda na lama e só quando o meio se torna favorável é que seu metabolismo volta ao normal e a rédia I se torna cercária. Essas são semelhantes aos adultos e já apresentam cauda, saindo pelas partes moles do molusco e caindo na água Fasciola hepatica • Ciclo Biológico • Quando há estiagem, a lâmina dos rios desce e elas ficam expostas, e assim são ingeridas pelos HD ao pastorear • No tubo digestivo desses animais as metacercárias perdem as carapaças de proteção e passam a ser formas jovens que penetram na mucosa intestinal e caem na cavidade peritoneal perfurando o peritôneo visceral do fígado e neste local migram até quatro meses, depois vão aos ductos biliares onde ficam adultos, se alimentam de sangue e após oito semanas da infecção já eliminam ovos Fasciola hepatica • Importância na Medicina Veterinária • As formas jovens migram no parênquima hepático destruindo-o. É a fase aguda da doença • Os adultos provocam espoliação nos ductos biliares e na forma crônica da doença pode haver calcificação dos ductos biliares • Provoca perdas na produção animal e mortes, muitas vezes pela migração das formas jovens, sendo que por isso, o exame de fezes normalmente é negativo, pois ainda não há eliminação de ovos Eurytrema pancreaticum • Classificação Taxonômica • Reino Animalia • Sub-reino Metazoa • Filo Platyhelminthes • Classe Trematoda • Família Dicrocoeliidae • Gênero Eurytrema • Espécie Eurytrema pancreaticum Eurytrema pancreaticum • Hospedeiros Definitivos: Bovinos, suínos e humanos • Hospedeiros Intermediários: • 1-Moluscos terrestres: Bradybaena similaris (caracol) • 2-Gafanhoto: Conocephalus sp. • Local: Adultos ductos pancreáticos e raramente o fígado Eurytrema pancreaticum • Morfologia • Corpo grande 10-13mm • Ventosa oral grande • Esôfago curto • Acetábulo mediano • Testículos bem separados, após o acetábulo • Ovário posterior aos testículos • Cecos que não vão ao terço mediano do corpo Eurytrema pancreaticum • Ciclo Biológico • Os ovos saem nas fezes do HD e os moluscos (HI 1) ingerem esses ovos que liberam o miracídio no seu intestino. Na cavidade celomática forma-se esporocisto I e na digestiva, esporocisto II. Formam-se então as cercárias (que saem do molusco com um muco) e essas se aderem ao talo do capim, que é ingerido pelo gafanhoto (HI 2) • As cercárias atravessam o tubo digestivo e passam a metacercárias na cavidade celomática do gafanhoto, que é ingerido acidentalmente pelo HD ao pastorear e as metacercárias passam do intestino e vão se localizar nos ductos pancreáticos, onde se tornam adultos Eurytrema pancreaticum • Patogenia e Sintomatologia • Espessamento e endurecimento dos ductos pancreáticos • Espoliação sanguínea • Relação com tumores no pâncreas • Diagnóstico • Pesquisa de ovos nas fezes • Achados de necrópsia Paramphistomum cervi • Classificação Taxonômica • Reino Animalia • Sub-reino Metazoa • Filo Platyhelminthes • Classe Trematoda • Família Paramphistomatidae • Gênero Paramphistomum • Espécie Paramphistomum cervi Paramphistomum cervi • Hospedeiros Definitivos: Bovinos • Hospedeiros Intermediários: Moluscos aquáticos: Biomphalaria e Lymnaea • Local: Adultos no rúmen e retículo Paramphistomum cervi • Morfologia • Medem de 5 a 15 mm de comprimento • Corpo cônico e espesso • Mais largo posteriormente • Acetábulo posterior • Ovário posterior aos testículos • Cor vermelha quando vivos Paramphistomum cervi • Ciclo Biológico • Ovos nas fezes do HD → liberam miracídios → penetração no HI (molusco) → esporocistos → rédias → liberação de cercárias → metacercárias na vegetação → ingestão pelo HD Paramphistomum cervi • Ciclo Biológico Paramphistomum cervi • Patogenia e Sintomatologia • Formas adultas assintomáticas • Formas jovens: • Enterite com hemorragias, edemas e ulcerações • Sinais Clínicos: diarreia fétida de coloração verde escura, hemorragia retal, anorexia, sede intensa, crescimento retardado • Surtos agudos – 90% de mortalidade Paramphistomum cervi • Diagnóstico • Pesquisa de ovos nas fezes • Observação de parasitos adultos em necrópsia Paramphistomum cervi • Profilaxia • Tratamento de animais parasitados • Evitar o contato das fezes com a água • Combate aos moluscos: – Produtos químicos – Drenagem de área alagadas – Utilização de predadores naturais • Rotação de pastagens Schistosoma mansoni • Classificação Taxonômica • Reino Animalia • Sub-reino Metazoa • Filo Platyhelminthes • Classe Trematoda • Família Schistosomatidae • Gênero Schistosoma • Espécie Schistosoma mansoni Schistosoma mansoni Descrição da Doença • É uma doença parasitária causada → trematódeo heteroxeno da espécie Schistossoma mansoni • Hospedeiros Definitivos: Homem • Hospedeiros Alternativos: Roedores, marsupiais, carnívoros, primatas e bovinos • Hospedeiro Intermediário: Moluscos Gênero Biomphalaria Schistosoma mansoni • Schistosoma • Schistosoma haematobium – moluscos Bulinus• Schistosoma japonicum – Oncomelania • Schistosoma mansoni – Biomphalaria “Barriga d’água” ou “Xistose” Schistosoma mansoni • Schistosoma mansoni • Chegou ao Brasil (BA e PE) com tráfico de escravos da África • Descoberto por Pirajá da Silva (1908) • Sambon (1907 - Londres - Inglaterra) Schistosoma mansoni • Epidemiologia • 200 milhões de infectados no mundo – 120milhões assintomáticos – 20milhões doença grave • 280 mil óbitos/ano (80% na África) Schistosoma mansoni • Epidemiologia • Brasil • Programa Especial de Controle da Esquistossomose (PECE) - 1975 • 12 milhões de tratamento, NE • ≈ 65mil novos casos • 500 óbitos/ano (MS, 2011) • AL, SE e PE > prevalências Schistosoma mansoni • Distribuição no Brasil Schistosoma mansoni • O Vetor • Filo Mollusca • Classe Gastropoda • Ordem Pulmonata • Família Planorbidae • Gênero Biomphalaria • Concha em espiral plana Schistosoma mansoni • Espécies principais: • Biomphalaria glabrata – Américas • B. tenagophila – Sul do Brasil • B. straminea – Nordeste do Brasil • Habitat : Água doce ou salobra • coleções naturais • criadouros artificiais Schistosoma mansoni • Morfologia • Ovo • 5 estágios larvários (miracídio, esporocisto 1ario, esporocisto 2ario, cercária e esquistossômulo) • Adultos machos e fêmeas Schistosoma mansoni • Morfologia • Ovo • 150 x 60μm • Oval, cor marrom • Espícula característica voltada para trás • 300 ovos/dia, veias mesentéricas inferiores • Não eclodem nas fezes • Eclosão na água (23-28°C), viáveis por 2-5 dias • 1 ovo = 1 miracídio Schistosoma mansoni • Morfologia • Miracídio • 180 x 60μm • Cilíndrica, epitélio ciliado • Extremidade anterior – papila apical (terebratorium) • Glândulas de pentração • Quimiotropismo pelo molusco • Superinfecção mata moluscos • Não se alimentam – 12 horas de vida Schistosoma mansoni • Morfologia • Esporocisto 1ario • Em 2h: perde epitélio ciliado, ganha microvilosidades • - Perde complexo apical • - Perde céls musculares, ganha céls germinativas • - Processo de multiplicação • Em 2 semanas formam 20 a 40 esporocistos 2arios • 1 miracídio = 100 - 300mil cercárias Schistosoma mansoni • Morfologia • Cercária • Corpo cercariano (0,2mm) • Cauda bifurcada (0,3mm) • Ventosa oral e ventral • Liberação das cercárias: períodos iluminados • Glândulas de penetração • Não se alimentam • 24-36h para penetrar no HD Turbulência da água Sombra do corpo Quimiotropismo por moléculas da pele Schistosoma mansoni • Morfologia • Esquistossômulo • Vermiforme • 3-4 dias na pele antes de chegar à circulação • Microvilosidades (absorção nutrientes) • Circulação – Pulmão – Coração – Fígado (SPIH) • Fase pulmonar: 1 semana • Formação dos casais (3-4 semanas) Schistosoma mansoni • Morfologia • Adultos Machos • Medem 1cm • Cor esbranquiçada • Corpo cheio de tubérculos • Porção anterior: Ventosa oral e ventral (acetábulo) • Porção posterior: Canal ginecóforo Schistosoma mansoni • Morfologia • Adultos Fêmeas • Medem 1,5 cm • Cor mais escura • É mais delgada • Tegumento liso Schistosoma mansoni • Os Adultos • Nutrição: hemácias • Machos: 40mil hem/dia • Fêmeas: 300mil hem/dia • Vida: 3-10 anos • Ovo: 6-8sem após infecção • 1sem para sair nas fezes Schistosoma mansoni Schistosoma mansoni • Ciclo de vida Schistosoma mansoni • Ciclo Biológico Schistosoma mansoni • Migração do parasita no hospedeiro Schistosoma mansoni Schistosoma mansoni • Transmissão • Penetração das cercárias na pele e/ou mucosa do hospedeiro • Águas contaminadas • Locais: focos peridomiciliares • “Caso da raia da USP – anos 60” Schistosoma mansoni • Resposta Imune • Contra formas infectantes (cercárias) • Sem afetar os vermes adultos do SPH • Atenuação dos efeitos da doença • Impedindo a superinfecção e resposta granulomatosa Schistosoma mansoni • Mecanismo de escape do parasita • Formas jovens (larvárias): • Modificações do tegumento → moléculas do hospedeiro (ABL) – perda da capacidade de fixar Acs • Adultos: • Modificação contínua do tegumento (descamação/ renovação) • Fusão de pedaços de membrana do hospedeiro • Não reconhecimento imunológico Schistosoma mansoni • Patogenia • Cercárias: Dermatite cercariana • Esquistossômulos: Pele, Pulmões, Fígado, SPIH • Vermes Adultos: vivos não produzem lesões mortos – lesões extensas, circunsc. Ação espoliativa: glicose e ferro Schistosoma mansoni • Cada fêmea deposita cerca de 300 ovos por dia... Para onde vão esses ovos? Schistosoma mansoni • Patogenia • Ovos • Elementos fundamentais • Número de ovos na luz intestinal: • ↓ Ovos – lesões mínimas • ↑ Ovos – edemas submucosa, úlceras e hemorragias • Granulomas • Fígado e Intestino grosso Schistosoma mansoni • Sintomatologia • Forma inaparente ou assintomática • 10-35 dias após a infecção • Oligossintomáticos: mal estar, com ou sem febre, tosse, dores musculares, dor abdominal, hepatite aguda Schistosoma mansoni • Sintomatologia • Forma aguda (50-120 dias) • Reação a penetração das cercárias • - Dermatite cercariana • Reações pulmonares • Reação Toxêmica • Febre, sudorese, calafrios, linfoadenopatia, emagrecimento, diarréia, cólicas, tenesmo, hepatoesplenomegalia Schistosoma mansoni • Sintomatologia • Fase Crônica • Intestino • Diarréia mucosanguinolenta, dor abdominal e tenesmo • Fibrose da alça retossigmóide: • ↓ peristaltismo e constipação constante • Pouco frequentes: formas pseudoneoplásicas Schistosoma mansoni • Sintomatologia • Fígado • Início - ↑ e doloroso à palpação • Fase mais adiantada: ↓ e fibrosado • Granulomas hepáticos → obstruções nos ramos intra-hepáticos da veia porta → hipertensão portal: • Esplenomegalia, varizes e ascite Schistosoma mansoni • Diagnóstico • Clínico: anamnese (origem, hábitos..) • Exame Parasitológico de Fezes • Métodos de sedimentação ou centrifugação • Métodos de Concentração por Tamização: (Kato-Katz) Schistosoma mansoni • Diagnóstico • Biópsia ou Raspagem da mucosa retal – Pessoal treinado e desconforto • Ultrassonografia – Fase Crônica – Grau de fibrose das alterações hepáticas • Métodos Imunológicos – Reação Intradérmica: 0,05ml de Ag de S. mansoni, formação de pápula – 1cm crianças, 1,2cm adultos Schistosoma mansoni • Diagnóstico Imunológico • RIFI - Execução complicada e leitura demorada • ELISA – é o mais utilizado • PCR – Bastante promissora Alto custo e complexidade Schistosoma mansoni • Tratamento • PRAZIQUANTEL: Aumenta o influxo de cálcio e afeta a contração muscular do S. mansoni • Posologia: 60mg/kg/dia, v.o, 3 dias • OXAMNIQUINE: Possível paralisia e destacamento do parasito das veias mesentéricas (Não mais utilizado - Brasil) • Terapia FitoterápicaSchistosoma mansoni • Fatores que influenciam a presença e a expansão • Clima tropical do país • Habitats aquáticos → criadouros de moluscos • Altas temperaturas e luminosidade • Foco de transmissão → contaminação do criadouro dos caramujos com fezes contendo ovos viáveis Schistosoma mansoni • Fatores ligados à população humana • Idade, raça, sexo • Atividades Profissionais (Modificações ambientais) Schistosoma mansoni • Fatores ligados à população humana • Condições de vida precárias Schistosoma mansoni • Fatores ligados à população humana • Migrações internas • Educação sanitária precária • Ausência de infra-estrutura sanitária adequada • Disseminação do molusco Biomphalaria • Atividades recreativas e profissionais Schistosoma mansoni • Profilaxia • Educação sanitária • Saneamento Básico • Evitar defecar próximos às áreas de transmissão • Evitar tomar banho → presença de caramujos • Controle dos moluscos – Químico: Niclosamida – Biológico: Predadores naturais • Tratamento dos doentes: químicos e naturais Schistosoma mansoni
Compartilhar