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Revista da Biologia (2011) Vol. Esp. Biogeogra!a: 26-30
Contatos dos autores:
felipemartins1305@gmail.com 
mvdomingues71@gmail.com
Recebido 14ago10
Aceito 15mai11
Publicado 07nov11
Filogeogra!a
Phylogeography
Felipe de Mello Martins1, Marcus Vinícius Domingues2
1Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, SP Brasil
2Universidade Federal do Pará, Campus Bragança Brasil
Resumo. A !logeogra!a é de!nida como o estudo dos princípios e processos que determinam 
a distribuição geográ!ca de linhagens genealógicas. Neste artigo, revisamos brevemente a 
história e escopo da !logeogra!a, bem como apresentamos um panorama atual da !logeogra!a 
no Brasil, destacando áreas carentes em estudos e potenciais desa!os.
Palavras–chave. Filogeogra!a, biogeogra!a, árvores de genes.
Abstract. Phylogeography is de!ned as the study of principles and processes governing 
the geographical distribution of genealogical lineages. In this manuscript, we brie"y review 
the history and purview of phylogeography, and also overlook the current state of the art of 
phylogeography in Brazil, highlighting understudied areas and possible challenges.
Key words. Phylogeography, biogeography, genetrees.
 Ensaio
Introdução
�ȱꕘŽ˜›ŠęŠȱ ·ȱ Žę—’Šȱ Œ˜–˜ȱ ˜ȱ Žœž˜ȱ ˜œȱ
princípios e processos que determinam a dis-
›’‹ž’³¨˜ȱŽ˜›¤ęŒŠȱŽȱ•’—‘ŠŽ—œȱŽ—ŽŠ•à’ŒŠœ 
(Avise e col., 1987). Como o próprio nome indi-
ŒŠǰȱŠȱꕘŽ˜›ŠęŠȱ•’Šȱ—¨˜ȱœ˜–Ž—ŽȱŒ˜–ȱŠœȱ›Ž-
•Š³äŽœȱꕘŽ—·’ŒŠœȱŽ—›Žȱ˜œȱ ¤¡˜—œȱŽœžŠ˜œǰȱ
mas com os componentes históricos responsá-
veis pela distribuição espacial das linhagens. 
A análise e interpretação da distribuição de 
linhagens requerem o processamento conjun-
to de informações de uma série de disciplinas, 
’—Œ•ž’—˜ȱ œ’œŽ–¤’ŒŠȱ ꕘŽ—·’ŒŠǰȱ Ž—·’ŒŠȱ Žȱ
™˜™ž•Š³äŽœǰȱ Ž˜•˜’Šǰȱ Ž–˜›ŠęŠǰȱ ™Š•Ž˜—˜•˜-
gia, geologia, entre outras. O caráter multidisci-
™•’—Š›ȱŠȱꕘŽ˜›ŠęŠǰȱŽ–ȱ™Š›’Œž•Š›ȱŠœȱ¤›ŽŠœȱ
˜ȱŒ˜—‘ŽŒ’–Ž—˜ȱŽ—Ÿ˜•Ÿ’ŠœǰȱŠ£ȱŒ˜–ȱšžŽȱŽœŠȱ
disciplina crie uma ponte entre processos micro 
e macroevolutivos.
Apesar dos processos micro e macroevo-
lutivos serem historicamente tratados de forma 
separada, estes processos sempre estiveram in-
timamente ligados, um como extrapolação do 
˜ž›˜ǯȱ�œȱ›Š–˜œȱŽȱž–Šȱ¤›Ÿ˜›ŽȱꕘŽ—·’ŒŠȱšžŽȱ
considera linhagens em escala macroevolutiva 
possuem uma subestruturação hierárquica que 
Œ˜—œ’œŽȱŽȱ›Š–˜œȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Ž—˜›Žœǰȱ›Žœž•Š—-
do, em última análise, numa relação de paren-
tesco de uma geração para outra (Fig. 1). Tanto 
a genética de populações quanto a sistemática 
ꕘŽ—·’ŒŠȱ •’Š–ȱ Œ˜–ȱ ›Ž•Š³äŽœȱ Žȱ Š—ŒŽœ›Š•’-
dade, pois é através dessas genealogias que os 
genes são transmitidos, traçando o caminho de 
hereditariedade (conceito da genética de popu-
•Š³äŽœǼȱšžŽǰȱ™˜›ȱœžŠȱŸŽ£ǰȱŽœŠ›¨˜ȱ’–™›Žœœ˜œȱ—Šȱ
ꕘŽ—’ŠȱǻŒ˜—ŒŽ’˜ȱŠȱœ’œŽ–¤’ŒŠǼȱ�ȱꕘŽ˜›Š-
ęŠȱž—Žȱ–’Œ›˜ȱŽȱ–ŠŒ›˜ŽŸ˜•ž³¨˜ȱ“žœŠ–Ž—Žȱ™˜›ȱ
ž’•’£Š›ȱ Š–‹Šœȱ Šœȱ Š‹˜›ŠŽ—œȱ Žȱ Œ˜—ŒŽ’˜œȱ Ž–ȱ
uma só análise.
�–ȱœžŠȱŽœœ¹—Œ’ŠǰȱŠȱꕘŽ˜›ŠęŠȱ•’ŠȱŒ˜–ȱŠȱ
’œ›’‹ž’³¨˜ȱŽœ™ŠŒ’Š•ȱŽȱŠ•Ž•˜œȱŒž“Šȱ›Ž•Š³¨˜ȱꕘ-
genética pode ser inferida. Porém, ao contrário 
da percepção corrente, esta disciplina não pre-
cisa basear-se exclusivamente em dados mo-
•ŽŒž•Š›Žœǯȱ �Žœšž’œŠœȱ ꕘŽ˜›¤ęŒŠœȱ ™˜Ž–ȱ œŽ›ȱ
›ŽŠ•’£ŠŠœȱŒ˜–ȱŠ˜œȱ–˜›˜•à’Œ˜œǰȱŒ˜–™˜›Š-
mentais ou outros quaisquer desde que anali-
œŠŠœȱ Š›ŠŸ·œȱ Žȱ ž–Šȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠȱ ꕘŽ—·’ŒŠȱ
Š˜ȱ•˜—˜ȱŽȱž–Šȱ’œ›’‹ž’³¨˜ȱŽ˜›¤ęŒŠȱǻ�Ÿ’œŽǰȱ
ŘŖŖŖǼǯ
�ȱ‘’œà›’Šȱ˜ȱŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’–Ž—˜ȱŠȱꕘŽ˜-
›ŠęŠȱ Žœ¤ȱ ’—’–Š–Ž—Žȱ •’ŠŠȱ Š˜ȱ ŽœŽ—Ÿ˜•Ÿ’-
mento de novas tecnologias e marcadores mo-
•ŽŒž•Š›Žœȱ—Šȱ·ŒŠŠȱŽȱŝŖǯȱ�Šȱ·ŒŠŠȱŠ—Ž›’˜›ǰȱ
o desenvolvimento da eletroforese de proteínas 
ǻŠ•˜£’–ŠœǼȱ™Ž›–’’žȱ™Ž•Šȱ™›’–Ž’›ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱŠȱ’-
versidade genética das espécies fosse acessada 
de forma direta, mas manteve a descontinuida-
de entre estudos micro e macroevolutivos, uma 
ŸŽ£ȱ šžŽȱ ˜œȱ Š•Ž•˜œȱ Ž›Š–ȱ ’Ž—’ęŒŠ˜œȱ ™˜›ȱ ™˜œ-
suírem diferentes propriedade eletroforéticas, 
mas não era possível estimar relações de ances-
27Revista da Biologia (2011) Vol. Esp. Biogeogra!a
tralidade entre estes alelos. A descoberta das 
Ž—£’–ŠœȱŽȱ›Žœ›’³¨˜ȱŽȱœž‹œŽšûŽ—Žȱœž›’–Ž—˜ȱ
ŽȱŠ•˜›’–˜œȱŒŠ™Š£ŽœȱŽȱŽœ’–Š›ȱ’œ¦—Œ’ŠȱŽ-
nética a partir de mapas de restrição foram fun-
damentais para o surgimento da disciplina. Es-
tudos em DNA extracromossômico na primeira 
–ŽŠŽȱŠȱ·ŒŠŠȱŽȱŝŖȱ–˜œ›Š›Š–ȱšžŽȱ˜ȱ���ȱ
mitocondrial (DNAmt) em animais possui uma 
Š•Šȱ Š¡Šȱ Žȱ ŽŸ˜•ž³¨˜ǯȱ �–ȱ ŗşŝśǰȱ ž–ȱ ›Š‹Š•‘˜ȱ
™’˜—Ž’›˜ȱž’•’£˜žȱ–Š™ŠœȱŽȱ›Žœ›’³¨˜ȱŽ–ȱ���-
–ȱ ™Š›Šȱ Žœ’–Š›ȱ ›Ž•Š³äŽœȱ ꕘŽ—·’ŒŠœȱ Ž—›Žȱ
Žœ™·Œ’Žœȱ Žȱ •ŠŠ›˜œȱ ™Š›Ž—˜Ž—·’ŒŠœȱ ǻ�›˜ —ȱ
Žȱ�›’‘ǰȱ ŗşŝśǼǯȱ�ȱ™›’–Ž’›˜ȱ Žœž˜ȱž’•’£Š—˜ȱ
ž–Šȱ Š‹˜›ŠŽ–ȱ Ž¡™•’Œ’Š–Ž—Žȱ ꕘŽ˜›¤ęŒŠȱ
foi de Avise e colaboradores em 1979, que es-
tudaram roedores dos gêneros Peromyscus e Ge-
omys na América do Norte. Tais estudos já apre-
sentavam os elementos básicos da abordagem 
ꕘŽ˜›¤ęŒŠȱšžŽȱ™Ž›–Š—ŽŒŽ–ȱŠ·ȱ‘˜“Žǯȱ�™àœȱ
a publicação de outros trabalhos com a mesma 
Š‹˜›ŠŽ–ǰȱ˜ȱ Ž›–˜ȱꕘŽ˜›ŠęŠȱ ˜’ȱŒž—‘Š˜ȱ
por Avise e colaboradores em um ensaio clássi-
co de 1987.
Estes trabalhos pioneiros e o surgimen-
˜ȱŠȱꕘŽ˜›ŠęŠȱ Œ˜–˜ȱ’œŒ’™•’—Šȱ ›˜ž¡Ž›Š–ȱ
˜ȱ Šœ™ŽŒ˜ȱ ›ŽŸ˜•žŒ’˜—¤›’˜ȱ Žȱ ž’•’£Š›ȱ Œ˜—ŒŽ’˜œȱ
ꕘŽ—·’Œ˜œȱ Š˜ȱ —ÇŸŽ•ȱ ’—›ŠŽœ™ŽŒÇꌘǰȱ ’—›˜ž-
£’—˜ȱ Šȱ —˜³¨˜ȱ —¨˜ȱ ˜›˜˜¡Šȱ Žȱ Œ˜—œ’Ž›Š›ȱ ˜œȱ
indivíduos de uma espécie como unidades ta-
xonômicas operacionais (Operational Taxonomic 
Units–OTUs) em análises de genética de popu-
lações. Os trabalhos pioneiros de genética de 
™˜™ž•Š³äŽœȱ ž’•’£ŠŸŠ–ȬœŽȱ ™›’—Œ’™Š•–Ž—Žȱ Š•˜-
£’–ŠœȱŒ˜–˜ȱ–Š›ŒŠ˜›ŽœȱŽȱ̞¡˜ȱ¹—’Œ˜ȱǻ–Š›-
cadores com baixa resolução e sem informação 
ꕘŽ—·’ŒŠǼǯȱ�œȱž—’ŠŽœȱ™Š›ŠȱŠ—¤•’œŽȱǻ���œǰȱ
que nesse caso eram chamados de demes ou 
™˜™ž•Š³äŽœǼȱŽ›Š–ȱœŽ–™›ŽȱŽę—’Šœȱa priori, ge-
›Š•–Ž—Žȱ™˜›ȱœžŠȱ•˜ŒŠ•’ŠŽȱŽ˜›¤ęŒŠǯȱ�™àœȱŠȱ
análise dos dados coletados, tais unidades po-
Ž›’Š–ȱ˜žȱ—¨˜ȱœŽ›ȱŒ˜—ę›–ŠŠœȱŠ›ŠŸ·œȱŠȱŒ˜–-
™Š›Š³¨˜ȱŽȱ›Žšû¹—Œ’ŠœȱŠ•·•’ŒŠœȱž’•’£Š—˜ȱŠ‹˜›-
dagens estatísticas, extremamente sensíveis 
a erros de amostragem. A partir do momento 
que é possível recuperar a história evolutiva 
de determinados marcadores em indivíduos 
amostrados, não há necessidade de elaboração 
de premissas sobre a história das populações - 
šžŽȱ™ŠœœŠ–ȱŠȱœŽ›ȱŽę—’ŠœȱŠȱ™˜œŽ›’˜›’ǰȱŽ™˜’œȱ
Šȱ›ŽŒ˜—œ›ž³¨˜ȱꕘŽ—·’ŒŠǯȱ�•·–ȱ’œœ˜ǰȱ˜ȱŠ•˜ȱ
grau de resolução apresentado por sequências 
de DNA torna possível descartar preocupações 
exageradas quanto aos erros de amostragem, 
tão freqüentes em estudos anteriores.
�‹˜›ŠŽ–ȱꕘŽ˜›¤ęŒŠ
�ȱ Š‹˜›ŠŽ–ȱ ꕘŽ˜›¤ęŒŠȱ Œ•¤œœ’ŒŠȱ Œ˜—-
siste em sobrepor uma genealogia ao mapa de 
’œ›’‹ž’³¨˜ȱŠœȱ Š–˜œ›Šœȱ Š—Š•’œŠŠœȱ Šȱ ę–ȱŽȱ
encontrar (ou não) concordância entre as li-
nhagens e sua distribuição no espaço. Avise e 
Œ˜•Š‹˜›Š˜›Žœȱ ǻŗşŞŝǼȱ ž’•’£ŠŸŠ–ȱ Šœȱ œŽž’—Žȱ
™›Ž–’œœŠœȱ —Šȱ ˜›–ž•Š³¨˜ȱ Žȱ Žœž˜œȱ ꕘŽ˜-
›¤ęŒ˜œDZȱǻŗǼȱŠȱ–Š’˜›ȱ™Š›ŽȱŠœȱŽœ™·Œ’Žœȱ·ȱŒ˜–-
™˜œŠȱŽȱ™˜™ž•Š³äŽœȱŽ˜›ŠęŒŠ–Ž—Žȱ Žœ›žž-
radas cujos membros ocupam ramos distintos 
Ž–ȱž–ŠȱŽ—ŽŠ•˜’ŠDzȱ ǻŘǼȱŽœ™·Œ’ŽœȱšžŽȱ™˜œœžŽ–ȱ
™˜žŒŠȱ ˜žȱ —Ž—‘ž–Šȱ Žœ›žž›Šȱ ꕘŽ˜›¤ęŒŠȱ
possuem hábitos que incluem dispersão de in-
divíduos ou grupos e ocupam áreas onde não 
existem barreiras físicas conspícuas que impe-
³Š–ȱ˜ȱ̞¡˜ȱ¹—’Œ˜DzȱŽȱǻřǼȱ›ž™˜œȱ’—›ŠŽœ™ŽŒÇꌘœȱ
–˜—˜ę•·’Œ˜œȱœŽ™Š›Š˜œȱ™˜›ȱ›Š—Žœȱ’œ¦—Œ’Šœȱ
genéticas surgem de persistentes barreiras ao 
̞¡˜ȱ¹—’Œ˜ǯ
Avise e colaboradores (1987), com base nos 
Žœž˜œȱ™ž‹•’ŒŠ˜œȱŠ·ȱŽ—¨˜ǰȱœž–Š›’£Š›Š–ȱ˜œȱ
Figura 1. Processos micro e macro evolutivos estão in-
timamente ligados, um como extrapolação do outro. 
�˜ȱœž‹–ŽŽ›ȱž–Šȱ¤›Ÿ˜›ŽȱꕘŽ—·’ŒŠȱǻŽǯǯȱꕘŽ—’ŠȱŠȱ
Ordem Primata) a um aumento de resolução em última 
análise chega-se a uma relação de pedigree (heredogra-
ma). Adaptado de Avise e colaboradores (1987).
Publicado originalmente em:137-150 / Figura 8.1 / Carvalho CJB, Al-
–Ž’Šȱ���DZȱ�’˜Ž˜›ŠęŠȱ Šȱ�–·›’ŒŠȱ ˜ȱ �ž•ȱ ŗȱ�’³¨˜ǰȱ ™ž‹•’ŒŠ˜ȱ ™˜›ȱ
Editora Roca, Copyright © (2011).
28 Martins & Domingues: Filogeogra!a
lativamente recente, a divergência genética será 
baixa (padrão tipo III). Quando ocorre contato 
secundário entre duas populações que perma-
neceram isoladas no passado, é possível encon-
trar linhagens divergentes ocupando a mes-
–Šȱ ¤›ŽŠȱ Ž˜›¤ęŒŠȱ ǻ™Š›¨˜ȱ ’™˜ȱ ��Ǽǯȱ �žŠ—˜ȱ
—¨˜ȱŽ¡’œŽ–ȱ‹Š››Ž’›Šœȱ™Š›Šȱ˜ȱ̞¡˜ȱ¹—’Œ˜ǰȱšžŽȱ
ocorre indiscriminadamente ao longo da área 
de ocorrência da espécie, este possui um efei-
˜ȱ ‘˜–˜Ž—Ž’£Š—Žȱ šžŽȱ ’–™ŽŽȱ ˜ȱ œž›’–Ž—˜ȱ
Žȱ •’—‘ŠŽ—œȱ ’ŸŽ›Ž—Žœȱ Ž˜›ŠęŒŠ–Ž—Žȱ Žœ-
truturadas (padrão tipo IV). Em alguns casos 
do padrão IV, existem linhagens que possuem 
ocorrência restrita como consequência de baixo 
̞¡˜ȱ¹—’Œ˜ȱ Œ˜—Ž–™˜›¦—Ž˜ȱŽ—›Žȱ™˜™ž•Š³äŽœȱ
historicamente ligadas (padrão tipo V) (ver Avi-
œŽǰȱŘŖŖŖȱ™Š›ŠȱŽ¡Ž–™•˜œǼǯ
�œȱŽœž˜œȱ™’˜—Ž’›˜œȱŽ–ȱꕘŽ˜›ŠęŠȱŽ-
monstraram que as premissas levantadas na 
publicação original de 1987 eram uma aproxi-
mação válida: organismos de baixa vagilidade, 
como roedores, invariavelmente eram forma-
dos por populações altamente divergentes e 
Ž˜›ŠęŒŠ–Ž—Žȱ ’œ’—Šœǰȱ Ž—šžŠ—˜ȱ Žœ™·Œ’Žœȱ
com alto potencial de dispersão (como aves e 
organismos marinhos) comumente apresenta-
ŸŠ–ȱ Šžœ¹—Œ’Šȱ Žȱ Žœ›žž›Š³¨˜ȱ Ž˜›¤ęŒŠȱ ǻ™Š-
drão IV). 
�˜ȱ�›Šœ’•ǰȱ–ž’˜œȱŽœž˜œȱ˜›Š–ȱ›ŽŠ•’£Š˜œȱ
—Šȱ·ŒŠŠȱŽȱşŖȱ—Šȱ�–Š£â—’ŠǰȱŒ˜–ȱ’—ž’˜ȱŽȱ
avaliar as diferentes hipóteses históricas criadas 
para explicar a grande diversidade encontrada 
neste bioma, como as hipóteses de rios como 
barreiras, refúgios e gradientes ecológicos. Du-
rante esses anos, que surgiu a necessidade de 
›Žę—Š›ȱ Žȱ ’—Œ›Ž–Ž—Š›ȱ Šœȱ Š—¤•’œŽœȱ ꕘŽ˜›¤ę-
ŒŠœǰȱž–ŠȱŸŽ£ȱšžŽȱœ˜‹›Ž™˜›ȱ¤›Ÿ˜›ŽœȱŽȱŽ—ŽœȱŽ–ȱ
–Š™Šœȱ—¨˜ȱŽ›Šȱž–ŠȱŠ‹˜›ŠŽ–ȱŒŠ™Š£ȱŽȱ’œŒ›’-
minar entre os diferentes processos históricos 
šžŽȱ™˜Ž–ȱŽ›Š›ȱ˜ȱ–Žœ–˜ȱ™Š›¨˜ȱꕘŽ—·’Œ˜ȱ
˜‹œŽ›ŸŠ˜ȱǻŸŽ›ȱ�ŠĴ˜—ȱŽȱŠȱ�’•ŸŠǰȱŗşşŞǼǯȱ�ȱ™Š›’›ȱ
˜ȱꗊ•ȱ˜œȱŠ—˜œȱşŖǰȱ˜œȱŽœž˜œȱꘐŽ˜›¤ęŒ˜œȱ
passaram a empregar múltiplos marcadores 
com diferentes características (DNAmt, DNA 
nuclear e dados morfológicos). Estudos como 
ŽœŽœȱ ˜›Š–ȱ ŒŠ™Š£Žœȱ Žȱ Ž–˜—œ›Š›ȱ ꕘ™Š›’Šȱ
(permanência durante toda a vida na locali-
dade de nascimento) de fêmeas e dispersão de 
–ŠŒ‘˜œȱǻ�ŠœŽ••ŠȱŽȱŒ˜•ǯǰȱŘŖŖŗǼǰȱŒ˜››Ž•Š³¨˜ȱŽ—›Žȱ
Œ•Š˜œȱꕘŽ˜›¤ęŒ˜œȱŽȱ–˜›˜•˜’ŠȱŠœœ˜Œ’ŠŠȱŠȱ
‘’œà›’Šȱ—Šž›Š•ȱǻ�’••Ž›Ȭ�žĴŽ› ˜›‘ȱŽȱŒ˜•ǰȱŘŖŖřǼȱ
e diferenças em introgressão entre diferentes 
marcadores moleculares (Melo-Ferreira e col. 
ŘŖŖśǼǯȱ�ȱ™Š›’›ȱ˜œȱŠ—˜œȱŘŖŖŖǰȱꗊ•–Ž—Žȱ™Šœ-
™˜œœÇŸŽ’œȱ ™Š›äŽœȱ ꕘŽ˜›¤ęŒ˜œȱ šžŽȱ ™˜Ž–ȱ
ser encontrados ao se estudar organismos. São 
basicamente cinco padrões resultantes da com-
binação de dois fatores: a magnitude da diver-
gência genética encontrada entre as linhagens e 
˜ȱ›ŠžȱŽȱ•˜ŒŠ•’£Š³¨˜ȱǻ˜žȱŒ’›Œž—œŒ›’³¨˜ǼȱŽ˜›¤-
ꌊȱ Šœȱ–Žœ–Šœǯȱ �œȱ ’Ž›Ž—Žœȱ ™Š›äŽœȱ Žœ¨˜ȱ
›Ž™›ŽœŽ—Š˜œȱ—Šȱ�’ž›ŠȱŘǯ
�’ž›ŠȱŘǯȱ�Ž™›ŽœŽ—Š³¨˜ȱ˜œȱŒ’—Œ˜ȱ™Š›äŽœȱꕘŽ˜›¤ę-
Œ˜œȱŽœŒ›’˜œȱ™˜›ȱ�Ÿ’œŽȱǻŘŖŖŖǼȱŽ–˜—œ›Š—˜ȱŠȱ›Ž•Š³¨˜ȱ
Ž—›Žȱ ’œ¦—Œ’Šȱ Ž—·’ŒŠȱ Žȱ ’œ›’‹ž’³¨˜ȱ Ž˜›¤ęŒŠȱ Šœȱ
linhagens genéticas. Adaptado de Avise (2000).
Publicado originalmente em: 137-150 / Figura 8.5 / Carvalho CJB, Al-
–Ž’Šȱ���DZȱ�’˜Ž˜›ŠęŠȱ Šȱ�–·›’ŒŠȱ ˜ȱ �ž•ȱ ŗȱ�’³¨˜ǰȱ ™ž‹•’ŒŠ˜ȱ ™˜›ȱ
Editora Roca, Copyright © (2011)
�œȱ™›Ž–’œœŠœȱž’•’£ŠŠœȱ™Š›ŠȱŽę—’›ȱ˜œȱŒ’—-
Œ˜ȱ™Š›äŽœȱꕘŽ˜›¤ęŒ˜œȱ‹¤œ’Œ˜œȱœ¨˜ȱ‹ŠœŠ—Žȱ
œ’–™•Žœǯȱ�ȱŸ’ŒŠ›’¦—Œ’ŠȱŽȱ ’œ˜•Š–Ž—˜ȱŽ˜›¤ęŒ˜ȱ
geram diferenciação genética entre populações 
ou espécies em marcadores genéticos, seja por 
ação de seleção ou por deriva genética, muta-
ção e sorteio de linhagens. Se o tempo de iso-
•Š–Ž—˜ȱ ˜›ȱ •˜—˜ȱœžęŒ’Ž—ŽǰȱŠœȱŽ–Žœȱ ǻ™˜™ž-
•Š³äŽœǼȱ Š™›ŽœŽ—Š›¨˜ȱ –˜—˜ę•Ž’œ–˜ȱ ›ŽŒÇ™›˜Œ˜ǯȱ
Se o tempo de separação for longo, os clados 
’Ž—’ęŒŠ˜œȱ ŽœŠ›¨˜ȱ œŽ™Š›Š˜œȱ ™˜›ȱ ž–Šȱ Š•Šȱ
’ŸŽ›¹—Œ’ŠȱŽ—·’ŒŠȱ ǻ™Š›¨˜ȱ’™˜ȱ�ǼDzȱ œŽȱ ˜›ȱ›Ž-
29Revista da Biologia (2011) Vol. Esp. Biogeogra!a
œ˜žȱŠȱ˜Œ˜››Ž›ȱŠȱ’—Ž›Š³¨˜ȱŽ—›ŽȱŠȱꕘŽ˜›ŠęŠȱ
comparativa e a teoria da coalescência, mais 
ž–ŠȱŸŽ£ȱ’–™ž•œ’˜—ŠŠœȱ™˜›ȱŠŸŠ—³˜œȱŽŒ—˜•à’-
cos que permitiram a implementação de análi-
ses coalescentes em computadores com alta ca-
pacidade de processamento. O coalescente (ou 
teoria da coalescência) engloba uma coleção de 
tratamentos matemáticos formais às relações de 
ancestralidade e descendência a partir de uma 
amostragem e é considerado o maior avanço 
Ž–ȱŽ—·’ŒŠȱŽȱ™˜™ž•Š³äŽœȱ˜œȱø•’–˜œȱŘŖȱŠ—˜œȱ
ǻ�˜›‹˜›ǰȱŘŖŖŗǼǯȱ�ȱ™Š›’›ȱŠȱ’—Ž›Š³¨˜ȱŽ—›ŽȱŠȱ
ꕘŽ˜›ŠęŠȱŽȱ˜ȱŒ˜Š•ŽœŒŽ—Žȱ˜œȱ›Š‹Š•‘˜œȱŽ–™Ç-
ricos desta última disciplina tornaram-se mais 
Œ˜–™•Ž¡˜œȱŽȱŒŠ™Š£ŽœȱŽȱ’œŒ›’–’—Š›ȱŽœŠ’œ’ŒŠ-
–Ž—Žȱ’Ž›Ž—ŽœȱŒŽ—¤›’˜œȱ‘’œà›’Œ˜œȱŒŠ™Š£ŽœȱŽȱ
Ž›Š›ȱŽœ›žž›ŠȱŽ˜›¤ęŒŠȱŽ–ȱŠ›’‹ž˜œȱŽ—·’-
cos. 
�ȱꕘŽ˜›ŠęŠȱ·ȱž–ȱŒŠ–™˜ȱšžŽȱ—¨˜ȱ™Š›Šȱ
de crescer e ampliar sua característica multidis-
ciplinar. Como na época do surgimento da dis-
ciplina, seu desenvolvimento está intimamente 
ligado aos avanços tecnológicos e metodológi-
cos da ciência com um todo, que permitem a 
˜›–Š³¨˜ȱŽȱŒ˜—“ž—˜œȱŽȱŠ˜œȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Š’œȱ
Œ˜–™•Ž¡˜œǰȱ™ŠœœŠ—˜ȱŽȱŽœž˜œȱšžŽȱœŽȱž’•’£Š-
ŸŠ–ȱœ˜–Ž—ŽȱŽȱ���–ȱ‘¤ȱŗŖȱŠ—˜œȱŠ›¤œȱ™Š›Šȱ
ŠȱŽ›ŠȱŠȱŽ—â–’ŒŠǯȱ�œž˜œȱꕘŽ˜›¤ęŒ˜œȱ›ŽŠ-
•’£Š˜œȱ‘˜“ŽȱŒ˜—Š–ȱ—¨˜ȱœàȱŒ˜–ȱŠœȱŠ‹˜›ŠŽ—œȱ
ꕘŽ—·’ŒŠœȱŽȱŽȱŽ—·’ŒŠȱŽȱ™˜™ž•Š³äŽœȱŒ•¤œœ’-
ŒŠœǰȱ–ŠœȱŠ–‹·–ȱŒ˜–ȱœ˜ęœ’ŒŠ˜œȱ–·˜˜œȱŽȱ
’—Ž›¹—Œ’ŠȱŽ–ȱŽ–˜›ŠęŠȱ‘’œà›’ŒŠȱ‹ŠœŽŠ˜œȱŽȱ
abordagens matemáticas e estatísticas da teoria 
da coalescência, simulações de complexos cená-
›’˜œȱ Ž–˜›¤ęŒ˜œȱ ‘’œà›’Œ˜œȱ Šœœ˜Œ’Š˜œȱ Šȱ–˜-
delagem de nichos paleoclimáticos e ferramen-
ŠœȱŒ˜–™žŠŒ’˜—Š’œȱŒŠŠȱŸŽ£ȱ–Š’œȱŽęŒ’Ž—Žœǯ
�œž˜œȱ ꕘŽ˜›¤ęŒ˜œȱ —˜ȱ �›Šœ’DZȱ �œŠ˜ȱ Šȱ
Š›ŽǰȱŽœŠę˜œȱŽȱ™Ž›œ™ŽŒ’ŸŠœȱ
�˜˜ȱ Š™àœȱ ˜ȱ Ž›–˜ȱ ꕘŽ˜›ŠęŠȱ œŽ›ȱ Œž—‘Š˜ȱ
através da publicação clássica de 1987, rapida-
mente um grande número de pesquisadores 
adotaram a disciplina, que cresceu exponen-
Œ’Š•–Ž—Žȱ —Šȱ Œ˜–ž—’ŠŽȱ Œ’Ž—Çꌊǰȱ–Ž›ŽŒŽ—-
do um número especial e exclusivo da revista 
Molecular Ecology em 1998 (número 7, volume 
ŚǼǯȱ�ŽȱŗşŞŝȱŠȱŘŖŖşǰȱŒ˜—˜›–ŽȱŠ˜œȱ’œ™˜—ÇŸŽ’œȱ
no ISI Web of ScienceSMǰȱŚǯřŝŜȱŠ›’˜œȱšžŽȱŠ™›Ž-
œŽ—Š–ȱŠȱ™Š•ŠŸ›ŠȱȃꕘŽ˜›ŠęŠȄȱǻ˜žȱœžŠȱŽ›’-
ŸŠ³¨˜ǰȱȃꕘŽ˜›¤ęŒ˜ȄǼȱŽ–ȱœŽžȱ Çž•˜ǰȱ ›Žœž–˜ȱ
ou palavras-chaves foram publicados (Figura 
řǼǯȱ�œȱŽœž˜œȱ™ž‹•’ŒŠ˜œȱŠ‹›Š—Ž–ȱ›Ž™›ŽœŽ—-
tantes dos cinco reinos conhecidos, incluindo 
também os vírus. Constatou-se também que 
houve um aumento muito grande de publica-
ções na última década, saltando de 97 em 1999 
™Š›ŠȱŗŗŘŜȱŽ–ȱŘŖŖŞȱŽȱ™›’–Ž’›˜ȱœŽ–Žœ›ŽȱŽȱŘŖŖşǯȱ
Este recente progresso na área é fruto não só do 
Šž–Ž—˜ȱ˜ȱ’—Ž›ŽœœŽȱŠȱŒ˜–ž—’ŠŽȱŒ’Ž—Çꌊȱ
mas também de uma melhor compreensão de 
processos e padrões de distribuição dos orga-
nismos aliada a novos métodos, técnicas, geno-
mas disponíveis e computadores mais potentes 
ǻ›ŽŸ’œ˜ȱŽ–ȱ�Ž‘Ž›ŽŠ›Š¢ǰȱŘŖŖŞȱŽȱ�Ÿ’œŽǰȱŘŖŖşǼǯ
Todavia, o número de publicações abor-
Š—˜ȱŠȱꕘŽ˜›ŠęŠȱŽȱ˜›Š—’œ–˜œȱ�Ž˜›˜™’-
cais quando comparados com os dados acima 
Œ’Š˜œȱ·ȱ™˜žŒ˜ȱŽ¡™›Žœœ’Ÿ˜ȱǻ�’ž›ŠȱřǼǯȱ�Š›Š˜-
xalmente, a região Neotropical é conhecida por 
œžŠȱ–ŽŠ’ŸŽ›œ’ŠŽǰȱ ž–Šȱ ŸŽ£ȱ šžŽȱ Žœ’–ŠȬœŽȱ
šžŽȱŗŚƖȱŠȱ‹’˜Šȱ–ž—’Š•ȱ·ȱŽ—Œ˜—›ŠŠȱŠ™Ž—Šœȱ
—˜ȱ�›Šœ’•ȱ ǻ�Ž ’—œ˜‘—ȱŽȱ�›Š˜ǰȱŘŖŖśǼǯȱ�˜–Ž—Žȱ
Ž–ȱŗşşŜǰȱšžŠœŽȱŽ£ȱŠ—˜œȱŽ™˜’œȱ˜ȱŠ›’˜ȱŒ•¤œ-
sico de Avise e colaboradores, foi publicado o 
™›’–Ž’›˜ȱŽœž˜ȱꕘŽ˜›¤ęŒ˜ȱŽ–ȱȱ˜›Š—’œ–˜œȱ
œž•ȱ Š–Ž›’ŒŠ—˜œȱ ǻ›ŽŸ’œ¨˜ȱ Ž–ȱ�ŠĴ˜—ȱ Žȱ Šȱ �’•ŸŠǰȱ
ŗşşŞǼǯȱ�ŽœŽȱ Ž—¨˜ȱ ǻŗşşŜȬŘŖŖşǼǰȱ Š™Ž—Šœȱ˜ž›˜œȱ
ŘřŜȱ Š›’˜œȱ ˜›Š–ȱ ™ž‹•’ŒŠ˜œǯȱ �–Šȱ Šœȱ ™˜œ-
síveis explicações para este fato é que muitos 
¤¡˜—œȱ �Ž˜›˜™’ŒŠ’œȱ ™Ž›–Š—ŽŒŽ–ȱ ™˜žŒ˜ȱ Žę-
—’˜œȱ˜ȱ™˜—˜ȱŽȱŸ’œŠȱ Š¡˜—â–’Œ˜ǰȱꕘŽ—·-
’Œ˜ǰȱŽ˜›¤ęŒ˜ȱŽȱŽ–ȱ–ž’˜œȱŒŠœ˜œȱ˜œȱŠœ™ŽŒ˜œȱ
mais básicos de sua história natural. Associado 
a este fato, têm-se o problema do baixonúmero 
de sistematas, em vários grupos de organismos, 
•’–’Š—˜ȱ Šœœ’–ȱ ž–ȱ ›Žę—Š–Ž—˜ȱ –Ž•‘˜›ȱ ˜œȱ
modelos a serem estudados.
�˜ȱ ŽŒ˜–™˜›ȱ Šȱ ™›˜ž³¨˜ȱ Œ’Ž—Çꌊȱ —˜ȱ
país no nível de grupos taxonômicos, os meta-
£˜¤›’˜œȱ Ž–ȱ˜ȱ–Š’˜›ȱ—ø–Ž›˜ȱŽȱ ›Š‹Š•‘˜œȱ™ž-
‹•’ŒŠ˜œȱ ǻŗŞśǼǰȱ Œ˜–ȱŽœŠšžŽȱ™Š›ŠȱŠȱ™›˜ž³¨˜ȱ
Ž–ȱ ŸŽ›Ž‹›Š˜œȱ Ž››Žœ›Žœȱ ǻśŞƖǼǰȱ œŽž’Šȱ ˜œȱ
invertebrados terrestres, vertebrados aquáticos, 
invertebrados aquáticos e invertebrados parasi-
ŠœǰȱŒ˜–ȱŗŞƖǰȱŗŚƖǰȱŝƖȱŽȱřƖǰȱ›Žœ™ŽŒ’ŸŠ–Ž—Žǯȱ
Observa-se que os vertebrados terrestres repre-
sentam o grupo taxonômico com maior núme-
ro de publicações. Esta desigualdade pode ser 
explicada em parte pelo fato de que os primei-
›˜œȱ–˜Ž•˜œȱŽœžŠ˜œȱŽ–ȱꕘŽ˜›ŠęŠȱ˜›Š–ȱ
vertebrados terrestres, onde grande parte dos 
padrões, processos e protocolos foram funda-
–Ž—Š˜œǯȱ �žœ’ęŒŠȬœŽǰȱ Ž—¨˜ǰȱ Šȱ ›Ž™•’ŒŠ³¨˜ȱ Žȱ
›Š‹Š•‘˜œȱꕘŽ˜›¤ęŒ˜œȱž’•’£Š—˜ȬœŽȱŽœŽœȱ˜›-
ganismos como modelo para a fauna Neotropi-
ŒŠ•DzȱŠ•·–ȱ’œœ˜ǰȱ˜œȱŽœž˜œȱ›ŽŠ•’£Š˜œȱ—˜œȱ�Ž˜-
30 Martins & Domingues: Filogeogra!a
Agradecimentos
Agradeçemos ao Professor Silvio Nihei pelo 
convite feito a nós pra escrever este texto, e a 
�Ž˜—ȱ�›Š—Œ’ŠĴ˜ȱŽȱ�Š›’Š—Šȱ�ǯȱ�’šžŽ’›Šȱ™Ž•Šœȱę-
guras. Agradecemos também a dois revisores 
anônimos pelas sugestões
�’‹•’˜›ŠęŠ
�Ÿ’œŽǰȱ�ǯȱ�. ǻŘŖŖŖǼȱPhylogeography: the history and formation 
of speciesǯȱ �Š–‹›’Žǰȱ �ŠœœŠŒ‘žœŽĴœDZȱ 
Š›ŸŠ›ȱ
�—’ŸŽ›œ’¢ȱ�›Žœœǯ
�Ÿ’œŽǰȱ �ǯ�ǯȱ ǻŘŖŖşǼǯȱ �‘¢•˜Ž˜›Š™‘¢DZȱ ›Ž›˜œ™ŽŒȱ Š—ȱ
™›˜œ™ŽŒǯȱ�˜ž›—Š•ȱ˜ȱ�’˜Ž˜›Š™‘¢ȱřŜǰȱřȮŗśǯ
�Ÿ’œŽǰȱ�ǯȱ�ǯǰȱ�›—˜•ǰȱ�ǯǰȱ�Š••ǰȱ�ǯȱ�ǯǰȱ�Ž›–’—‘Š–ǰȱ�ǯǰȱ�Š–‹ǰȱ
�ǯǰȱ �Ž’Ž•ǰȱ �ǯ�ǯǰȱ �ŽŽ‹ǰȱ �ǯ�ǯǰȱ �Šž—Ž›œǰȱ �ǯ�ǯȱ ǻŗşŞŝǼǯȱ
�—›Šœ™ŽŒ’ęŒȱ ™‘¢•˜Ž˜›Š™‘¢DZȱ �‘Žȱ –’˜Œ‘˜—›’Š•ȱ
���ȱ ‹›’Žȱ ‹Ž ŽŽ—ȱ �˜™ž•Š’˜—ȱ Ž—Ž’Œœȱ Š—ȱ
œ¢œŽ–Š’Œœǯȱ �——žŠ•ȱ �ŽŸ’Ž ȱ ˜ȱ �Œ˜•˜¢ȱ Š—ȱ
�¢œŽ–Š’ŒœȱŗŞǰȱŚŞşȬśŘŘǯ
�Ÿ’œŽǰȱ �ǯȱ �ǯǰȱ 	’‹•’—Ȭ�ŠŸ’œ˜—ǰȱ �ǯǰȱ �ŠŽ›–ǰȱ �ǯǰȱ �ŠĴ˜—ȱ
�ǯ�ǯǰȱ �Š—œ–Š—ȱ �ǯ�ǯȱ ǻŗşŝşǼǯȱ �’˜Œ‘˜—›’Š•ȱ ���ȱ
ŽŸ˜•ž’˜—ȱŒ•˜—ŽœȱŠ—ȱ–Š›’Š›Œ‘Š•ȱ™‘¢•˜Ž—¢ȱ ’‘’—ȱ
and among geographic populations of the pocket 
gopher, Geomys pinetis. Proceedings of the National 
�ŒŠŽ–¢ȱ˜ȱ�Œ’Ž—ŒŽœȱ˜ȱ‘Žȱ�—’Žȱ�ŠŽœȱ˜ȱ�–Ž›’ŒŠȱ
ŝŜǰȱŜŜşŚȮŜŜşŞǯ
�Ž‘ŽŠ›Š¢ǰȱ�ǯ�ǯȱǻŘŖŖŞǼǯȱ� Ž—¢ȱ¢ŽŠ›œȱ˜ȱ™‘¢•˜Ž˜›Š™‘¢DZȱ
‘Žȱ œŠŽȱ ˜ȱ ‘Žȱ ꎕȱ Š—ȱ ‘Žȱ Œ‘Š••Ž—Žœȱ ˜›ȱ ‘Žȱ
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Ž–’œ™‘Ž›Žǯȱ�˜•ŽŒž•Š›ȱ�Œ˜•˜¢ȱŗŝǰȱřŝśŚȮ
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�›˜ —ǰȱ�ǯ�ǯǰȱŽȱ�›’‘ǰȱ �ǯ�ǯȱ ǻŗşŝśǼǯȱ�’˜Œ‘˜—›’Š•ȱ���ȱ
Š—ȱ‘Žȱ˜›’’—ȱ˜ȱ™Š›‘Ž—˜Ž—Žœ’œȱ’—ȱ ‘’™Š’•ȱ•’£Š›œȱ
(CnemidophorousǼǯȱ
Ž›™Ž˜•˜’ŒŠ•ȱ›ŽŸ’Ž ȱŜǰȱŝŖȬŝŗǯ
�ŠœŽ••Šǰȱ �ǯǰȱ �žŽ’ȱ �ǯǰȱ �¡Œ˜ĜŽ›ǰȱ �ǯȱ ǻŘŖŖŗǼǯȱ �˜—›ŠœŽȱ
™ŠĴŽ›œȱ ˜ȱ –’˜Œ‘˜—›’Š•ȱ Š—ȱ —žŒ•ŽŠ›ȱ œ›žŒž›Žȱ
Š–˜—ȱ —ž›œŽ›¢ȱ Œ˜•˜—’Žœȱ ˜ȱ ‘Žȱ ‹Šȱ Myotis myotis. 
�˜ž›—Š•ȱ˜ȱ�Ÿ˜•ž’˜—Š›¢ȱ�’˜•˜¢ȱŗŚǰȱŝŖŞȬŝŘŖǯ
�Ž ’—œ˜‘—ǰȱ�ǯȱ�ǯȱŽȱ�›Š˜ǰȱ�ǯȱ�ǯȱǻŘŖŖśǼǯȱ�žŠ—ŠœȱŽœ™·Œ’Žœȱ‘¤ȱ
—˜ȱ�›Šœ’•ǵȱ�Ž•˜ȱ
˜›’£˜—ŽDZȱMegadiversidadeȱŗǰȱȱřŜȮŚŘǯ
�Š›’—œǰȱ �ǯ�ǯǰȱ Žȱ �˜–’—žŽœǰȱ �ǯ�ǯȱ �’•˜Ž˜›ŠęŠǯȱ �–ȱ
�Š›ŸŠ•‘˜ǰȱ�ǯ�ǯ�ǯǰȱ�•–Ž’Šȱ�ǯ�ǯ�ǯȱǻ�œǼǯȱ�’˜Ž˜›ŠęŠȱ
da América do Sul: Padrões e Processos. São Paulo: 
Editora Roca.
�’••Ž›Ȭ�žĴŽ› ˜›‘ǰȱ�ǯ�ǯǰȱ�ŠŒ˜‹œǰȱ�ǯ�ǯǰȱ
Š›•Ž¢ǰȱ�ǯ
ǯȱǻŘŖŖřǼǯȱ
�ŽŒ‘—˜•ǯȱ řŚǰȱ ŚŘşŚȮŚřŖŖȱ ǻŘŖŖŖǼǯȱ �›˜—ȱ ™˜™ž•Š’˜—ȱ
œž‹œ›žŒž›Žȱ ’œȱ Œ˜››Ž•ŠŽȱ  ’‘ȱ –˜›™‘˜•˜¢ȱ Š—ȱ
ŽŒ˜•˜¢ȱ’—ȱŠȱ–’›Š˜›¢ȱ‹Šǯȱ�Šž›ŽȱŚŘŚǰȱŗŞŝȬŗşŗ
�Ž•˜Ȭ�Ž››Ž’›Šǰȱ �ǯǰȱ �˜ž›œ˜ǰȱ �ǯǰȱ �žŒ‘Ž—›ž—”ǰȱ �ǯǰȱ �Ž››Š—ǰȱ
�ǯǰȱ�•ŸŽœǰȱ �ǯ�ǯȱ ǻŘŖŖśǼǯȱ �—ŸŠœ’˜—ȱ ›˜–ȱ ‘Žȱ Œ˜•ȱ™ŠœDZȱ
extensive introgression of mountain hare (Lepus 
timidus) mitochondrial DNA into three other hare 
œ™ŽŒ’Žœȱ ’—ȱ —˜›‘Ž›—ȱ �‹Ž›’Šǯȱ �˜•ŽŒž•Š›ȱ �Œ˜•˜¢ȱ ŗŚǰȱ
ŘŚśşȬŘŚŜŚǯ
�˜›‹˜›ǰȱ �ǯȱ ǻŘŖŖŗǼǯȱ �˜Š•ŽŒŽ—ȱ ‘Ž˜›¢ǯȱ �— Balding, 
�ǯǰȱ �Š——’—œǰȱ �ǯǰȱ �’œ‘˜™ǰȱ �ǯȱ ǻ�œǼǯȱ 
Š—‹˜˜”ȱ ˜ȱ
�Š’œ’ŒŠ•ȱ 	Ž—Ž’Œœǯȱ �Žœȱ �žœœŽ¡ǰȱ �—•Š—DZȱ �˜‘—ȱ
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�ŠĴ˜—ǰȱ�ǯȱ�ǯǰȱ�Šȱ�’•ŸŠǰȱ�ǯȱ�ǯȱ�ǯȱǻŗşşŞǼǯȱ�’ŸŽ›œǰȱ›ŽžŽœȱŠ—ȱ
›’ŽœDZȱ ‘Žȱ Ž˜›Š™‘¢ȱ ˜ȱ œ™ŽŒ’Š’˜—ȱ ˜ȱ�–Š£˜—’Š—ȱ
–Š––Š•œǯȱ�—ȱ�Ž›•˜Œ‘Ž›ǰȱ�ǯǰȱ
˜ Š›ǰȱ�ǯȱǻ�œǼȱ�—•Žœœȱ
˜›–œDZȱ �™ŽŒ’Žœȱ Š—ȱ œ™ŽŒ’Š’˜—ǯȱ �Ž ȱ �˜›”DZȱ �¡˜›ȱ
�—’ŸŽ›œ’¢ȱ�›ŽœœǰȱŘŖŘȮŘŗřǯ
›à™’Œ˜œȱŽ›Š–ȱ›ŽŠ•’£Š˜œȱ™Ž•˜œȱ–Žœ–˜œȱ›ž™˜œȱ
pioneiros nos EUA. 
�’ž›Šȱ řǯȱ 	›¤ęŒ˜ȱ ›Ž™›ŽœŽ—Š—˜ȱ —ø–Ž›˜ȱ Žȱ ™ž‹•’ŒŠ-
³äŽœȱ Ž–ȱ ꕘŽ˜›ŠęŠȱ ™Š›Šȱ ›Ž’¨˜ȱ �Ž˜›˜™’ŒŠ•ȱ ǻ•’—‘Šȱ
ŸŽ›ŽǼȱŽȱ™Š›Šȱ˜ȱ–ž—˜ȱǻ•’—‘ŠȱŠ£ž•ǼǯȱAdaptado de Martins 
e Domingues (2011).
Publicado originalmente em: 137-150 / Figura 8.7 / Carvalho CJB, Al-
–Ž’Šȱ���DZȱ�’˜Ž˜›ŠęŠȱ Šȱ�–·›’ŒŠȱ ˜ȱ �ž•ȱ ŗȱ�’³¨˜ǰȱ ™ž‹•’ŒŠ˜ȱ ™˜›ȱ
Editora Roca, Copyright © (2011)
O singelo aumento de publicações nos úl-
’–˜œȱŽ£ȱŠ—˜œȱǻž–ȱœŠ•˜ȱŽȱšžŠ›˜ȱ™Š›Šȱřşȱ™ž-
‹•’ŒŠ³äŽœȱŽȱŗşşŞȱŠȱŘŖŖŞǼȱŠ–‹·–ȱ™˜ŽȱœŽ›ȱ“žœ-
’ęŒŠ˜ǰȱŠȱ™Š›’›ȱŠȱ’—˜›–Š³¨˜ȱŽȱšžŽȱœ˜–Ž—Žȱ
na última década, pesquisadores brasileiros 
Ž’ŒŠ˜œȱ Šȱ Žœž˜œȱ ꕘŽ˜›¤ęŒ˜œǰȱ ˜›’ž—˜œȱ
de laboratórios no exterior onde obtiveram seu 
doutorado, estão formando a primeira geração 
de pesquisadores em instituições brasileiras 
focados em estudar a fauna Sul Americana. As 
™˜œœ’‹’•’ŠŽœȱ™Š›Šȱ Žœž˜œȱꕘŽ˜›¤ęŒ˜œȱ—˜ȱ
Brasil são muitas: além do desequilíbrio já cita-
˜ȱǻšžŽȱœŽȱ›Šž£ȱŽ–ȱž–ŠȱŒŠ›¹—Œ’ŠȱŽȱŽœž˜ȱę-
•˜Ž˜›¤ęŒ˜œȱŽ–ȱ’—ŸŽ›Ž‹›Š˜œǼǰȱ˜œȱŽœž˜œȱŽȱ
ꕘŽ˜›ŠęŠȱ—˜ȱ�›Šœ’•ȱŠ–‹·–ȱœ¨˜ȱŽ—Ÿ’ŽœŠ˜œȱ
quando o assunto é a área estudada. Os primei-
ros estudos publicados com a fauna brasileira 
˜ŒŠ›Š–ȬœŽȱ—˜ȱ‹’˜–Šȱ�–Š£â—’Šǰȱ Žȱ–ž’˜œȱ˜œȱ
estudos publicados até hoje tratam da fauna 
deste bioma. Nos últimos anos, a maior parte 
Šœȱ™ž‹•’ŒŠ³äŽœȱŽ–ȱœ’˜ȱ›ŽŠ•’£ŠŠȱŒ˜–ȱŠȱŠž—Šȱ
da Mata Atlântica, um dos biomas mais ame-
açados do planeta. Outras formações vegetais 
brasileiras como o Cerrado, a Caatinga, o Pan-
tanal e os campos sulinos permanecem virtual-
–Ž—ŽȱœŽ–ȱŽœž˜œȱꕘŽ˜›¤ęŒ˜œȱŽǰȱ—ž–ŠȱŽœ-
ŒŠ•Šȱ–Š’˜›ǰȱŒŠ›Ž—ŽœȱŽȱŽœž˜œȱ‹’˜Ž˜›¤ęŒ˜œǯȱ
Espera-se que o número de artigos publi-
cados venha a aumentar nos próximos anos, a 
partir da contribuição das novas gerações de 
pesquisadores interessados pela compreensão 
ŠȱŽŸ˜•ž³¨˜ȱŽœ™ŠŒ’Š•ȱŠœȱ‹’˜Šœȱ™Ž•Šȱ›ŽŠ•’£Š³¨˜ȱ
ŽȱŽœž˜œȱꕘŽ˜›¤ęŒ˜œǯȱ

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