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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SETE LAGOAS - UNIFEMM Unidade Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais Engenharia Elétrica RAFAEL CLERISSON DE ALMEIDA QUITES CAVITAÇÃO EM TURBINAS SETE LAGOAS 2016 RAFAEL CLERISSON DE ALMEIDA QUITES CAVITAÇÃO EM TURBINAS Trabalho da disciplina Máquinas Hidráulicas e Usinas Hidrelétricas, do 6º período do curso de engenharia elétrica, da Unidade Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais, do Centro Universitário de Sete Lagoas, como requisito parcial de avaliação. Finalidade: Buscar conhecimentos a respeito da cavitação em turbinas hidráulicas. SETE LAGOAS 2016 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3 2 CORROSÃO POR CAVITAÇÃO ............................................................................... 4 2.1 Fatores que Influenciam a Cavitação .......................................................................... 5 3 CAVITAÇÃO EM TURBINAS ................................................................................... 5 3.1 Consequências da Cavitação ........................................................................................ 7 3.2 Cavitação nas Turbinas de Ação .................................................................................. 7 3.3 Cavitação em Turbinas de Reação ............................................................................... 8 3.3.1 O coeficiente de cavitação ............................................................................................. 8 3.4 A DETECÇÃO DA CAVITAÇÃO EM TURBINAS ................................................. 8 3.4.1 Técnica da Emissão Acústica ........................................................................................ 9 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 10 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 10 3 1 INTRODUÇÃO A cavitação é um elemento comum em líquidos em movimento, como nas pás das turbinas, mas também é um fenômeno indesejável, principalmente nas usinas geradoras de energia elétrica. Neste trabalho são apresentadas as origens da cavitação, como acontece e suas consequências, primeiramente de uma forma geral, o fenômeno, e em seguida de forma mais detalhadas nas turbinas hidráulicas. 4 2 CORROSÃO POR CAVITAÇÃO. O líquido ao se deslocar por superfícies com pás, como nas turbinas, sofre com rarefações, ou seja, pressões reduzidas em virtude da natureza do fluxo ou ao movimento dado pelas peças móveis ao fluido. Ao atingir a pressão de vapor do líquido, o mesmo entra em processo de vaporização. Nas regiões mais rarefeitas formam-se bolsas onde o liquido se vaporiza. Depois, conduzidas pelo líquido em movimento e em alta velocidade, chegam à região de alta pressão, onde entra em colapso regressando ao estado líquido (MACINTYRE, 2011). Tudo isso por que, “com a ajuda do Teorema de Bernoulli, um fluido escoando, ao ser acelerado, tem uma redução de pressão, para que a sua energia mecânica se mantenha constante” (OLIVEIRA, 2016). As partículas líquidas se chocam violentamente às superfícies metálicas, onde formam pequenos orifícios. Com a continuação do movimento, corroem a superfície. É a erosão por cavitação (cavidades dentro da massa líquida) (MACINTYRE, 2011), representada na FIG. 1. Figura 1 - Etapas da cavitação Fonte: RAMANATHAN, 1988 Segundo Ramanathan (1988) Dano por cavitação é uma forma de corrosão-erosão de superfícies metálicas, associada ao colapso de bolhas de vapor ou ‘cavidades’ em líquidos em rápido movimento. [...] Essas cavidades tem uma vida muito curta, e o seu colapso ocorre extremamente rápido, o que produz uma aceleração muito rápida no líquido em 5 volta das cavidades. Durante o encontro ou colisão das paredes da cavidade, uma onda de choque violenta é liberada, suficientemente alta para produzir danos sobre qualquer superfície próxima a ela. “A cavitação é um fenômeno físico pertinente somente à fase líquida das substâncias, sendo na maioria das vezes indesejada a sua presença, pois provoca redução na eficiência do equipamento e desgaste por erosão (SANTOS, 2013)”. 2.1 Fatores que Influenciam a Cavitação O dano por cavitação depende de: No fluido, do teor de ar, já que altas pressões dificultam a produção de cavitação e da temperatura do fluido, sendo que o dano por cavitação aumenta para uma temperatura até 50ºC; No material, sendo que os materiais de alta dureza são mais resistentes à cavitação (RAMANATHAN, 1988). 3 CAVITAÇÃO EM TURBINAS “Turbina hidráulica é o componente munido de pás que tem por finalidade transformar grande parte da energia de pressão e da energia cinética, em trabalho mecânico” (SANTOS, 2013). “Fundamentalmente, não há diferença essencial nas condições em que a cavitação ocorre nas bombas centrífugas, [...] mas o efeito da cavitação sobre a potência é muito mais acentuado nas bombas” (LOPES, 1944). “Em maior ou menor escala, todas as turbinas hidráulicas sofrem o fenômeno da erosão por cavitação” (INSTITUTO..., 2016), fruto também “da evolução das turbinas hidráulicas, com a tendência para o aumento constante das velocidades, que deu à cavitação uma importância que impunha o estudo de todos os problemas que se relacionavam com este fenômeno” (LOPES, 1944). “Em adição a outros efeitos indesejáveis este fenômeno pode introduzir grave erosão na turbina, em particular nas pás, o que resulta em danos estruturais e perdas de desempenho, o que introduzem problemas importantes na geração de energia” (QUEIROZ, 2012). 6 “Devido à ação da aceleração, e devido ao fato de que a energia mecânica presente no fluido tende a se conservar, há uma redução na pressão da água quando ocorre o escoamento” (SANTOS, 2013). Ainda segundo Santos (2013), “em alguns locais do equipamento, devido a essa aceleração imposta, a pressão pode cair a um valor inferior à pressão de vaporização do fluido, e logo depois aumentar, ocorrendo à cavitação”. Ou seja, em turbinas a cavitação é causada pela queda de pressão, gerando bolhas de gás que se rompem causando ondas de choque e micro jatos com muita energia, que provocam danos à superfície que atingem (ADVEL, 2014). As inspeções de manutenção para detectarem cavitação em turbinas são intrusivas, tornando as unidades geradoras indisponíveis durante as inspeções periódicas, e até, às vezes, consumo desnecessário de material já que não se sabe o momento adequando da parada para reparo (Queiroz, 2012). De acordo com Lopes (1944), a cavitação ocorre em duas fases: Formação de bolhas de vapor devido ao abaixamento da pressão, que se torna inferior ao da pressão atmosférica; Destruição das bolhas formadas. O mesmo autor complementa que há dificuldades em se localizar onde ocorre a cavitação, assim como as causas da diminuição da pressão, sendo que a mais importante seria o movimento do fluido em um tubo. Sobre a destruição das bolhas de vapor podemos dizer as bolhas entram numa região dealta pressão e a água exerce uma compressão sobre as mesmas, essa então se contrai. Quando a compressão se torna máxima pela inércia do liquido, fenômeno mecanicamente irreversível, as bolhas desaparecem pela condensação repentina do vapor (LOPES, 1944). Knapp 1 et al. apud Queiroz (2012) apresenta os tipos de cavitação que estão presentes nas turbinas hidráulicas, pelas condições de escoamento e as características físicas: Cavitação em movimento, onde o colapso ocorre durante o movimento das bolhas no sentido do fluxo. Neste tipo de cavitação as bolhas estão em movimento junto ao fluxo; 1 KNAPP, R. T.; DAILY, J. W.; HAMMITT, F. G. Cavitation, 1 ed 1970, McGraw-Hill, Inc, USA, 1970, 578 p. 7 Cavitação fixa, onde a cavitação ocorre em torno de um corpo rígido submerso; Cavitação em vórtice, onde as bolhas são encontradas no núcleo dos vórtices ao qual são formados em zonas de alto cisalhamento, ocorre nas extremidades das pás. Cavitação vibratória, onde o elemento líquido sofre vários ciclos de cavitação devido às flutuações de pressão de alta amplitude e de alta frequência. Estas flutuações de pressão são devidas às superfícies submersas que vibram perpendicularmente à suas superfícies e geram ondas de pressão no fluido. “A cavitação em movimento e fixa são encontradas quando o fluxo é obstruído numa direção, e assim, é desviado de sua direção inicial. A cavitação em vórtice ocorre em zonas de interferência, por exemplo, nos extremos das pás da turbina” (QUEIROZ, 2012). 3.1 Consequências da Cavitação Segundo Santos (2013) a cavitação tem as seguintes consequências: Redução do desempenho da turbina: Além da turbulência gerada, entre o líquido e o vapor há uma diferença de volume específico, alterando o desempenho da máquina; Vibrações excessivas: O colapso das bolhas de vapor em líquido proporciona o aparecimento de ondas de choque e, consequentemente, a vibração na máquina; Desgaste e erosão: Os micros jatos originados pela condensação súbita do vapor, originados próximos às superfícies metálicas, provocam trincas microscópicas, mas que, com a continuação do fenômeno, ocasiona o desgaste do material superficial. Em uma turbina, a cavitação é mais perceptível nas pás causando desbalanceamento e a parada da máquina para manutenção. Rotores de aço inoxidável estão sendo usados em novos projetos de rotores, visto que esse material é mais resistente à erosão por cavitação (SANTOS, 2013). 3.2 Cavitação nas Turbinas de ação Nas turbinas de ação, como a Pelton, não ocorre na roda, mas no injetor quando este é aproximado pela agulha, visto que essa aproximação aumenta a velocidade do fluxo e consequentemente diminui a pressão, gerando a cavitação. A cavitação então corrói a agulha, diminuindo o rendimento da turbina, mas essa consequência pode ser amenizada por 8 dispositivos construtivos apropriados o que torna a cavitação na Pelton menos importante e com menos dificuldades que nas turbinas de reação (SANTOS, 2013). 3.3 Cavitação em Turbinas de reação 3.3.1 O coeficiente de cavitação De acordo com Santos (2013), a altura de suspensão, que é a altura da turbina ao nível a jusante, é utilizada como primeira tentativa para se evitar a cavitação, sendo que a essa altura deve ser tal que a pressão estática na saída do rotor seja maior ou igual à pressão de vaporização. A altura de suspensão pode ser calculada por: 𝐻𝑆 ≤ 𝐻𝐴 − 𝐻𝑉 − 𝜎𝑇ℎ𝑜𝑚𝑎 × 𝐻 (1) Onde: HS = Altura de suspensão; HA = Altura correspondente à pressão atmosférica (𝑃𝑎𝑡𝑚 𝛾⁄ = 10,33𝑚 3 para água a 20ºC); HV = Altura correspondente à pressão de vapor (𝑃𝑉 𝛾⁄ = 2,066 𝑚 3para água a 20ºC) 𝜎𝑇ℎ𝑜𝑚𝑎 = Número de Thoma ou coeficiente de cavitação, fornecido pelo fabricante da turbina; H = Diferença de altura entre montante e jusante (queda). 3.4 A Detecção da Cavitação em Turbinas Métodos de estudo para detecção de cavitação são realizados por vibração, ruído, queda de desempenho do hidrogerador, à redução da pressão e ao coeficiente de cavitação (SANTOS, 2013). Vibração: Ocorre com a onda de choque que acontece na estrutura dos hidrogeradores. Medido por sensores localizados nos mancais das turbinas; Ruídos: o som da cavitação está em alta frequência e superior a 10KHz. Localizados com sensores acústicos na região da turbina; Queda do desempenho: Só é percebida após o inicio do processo, estando o estado de cavitação muito avançado; 9 Variação de pressão: 3.4.1 Técnica da emissão acústica Emissão acústica é definida como o “o fenômeno de propagação de ondas mecânicas em determinado meio”. Técnica utilizada para detecção e monitoramento de cavitação, sendo de uso complexo devido ao ruído existente e a propagação das ondas de som desde a erosão. (QUEIROZ, 2012). Avellan 2, citado por Queiroz (2012), em suas conclusões afirma “que a erosão causada pela cavitação pode ser mensurada através de métodos indiretos que possam medir os níveis das vibrações” e o próprio Queiroz conclui que “os sinais a emissão acústica aumentam à medida que a erosão é maior, possibilitando uma correlação entra a massa perdida com os sinais de emissão acústica”. As turbinas, por projeto, trabalham numa de maior eficiência. Fora desta faixa, aparecem distúrbios no escoamento, que se elevam à medida que as condições se afastam das de projeto. Distúrbios esses que “surgem como consequência de ângulos de ataque inadequados das pás da turbina, posição inadequada do distribuidor ou variações da queda em relação à queda nominal” (QUEIROZ, 2012). “O som gerado pelos fenômenos hidráulicos que ocorrem dentro da turbina se propaga no fluido e transmite energia acústica para a estrutura e podem ser medidos por instrumentação adequada” (QUEIROZ, 2012). 2 AVELLAN, F. - Introduction to cavitation in hydraulic machinery, HMH, 2004. 10 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho apresenta a cavitação, especialmente em turbinas hidráulicas e procura sanar duvidas referentes à sua origem. Faz uma revisão bibliográfica a respeito do tema, utilizando livros e dissertações. Estudos mais aprofundados podem ser feitos, com considerações sobre os cálculos e simplificações, que têm o intuito de obter, mesmo que aproximadamente, os efeitos detalhados da cavitação. Mas tal não foi objeto deste estudo, que se obteve a apresentar os conceitos teóricos. 11 REFERÊNCIAS ADVEL. Tecnologia e comércio. Novidades e informativos. c2014, disponível em < http://www.adveltecnologia.com.br/novidade.aspx?id=68>. Acesso em 05/06/2016. FRANÇA Maria Luiza Campolina; FREITAS Ziléia Barbosa de. Guia para apresentação de trabalhos técnico-científicos do Unifemm. 4. ed. Sete Lagoas, 2015. INSTITUTO DE SOLDAGEM E MECATRÔNICA. Vencendo a cavitação em turbinas. Disponível em <http://www.labsolda.ufsc.br/projetos/processos/cavitacao_turbinas.php.> Acesso em 05/06/2016. LOPES, G. L. A. Cavitação nas turbinas hidráulicas. 1944. 102 p. Dissertação (Doutorado) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10216/12855>. Acesso em 05/06/2016. MACINTYRE, A. J. Bombas e Instalações de bombeamento. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. OLIVEIRA, R. J. Cavitação: como entender esse fenômeno. Belo Horizonte. Disponível em <http://mgstecnologia.com.br/noticias/admin/arquivos/Cavitacao.pdf>.Acesso em 06/06/2016. QUEIROZ, F. R. Avaliação de cavitação em turbinas hidráulicas por emissão acústica. 2012. 77 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível em <http://hdl.handle.net/1843/BUOS-95RHAM>. Acesso em 05/06/2016. RAMANATHAN, L. V. Corrosão e seu controle. São Paulo: Hemus, [1988?]. 339 p. SANTOS, R. C. L. Análise de cavitação em uma turbina hidráulica tipo Kaplan. 2013. 74 p. Monografia (Engenharia mecânica) – Universidade federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Disponível em <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10009083.pdf.>. Acesso em: 06/06/2016.
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