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Resumo Penal Parte Geral

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UNIDADE I – ALGUNS MOVIMENTOS POLÍTICOS-CRIMINAIS 
CONTEMPORÂNEOS 
 
 
1. Movimento Lei e Ordem (homens bons x Homens maus) 
Esse movimento visa separar os “homens bons” dos “homens maus”. Para os “homens bons” 
todas as garantias, para os “homens maus”, nenhuma proteção jurídica. Este movimento 
admite a possibilidade da pena de morte. Milita pela criação de leis mais severas e rigorosas. 
Esta severidade é seletiva, seleciona-se o “inimigo” (principalmente afro-americanos) e os 
puni severamente sem lhes dar defesa. 
Esse movimento não dá a resposta para a sociedade. Prisão não melhora ninguém. Esse 
movimento não condiz com o Estado Democrático de Direito. 
 
2. Abolicionismo (extinção da pena de prisão): 
Abolicionismo significa abolição do sistema jurídico penal; propõe a Justiça Restaurativa com 
a vitimização. Parte do princípio de que, se o Estado gasta custos para prender, julgar e punir 
uma pessoa e mesmo assim, depois que a pessoa é solta, ela volta a cometer crimes, então o 
custo pecuniário não valeu a pena. 
O movimento abolicionista defende que é melhor não ter prendido, investir os custos em 
outras coisas e aplicar uma pena alternativa (?). O abolicionismo começou após a 2ª GM. 
 
3. Garantismo Penal (Estado Democrático de Direito): 
Mais evoluído, o Garantismo Penal, defendido por Luigi Ferrajoli, que escreveu o livro 
“Direito e razão: garatismo penal”. Este movimento é mais justo pois traz garantia a todos, 
medidas alternativas para crimes mais brandos. Utiliza-se de acordos, convenções, mediações 
para resolver e pacificar conflitos. Ferrajoli enfrenta os problemas atinentes a pena, ao delito e 
ao processo, utilizando um esquema de interrogações caracterizado por: “por que, quando e 
como punir”; “por que, quando e como proibir”; “por que, quando e como julgar”. Como uma 
espécie de resposta, o autor apresenta dez axiomas, os quais são denominados “axiomas 
garantistas”. 
Desse movimento decorre um movimento moderno chamado de “Direito Penal Mínimo”, 
que busca a equidade, a justiça no julgamento. 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
1. Conceito: Conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de 
natureza penal e suas sanções correspondentes - penas e medidas de segurança, bem como, 
valores e princípios que orientam aplicação das Leis. (Cezar Bitencourt) 
 
2. Finalidade: Cezar Roberto Bitencourt afirma que as finalidades do Direito Penal são: 
 
1. Tornar possível a convivência humana, ganhando aplicação prática nos casos ocorrentes, 
observando rigorosos princípios de justiça; 
2. Prevenir crimes estabelecidos (normas positivas) e prever sanções; 
3. Proteger bens jurídicos: Dignidade da pessoa humana, a vida, o patrimônio, a boa-fé 
pública, etc. 
 
3. Características do Direito Penal: “Diz-se que o Direito Penal é uma ciência cultural e 
normativa (...) O Direito Penal positivo é valorativo, finalista e sancionador (...) 
 
a) Ciência Cultural e normativa: estudar e avaliar as normas e sua aplicação. Ex.: Policial só 
pode entrar em residência com mandato durante o dia. Mas quando começa o dia? 
 
b) Valorativo: A partir do momento que valoro a vida, a liberdade, a liberdade sexual, a 
integridade física etc., a norma e a sanção variam de acordo com o delito cometido. 
 
c) Finalista: O Direito Penal é uma ciência finalista por que tem a finalidade de defender os 
bens essenciais (bens jurídicos). 
 
d) Sancionador: É a consequência de um fato típico no âmbito penal. A consequência da 
conduta delituosa é a sanção (detenção, reclusão e multa). 
 
4. Sanção X Pena: diferenças: Sanções: são medidas estabelecidas como consequência da 
desobediência a um imperativo legal (abstratamente prevista); Pena: aferida e decretada sob 
condições de julgamentos perante o poder judiciário; vai depender das características do 
crime cometido, histórico do agente, etc. (decorre da sanção) (dosimetria). 
 
Observação¹: Tudo que não for crime hediondo e nem infração de menor potencial ofensivo, 
será considerado crime comum. 
a) Crime hediondo: são crimes que merecem maior reprovação por parte do Estado – Lei 
8.072/90. 
b) Crimes de menor potencial ofensivo: crimes com até 02 anos de detenção - Lei 9.099/95. 
 
Observação²: Tortura, tráfico de drogas e terrorismo NÃO são considerados crimes 
hediondos, mas são equiparados a este. 
 
 
 
 
UNIDADE II – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL 
 
Conceito de princípios: são categoria lógica e, tanto quanto possível, universal, muito 
embora não possamos esquecer que, antes de tudo, quando incorporados a um sistema 
jurídico-constitucional-positivo, refletem a própria estrutura ideológica do Estado, como tal, 
representativa dos valores consagrados por uma determinada sociedade. (Ivo Dantas). 
 
1. Princípio da Legalidade: O princípio é trazido na Constituição Federal (CF), em seu 
artigo 5o, inciso XXXIX – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal”. (Quase igual ao art. 1º do Código Penal – CP). Quer dizer que tudo o que 
não é expressamente proibido é lícito diante do Direito Penal. 
 
Observação: Legalidade Formal é a obediência aos trâmites procedimentais previstos pela 
Constituição para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte de nosso 
ordenamento jurídico; Legalidade Material é a adoção de um modelo penal garantista. 
 
2. Princípio da Irretroatividade: inciso LX da CF determina que “a lei penal não 
retroagirá, salvo para beneficiar o agente”. A regra, portanto, é a irretroatividade. A 
retroatividade é exceção só admitida para beneficiar o agente. Daí ninguém poder ser 
punido por cometer um fato que, à época, era tido como um indiferente penal. 
 
3. Princípio da Individualização da Pena: 
a) voltado ao legislativo: inciso XLVI, do art. 5o, da CF: “a lei regulará a individualização da 
pena (pena a cada delito) e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da 
liberdade; perda de bens; multa; prestação social alternativa; suspensão ou interdição de 
direitos”; 
b) voltado ao judiciário: aplicação da pena, em ponderar cada caso em sua individualização, 
na qual o julgador deve atentar às determinações contidas no artigo 59 do Código Penal 
(circunstâncias judiciais); 
c) voltada à Vara de Execuções: individualização na fase de execução penal, de acordo com o 
artigo 5o, da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal). Observar por exemplo se o condenado 
tem bom comportamento, trabalha, estuda, terá sua pena abreviada, ou o contrário, se o preso 
não colaborar. 
 
4. Princípio da Responsabilidade Pessoal ou Princípio da Pessoalidade da Pena ou 
Princípio da Intranscendência da Pena: somente a pessoa do condenado é que terá que se 
submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado - inciso XLV do artigo 5o, da CF/88. 
 
5. Princípio da Intervenção Mínima: O Direito Penal deve intervir minimamente na vida 
das pessoas, só será usado nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais 
importantes. As perturbações mais leves do ordenamento jurídico são objeto de outros ramos 
do Direito. (Ultima ratio) 
Observação: Princípio da fragmentariedade: é corolário do princípio acima, quer dizer que o 
Dir. Penal cuidará apenas de um fragmento, ou seja, os bens jurídicos importantes. Ex.: vida, 
dignidade sexual, etc. 
 
 
 
6. Principio da Adequação Social: apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal, não 
será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de 
acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada. (Exemplo: furar a orelha não 
é lesão corporal). 
 
7. Princípio da Insignificância:princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de 
afastar a própria tipicidade penal. Não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua 
aplicação resulta na absolvição do réu (mínima ofensividade da conduta do agente (sem 
violência) + nenhuma periculosidade social da ação (não repercute na sociedade) + 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento (ausência de reincidência) + 
inexpressividade da lesão jurídica provocada (baixo valor/análise do valor do bem para a 
vítima, geralmente, até 1 salário mínimo). 
 
8. Princípio da Culpabilidade: extraído do princípio da dignidade da pessoa humana (não 
tem expressa previsão). 
 Conceito contrário à responsabilidade objetiva: O Dir. Penal é contrário a resp. 
objetiva. Vale-se da resp. subjetiva, onde se infere a culpa ou o dolo. 
 Fundamento da pena: como justificativa para aplicação da pena, para configurar o 
crime. Que se desdobra em três: 
 Imputabilidade; 
 Potencial consciência de ilicitude e; 
 Exigibilidade de conduta diversa. 
 Elemento de medição de pena: culpabilidade como reprovabilidade, como censura. 
Quanto mais reprovável a conduta, maior a pena. 
 
Observação: O princípio da culpabilidade "impõe a subjetividade da responsabilidade penal. 
Não cabe, em direito penal, uma responsabilidade objetiva, derivada tão-só de uma associação 
causal entre a conduta e um resultado de lesão ou perigo para um bem jurídico (Nilo Batista) 
 
09. Princípio do ne bis in idem: os sentenciados não poderão ser submetidos a novos 
processos em relação aos mesmos fatos (ninguém será punido duas vezes pelo mesmo fato). 
(Pacto de San José da Costa Rica) dispõe em seu artigo 8, nº 4) 
 
10. Princípio da Presunção de inocência: art. 5º, inc. LVII, nos seguintes termos: “ninguém 
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
Observação: Súmula n. 444 do STJ: "É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações 
penais em curso para agravar a pena-base". 
 
11. Princípio do in dubio pro reo: existindo dúvida na interpretação da lei ou na capitulação 
do fato, adota-se aquela que for mais favorável ao réu. 
 
12. Princípio da Humanidade ou Limitação das Penas (Dignidade da Pessoa Humana): 
As penas não poderão ter caráter de vingança. Preceitua no inciso XLVII de seu art. 5º, XLVII 
- não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, 
XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis. 
 
 
UNIDADE III - CIÊNCIAS BASILARES 
 
 
1. Criminologia: ocupa-se das circunstâncias humanas e sociais relacionadas com o 
surgimento, a prática e a maneira de evitar o crime, assim como o tratamento dos criminosos. 
 
2. Política Criminal: objetiva analisar criticamente o Direito para ajustá-lo aos ideais 
jurídicos-penais de justiça. Busca interpretar os dados fornecidos pela criminologia, 
estabelecendo critérios para o controle da criminalidade. 
 
3. Medicina Legal: É aquela que através de perícias verifica-se a extensão e a natureza dos 
danos causados (necropsia) (corpo de delito, por exemplo) 
 
4. Criminalística: É a técnica que resulta da aplicação de várias ciências à investigação 
criminal, visando à elucidação dos crimes e a identificação do autor ou autores; análise da 
cena do crime 
 
5. Psiquiatria Forense: Consiste na psicologia aplicada aos personagens do processo penal, 
bem como na utilização de meios em busca da verdade; visa apurar a capacidade mental do 
réu (se imputável ou inimputável – art. 26 do CP) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIÊNCIAS PENAIS 
NÃO-NORMATIVA 
 (ocupam no todo ou em parte do crime) 
NORMATIVA (jurídicas) 
- Direito Penal 
- Dir. Processual Penal (realiza o DP) 
- Dir. Execução Penal (executa o DP) 
 
 
Criminologia 
- Psicologia Forense 
- Criminalística 
- Medicina Legal 
 
 
UNIDADE IV - NORMA PENAL 
 
1. Fontes da Lei Penal 
 
a) Fontes Materiais: As fontes materiais são também conhecidas como fontes de produção ou 
fontes substanciais, pois dizem respeito à gênese, à elaboração, à criação do Direito Penal. 
Nesse sentido, a única fonte material do Direito Penal é o Estado, órgão responsável pela sua 
criação, através da competência legislativa exclusiva atribuída à União pelo art. 22, I, da 
Constituição Federal. 
 
b) Fontes Formais: As fontes formais dizem respeito à exteriorização, à forma pela qual o 
Direito Penal se faz conhecido. 
 Assim, podem elas ser: 
- Imediatas ou diretas: A fonte direita do Direito Penal é a lei penal. 
- Mediatas ou indireta (influenciam na elaboração das leis; se devem ser criadas ou 
revogadas): As fontes mediatas são o costume e os princípios gerais de direito. 
 
Observação: Lei penal é diferente de norma penal (norma penal é o comportamento que é 
aceito socialmente; não é regra escrita, mas antes, regra social proibitiva, tida como normal. 
Lei penal é a materialização da norma feita pelo legislador, 
 
2. Características do Direito Penal 
 
- Imperativa: é imposta a todos independentemente de sua vontade. 
- Geral: A norma penal se dirige a todos em igual situação. 
- Impessoal: sendo elaborada para punir acontecimentos futuros e não para punir pessoa 
determinada. 
- Exclusiva: Somente a lei penal pode prever crimes e penas criminais. 
 
3. Norma Penal em branco 
 
 São normas imperfeitas, incompletas. Para ser executada depende do complemento de 
outras normas jurídicas ou de futura expedição de certos atos administrativos. 
 Existem duas espécies de normas penais em branco: 
 sentido amplo (homogênia): são aquelas em que o complemento provém da mesma 
fonte formal na norma incriminadora, ou seja, o órgão encarregado de formular o 
complemento é o mesmo órgão elaborador da norma penal em branco. As fontes são 
as mesmas. Exemplos: arts. 178 e 184 do Código Penal. 
 sentido estrito (heterogência): são aquela cujo complemento está contido em outra 
regra jurídica procedente de outra instância legislativa. Exemplos: arts. 269 do Código 
Penal e 33 da Lei n. 11.343/06. 
 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
 
 
 Interpretar é tentar buscar o efetivo alcance da norma. 
 
1. Espécies de interpretação: 
 
 A interpretação pode ser distinguida: 
 
a) quanto ao órgão (sujeito) de que emana: 
 
- Autêntica: realizada pelo próprio texto legal (julgador) 
- Doutrinária: realizada pelos estudiosos do Direito, os quais, comentando sobre a lei que se 
pretende interpretar, emitem opiniões pessoais. 
- Jurisprudencial: realizada pelos aplicadores do Direito, ou seja, pelos juízes de primeiro 
grau e magistrados que compõem os tribunais. 
 
b) quanto aos meios empregados: 
 
- Literal (ou gramatical): se preocupa, simplesmente, em saber o real e efetivo significado das 
palavras. 
- Teleológica: busca alcançar a finalidade da lei, aquilo ao qual ela se destina regular. 
- Lógico: busca-se o raciocínio lógico. 
 
2. Interpretação analógica X Analogia 
 
Não se pode confundir analogia com interpretação analógica ou extensiva. A analogia é 
técnica de integração, vale dizer, recurso de que se vale o operador do direito diante de uma 
lacuna no ordenamento jurídico. Já a interpretação analógica, objetiva desvendar o sentido e 
o alcance da norma, para então definir-lhe, com certeza, a sua extensão. A norma existe em 
abstrato no ordenamento, sendo o método interpretativo é necessário apenas para precisar-lhe 
os contornos. 
 
(UNIDADE V ?) CONCURSO (OU CONFLITO) APARENTE DE NORMAS PENAIS 
 
Quando, para determinado fato, aparentemente, existem duas ou mais normas que poderãosobre ele incidir. Dessa forma existem alguns princípios para solucionar esse conflito, tais 
como 
 Princípio da especialidade: em Este princípio determina que haverá a 
prevalência da norma especial sobre a geral, evitando o bis in idem (repetição 
sobre o mesmo fato), e pode ser estabelecido in abstracto, enquanto os outros 
princípios exigem o confronto in concreto das leis que definem o mesmo fato. 
 
 Princípio da absorção: a norma definidora de um crime constitui meio 
necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime, ou seja, 
há consunção quando o fato previsto em determinada norma é compreendido 
 
 
em outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta. A norma-fim envolve o 
fato previsto por outra (norma-meio). Nesse sentido, o crime consumado 
absorve o crime tentado, o crime de perigo é absorvido pelo crime de dano. 
 
 Princípio da subsidiariedade: Há relação de primariedade e subsidiariedade 
entre duas normas quando descrevem graus de violação de um mesmo bem 
jurídico. No caso, a norma subsidiária é afastada pela aplicabilidade da norma 
principal. Para se constatar a relação primariedade-subsidiariedade deve-se 
analisar o fato in concreto. A subsidiariedade pode ser tácita ou expressa. 
 
 
 
 LEI PENAL NO TEMPO 
 
Regra Geral – tempus regit actum – o tempo rege o ato – Art. 4º do CP 
 
 Assim, a lei não pode alcançar fatos ocorridos anteriormente ao início de sua vigência, 
nem ser aplicada àqueles ocorridos após sua revogação. 
 A lei penal se aplica em seu tempo. Ou seja, a lei penal é votada de acordo com as 
existências das normas e, é publicada para, aí, começar a valer. 
 
1. Tempo do Crime (art. 4º CP) 
 
O Código Penal adotou a teoria da atividade, conforme se verifica no seu art. 4°, assim 
redigido: Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado. Para essa teoria, o que importa é o momento da conduta, 
comissiva ou omissiva, mesmo que o resultado dela se distancie no tempo. 
Observações: 
- novatio legis in pejus (renovação da lei em prejuízo): vem uma lei pior, por exemplo, com 
pena mais grave – nunca pode retroagir para alcançar algum crime cometido antes – art. 1º CP 
- novatio legis incriminadora (renovação da lei com novo crime): a lei não pode retroagir 
para condenar um fato que antes não era crime – art. 1º CP 
- novatio legis in melius (renovação da lei em melhor): a lei sempre retroage para favorecer o 
réu – art. 2º CP 
- Abolitio criminis (abolição do crime): quando uma nova lei revoga a conduta anterior como 
crime (deixa de ser crime uma determinada conduta); deve retroagir para atingir a todos que 
foram condenados por ela – art. 2º e 107,III do CP. Mas vale lembrar que cessa todos os 
efeitos penais da sentença condenatória (já que é uma norma do direito penal), permanecendo, 
contudo, seus efeitos civis (por exemplo, de indenizar). 
 
2. Ultratividade e Retroatividade 
 
A ultratividade e a retroatividade da lei penal serão realizadas, sempre, em benefício do 
agente, e nunca em seu prejuízo, e pressupõem, necessariamente, sucessão de leis no tempo 
(regulando fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de 
retroagir no tempo, a fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência). 
 
 
 - Retroatividade: aplica-se uma norma a fato ocorrido antes do início da 
EXCEÇÃO vigência de uma nova lei; 
(Pois a regra 
é o tempo) -Ultratividade: aplica-se a norma após sua revogação (leis temporárias) 
 
 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
TERRITORIALIDADE 
 
1. Conceito de território (art. 5º CP) 
O território abrange todo o espaço onde impera a soberania do Estado brasileiro 
(terrestre, marítimo e aéreo) 
 
“Território abrange o solo (e subsolo) sem solução de continuidade e com limites 
reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo” 
(Mirabete) 
 
 Princípio da territorialidade: Regra geral: aplica-se a lei penal brasileira aos 
fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da 
nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado. Artigo 5º, CPB – 
exceto as convenções, tratados e regras de Direito Internacional. 
 
 Princípio da personalidade: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente, 
pouco importando o local em que o crime foi praticado. 
 Personalidade ativa: caso em que se considera somente a nacionalidade 
do autor do delito (art. 7º, II, b, do CPB); 
 Personalidade passiva: nesta hipótese importa somente se a vítima do 
delito é nacional (art. 7º, § 3º, do CPB). 
 
 Princípio real, de defesa ou de proteção: protege-se, assim, determinados bens 
jurídicos que o Estado Considera fundamentais (artigo 7º, I do CPB.). 
 
 Princípio da universalidade: Princípio característico da cooperação penal 
internacional, porque permite a punição, por todos os Estado, de todos os 
crimes que forem objeto de tratados e de convenções internacionais (Artigo 7º, 
II, a, do CPB). 
 
Observação: Princípio da personalidade ativa compensa o princípio da não extradição de 
nacionais – art. 5º, LI da CF-88. 
Atenção: o território ocupado por embaixada estrangeira no Brasil é território brasileiro. 
Atenção: o território ocupado por embaixada estrangeira no Brasil é território brasileiro. 
Imunidade diplomática: é uma garantia de que o embaixador só poderá ser processado em 
seu país de origem. 
 
2. Teoria Temperada (art. 5º CP) 
 O art. 5º, caput, do CP determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território 
nacional. É a regra da territorialidade. 
 O CP adota a territorialidade temperada: o Estado, mesmo sendo soberano, em 
determinadas situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação, em virtude de 
 
 
convenções, tratados e regras de direito internacional, tal como previsto do caput do artigo 
referido. Exemplo: Cônsul com imunidade penal 
 
3. Lugar do Crime (art. 6º CP) 
 Adota-se a teoria da ubiquidade ou teoria mista: Considera-se praticado o crime no 
lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu 
ou deveria produzir-se o resultado. 
 
 Cuidado para não confundir: o tempo do crime é a teoria da atividade. O lugar do crime é 
a teoria da ubiquidade. 
 
 
 
 
EXTRATERRITORIALIDADE (art. 7º CP) 
 
Aplicação da lei brasileira às infrações penais cometidas além de nossas fronteiras, em 
países estrangeiros. 
 
1. Tipos de extraterritorialidade 
 A extraterritorialidade pode ser: 
a) incondicionada: possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos no 
estrangeiro, sem que, para tanto, seja necessário o concurso de qualquer condição. (art. 7º, I e 
§1º do CP). Em qualquer das hipóteses do inciso I do art. 7º do CP, o agente será punido 
segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Em caso de 
condenação, segue a regra do art. 8º do CP. 
a) condicionada: traz condições para aplicação da lei brasileira para crimes cometidos no 
estrangeiro (art. 7º, II e §2º do CP) 
 
2. Princípios adotados no art. 7º do CP 
 
- Real, da defesa ou da proteção (art. 7º, I, a): protege-se, assim, determinados bens jurídicos 
que o Estado Considera fundamentais; 
 
- Universalidade ou da justiça universal (art. 7º, II, a): Princípio característico da cooperação 
penal internacional, porque permite a punição, por todos os Estado, de todos os crimes que 
forem objeto de tratados e de convenções internacionais;- Personalidade ativa ou Nacionalidade (art. 7º, II, b): Aplica-se a lei penal da nacionalidade 
do agente, pouco importando o local em que o crime foi praticado; 
 
- Representação ou da Bandeira (art. 7º, II, b): Princípio subsidiário, e, quando houver 
deficiência legislativa ou desinteresse de quem deveria reprimir, aplica-se a lei do Estado em 
que está registrada a embarcação ou aeronave ou cuja bandeira ostenta aos delitos praticados 
em seu interior; 
 
- Personalidade passiva (art. 7º, §3º): nesta hipótese importa somente se a vítima do delito é 
nacional 
 
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO (art. 8º CP) 
 
 A regra trazida pelo art. 8º do CP evita a dupla punição do agente pelo mesmo fato 
(aplicação do princípio do ne bis in idem). 
 Nos casos de extraterritorialidade condicionada, sendo a pena cumprida no estrangeiro 
fica o Brasil isento de interesse quanto à punição o infrator. Já nos casos de 
extraterritorialidade incondicionada, ingressando o agente no país, estará sujeito à punição, 
independentemente de ter sido ou não condenado no exterior. No entanto, se a pena cumprida 
no exterior for idêntica à aplicada no Brasil, haverá compensação; sendo diversas, a pena 
fixada no Brasil será atenuada. 
 
 
APLICAÇÃO DA LEI ESTRANGEIRA (art. 9º CP) 
 
O art. 9º do CP cuida da eficácia da sentença estrangeira 
 
 
OBSERVAÇÕES GERAIS 
 
1. Imunidades diplomáticas e de chefes de governos estrangeiros (o diplomático 
responderá pelo crime no seu país): 
 O tratamento especial a representantes diplomáticos e a chefes de governos 
estrangeiros, no tocante a atos ilícitos por eles praticados, é medida aceita desde longa data 
pelo direito internacional, em respeito ao Estado representado, e também pela necessidade de 
garantir meios suficientes para o perfeito desempenho de seus misteres por tais pessoas. As 
imunidades se fundam no princípio da reciprocidade, ou seja, o Brasil concede imunidade aos 
agentes dos países que também conferem iguais privilégios aos nossos representantes. Não há 
violação ao princípio da isonomia, eis que a imunidade não é pessoal, mas funcional. Leva-se 
em conta a relevância da função pública exercida pelo representante estrangeiro (teoria do 
interesse da função). 
 
2. Sede de Embaixada 
 A sede da embaixada estrangeira no Brasil é território brasileiro para fins penais, 
entanto, lhe é dada certos privilégios nas relações com as autoridades brasileiras, estas não 
podem ser objeto de busca sem autorização do embaixador ou de quem é de direito. Se o 
delito é cometido na sede brasileira, é aplicada ao autor da ação a lei penal brasileira, exceto 
se esse goza de imunidade diplomática. 
 
3. Extradição (entregar a outro país, um indivíduo que se encontre refugiado, para ser 
julgado ou cumprir pena): 
 A CF/88, no art. 5º, LI, traz a proibição de extradição de brasileiros: “o brasileiro nato, 
quaisquer que sejam as circunstâncias e a natureza do delito, não pode ser extraditado, pelo 
Brasil, a pedido de Governo estrangeiro”. 
 
 
CONTAGEM DE PRAZO (art. 10 CP) 
 
 Deve ser calculado entre dois termos, o inicial (a quo) e o final (ad quem): inclui-se o 
dia do começo, e conta-se dia a dia (1, 2, 3...) 
 
FRAÇÕES DE DIA e FRAÇÕES DO DINHEIRO (art. 11 CP) 
 
 Tanto a frações de dias (1, hora, 2 horas...), quanto de dinheiro para efeito de multa 
(0,50 centavos....) são desprezados. Só se considera números inteiros. 
 
 
UNIDADE VI - TEORIA DO CRIME 
 
 Crime é uno e indivisível 
 
1. Infração penal 
 A infração penal refere-se de forma abrangente aos crimes/delitos e às contravenções 
penais como espécies. 
 Existe diferença entre crime e contravenção: o legislador adotou um critério no art. 1º 
da Lei de Introdução ao Código Penal. 
 A contravenções penais são as chamadas delitos-anões, geralmente as infrações 
menos graves, ou seja, aquelas que ofendam bens jurídicos não tão importantes como aqueles 
protegidos quando se cria a figura típica de um delito. 
 
 
 
2. Conceito de CRIME 
 
2.1 Conceito formal: crime é toda conduta que infrinja/colida contra a lei penal editada pelo 
Estado. Ou seja, conduta contrária ao Direito e que a lei atribui pena 
 
2.2 Conceito material: crime como aquela conduta que viola os bens jurídicos mais 
importantes. Ou seja, é toda ação ou omissão que lesa ou expõe a perigo de lesão um bem 
jurídico ou interesse individual ou coletivo. 
 
2.3 Conceito analítico: O crime é fato ou ação típica, ilícita e culpável. 
 
 
 
 
 
Crime 
Fato Típico 
- conduta (dolosa/culposa; 
omissiva/comissiva) 
- resultado 
- Nexo de causalidade 
- tipicidade 
Antijurídico (ilícito) 
- Estado de necessidade 
- legítima defesa 
- estrito cumprimento do 
dever legal 
- exercício regular do direito 
Culpável 
- imputabilidade 
- potencial consciência de 
ilicitude 
- exigibilidade de conduta 
diversa 
 
 
 
1º ELEMENTO DO CONCEITO DE CRIME: 
 
FATO TÍPICO 
 
 
Juízo de adequação positiva entre a conduta e o modelo legal do crime, ou seja, 
adequação de conduta praticada pelo agente na norma penal; 
 
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
 
Conduta (dolosa ou culposa; omissiva ou comissiva) + nexo causal + resultado + tipicidade 
 
 
A) CONDUTA 
 
 Ação ou omissão humana (Não se fala em conduta de pessoa jurídica no sentido de 
imputar a esta a prática de alguma infração penal), consciente e voluntária (própria vontade e 
consciência), dolosa ou culposa, dirigida a uma finalidade. 
 
a.1 Tipos de conduta 
 
 A conduta pode ser: 
 
a) comissiva: fazer (olhar “positivo”). O agente direciona sua conduta a uma finalidade ilícita. 
 
b) omissivo: deixar de fazer (olhar “negativo”). Abstenção da atividade juridicamente exigida. 
Pode ser: 
- omissivo próprio, puros ou simples (são os que objetivamente são descritos com uma 
conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da 
norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico); 
- impróprio, comissivos por omissão ou omissivos qualificados (somente as pessoas 
referidas no §2º do art. 13 CP podem praticá-los, uma vez que para elas existe um dever 
especial de proteção.) 
 
 
 
 
 
 
 
 A conduta também pode ser: 
 
a) dolosa: quando o agente quer diretamente o resultado ou assume o risco de produzi-lo. 
 
b) culposa: quando dá causa ao resultado em virtude de sua imprudência, imperícia ou 
negligência. 
 
A regra é de que todo crime seja doloso. Somente se pune a conduta culposa quando 
houver previsão legal expressa (escrita) nesse sentido, conforme determina o 
parágrafo único do art. 18 CP. 
 
Observação¹: 
Ausência de conduta (ausência de voluntariedade) - Se não houver vontade dirigida a uma 
finalidade qualquer, não se pode falar em conduta, logo não há crime. Ex.: 
Atos reflexos: São aqueles originários de estímulos dirigidos diretamente ao sistema 
nervoso, sem qualquer intervenção da vontade. Encaixa aqui o espirro, a tosse, o reflexo de 
uma batida no cotovelo. 
Coação física irresistível: a pessoa não tem escolha, ela não consegue evitar o dano 
por algum tipo de coação física (aqui não cabe escolha da vítima por pior que seja). O sujeito 
é mero instrumento, por sobre ele operar força física irresistível, em um agir de outra pessoa, 
impedindo que o sujeito tenha qualquer participação com manifestação de vontade naquela 
ação. Um exemplo é o caso de alguém empurrado em uma piscina, atingindo um terceiro. À 
essa pessoa empurrada não se pode imputar o delito, apesar de ser o corpo dela que causou a 
lesão,pois o movimento do corpo dela não decorreu de sua vontade, mas de uma força maior 
irresistível externa. Se não há conduta humana, não há crime. Também vale para o exemplo de 
alguém ser impossibilitado de fazer a ação que evitaria o ilícito. Assim, sua omissão, nesse 
caso, é fruto de força maior – ele foi impedido de agir – não havendo conduta humana e, logo, 
crime. 
Estado de inconsciência: Quando o sujeito está em estado de inconsciência e pratica 
uma conduta humana, podemos afirmar que essa conduta não é consciente. Logo, não é 
conduta humana, pois não envolve vontade e consciência de atingir o fim. O sonambulismo – 
medicamente comprovado – é uma excludente de conduta. Não se deve confundir o agir sob 
forte emoção do momento com excludente de inconsciência. 
 
Observação²: No caso de embriaguez completa, desde que não seja proveniente de caso 
fortuito ou de força maior (alguém tenha forçado a beber, por exemplo) , embora não tenha o 
 
 
agente se embriagado com o fim de praticar qualquer infração penal, mesmo que não possua a 
menor consciência daquilo que faz, ainda assim será responsabilizado pelos seus atos 
conforme art. 28, II do CP. Na verdade, o agente é responsabilizado pelos resultados ocorridos 
em virtude do ato de querer, voluntariamente, embriagar-se, ou mesmo em razão de ter, 
culposamente, chegado ao estado de embriaguez (actio libera in causa). 
 
a.2 Dolo e Culpa 
 
Dolo – art. 18, I CP 
 
Conceito: É a vontade e consciência (não quer dizer que o agente conheça o tipo penal ao qual 
se amolda sua conduta, pois, não se pode alegar desconhecimento da lei), de realizar a 
conduta prevista no tipo penal incriminador. 
 
Teorias: Existem 4 teorias a respeito do dolo: 
a) teoria da vontade: dolo seria tão somente a vontade livre e consciente de querer praticar 
a infração penal, isto é, de querer levar a efeito a conduta prevista no tipo penal. 
b) teoria do assentimento: o agente não quer o resultado diretamente, mas o entende como 
possível e o aceita. 
c) teoria da representação: toda vez que o agente tiver tão somente a previsão do resultado 
como possível e, ainda assim, decidir pela continuidade de sua conduta. 
d) teoria da probabilidade: trabalha com dados estatísticos. 
 Pela redação do art. 18, 1, CP o Código Penal adotou as teorias da vontade e do 
assentimento. 
 
Espécies: Costuma-se distinguir o dolo em: 
 
a) Dolo direto (dolo por excelência): quando o agente quer, efetivamente, cometer a conduta 
descrita no tipo, dirigindo-a finalisticamente à produção do resultado por ele pretendido 
inicialmente, conforme art. 18, 1 CP (primeira parte). O dolo direto pode ser classificado 
em: 
dolo direito de primeiro grau: o dolo direito em relação ao fim proposto e aos meios 
escolhidos é classificado como de primeiro grau; 
dolo direito de segundo grau: e em relação aos efeitos colaterais, representados como 
necessários, é classificado como de segundo grau. (ex.: terrorista que explode um avião 
com vários passageiros visando matar um, em relação à vítima visada, o dolo foi de 
primeiro grau, em relação às demais vítimas, o dolo foi de segundo grau). 
 
b) Dolo indireto quando o agente assume o risco de produzir o resultado, conforme previsto 
no art. 18, I CP (segunda parte). Pode ser: 
alternativo: apresenta-se quando o aspecto volitivo (vontade) do agente se encontra 
direcionado, de maneira alternativa, seja em relação ao resultado ou em relação à pessoa 
contra a qual o crime é cometido. 
 Quando a alternatividade do dolo disser respeito ao resultado, fala-se em 
alternatividade objetiva. Ex.: o agente efetua disparos contra a vítima querendo 
feri-la ou mata-la. 
 
 
 Quando a alternatividade referir à pessoa a contra qual o agente dirige sua 
conduta, a alternatividade será subjetiva. Ex.: aquele em que um agente, a certa 
distância, efetua disparos com sua arma de fogo contra duas pessoas, querendo 
matar uma ou outra. 
eventual: o agente, embora não querendo diretamente praticar a infração penal, não se 
abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia 
sido previsto e aceito. O sujeito representa o resultado como de produção provável e, 
embora não queira produzi-lo, continua agindo e admitindo a sua eventual produção. 
Exemplo: O agente quer ferir (lesão corporal), mas aceita a possibilidade de um 
homicídio acontecer. 
Observação: o dolo eventual não se presume, tem que ter um elemento a mais. 
 
c) dolo de dano: o agente quer produzir um dano; 
 
d) dolo de perigo: o agente quer produzir um perigo (por exemplo, art. 130 CP) 
 
e) dolo genérico: quando o tipo penal se limita a descrever a conduta, sem indicação de 
qualquer finalidade especial do agente; 
 
f) dolo específico: além de querer a conduta e o resultado, o agente tem em mente um fim 
especial, mencionado no tipo (exemplo, art. 141, parágrafo único, CP – lucro) 
 
g) dolo geral: O dolo geral ou erro sucessivo ocorre quando o agente, supondo já ter 
alcançado um resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. Ou 
seja, depois do primeiro ato, o agente imagina já ter atingido o resultado desejado, que, no 
entanto, somente ocorre com a prática dos demais atos. Eu acho que matei uma pessoa 
envenenada, jogo o corpo na água, mas na verdade a pessoa morre afogada. 
 
Observação: 
- O erro de tipo (exemplo, o caçador vai caçar e atira no companheiro achando que era um 
animal na floresta) afasta o dolo, pois em tais casos, não atua com vontade e consciência de 
praticar a infração penal. 
 
 
 
 
- dolo eventual (“tanto faz”; “seja como for, eu farei”) é diferente de culpa consciente (“vai 
dar tudo certo”; “não vai acontecer nada”) 
 
Culpa – art. 18, II CP 
 
Conceito: a conduta humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico 
não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, 
ser evitado (Mirabete). 
 
Elementos: a) conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva; 
b) inobservância de um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou 
imperícia); 
c) o resultado lesivo não querido (involuntário), tampouco assumido, pelo agente; 
d) nexo de causalidade entre a conduta do agente que deixa de observar o seu 
dever de cuidado e o resultado lesivo dela advindo; 
e) previsibilidade; 
j) tipicidade. 
 
Imprudência, imperícia e negligência: 
 
a) imprudência: prática de um ato perigoso sem os cuidados que o caso requer; 
b) imperícia: inaptidão, momentânea ou não, do agente para o exercício de arte, profissão 
ou ofício. Diz-se que a imperícia está ligada, basicamente, à atividade profissional do 
agente. 
c) negligência: deixar de fazer aquilo que a diligência normal impunha. Não se precaveu. 
 
Espécies de culpa: 
 
a) culpa consciente (culpa com previsão): é aquela em que o agente, embora prevendo o 
resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente, que este resultado 
 
 
não venha a ocorrer. 
b) culpa inconsciente (culpa sem previsão): o resultado não é previsto pelo agente, 
embora previsível. 
c) culpa imprópria (culpa por extensão, por assimilação, por equiparação): são as 
hipóteses em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa 
dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. 
(crime doloso em que se aplica a pena de crime culposo) – art. 20, §1º, segunda parte. 
 Em outras palavras, ocorre a culpa imprópria quando o agente, embora tendo agido com 
dolo, nos casos de erro vencível, nas descriminantes putativas, responde por um crime 
culposo.Observação: 
- Não se pode falar em presunção de culpa em Direito Penal. 
- Não se pode falar, em geral, em tentativa no caso de culpa (apenas de dolo). Mas, parte da 
doutrina aceita a possibilidade de tentativa nos crimes culposos, quando da ocorrência da 
chamada culpa imprópria, pois o agente atua com dolo, mas responde pela o culpa. 
 
B) NEXO (RELAÇÃO) DE CAUSALIDADE (Art. 13, caput do CP) 
 
Elo material que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio 
do qual é possível dizer se aquela deu causa a este ou não. 
 
Une a conduta praticada pelo agente ao resultado por ela produzido. 
 
É a relação de causa-efeito existente entre a conduta de quem praticou o fato e o resultado 
dela decorrente. É imprescindível aos crimes materiais (que modifica de alguma forma, o 
mundo exterior). 
 
Teoria: Equivalência dos antecedentes causais é a adotada pelo CP (considera-se causa a ação 
ou a omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Isso significa que todos os fatos que 
antecedem o resultado se equivalem, desde que indispensáveis à sua ocorrência) – conditio 
sine qua non. 
 
Concausa: é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, influindo na 
produção do resultado por ele desejado e posicionando-se paralelamente ao seu 
comportamento, comissivo ou omissivo. 
 
Espécies: 
 
a) absolutamente independentes (art. 13, caput, CP): É aquela causa que teria 
acontecido, vindo a produzir o resultado, mesmo se não tivesse havido qualquer conduta 
por parte do agente. 
 
 Podem ser: 
 
1. Preexistentes: ocorre antes da conduta do agente. Ex.: A dispara contra o peito de B e 
este vem a falecer, não em virtude do disparo, mas em virtude de ter ingerido veneno para 
 
 
se suicidar. B morreu envenenado. Como não podemos considerar a conduta de A como a 
causadora do evento morte, A somente responderá por seu dolo, ou seja, como não 
conseguiu alcançar o resultado em virtude de acontecimento alheio à sua vontade, 
responderá por tentativa de homicídio; 
 
2. Concomitantes: ocorre simultaneamente à conduta do agente. Ex.: A e B, sem saberem 
um a intenção do outro, desejam matar C e atiram contra ele no exato momento. Se ambos 
os disparos o atingem, mas somente o de A vem a atingir seu coração, fazendo-o falecer, 
enquanto o de B atinge C no braço, B responderá por tentativa de homicídio (responde pelo 
dolo) e A responde por homicídio; 
 
3. Supervenientes: a causa ocorre posteriormente à conduta do agente, e com ela não 
guarda relação de dependência alguma. Ex.: A atira em B e o atinge no peito. Logo após o 
tiro, o prédio no qual se encontravam vem a desabar. B morre em virtude do desabamento, 
e não em virtude do tiro. A responderá somente por seu dolo, por tentativa de homicídio. 
Se usarmos o método hipotético de eliminação de Thyrén, suprimindo a conduta de A, e 
mesmo assim verificarmos que o resultado ocorreria, a conduta de A não foi causadora do 
resultado. 
 
 Conclusão: Quando o resultado naturalístico ocorrer em virtude da existência de 
qualquer uma das causas absolutamente independentes (preexistentes, concomitantes e 
supervenientes) não poderá ele ser atribuído ao agente, que responderá tão somente pelo 
seu dolo. 
 
b) relativamente independentes (art. 13, §1º, CP): a causa que somente tem a 
possibilidade de produzir o resultado se for conjugada com a conduta do agente. 
 
 Podem ser: 
 
1. Preexistentes: já existia antes do comportamento do agente e, quando com ele 
conjugada numa relação de complexidade, produz o resultado. Ex.: A quer matar B e, 
sabendo ser B hemofílico, nele desfere um golpe de faca em região não letal. B é levado ao 
hospital e, embora a facada não o pudesse matar se não fosse hemofílico, morre em 
decorrência das complicações trazidas pela doença. Se o agente queria matar = homicídio 
doloso. Se o agente queria lesionar = lesão corporal seguida de morte. Se o agente 
desconhecia a doença e não queria matar, não responde por tentativa de homicídio, mas por 
lesão corporal simples (não por lesão corporal seguida de morte porque o resultado morte 
não estava dentro de seu campo de previsibilidade); 
 
2. Concomitantes: é a causa que, ocorrendo numa relação de simultaneidade com a 
conduta doa gente, conjugada com a mesma é também considerada produtora do resultado. 
Ex.: A e B querem matar C e, cada um deles ministra quantidade insuficiente de veneno ao 
mesmo tempo. C vem a falecer envenenado. Embora suprimindo a conduta de A e, depois, 
de B, o resultado não se produza, as condutas se somaram para produzir o resultado. 
Assim, tanto A quanto B responderão por homicídio doloso qualificado. Não há coautoria, 
pois não há vínculo subjetivo entre os autores, mas autoria colateral. 
 
 
3. Supervenientes: ocorre posteriormente à conduta do agente e com ela tem ligação. O 
código diz, no §1o do artigo 13, que essas causas só excluem a imputação do agente quando, 
por si sós, produziriam o resultado. 
Ex. clássico: A atira em B e este, vindo a ser socorrido, morre em razão de a ambulância ter 
colidido com um trem. Se retirarmos o disparo, a vítima não estaria na ambulância. Se 
retirarmos o acidente, mesmo se a vítima falecesse, o resultado não teria ocorrido COMO 
OCORREU. 
• o significado da expressão “por si só” – quando a lei penal diz que “a superveniência de 
causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado”, 
quer dizer que só aqueles resultados que se encontrarem como um desdobramento natural da 
ação, ou seja, estiverem na linha de desdobramento físico da mesma, é que poderão ser 
imputados ao agente. A expressão “por si só” tem a finalidade de excluir a linha de 
desdobramento físico, fazendo com que o agente somente responda pelos atos já praticados. 
Se o resultado estiver na linha de desdobramento natural da conduta inicial do agente, este 
deverá por ele responder. Caso contrário, o agente somente responderá pelo seu dolo. 
 Conclusão: As causas relativamente independentes preexistentes e concomitantes 
fazem com que o agente sempre responda pelo resultado. Para isso, é preciso que essas 
causas tenham entrado na sua esfera de conhecimento, pois, caso contrário, seria 
responsabilidade penal objetiva ou responsabilidade penal sem culpa (o que não é aceito 
pelo CP). Já as causas supervenientes relativamente independentes: o resultado somente 
poderá ser imputado ao agente se estiver na mesma linha de desdobramento natural da 
ação; caso contrário, o agente só responderá pelo seu dolo. 
 
 
 
 
 
 
 
Omissão como causa do resultado: 
 
Omissão é a conduta de não agir (inércia do agente diante de um fato). Nem toda omissão é 
jurídico-penalmente relevante. Porém, se identificada a obrigação legal (exemplo, art. 13, §2º 
CP) a omissão do agente terá relevo para o Direito Penal e poderá ser considerada produtora 
do resultado. 
 
C) RESULTADO 
 
É a consequência provocada pela conduta do agente, ou seja, aquilo produzido por 
uma conduta dolosa ou culposa do homem. 
 
Espécies: 
 
Em Direito Penal, o resultado pode ser naturalístico ou jurídico: 
 
a) Resultado Jurídico (ou normativo): é a lesão ou exposição a perigo de lesão do bem 
jurídico tutelado pela lei penal. É a agressão do valor ou interesse protegido pela norma; 
 
b) Resultado naturalístico (ou material): é a modificação no mundo exterior provocada pela 
conduta do agente. 
 
 
D) TIPICIDADE 
 
Tipicidade quer dizer a adequação perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo 
abstrato previsto na lei penal (ao tipo penal incriminador) 
 
a) Tipicidade formal(adequação do comportamento humano ao tipo penal): 
A adequação da conduta do agente ao modelo abstrato previsto na lei penal (tipo) faz surgir a 
tipicidade formal ou legal. Essa adequação deve ser perfeita, pois, caso contrário, o fato será 
considerado formalmente atípico. 
 
b) Tipicidade material (relevância da lesão causada na norma): 
A tipicidade material é a conduta que provoca uma lesão ou ameaça de lesão intolerável ao 
bem jurídico protegido (condições mínimas de convivência). Excluem a tipicidade 
material: a) princípio da lesividade (é a materialmente atípica a conduta que não provoca 
sequer ameaça de lesão ao bem jurídico); b) princípio da insignificância: é materialmente 
atípica a conduta que provoca uma lesão irrelevante ao bem jurídico; c) princípio da 
adequação social (é materialmente atípica a conduta que é socialmente adequada. exemplo: 
furar a orelha de um bebê); d) princípio da alteridade (é materialmente atípica a conduta que 
não lesa bens jurídicos de terceiros, como por exemplo, o suicídio, a prostituição, a autolesão, 
destruição de coisa própria). 
 
c) Tipicidade Conglobante (criada por Zaffaroni): 
A tipicidade conglobante surge quando comprovado, no caso concreto, que a conduta 
praticada pelo agente é considerada antinormativa, isto é, contrária à norma penal, e não 
imposta ou fomentada por ela, bem como ofensiva a bens de relevo para o Direito Penal 
(tipicidade material). 
 
Concluindo, para que se possa falar em tipicidade penal é preciso: tipicidade formal + 
tipicidade conglobante (antinormatividade + tipicidade material). Só assim o fato 
poderá ser considerado penalmente típico. 
 
 
 
 
2º ELEMENTO DO CONCEITO DE CRIME: 
 
ANTIJURIDICIDADE (ILÍCITO) 
 
É a relação de antagonismo, de contrariedade entre a conduta do agente e o 
ordenamento jurídico. 
 
Causas legais de exclusão da ilicitude (arts. 23 a 25 do CP): 
Afastam a ilicitude da conduta praticada pelo agente, fazendo, assim, com que o fato por ele 
cometido seja considerado lícito: 
 
A) ESTADO DE NECESSIDADE (art. 24 do CP) 
 
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que 
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo 
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
 
Ambos os bens em conflito estão amparados pelo ordenamento jurídico (um prevalecerá sobre 
o outro – princípio da ponderação dos bens). 
 
É preciso que os requisitos do art. 24 estejam presentes: 
1. requisitos objetivos: (perigo atual e eminente; bem cujo sacrifício não era razoável exigir; 
situação não provocada pela vontade do agente; inexistência do dever de enfrentar o perigo); 
2. requisitos subjetivos: (consciência de que praticou o fato com intuito de salvar o bem) 
 
Observação: 
- estado de necessidade justificante: o CP optou pelo estado de necessidade justificante 
(aquele que tem por finalidade eliminar a ilicitude. O fato seria típico, mas lícito e, portanto, 
não há como falar em crime) 
- estado de necessidade próprio ou de terceiro: permite a lei que o agente pratique o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, 
direito próprio ou alheio. 
- Estado de necessidade defensivo e agressivo: Diz-se defensivo quando a conduta do agente 
dirige-se diretamente ao produtor da situação de perigo, a fim de eliminá-la. Agressivo seria 
quando a conduta do necessitado viesse a sacrificar bens de um inocente, não provocador da 
situação de perigo. 
- Causa de justificação (é preciso que o agente tenha conhecimento de que atua ou, no 
mínimo, acredite que atua, nessa condição): para a justificação no estado de necessidade 
(justificante), o autor deverá ter a vontade de defesa ou de salvamento (elemento subjetivo). 
- Estado de necessidade putativa (situação de perigo, que ensejaria ao agente agir amparado 
pela causa de justificação do estado de necessidade, ocorra somente na sua imaginação): art. 
20, §1º CP – invencível o erro do agente, deverá ser considerado isento de pena; vencível o 
erro, será responsabilizado com as penas correspondentes a um crime culposo, se previsto em 
lei. 
 
 
 
 
 
 
 
B) LEGÍTIMA DEFESA (art. 25 CP) 
 
É dada aos cidadãos a possibilidade de, em determinadas situações, agir em sua própria 
defesa. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, 
repele injusta agressão, atual ou eminente, a direito seu ou de outrem. 
 
A regra é de que todos os bens sejam passíveis de defesa pelo ofendido, à exceção daqueles 
considerados comunitários, desde que, para a sua defesa, o agente não tenha tempo suficiente 
ou não possa procurar o necessário amparo das autoridades constituídas para tanto. 
 
Espécies: 
1. autêntica ou real: (Existe, realmente, uma agressão injusta que pode ser repelida pela 
vítima, atendendo aos limites legais); 
2. putativa: (situação de agressão é imaginária, previstas no §1º, art. 20 do CP). 
 
É preciso que os requisitos do art. 25 estejam presentes: 
1. requisitos objetivos: (injusta agressão; atual ou iminente; direito seu ou de outrem); 
2. requisitos subjetivos: (animus defendendi – consciência de que praticou o fato típico mas 
com intuito de defender a si ou a terceira pessoa) 
 
Observação: 
- injusta agressão: ameaça de lesão de um bem juridicamente protegidos, proveniente de uma 
conduta humana; não é preciso que a conduta praticada seja criminosa para que possa ser 
reputada como injusta; bem de valor irrisório também pode ser protegido pela legítima defesa. 
 
- agressão injusta X provocação injusta: somente a agressão injusta abre a possibilidade ao 
agredido de se defender legitimamente nos limites legais, o mesmo não acontecendo com 
aquele que reage a uma provocação, pois responderá pelo seu dolo, não havendo exclusão da 
ilicitude de sua conduta. 
 
- Legítima defesa própria ou de terceiros: há possibilidades do agente não só defender-se a si 
mesmo, como também de intervir na defesa de terceira pessoa, mesmo que esta última não lhe 
seja próxima, como nos casos de amizade e parentesco. 
 
- Legítima defesa recíproca: autêntica X autêntica não é possível; putativa X autêntica é 
possível; 
 
- provocar situação para criar legítima defesa: não é permitida 
 
- meios necessários: sempre os menos gravosos dentre os meios possíveis 
 
- agressão iminente: é a certeza de que irá acontecer quase que imediatamente, de modo que 
nos impeça, também, de buscar auxílio junto aos aparelhos repressores formalmente 
instituídos (Estado), pois não dará tempo. 
 
 
 
 
 
 
C) ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL 
 
O próprio nome já conceitua. É preciso que haja um dever legal imposto ao agente, dever este 
que, em geral, é dirigido àqueles que fazem parte da Administração Pública, tais como os 
policiais, bombeiros e oficiais de justiça. 
 
Exige-se a presença dos elementos: 
- objetivos: (dever legal; cumprimento a esse dever se dê nos exatos termos impostos pela lei, 
não podendo em nada ultrapassá-los) e, 
- subjetivos: (o agente tem consciência de que praticou a conduta típica, mas acreditando que 
cumpria um dever imposto pela lei). 
 
Observação: 
-Causa de justificação: exige que o agente tenha consciência de que age sob essa causa de 
justificação. Em outras palavras, é preciso que o agente que praticou a conduta típica tenha 
atuado querendo praticá-la, mas com a consciência de que cumpria um dever imposto pela lei. 
 
D) EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO 
 
Exercício de uma prerrogativa conferida pelo ordenamento jurídico.Esse “direito” pode 
surgir de situações expressas nas regulamentações legais em sentido amplo, ou até mesmo dos 
costumes (norma codificada e consuetudinária). 
 
 Exige-se a presença dos elementos: 
- objetivos (atuação efetiva no exercício regular de direitos) e 
- subjetivos (conhecimento do direito e a vontade de exercitá-lo). 
 
Observação: 
- estrito cumprimento do dever legal X exercício regular de direito: O primeiro é voltado aos 
agentes públicos, no desempenho de suas atividades, interferindo na esfera privada dos 
cidadãos para assegurar o cumprimento da lei. O segundo compreende ações do cidadão 
comum autorizadas pela existência de direito definido em lei e condicionadas à regularidade 
do seu exercício. 
 
Causa supralegal de exclusão da ilicitude: 
Também afasta a ilicitude da conduta praticada pelo agente, fazendo, assim, com que o fato 
por ele cometido seja considerado lícito: 
 
a) Consentimento do ofendido: 
O fato é típico, mas não será antijurídico em virtude do consentimento do ofendido. 
Ex.: o caso daquele que permite que alguém lhe faça uma tatuagem. Existe, em tese, a 
figura da lesão corporal, uma vez que ofende a integridade física daquele que deseja tatuar 
o corpo. 
 
Para que o consentimento seja válido, obrigatoriamente deverão estar presentes certos 
 
 
requisitos: 
1) que o ofendido tenha capacidade para consentir; 
2) que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente seja disponível e; 
3) que o consentimento tenha sido dado anteriormente ou pelo menos numa relação de 
simultaneidade à conduta do agente. 
 
 
 
 
3º ELEMENTO DO CONCEITO DE CRIME: 
 
CULPÁVEL (CULPABILIDADE) 
 
Culpabilidade é o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e 
ilícita praticada pelo agente. 
 
Elementos da culpabilidade na concepção finalista: 
 
A. IMPUTABILIDADE 
 
Para que o agente possa ser responsabilizado pelo fato típico e ilícito por ele cometido é 
preciso que seja imputável. A imputabilidade é a possibilidade de se atribuir, imputar o 
fato típico e ilícito ao agente. A imputabilidade é a regra; a inimputabilidade a exceção. 
 
 > 18 imputável = Fato criminal 
 < 18 inimputável = Ato infracional análogo ao fato criminal 
 Também é inimputável os que têm doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado. 
 semi-imputável: relativa capacidade de conhecer a ilicitude do fato = redução da pena. 
 
 
 
 
 
 
 
B. POTENCIAL CONHECIMENTO DA ILICITUDE: 
 
Há a ilicitude, porém, o agente age com erro. O erro de proibição exclui a atual 
consciência da ilicitude. 
Há dois tipos de erros de proibição: 
1) Inevitável ou escusável: o agente não tinha como conhecer a ilicitude do fato. 
Isento da pena. 
2) Evitável ou inescusável: embora o agente desconhecesse que o fato era ilícito, 
ele tinha condições de saber. Não ficará isento da pena, porém, terá direito a 
uma redução desta. 
 
C. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
 
A possibilidade que tinha o agente de, no momento da ação ou da omissão, agir de acordo 
com o direito, considerando-se a sua particular condição de pessoa humana. Essa 
possibilidade de agir conforme o direito variará de pessoa para pessoa, não se podendo 
conceber um “padrão” de culpabilidade. As pessoas são diferentes uma das outras. 
Algumas inteligentes, outras com capacidade limitada; algumas abastadas, outras 
miseráveis; algumas instruídas, outras incapazes de copiar o seu próprio nome. Essas 
particulares condições é que deverão ser aferidas quando da análise da exigibilidade de 
outra conduta como critério de aferição ou de exclusão da culpabilidade, isto é, sobre o 
juízo de censura, de reprovabilidade que recai sobre a conduta típica e ilícita praticada 
pelo agente. 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO VII - ITER CRIMINIS 
 
Conceito: iter criminis ou “caminho do crime”, que significa o conjunto de etapas que se 
sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do delito. 
 
A ação é composta por duas fases: interna e externa. Na fase interna, o agente antecipa e 
representa mentalmente o resultado, escolhe os meios necessários a serem utilizados no 
cometimento da infração, bem como considera os efeitos concomitantes que resultarão dos 
meios por ele escolhidos, e em seguida exterioriza sua conduta, colocando em prática tudo 
aquilo que por ele fora elucubrado. 
O iter criminis, assim, é composto pelas seguintes fases: 
Fase interna: 
a) Cogitação: é aquela fase do iter criminis que se passa na mente do agente. Aqui ele 
define a infração penal que deseja praticar, representando e antecipando mentalmente 
o resultado. Planejamento interno do crime, na consciência do autor. Não geram dano 
a nenhum bem jurídico, não é punível, sem exceção; nem perigo de dano. 
Fase externa: 
b) Preparação (atos preparatórios): Uma vez selecionada a infração penal que deseja 
cometer, o agente começa a se preparar com o fim de obter êxito em sua empreitada 
criminosa. Seleciona os meios aptos a chegar ao resultado por ele pretendido, procura 
o lugar mais apropriado à realização de seus atos. Não são puníveis, exceto nos casos 
de quando o ato preparatório já é um crime autônomo. Então ele é punível. Ex.: 
compra de arma; associação criminosa (art. 288, CP); possuir apetrechos para fabricar 
moedas falsas (art. 291, CP). 
c) Execução: depois da cogitação e da preparação, o agente dá início à execução do 
crime. Atos de execução são os dirigidos diretamente à prática do crime. A execução 
começa quando ocorre dano ou perigo de dano ao bem jurídico. Quando, efetivamente, 
ingressa na fase dos atos de execução, duas situações podem ocorrer: 
 O agente consuma a infração penal por ele pretendida inicialmente ou; 
 Em virtude de circunstâncias alheias à sua vontade, a infração não chega a 
consumar-se, restando, portanto, tentada. 
Ex.: no início da violação ou dano da integridade física; no caso de furto, o início 
da execução é quando há perigo de dano ao patrimônio. 
d) Consumação: finalmente, o momento culminante da conduta delituosa verifica-se 
quando atinge a consumação, que ocorre quando no crime, se reúnem todos os 
elementos de sua definição legal (art. 14, I, CP). 
 
Obs¹.: Exaurimento: É a fase que se situa após a consumação do delito, esgotando-o 
plenamente. Ocorre somente em determinadas infrações penais. Na maioria dos casos no 
mesmo instante que o crime se consuma ele se exaure. Ex.: art. 156 CP (furto de coisa 
comum) (216 – assédio sexual?); Nesse caso o crime não se consuma com o ato sexual, 
mas sim, a consumação se dá com o constrangimento. O exaurimento sim seria o ato 
sexual. Então a consumação nem sempre resulta em exaurimento, apesar de o exaurimento 
ocorrer após a consumação ser a exceção. 
 
Obs²: Regra geral é que a cogitação e a preparação não sejam puníveis. Contudo, em 
 
 
determinadas situações, o legislador entendeu por bem punir de forma autônoma algumas 
condutas que poderiam ser consideradas preparatórias, como nos casos dos crimes de 
associação criminosa (art. 288) e a posse de instrumentos destinados usualmente à prática 
de furtos (art. 25 LCP). Ex.: Porte ilegal de arma. 
 
 
 
 
Consumação e tentativa 
 
1. Consumação: Diz-se consumado o crime quando nele se reúnem todos os elementos 
de sua definição legal (art. 14, I, CP). A consumação varia de acordo com a infração 
penal selecionada pelo agente. Podemos desta forma, dizer que ocorre consumação 
nos crimes: 
 Materiais e culposos: quando se verifica a produção de resultado naturalístico, 
ou seja, quando há a modificação no mundo exterior. Ex.: homicídio (art. 121,CP). 
 Omissivos próprios: com a abstenção do comportamento imposto ao agente. 
Ex.: omissão de socorro (art. 135, CP). 
 Mera conduta: com o simples comportamento previsto no tipo, não se 
exigindo qualquer resultado naturalístico. Ex.: violação de domicílio (art. 150, 
CP). 
 Formais: com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo, 
independentemente da obtenção do resultado esperado pelo agente, que, caso 
aconteça, será considerado como mero exaurimento do crime. Ex.: extorsão 
mediante sequestro (art. 159, CP). 
 Qualificado pelo resultado: com a ocorrência do resultado agravador. Ex.: 
lesão corporal qualificada pelo resultado aborto (art. 129, §2º, V, CP); lesão 
corporal seguida de morte (art. 129 §3º, CP). 
 Permanentes: enquanto durar a permanência, uma vez que o crime 
permanente é aquele cuja consumação se prolonga, perpetua-se no tempo. Ex.: 
sequestro e cárcere privado (art. 148, CP). 
 
2. Tentativa: A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na 
lei. Na tentativa há prática de ato de execução, mas o sujeito não chega à consumação 
 
 
por circunstâncias alheias a sua vontade. Na tentativa o movimento criminoso para em 
uma das fases da execução, impedindo o agente de prosseguir no seu desiderato por 
circunstâncias estranhas ao seu querer. 
 
Para que se possa falar em tentativa, é preciso que: 
a) a conduta seja dolosa, isto é, exista uma vontade livre e consciente de querer 
praticar determinada infração penal; 
b) o agente ingresse, obrigatoriamente, na fase dos chamados atos de execução; 
c) não consiga chegar à consumação do crime, por circunstâncias alheias à sua 
vontade. 
 
 Tentativa perfeita: Fala-se em tentativa perfeita, acabada, ou crime falho, quando o 
agente esgota, segundo o seu entendimento, todos os meios que tinha ao seu alcance 
a fim de alcançar a consumação da infração penal, que somente não ocorre por 
circunstâncias alheias à sua vontade. Ex.: descarrega todas as balas que possuía na 
arma, acertando a vítima ou não, mas que não morre. 
 
 Tentativa imperfeita: Diz-se imperfeita, ou inacabada, a tentativa em que o agente é 
interrompido durante a prática dos atos de execução, não chegando, assim, a fazer 
tudo aquilo que intencionava, visando consumar o delito. 
 
 Tentativa branca: Fala-se em tentativa branca, ou incruenta, quando o agente, não 
obstante ter-se utilizado dos meios que tinha ao seu alcance, não consegue atingir a 
pessoa ou a coisa contra a qual deveria recair sua conduta. Ex.: alguém que atira na 
vítima, mas erra todos os tiros e não acontece nada com a vítima. 
 
 Tentativa vermelha: Fala-se em tentativa vermelha, ou cruenta, quando a vítima 
sofre dano, mas não vem a falecer. 
 
Crimes que não admitem a tentativa: 
 
 Crimes culposos: Não se fala em tentativa de crimes culposos, uma vez que se não há 
vontade dirigida à prática de uma infração penal não existirá a necessária circunstância 
alheia, impeditiva da sua vontade de consumação. Não se cogita, não se prepara e não 
se executa uma ação dirigida a cometer um delito culposo. 
 Crime preterdoloso: Fala-se em preterdolo quando o agente atua com dolo na sua 
conduta e o resultado agravador advém de culpa. Ou seja, há dolo na conduta e culpa 
no resultado; dolo no antecedente, culpa no consequente. Os crimes culposos são 
delitos que, obrigatoriamente, para sua consumação, necessitam de um resultado 
naturalístico. Se não houver esse resultado, não há falar em crime culposo. E como já 
dito acima, nos crimes culposos não cabe a tentativa. 
 Crimes omissivos próprios: nessa modalidade de infração penal ou o agente não faz 
aquilo que a lei determina e consuma a infração, ou atua de acordo com o comando da 
lei e não pratica qualquer fato típico. Pois a partir do momento em que se omite 
daquilo que se tinha que fazer, o crime já está consumado por si só, não há fase, 
portanto, não admite tentativa. 
 
 
 Crimes habituais: São delitos em que, para se chegar à consumação, é preciso que o 
agente pratique, de forma reiterada e habitual, a conduta descrita no tipo. Ex.: casa de 
prostituição (art. 229, CP), não há tentativa, pois tem que haver habitualidade para 
chegar à consumação. Ex.: Curandeirismo e charlatanismo. 
 Crimes unissubsistentes: unissubsistentes é o crime no qual a conduta do agente é 
exaurida num único ato, não se podendo fracionar o iter criminis. Ex.: injúria verbal. 
 
Obs.: Não se admite tentativa de contravenção penal, uma vez que a Lei das 
Contravenções Penais, considerada especial em relação ao Código Penal, dispõe em seu 
art. 4º, asseverando não ser punível a tentativa da contravenção. 
 
Tentativa e aplicação da pena 
 
Conforme redação do parágrafo único do art. 14 do CP, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Entende a doutrina que, 
quanto mais próximo o agente chegar à consumação da infração penal, menor será o 
percentual de redução; ao contrário, quanto mais distante o agente permanecer da consumação 
do crime, maior será a redução. 
 
 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
 
1. Desistência voluntária: O agente interrompe, voluntariamente, os atos de execução, 
impedindo, por ato seu, a consumação da infração penal, razão pela qual a desistência 
voluntária também é conhecida por tentativa abandonada. 
 
O agente que desiste de prosseguir na execução do crime somente responde pelos atos 
já praticados, ficando afastada a sua punição pela tentativa da infração penal por ele 
pretendida inicialmente. 
 
É como se a lei, querendo fazer o agente retroceder, interrompendo seus atos de 
execução, lhe estendesse essa “ponte de ouro”, para que nela pudesse retornar, 
deixando de prosseguir com seus atos, evitando a consumação da infração penal, cuja 
execução por ele já havia sido iniciada. 
 
Obs¹.: A fim de distinguirmos quando o agente desistiu voluntariamente de quando não 
chegou a consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade, devemos aplicar ao caso 
concreto a chamada fórmula de Frank. Na análise do fato, e de maneira hipotética, se o 
agente disse a si mesmo “posso prosseguir, mas não quero”, será o caso de desistência 
voluntária, porque a interrupção da execução ficará a seu critério, uma vez que ainda 
continuará sendo o senhor de suas decisões; se, ao contrário, o agente disse “quero prosseguir, 
mas não posso”, estaremos diante de um crime tentado, uma vez que a consumação só não 
ocorrera em virtude de circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
2. Arrependimento eficaz: O agente, depois de esgotar todos os meios de que dispunha 
 
 
para chegar à consumação da infração penal, arrepende-se e atua em sentido contrário, 
evitando a produção do resultado inicialmente por ele pretendido. Ex.: joga alguém 
que não sabe nadar no mar, mas se arrepende e o resgata. 
 
Obs².: Na desistência voluntária, o processo de execução do crime ainda está em curso; no 
arrependimento eficaz, a execução já foi encerrada. 
 
Obs³.: Nestes dois institutos a consumação não pode ter ocorrido. Pois embora o agente tenha 
desistido voluntariamente de prosseguir na execução, ou mesmo depois de tê-la esgotado, atua 
no sentido de evitar a produção do resultado, se este vier a ocorrer, o agente não será 
beneficiado com os institutos da desistência voluntária e do arrependimento eficaz. 
 
 
Arrependimento posterior (art. 16, CP) 
 
1. Natureza jurídica: O arrependimento posterior é considerado uma causa geral de 
diminuição de pena. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, 
reparado o dano ou restituída acoisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por 
ato voluntário, a pena será reduzida de um a dois terços. 
 
a) O instituto do arrependimento posterior só é cabível se ocorrer nas seguintes fases: 
 Quando a reparação do dano ou a restituição da coisa é feita ainda na fase 
extrajudicial, isto é, enquanto estiverem em curso as investigações policiais ou, 
 Mesmo depois de encerrado o inquérito policial, com a sua consequente 
remessa à justiça, pode o agente, ainda, valer-se do arrependimento posterior, 
desde que restitua a coisa ou repare o dano por ele causado à vítima até o 
recebimento da denúncia ou queixa. 
b) O arrependimento posterior só terá cabimento quando o agente praticar uma infração 
penal cujo tipo não preveja como seus elementos a violência ou a grave ameaça. 
c) Não há necessidade, portanto, que o próprio agente tenha tido a ideia de restituir a 
coisa ou de reparar o dano para se beneficiar com a redução da pena. Pode acontecer 
que tenha sido convencido por terceira pessoa a restituir a coisa ou a reparar o dano, 
sendo seu arrependimento considerado para efeitos de redução. Também será 
beneficiado com o arrependimento posterior aquele que, já tendo sido descoberto pela 
autoridade policial como o autor do delito de furto, devolve a res furtiva tão somente 
com a finalidade de beneficiar-se com esse instituto. 
d) A reparação do dano ou a restituição da coisa devam ser totais, e não somente parciais. 
 
Crime impossível (art. 17, CP) 
 
Conceito: Crime impossível também é conhecido como tentativa idônea, inadequada ou 
quase crime. Muitas vezes, após a prática do fato, constata-se que o agente jamais conseguiria 
consumar o crime, quer pela ineficácia absoluta do meio empregado, quer pela absoluta 
impropriedade do objeto. 
 
 
 
a) Absoluta ineficácia do meio: Meio é tudo aquilo utilizado pelo agente capaz de 
ajudá-lo a produzir o resultado por ele pretendido. O meio pode ser uma faca, um 
revólver, um taco de golfe, pó de vidro, veneno etc. Meio absolutamente ineficaz é 
aquele que o agente se vale a fim de cometer a infração penal, mas que, no caso 
concreto, não possui a mínima aptidão para produzir os efeitos pretendidos. São ex. a 
utilização de revólver sem munição, confundir açúcar com veneno. Nessas situações, 
por mais que o agente se esforce na utilização dos meios absolutamente ineficazes, a 
consumação do crime, como diz a primeira parte do art. 17, se tornará impossível. 
 
b) Absoluta impropriedade do objeto: Podemos entender por objeto tudo aquilo contra 
o qual se dirige a conduta do agente. Objeto é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a 
conduta do agente. Não se pode matar quem já está morto, não se pode abortar quando 
não há gravidez etc. Nesse caso, por ser o objeto absolutamente impróprio, não se fala 
em tentativa. 
 
TEORIA OBJETIVA TEMPERADA – os atos praticados pelo agente só são puníveis se os 
meios e os objetos são relativamente eficazes. Essa teoria foi adotada no Brasil. 
 
Obs.: Crime impossível por obra do agente: sujeito provoca o crime e a prisão em flagrante 
– Súmula 145 STF 
 
Crime Putativo: crime imaginário, só existe na cabeça do autor. Ex.: rapaz que transa com 
adolescente de 16 anos e acha que cometeu pedofilia. Não há crime, pois só é crime de 
pedofilia quando a criança tem menos de 14 anos. 
 
Classificações das infrações penais 
 
1. Doloso, culposo e preterdoloso. 
a. Doloso: quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo 
(art.18 I, CP). 
b. Culposo: quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência 
ou imperícia (art.18, II do CP). 
c. Preterdoloso: é o crime cujo resultado total é mais grave do que o pretendido 
pelo agente. Há uma conjugação de dolo (no antecedente) e de culpa (no 
subsequente). (a pessoa queria cometer um crimezinho e cometeu um 
crimezão) 
 
2. Comissivo e omissivo. 
a. Comissivo: consiste na realização de uma ação positiva visando um resultado 
tipicamente ilícito, ou seja, no fazer o que a lei proíbe. 
b. Omissivo (próprio): consiste no fato de o agente deixar de realizar 
determinada conduta, tendo a obrigação jurídica de fazê-lo; configura-se com a 
simples abstenção da conduta devida, quando podia e devia realizá-la, 
independentemente do resultado. 
c. Omissivo (impróprio): a omissão é o meio através do qual o agente produz o 
resultado. Nestes crimes, o agente responde não pela omissão simplesmente, 
 
 
mas pelo resultado decorrente desta, a que estava juridicamente obrigado a 
impedir (art. 13, §2º do CP). Quando a pessoa é considerada garantidora. A 
pessoa responde pelo crime, mesmo não tendo praticado o ato. 
Ex.: uma mãe que sai de casa no horário em que o pai estupra a filha, a mãe 
responde por estupro, ou seja, crime comissivo por omissão, porque ela é 
garantidora. 
 
3. Instantâneo e permanente. 
a. Instantâneo: Crime instantâneo é aquele que, quando consumado, encerra-se. 
A consumação ocorre em determinado momento e não mais se prossegue. No 
homicídio, por exemplo, o crime é consumado quando da morte da vítima, não 
importando o tempo decorrido entre a ação e o resultado. Não significa o crime 
praticado rapidamente, mas significa que uma vez realizados os seus elementos 
nada mais se poderá fazer para se impedir sua ocorrência. Ex.: homicídio, 
assalto. 
b. Permanente: é aquele crime cuja consumação se alonga no tempo, dependente 
da atividade do agente, que poderá cessar quando este quiser (Cárcere privado, 
sequestro). Instantâneo de efeitos permanentes: é aquele em que a 
permanência do efeito não depende do prolongamento da ação do sujeito ativo, 
ou seja, ocorre quando, consumada a infração em dado momento, os efeitos 
permanecem, independentemente da vontade do sujeito. 
 
Essa diferenciação é importante para a punição e prescrição; em caso de crime 
permanente, aplica-se a lei mais gravosa, mesmo o crime tendo iniciado com uma 
lei mais benéfica. No crime instantâneo, o réu é julgado com a lei mais benéfica. 
 
4. Dano e perigo. 
a. Dano: Crime de dano só se consuma com a efetiva lesão do bem jurídico visado 
(ex.: lesão à vida, furto). 
b. Perigo: No crime de perigo, o delito consuma-se com o simples perigo criado para 
o bem jurídico. O perigo pode ser individual (quando expõe ao risco o interesse de 
uma só ou de um número determinado de pessoas) ou coletivo (quando ficam 
expostos ao risco os interesses jurídicos de um número indeterminado de pessoas). 
Ex.: porte ilegal de arma, dirigir embriagado. 
Subdividem-se em: concreto (não é presumido, o perigo deverá ser comprovado. 
Ex. art. 309, Lei 9503/97 – Cód. Trânsito – dirigir sem habilitação ou com ela 
cassada. Outro exemplo: art. 250, CP – causar incêndio – não é qualquer incêndio, 
mas aquele que cause perigo concreto à vida, integridade física ou o patrimônio de 
outrem) e abstrato (perigo presumido. Ex. art. 310, Lei 9503/97 – dar o veículo 
para alguém embrigado) 
 
5. Mera conduta, material e formal. 
a. Mera conduta: No crime de mera conduta a lei não exige qualquer resultado 
naturalístico, contentando-se com a ação ou omissão do agente. Em outras 
palavras, o crime é classificado como sendo de mera conduta quando não é 
relevante o resultado material (ex.: violação de domicílio, ato obsceno, omissão de 
 
 
notificação de doença e a maioria das contravenções). 
b. Material: Crime material é aquele em que há necessidade de um resultado externo 
à ação, descrito na lei, e que se destaca lógica e cronologicamente da conduta (ex.: 
homicídio: morte). 
c. Formal: Crime formal é aquele em que não há necessidade de realização daquilo 
que é pretendido pelo agente e o

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