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TRABALHO FILOSOFIA - MICHAEL SANDEL E ARISTÓTELES, ÉTICA A NICÔMACO

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Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 
Faculdade de Direito 
Disciplina: Introdução à Filosofia: Ética
Turma: C
Professor: Telma de Souza Birchal 
Acadêmica(o): Carolina Evelin de Oliveira Abreu
 Vitoria Maria Tavares Ferreira do Carmo
“Michael Sandel e Aristóteles”
QUESTÃO 1- A seguinte afirmação faz parte da filosofia moral de Aristóteles: 
“As virtudes são as características que, numa pessoa, faz com que ela mereça elogios - ou, contrariamente, os vícios são aquilo pelo qual a pessoa merece ser recriminada.”
Explique esta afirmação, levando em conta seus conhecimentos da ética aristotélica (Ética a Nicômaco - livro II, 5) 
Aristóteles visa classificar a virtude dentro da “divisão” da alma – faculdades, paixões, disposições de caráter- e ver em qual dessas divisões a virtude pertence. As paixões, para Aristóteles, são os sentimentos que são acompanhados de prazer e dor. As faculdades são as coisas em virtude das quais se diz que somos capazes de sentir, isso é, somos capaz de nos magoarmos, por exemplo. As disposições de caráter são as coisas em virtude das quais nossa posição com referência às paixões é boa ou má, por exemplo, se somos moderados, violentos ou fracos em relação a uma paixão.
Segundo Aristóteles, há duas espécies de virtudes, as intelectuais e as morais. As virtudes intelectuais são fruto do estudo, do ensino teórico, por isso, necessitam de tempo e experiência para serem alcançadas. Já as virtudes morais são fruto do hábito, da ação, é um saber que se adquire na prática, ou seja, não surgem por natureza, mas sim, pelo exercício. Portanto, é a partir da qualidade dos nossos atos que nos tornamos justos ou injustos, é preciso criar-se o hábito de praticar atos virtuosos, pois, é a partir da prática de atos justos que um homem torna-se virtuoso. 
A virtude moral diz respeito às paixões e ações, prazeres e dores, sendo uma disposição de caráter que está diretamente relacionada à escolha. Essa virtude consiste em um meio termo, que é determinado pela sabedoria prática do homem, onde o excesso ou a falta dessa são considerados vícios. Portanto, a mediania entre os dois vícios é uma forma de louvor, que estará sempre voltada para o bem, ao contrário do excesso ou da falta, que são erros. Por exemplo, entre a covardia e a temeridade, a coragem é o meio termo, e um homem corajoso é digno de elogios, já o homem que se situa em um dos extremos, na covardia ou na temeridade, merece ser recriminado, pois sua conduta não é virtuosa. Ou seja, a virtude moral visa à mediania nas paixões e nos atos.
No entanto, é necessário ter cuidado, pois nem todos os atos possuem meio termo, como por exemplo, os atos injustos e covardes, nos quais não é possível encontrar uma virtude. Além disso, as pessoas que se encontram nos extremos costumam enxergar o meio termo com exagero, costumam “empurrar” o meio termo para o outro extremo, no qual não se situam.
 Assim, nem as virtudes nem os vícios são paixões, porque não somos chamados de bons ou maus por causa de nossas paixões, muito menos são uma faculdade, porque ninguém nos chama de bons ou maus, nos louva ou censura simplesmente por sermos capazes de sentirmos as paixões. Logo, as virtudes e os vícios são disposições de caráter as quais são dignas de elogios ou repudio, de sermos louvados ou censurados, uma vez que estão relacionadas as escolhas e as ações.
Escreva um texto, argumentando a favor da afirmação ou contrariamente a ela.
Aristóteles define que: Com respeito às paixões se diz, que somos movidos, mas com respeito às virtudes e aos vícios não se diz que somos movidos, e sim que temos uma disposição. Dessa forma, aspiramos ao bem e a felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa. A virtude moral, para Aristóteles, consiste no meio-justo aliado à sabedoria prática, isto é, fazer a coisa certa, na hora certa, pelo motivo certo. Sendo assim, o indivíduo com sabedoria prática é capaz de distinguir o que é bom para si e para a sociedade.
Porém, com os filósofos posteriores, a psicologia e o estudo da psicanálise que trouxeram a formulação de novas teorias é mais difícil concordar com a afirmação mencionada, devido à definição de virtude moral para Aristóteles. É imprescindível para Aristóteles que o homem alcance o meio termo, porém nossos impulsos e desejos inconscientes podem burlar a nossa consciência e prejudicar a nossa ideia do agir livre. Como então emitir elogios ou recriminar uma conduta que pode estar acima do seu poder de escolha? O meio termo aristotélico em algumas ocasiões é subjetivo, pois o meio termo não tem uma fixação padrão para cada indivíduo diante uma mesma situação, devido as condições em que vivemos (família, classe, grupo social, religião, trabalho, etc.) nossas escolhas vão se divergir. Somos formados por todas essas variáveis, nossa sociedade molda costumes, nos educa para respeitarmos e reproduzirmos valores propostos por ela como bons, logo, como obrigações e deveres.
 Dessa forma, muitas atitudes não nos cabem escolha e deliberações, apenas conduzimos conforme o ensinado. Assim, qualquer ato e vontade nossa é influenciado por todos esses valores e instituições. 
Para a sociedade atual, os valores e as maneiras parecem existir quase por si e em si mesmos, parecem ser naturais, intemporais, fatos, com os quais nos relacionamos desde o início do nosso convívio com a família. Assim, somos levados a agir de determinada forma e sermos recompensados quando seguimos e punidos quando transgredimos. Atualmente, o julgamento de valoroso e repudiante cabe em seguir as normas e esses valores, pouco influencia o nosso juízo de valor sobre como proceder em determinadas situações, uma vez que reproduzimos o que nos é ensinado.
QUESTÃO 2- Segundo Michael Sandel (caps. 8 e 10), para decidir na vida política, os valores da liberdade e da igualdade são insuficientes. De fato, são necessários juízos substantivos sobre as virtudes e a vida boa. 
Analise esta afirmação e posicione-se sobre ela em 1 destes casos: 
- o debate sobre o porte de armas, ou 
- o debate sobre o aborto
Para Sandel, o liberalismo e o utilitarismo não são capazes de resolverem a dicotomia acerca do aborto, uma vez que os valores da liberdade e da igualdade carecem de sustentação para solucionarem e responderem essa questão. O autor discute a impossibilidade de argumentar sobre o aborto sem entrar na controvérsia moral e religiosa que está implícita, já que é impossível a neutralidade do Estado perante assuntos que interferem diretamente em direitos os quais têm o dever imperativo de zelo/defesa.
É preciso considerar que, quando os direitos fundamentais declaram garantir a todos a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade e à igualdade há uma carência de significado em relação aos termos mencionados, uma vez que é impossível conceituar o que é uma vida sem entrar no critério religioso e científico, assim, é necessário abordar os conflitos religiosos e morais. Pode-se analisar o fato mencionado acima nas discussões sobre a vida, para a Igreja Católica, a partir do momento em que ocorre a fecundação existe a vida, já a ciência se divide em várias hipóteses sobre o início da vida, para alguns cientistas a vida começa quando a estrutura cerebral está completa, para outros cientistas é quando há registro de onda eletroencefalográfica, entre outras conceituações. Há um choque entre a opinião das ciências, das culturas e religiões porque cada uma possui um conteúdo axiológico próprio. Os nossos valores são diretamente responsáveis pela interpretação que doamos ao conhecimento obtido, e nesse caso o discurso acerca do início da vida é perspectivo e não unilateral, não há uma única verdade acerca do assunto. Além disso, delimitar o início da vida humana envolve os conceitos de dignidade humana, personalidade e transcendência, portanto é um assunto que envolve questões religiosas, filosóficas, antropológicas, sociológicas, biológicas. É perceptível também que os juízos objetivos são carregadosde interpretações valorativas.
A crítica a teoria “pura” do direito de Hans Kelsen perpassa pelo mesmo debate, uma vez que excluir do mundo jurídico aspectos morais, filosóficos, etc. é inviável, frente às próprias limitações da natureza e linguística humana e é incabível falar em discussões sobre esses assuntos controversos para o campo jurídico sem envolver elementos extra-legais - tais como a cultura local naquele tempo - o "zeitgeist”- . Para discutir o aborto, no mínimo em algum de seus estágios (ponderação, normatização, positivação, interpretação normativa, aplicação), independente da objetividade pretensamente adotada pelos legisladores e juristas, haverá o envolvimento de aspectos morais.
Para finalizar o debate sobre o aborto, a ideia de que estamos submetidos a laços morais, que possuímos um passado que faz parte do que somos, relativiza as virtudes e a vida boa de cada indivíduo. Assim, ao procuramos fortalecer as virtudes em cada um de nós, procurando viver a vida boa, somos submetidos a valores formados durante nossa história e o julgamento de atitude virtuosa é influenciado por esses fatores. Assim, julgar o aborto de acordo com as virtudes recai no debate de que essas interpretações são mutáveis de acordo com a vivencia de cada indivíduo, mas também demonstra que é impossível debater a favor ou contra o assunto sem entrar nos juízos morais.

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