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Dastur Psicologia e intencionalidade

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EDIÇÃO
Monica Casa Nova
REVISÃO
Marco Antonio Casanova
CAPA E PROJETO GRÁFICO
Giovana Paape
DIAGRAMAÇÃO
Alexandre Sacha Paape Casa Nova
IMAGEM DE CAPA
Alberto Giacometti - A floresta (1950j
DASEINSANÁLISE
FENOMENOLOGIA E PSICANÁLISE
D255e
Françoise Dastur e Philippe Cabestan
DASEINSANÁLISE: FENOMENOLOGIA E PSICANÁLISE
Tradução: Alexander de Carvalho; Revisão: Marco Casanova
l ed. - Rio de Janeiro: Via Venta - 2015
Tradução de: Daseinsanalyse: Phenomenologie et Psychanalise
255 p. ; 14x23 cm. Françoise Dastur e Philippe Cabestatt
ISBN: 9788564565319
1 . Psicologia, Psicanálise. 2. Fenomenologia - 1. Título
432C
I' edição
Rio de Janeiro, 2015
Todos os direitos dessa edição reservados à
VIA VERITA EDITORA/ Instituto Dasein
Rua Safa Vilela 560
Jardim Botânico - Rio de Janeiro, RJ, 22460- 180
Tel.: 2 1 24222 109
www.viaverita.com.br
editorial@viaverita.com.br
institu todaseil:l@institutodasein. org
A. Psicologia e intencionalidade Sabemos que a fenomenologia não se contenta em
redescobrir a intencionalidade no seu sentido escolástico,
isto é, enquanto estrutura da vontade, mas que ela a abre a
outras operações do sujeito, incluindo aí todos os compor-
tamentos (VerhaZtenl do sujeito enquanto "dirigir-se a (stch
RÍchterz-azia" -. Desde então, a questão é saber para que
psicologia assim como para que psicopatologia a intenciona-
lidade husserliana abre caminho e, correlativamente, a que
tipo de psicologia ela convida a renunciar. Nesta perspectiva,
gostaríamos primeiramente de lembrar o que caracteriza,
para Husserl, a nova psicologia ou psicologia intencional.
Num segundo momento, nós nos interrogaremos sobre a
especiÊciaade da redução psico-fenomenológica e, ao mesmo
tempo, sobre a prmdmidade ou distanciamento da psicologia
intencional e da fenomenologia transcendental. Enfim, a
parta de certas dificuldades ligadas à encarnação da subje-
tividade transcendental, visaremos, num terceiro momento,
à possibilidade de um recomeço do prometo husserliano.
Em sua introdução ao volume IX da }7usserZfana.
que compreende particularmente o curso do semestre de
verão de 1925, intitulado PsícoZogíajenomenoZógzcxz, Walter
Biemel escreve: "Aqui, a fenomenologia é posta à prova: o
que ela é capaz de realizar num domínio limitado? Ela deve
mostrar em que medida uma ciência começa a se transfor-
mar, quando ela se desenvolve adotando uma perspectiva
fenomenológica"". A ciência em questão é evidentemente a
psicologia, e a questão é saber se a fenomenologia é capaz
ou não - e, neste último caso, por quais razões - de dar
uma nova orientação às pesquisas em psicologia, inclusive
colocar, enfim, a psicologia no caminho da cientiâcidade.
Como Á crise tias cfênc#as europeias e a jenomenoZogza
transcendental testemunha, Husserl tinha claramente
a ambição de ser para a psicologia o que, segundo ele e
conforme uma concepção kantiana da história das ciên-
cias, Galileu tinha sido para a física moderna. Assim. a
psicologia encontraria seu fundamento científico no prqeto
husserliano de uma "psicologia fenomenológica", isto é, de
uma "psicologia intencional". Mas a descoberta da inten-
cionalidade fornece a chave de uma compreensão rigorosa
das condutas humanas? Bem antes de Sartre e de seu
famoso artigo: "Uma ideia fundamental da fenomenologia
husserliana: a intencionalidade", Heidegger classificou
essa ideia como de primeira ordem entre "as descobertas
fundamentais da fenomenologn'. Ao mesmo tempo, porém,
ele acentuou que, mal compreendida, a intencionalidade
também poderia se tornar slogan (Schiagwodl desastroso
para a própria fenomenologia«
1. 0 projeto husserliano de uma nova psicologia
A fim de apresentarmos os traços distintivos da psi-
cologia husserliana, podemos começar por lembrar aquilo a
que ela se opõe e quais são os predecessores imediatos que
ela reivindica. Em .A .pZosc!/ia como cíêncfa Hgorosa, assim
como em .A crise das ciências europeias e alenomenoZogla
trartscendentaZ, Husserl se opõe à psicologia experimental
- que Wilhelm Wundt (1832-1920) representa, autor dos
Gmncízüge derphgstoZogtsc/un PsychoZogle(Características
fundamentais da psicologia fisiológica -- 1874) e fundador
do instituto de psicologia experimental de Leipzig, ou que
15. E. Husserl, fbychoZogtephértoménogtque(FbfcoZogiajerzomerioZóglca).
trad. fr. Ph. Cabestan, N. Depraz, A. Mazzu, tradução revista por F.
Dastur, Paria, Vrin, 2001. '
16. J. --P. Sartre, l,a 7}anscendance de Z'ego et autres textos p/iértoméZo.
gíques IA transcendência do ego e outros textos fenomenológicosl, textos
introdutórios e anotados por V. Coorebyter, Paras, Vrín, 2003, p. 87 e
sega. M. Heidegger, n'oZegõmertos à Mstóría do conceito do tempo,(curso
do semestre de verão de 1925). D. Janicaud, l,'íntentíonnalíté erz questíon
l.A íntencÍonaiídacíe em questãol, prólogo, Pauis, Gallimard, 1985, p. 82;
J. -F. Courtine, "História e destino fenomenológico da intencionalidade",
1,!nterztionrtaZíté en qLtesfton, D. Janicaud , Paras, Vnn, 1995, p. 13 e segs.
17. M. Heidegger, PlobZêmesjortdamentatlx de Zaphénoménologte IHobiemas
./ürldamerltazs da./bnomenoZWíal, trad. Fr. J. -F. Courtine, Gallimard, 1985, p.
85 ; J. -F. Courtine, "Histoire et destin phénoménologique de I'intentionnali-
té", l,'ínterüonnaZfté en questton, D. Janicaud. Paria, Vrín, 1995, p. 13 e sega.
14 15
Hermann Ebbinghaus (1850- 1909), fundador da psicologia
experimental da memória, defende. O que ele reprova nessa
psicologia é o fato de ela só se preocupar com o estabele-
cimento de regularidades psico-físicas e com o lugar da
causalidade, abordagens estranhas à vida da consciência
intencional. Isso porque essa psicologia experimental en-
contra seu princípio, segundo Husserl, no que ele não vai
cessar de denunciar ao longo de sua obra e cuja prepon-
derância - o que não se deve confundir com a existência
enquanto tal - representa o obstáculo maior a uma funda-
ção autêntica da psicologia como ciência: o naturalismo«.
O naturalismo ou fisicalismo designa essa concep-
ção que "não vê nada que não se mostre aos seus olhos
como natureza e, antes de tudo, como natureza âisica".
Noutros termos, "tudo o que é, ou bem é de ordem pro-
priamente física e íàz parte do conjunto homogéneo da
natureza üisica, ou bem pode ser de ordem psíquica, mas é,
então, apenas uma simples variável dependente da ordem
Hisica, ou melhor, um 'epifenõmeno' de segunda classe"«.
A psicologia também procede em suas experimen-
tações com base no modelo das experiências da ciência
Hisica. Antecipando a crítica que Heidegger formula expli-
citamente em termos ontológicos, Husserl denuncia o erro
da psicologia experimental do século XIX e, de modo mais
geral, do naturalismo, que volta a aplicar aos fenómenos
psíquicos os conceitos de substância, de causa e de pro-
priedades causais, resumidamente, a naturalizar o que por
essência exclui tal naturalização porque é, como aârma
Á .pZoscÚa como ciência rigorosa, "a contraparte da natu-
reza (Gegenwurfz/on ]Vatu4 "«. No entanto, a íim de evitar
mal-entendidos, devemos precisar logo que a crítica hus-
serliana da psicologia experimental não implica de modo
nenhum que essa última seja desprovida de toda legitimi-
dade. Do mesmo modo, Husserl não rejeita toda a forma de
naturalização da consciência. Ela simplesmente nào poderia
ser fenomenologicamente principal. Examinemos, então ,
o que deve ser a psicologia ou psicologia fenomenológica.
Estabelecendo em suas lições de 1925 algo como um
livro de íênnília'- da psicologia fenomenológica, Husserl reco-
nhece dois mestres precursores imediatos: Wilhelm Dilthey
j1833-1911) e Franz Brentano (1838-1917). Sem entrar
nas circunstâncias da relação entre Husserl e Dilthey,
lembremos que, segundo as Ideen 11, Dilthey "é aquele
que verdadeiramente renovou a psicologia", em particular
graças a sua obra Ideias para uma psicologia descdtíua e
analítica,publicada em 1894". Para Husserl, distinguindo
entre ciências do espírito e ciências da natureza, entre ex-
plicar (erkZãrenl e compreender (uersíefenl, Dilthey oferece
à psicologia a possibilidade de abalar o jugo do natura-
lismo e a hegemonia ontológica da coisa. No entanto, nas
lições de 1925, Husserl critica Dilthey por seu empirismo
e, sobretudo, por não ter compreendido claramente toda
a importância da intencionalidade". Desse ponto de vista,
porque ela é antes de tudo uma psicologia intencional, a
colocação em pé de igualdade desses dados da experiência psicológica,
como experiência de data, com aqueles da experiência dos corpos conduz
à sua coisiâcação; o olhar que não cessa de ser lançado sobre a ciência da
natureza transformando-a, assim, em modelo leva à aberrante concepção
desses dados como um tanto de átomos ou complexos de átomos Hisicos,
assim como a conceber as tarefas de uma e de outra parte de uma maneira
paralela. As faculdades da alma ou, como se preferiu dizer mais tarde, as
disposições psíquicas se tornaram análoga, forças âisicas, rubricas para
propriedades puramente causais da alma', E. Husserl, l,a crise..., g962-67
21. Z,íz/ref de jamfrZe, Caderneta entregue aos RoÍDos no momento cio
casamento, em que constam !r16ormações relatíuas aos cõrt/uses (w. r.J
22. H. Husserl, Reclurches phénoméno!©ues tour Za constimition(Jrzwsü-
gaçõesjenomenoZógíazspara a cnrtstltuíçãol, trad. fr. E. Escoubas, Pauis.
PUF. 1982, pp. 245-246. W. Dilthey, Idéespour unepsyc/ioZ(yíe descdtlue
et anaZytíque(Ideias sobre umapsfcoZogta descrífíua e anaiítlcal, trad. Fr
M. Remy, lz monde de Z'esprlt, Paria, Aubier, 1947, vol. 1, pp. 145-245.
23. E. Husserl, PsychoZogÍe phénoménologíque, p. 20.
18. É precisamente "o interesse pelo ponto de esta psico-âsiológico, isto
é, a preponderância do desejo de descobrir causahdades ou condiciona-
mentos psico-Hisicos" que constitui o obstáculo principal.
19. E. Husserl. La phílosophíe comme Sclence ríggourezzse(.4 .plosoÚa
como ciência rlgorosal, trad. Fr. M. B. De Launay, Paras, PUF, 1989, p. 19.
20. Ibid., p. 47. M. Heidegger saúda em 1925 essa última fórmula que
constitui, segundo ele, as premissas de uma psicologia personalista. M.
Heidegger, .f#'olegõmenos à /zÍsfóda do conceito cíe tempo, p. 165. Essa
crítica decisiva do naturalismo é retomada em A case das ciências euro-
peias e ajenomerLoZogfa transceridenfaZ. Husserl escreve aí: "A ingénua
16 17
psicologia fenomenológica encontra sua fonte na obra de
F. Brentano, que foi o primeiro a estabelecer, contra o que
ele mesmo chamava de "a psicologia sem alma" da época,
a intencionalidade enquanto característica principal do
psiquismo". Ao mesmo tempo, Husserl ressalta que essa
psicologia pode descobrir na intencionalidade o princípio
descritivo, portanto não metaHisico, da distinção entre o
psiquismo e o físico. No entanto, Brentano permanece
apenas o pioneiro da concepção pré-fenomenológica: não
apenas porque ele não ultrapassa uma concepção pré-feno-
menológica da consciência como um ter consciência vazio
(eln Zeeres .Bewusst#zabenl e não como um fazer no sentido
de Zeisten"; mas também porque ele se mantém, como
Dilthey, prisioneiro do empirismo". Isso acontece porque
Brentano considera a descrição empírica como o estado
inferior de uma psicologia que, em seu estado superior ou
genético, deve explicar de modo causal o que foi descrito.
Essas poucas considerações históricas podem ser
suRcientes para esboçar as três características fundamen-
tais da psico[ogia fenomeno[ógica ta] como e]a é apresentada
nas lições de 1925: 1. Essa psicologia, diferentemente da
psicologia empírica, deve ser uma psicologia racional. Ela
ressuscita mufatís mutandts a psicologia racional de Wolf
que a crítica kantiana da intuição intelectual parecia ter
definitivamente enterrado; 2. Essa psicologia é uma psi-
cologia descritiva, num sentido não brentaniano, pois a
descrição é descrição de essências ou descrição eidética.
Ela pertence enquanto tal às ciências eidéticas, de tal
modo que a psicologia racional é, semelhantemente às
matemáticas e às ciências exatas, uma ciência descritiva
que supõe desconectar a atitude empírica, permanecendo
- mas esse ponto particularmente problemático deverá ser
aprofundado - numa atitude natural. Assim, a psicologia
está em condição de descrever as essências e as conexões
de essência da vida psíquica, e ela é enquanto tal uma
ontologia material regional; 3. Desse ponto de vista, a vida
psíquica se revela antes de tudo uma vida intencional, e
a nova psicologia dever ser denominada psicologia feno-
menológica ou "psicologia intencional". Essa psicologia
pode, portanto, ser deânida como a ciência descritiva dos
fenómenos intencionais"
Falta, no entanto, determinar mais precisamente
que região cabe à psicologia descrever. Em .As icíelas cZíre-
trízes para umajerLomenoZogla ou Zdeen .r ( 19 1 3), a psicolo-
gia estuda a consciência psicológica enquanto realização
(reaZísíemrLgl da subjetividade transcendental, realização
essa levada a cabo por uma apercepção de um tipo ori-
ginal, cujo ato essencial seria a amarração(.Anknül;!/üngl
da consciência ao corpo (leíbl". Descobrimos, assim, a
questão da constituição do ego psíquico e, mais ampla-
mente, a questão do homem enquanto ser psíquico-nisico,
"assunto muito obscuro", segundo a LógÍcajormaZ e lógica
transcendental. tanto quanto "maravilhoso (wunderbar) "",
de acordo com outro texto de 1935, e que está no início de
uma metáfora não menos enigmática: o paralelismo da sub-
jetividade transcendental com a subjetividade psicológica.
Na verdade, toda a dificuldade reside em compreender com
precisão como se estabelece a realização da subjetividade
transcendental, isto é, como se opera a constituição do
sujeito psicológico e em que sentido o psíquico é ao mesmo
tempo idêntico à sulãetividade transcendental e diferente
dela: idêntico, pois se dá como sua simples realização, e
27. Ibid., P. 47
28. E. Husserl, Idées directHcespour uneplzénoménoZogle aldeias diretrizes
para uma fenomenologia), trad. fr. P. Ricoeur, Paria, Gallimard, 1950, $53
29. E. Husserl, logíquejormelZe et ZogÍque transcendentale(Lógica formal
e lógica trasncendentall, trad. õ'. S. Bachelm'd, Paios, PUF, 1957, g96a, p.
320 : 11usserllana XE Zur FPtãrtomenoZogíe der ]rttersubÜektíütaf ] 928-35
jllusserZíarta XI/. Para a /enomenoZotga da tntersubÜetiuldade), ed. Por
1. Kern, M. Njjhoff, La Haye, 1973, texto 31, g8, p. 549-56, trad. fr. M.
Richir, "lntentionnalité et être-au-monde" jlntencionalidade e ser-no
mundo), em L'!ntentÍonnaZíté en questíon, D. Janicaud [ed.), p. 132-45.
24. Franz Brentano, PsychoZo@e d'un poínt de zme erWíríque(Psicologia
de um ponto de vista empírico), trad. Fr. M. De Gandillac, Paria, Aubier,
1947, p. 16. La case des scíences européennes ef Za p#lénomértoZogíe
transcendantaZe(A crie das ciências mropeías e alenomenoZogla traí.s-
cendertfczZI saudara por sua vez "o extraordinário mérito" da tentativa de
Brentano de reforma da psicologia; g68, p. 262.
25. Fazer, completar, realizar.(N.T.)
26. E. Husserl, /?sycftoãagéphénomérnZogüZze IPsicologiafenomenológca), p. 35.
18 19
diferente por estar atrelado ao corpo e, uía corpo, inscrito
no mundo como reificado. Desse modo, as /deen .r(Ideias l)
reservam à psicologia racional o campo - talvez contradi-
tório, como veremos adiante - de uma subjetividade cujas
determinações são ao mesmo tempo as da subjetividade
transcendental e as da subjetividade mundana, isto é, da
alma (SeeZel que é, para Husserl, uma realidade quase
natural, incarnada, localizada, dotada de estados e de pro-
priedades à maneira das coisas. Daí se poder perguntar se
a psicologia racional tem como tarefa liberar, a exemplo da
fenomenologia transcendental, as estruturas de uma subjeü-
vidade intencional constitutiva ou se ela estuda o psiquismo
enquanto objetividade real, constituída e não intencional.de uma atitude específica, quer dizer, de uma redução ou
epokhê psico-fenomenológica. Cruzamos, agindo assim, a
questão dos caminhos ou vias de acesso à subjetividade
transcendental da natureza, caminhos e vias sobre os quais
o fundador da fenomenologia não cessou de meditar"
Ainda que simpliíiquemos um pouco a situação,
podem-se distinguir na obra de Husserl três possibilidades
diferentes para a psicologia. (1) No quadro da via cartesiana,
que Husserl pega emprestada no curso da primeira de suas
JMedítações cadeslanas e que é dominada pela investiga-
ção da apoditicidade, a tomada do psíquico enquanto tal
ressalta a atitude natural: "a vida psíquica (SeeZenZebenl
da qual fala a psicologia sempre foi concebida como vida
psíquica no muncío"". Do mesmo modo, em Zddas díretrtzes
para umajenomenoZogla, a psicologia não exige em nenhum
caso o abandono da atitude natural: ela é o fruto de uma
conversão reflexiva que faz abstração - "como isolamos o
espaço e a figura espacial quando fazemos geometria" -- de
tudo que não pertence ao psíquico, compreendido como
a ideia da totalidade dos estados da alma. Desse modo,
para a psicologia, nossas percepções das coisas são dados,
como as vivências, de realidades corporais e espirituais,
realidades das quais se deve fazer abstração a âm de reter
apenas o que é puramente psíquico. Além disso, cuidadosa
em extrair üa redução eidética a essência dos fenómenos
psíquicos, essa psicologia é considerada racional em opo-
sição à psicologia empírica indutiva "
2. Que redução para que psicologia?
Essa última questão concerne, para dizer a verdade,
à natureza da redução psicofenomenológica - chamada às
vezes de redução fenomenológico-psicológica - e, correlati-
vamente, à natureza da psicologia que ela torna possível. De
fato, se a psicologia reside, diferentemente da fenomenologia
transcendental, na atitude natural, ela não esta condenada
a elaborar apenas uma psicologia realista que, por isso,
reifica seu objeto ao ponto de ficar cega à intencionalidade
da consciência? Noutros termos, a psicologia não deve estar
em condições de elucidar e compreender a diferença entre
"uma árvore bem pequena', da qual se pode enunciar que
está queimando, e "uma árvore percebida enquanto tal" que
não pode queimar, isto é, entre o objeto real, inscrito ele
mesmo nas relações reais e que pode ser presa das chamas,
e o objeto intencional, que é o sentido da visada intencional
e que é, enquanto tal, ininflamável?" Se for esse o caso, a
psicologia deve ser, então, capaz de se liberar da atitude
natural", formulando para si a questão da possibilidade
30. Adiantamos que esse argumento virá justificar a necessidade de
uma redução fenomenológico-psicológica. E. Husserl, l,a case..., p. 265.
31. Poder-se-ia perguntar, além disso, se uma psicopatologia fenomenológica
não supõe igualmente o abandono da atitude natural. Em todo caso, é o que
sugerem os trabalhos do psiquiatraW. Blankenburg. Cf. írlP'a, capítulo 111, B, l.
32. Segundo uma classiâcação(se não excita, pelo menos bem cõmodal
feita por um de seus discípulos, lso Kern, podem-se distinguir três vias
da redução fenomenológica: a via cartesiana, cuja pertinência é posta em
questão em A crise das ciências europeias e a./ênomenoZcUía transoertdentaZ
lg43l; a via pela antologia e a via pela psicologia intencional. lso Kern, "Les
trois vales de la réduction phénoménologique transcendantale dais la
philosophie de Edmund Husserl'(As três vias da redução fenomenológica
transcendental na âlosofia de Edmund Husserl), trad. Fr. Ph. Cabestan et
N. Depraz, Reu/tle dephénoménoZogíe 4L7:ER, N' 1 1, 2003, p. 285 e sega.
33. E. Husserl, JWédítatÍons cadésíennes, trad. fr. M. B. De Launay,
Pauis, PUF, 1994, gl l
34. E. Husserl, La Phénoménologíe et Zes jortdements des scíences (A
psicologia e os ./ündamerLtos das ciências), trad. Fr. D. TifTeneau, Paras,
PUF, 1993, 111, g8 e g12.
20 21
l21 No entanto, a partir dos anos vinte, Husserl
explora a via da psicologia e considera a possibilidade de
uma redução psico-fenomenológica enquanto etapa para a
via da subjetividade transcendental. Aparece nesse momento
a ideia de que a psicologia nova não pode se desenvolver
na simples atitude natural, mas supõe uma mudança de
atitude. A fim de melhor compreender do que se trata aí,
pode-se apoiar na segunda versão do artigo para a EncycZo-
poedía bHfannÍca (1927), versão ainda mais interessante
por Heidegger ter colaborado com sua redação". Contraria-
mente à primeira versão, que retoma a concepção exposta
na F}Zosc!/ta pHmelra, essa segunda versão introduz uma
nova concepção da redução psico-fenomenológica, fonte de
um desacordo explícito entre Heidegger e Husserl: na parte
redigida por Heidegger, a redução psico-fenomenológica se
confunde com a simples reflexão no sentido de uma conver-
são do olhar na atitude natural, de tal modo que a psicologia
se mostra como uma psicologia pura na medida em que
faz "abstração de todas as funções da alma no sentido da
organização da corporeidade ll,eíbZíc/üeltj"n. Não obstante,
Husserl completa a exposição introduzindo uma apor/lê em
relação ao mundo existente que, no entanto, não concerne
à alma (SeeZel nem às afinidades da alma. Husserl escreve:
"Quando a psicologia busca lançar luz sobre a subjetivídade
da alma enquanto campo de julgamento e de experiências
puramente internas, deve ser 'deixado fora do jogo' o mundo
que vale para toda alma. Seu julgamento de fenomenólogo
deve se abster de toda crença em relação ao mundo. Por
exemplo, na descrição que eu faço, enquanto psicólogo, de
minha própria percepção como evento próprio a minha alma
ISeeZel, não devo julgar diretamente a coisa que percebo, do
modo como se faz nas ciências da natureza. Devo apenas
julgar o meu 'percebido enquanto tal''«. Encontramos, assim,
a ideia de uma colocação entre parênteses limitada, que
não põe em questão a pertença da alma mesma ao mundo,
e que é necessária para proceder à análise intencional da
consciência psicológica. Nessas condições, depreende-se que
a psicologia não perde sua ingenuidade transcendental e
que essa epokflê psicológica não se confunde com a epokhê
transcendental, a partir da qual a alma se desenvolve, por
sua vez, como uma objetidade (obÜecüté) transcendental
constituída.
3. Essa concepção de epok#lê psico-fenomenológica,
longe de ser isolada e efémera, conhece várias retomadas,
por exemplo, nas Clort4erénctas de .Amsterdam de 1928. No
entanto, a ingenuidade transcendental do psicólogo não
deixa de ser problemática: se a redução psicofenomeno-
lógica é necessária a uma psicologia intencional, não é
esta, então, insuficiente? Como justificar, senão por razões
pragmáticas extraídas da dificuldade da epokhê transcen-
dental e do caráter inabitual da atitude transcendental",
aos quais ainda se pode acrescentar o cuidado de manter
a psicologia distante da fenomenologia, essa meia-medida
da redução psico-fenomenológica? Se é verdade que o que
a epokhê transcendental desenvolve pertence por direito ,
como não cessa de repetir Husserl, a uma psicologia
intencional", por que não considerar que a abertura de
uma psicologia verdadeiramente fenomenológica deve
estar subordinada a uma epokhê incondicionada, já que
é ela mesma que pratica a fenomenologia transcendental?
Em suma, a psicologia intencional enquanto "psicologia
transcendental" não se confunde com a fenomenologia"?
38. E. Husserl, /Vates sur /{eídegger(Notas sobre Hetdegge4, p. 107
39. Husserl, J\4édítaüorts cadéstennes, gõl , p. 197-8, 'tratar separada-
mente da psicologia intencional como ciência positiva, de uma parte, e da
fenomenologia transcendental, de outra parte, não seria bem entendida em
lugm nenhum, e, sob certa ética, é evidente a esta última que se torne o
trabalho efetivamente guia, ao passo que a psicologia descurada da revolu-
ção copernicana se contentará com ]he pegar emprestados os resultados"
40. Antes de reaparecerem La crise,.., a expressão "psicologia transcen-
dental" é encontrada em 191 1 sob a pena de Husserl: "Não há, portanto,
nada que gere obstáculo à tentativa, em redução fenomenológica, de uma
psicologia transcendental, de uma ciência de vivências". Husserl acres-
centa em nota: "A fenomenologia enquanto psicologia transcendental"
E. Husserl, H'obiêmes jondamerLtalu de Za p ténoménoZogíe, trad. fr. J
English, Paria, PUF, 1991, p. 174; La crise..., $72.
35. E. Husser], ]Votes sur Heídegger, trad. fr. J. -L. Fidel, Paria, Minuit.
1993, p. 93 e sega.
36. /bld., P. 95.
37. E. Husserl, PsychologÍe p/ténoménoZogque, p. 108.
22 23
Tal é a solução considerada pela KrisÍs': que espera ligar a
psicologia à âlosofia transcendental segundo -- a fórmula
é surpreendentemente do próprio Husserl - "o incesto da
identidade e da diferença"".
Nessa perspectiva, falta reconsiderar a ideia de
redução fenomenológico-psicológica e tê-la em conta coma
uma sucessão de etapas que permite ao psicólogo reduzir
progressivamente a validade do mundo e chegar a uma
redução rigorosamente universal ao termo do qual ele
mesmo se torna o observador à margem de si mesmo. Não
se trata mais de opor redução fenomenológico-psicológica e
redução transcendental, quando sim de situar essa última
redução no prolongamento "natural" da primeira. Desse
modo, escreve Husserl, "por meio do simples desenvolvi-
mento da ideia de uma psicologia descritiva desejosa de
deixar exprimir-se a essencialidade própria da psgchê,
realiza-se necessariamente a inversão (umsteZZz.zngl da
epokhê fenomenológico-psicológica e de sua redução em
epokhê e redução transcencíenfals"«. Tal é a condição
para que a psicologia perca deânitivamente a ingenuidade
primeira da atitude natural e se eleve à compreensão do
ego apodítico cujo mundo, incluindo a alma do psicólogo,
mostra seu ser: "a antiga objetivação ingénua de si, en-
quanto 'eu' empírico humano de minha vida psíquica, se
vê presa num movimento novo. Todas as apercepções de
um novo gênero, exclusivamente ligado à redução feno-
menológica, com sua nova língua 1...1, tudo isso que era
anteriormente fechado e indizível, entra agora no fluxo
da objetivação de si, na vida psíquica, e é percebido dora-
vante como seu pano de fundo intencional de prestação
constitutiva, novamente entregue"".
De agora em'diante, a psicologia fenomenológica é
uma "psicologia transcendental" ou ainda "uma psicologia
eidética da subjetividade transcendental"", que apresenta,
por outro lado, uma dimensão genética segundo a qual o
eu não é um polo de identidade vazio, mas possui suas
capacidades, suas tomadas de posição e suas convicções
que remontam a experiências e posições anteriores e que
são enquanto tais os hábitos adquiridos pelo eu. A partir
desse ponto de vista, o eu tem uma história da qual a psi-
cologia transcendental genética tenta depreender a forma
ou uma tipiâcação geral. É de tal psicologia que ressalta,
então, a associação enquanto princípio da génese passiva
da constituição dos obÜetos previamente dados. Do mesmo
modo, é a essa psicologia genética e transcendental de que
trata o estudo, a partir da consciência de horizonte, das
intencionalidades "inconscientes" cuja análise coincide,
escreve Husserl, "com as descobertas da recente 'psicologia
profunda' (cujas teorias, no entanto, não são identificáveis
com as nossasl, que são os abetos do amor, as humilha-
ções, os 'ressentimentos' e os modos de comportamento
que essas afeições motivam inconscientemente""
No entanto, é próprio à psicologia, diferentemente
da fenomenologia, que ela volte à atitude natural, a fim de
buscar empiricamente, sobre o território do mundo, mas
livre de sua ingenuidade anterior, a ciência universal dos
homens do ponto de vista de seu ser psíquico, individual
e social". Ê nesse quadro e sobre a base de uma eidética
da subjetividade transcendental que as pesquisas psico-
.Êsiológicas podem encontrar seu lugar legítimo.
3. Da mundanização da subjetividade transcendental: objeção
41. Abreviação de Díe KHsís der Eüropãtschen Wtssertscfla/ten und dÍe
H'anszendenfale P/lãnomenoZogfe IA crise das dênclas europeias e a
jenomenotogía fran.scendentail .(N.T.j
42. E. Husserl, l,a case..., p. 232.
43. ÜÍd., P. 287.
44. JbÍd., p. 238. Já na segunda versão do artigo para a Encyciopoedta
brítanníca, Husserl considera a possibilidade de uma "psicologia pura-
mente â[osóâca" que repouse numa "redução transcendental rigorosa",
E. Husserl, motes sur Heídegger p. 107.
Pode-se íàzer uma objeção dupla a essa concepção da
psicologia que foi traçada aqui em linhas gerais. A primeira
concerne à encarnação da subjetividade transcendental e à
45. E. Husserl, Notas sur Jleídegger p. 107
46. E. Husserl, l,a crise,.., g72
47. ibid., g72, p. 291.
24 25
coordenação do psíquico e do somático, isto é, em termos
cartesianos, à união de alma e corpo; a segunda, à articula-
ção ontológica da subjetividade transcendental e do psíquico,
ou seja, da alma enquanto objetidade real. A üm de explicar
nossa primeira objeção, lembremos inicialmente que, para
Husserl, a mundanização da subjetividade transcendental --
que evoca a queda metaHlsica da alma no mundo -- se opera
de duas maneiras distintas que correspondem a duas mo-
dalidades de encamaçào da subjetividade transcendental.
uma psico-patologia, estudando os transtornos psíquicos
a partir das doenças que aíetam o corpo"- Desse modo, a
psicologia tem inicialmente como objeto a subjetividade
espiritual, e ela é para as outras ciências do espírito, tais
como a história, a sociologia, as ciências políticas etc., o
que a 6lsica é para as outras ciências da natureza, como a
geologia, a astronomia, a meteorologia etc. Todavia, como
acabamos de ver, a psicologia tem também como objeto
o espírito naturalizado, isto é, a alma enquanto realidade
interligada com o corpo dentro da natureza.
Essa concepção da psicologia personalista e da
psicologia naturalista pode parecer satisfatória em razão
de sua abertura e da diversidade de formas de pesqui-
sas psicológicas que Ihe parecem dar razão: eidéticas,
empíricas, experimentais. Isso não vale igualmente para
o fenomenólogo, na medida em que, de maneira geral,
Husserl parece reconduzir o dualismo cartesiano de alma
e corpo, conferindo à encarnação um estatuto derivado ou
de segunda ordem em comparação com uma subjetivida-
de transcendental que seria desde sempre originalmente
desencarnada. Além disso, é forçoso reconhecer que a
ligação husserliana do espírito e do corpo assim como a da
alma e do corpo levantam numerosas dificuldades. Quer
se trate da localização do espírito ou da alma no corpo,
de tal maneira que o corpo sqa o "órgão da vontade" para
o espírito, quer se trate da dependência causal da alma
com referência ao corpo, a encarnação da subjetividade
transcendental parece diretamente submetida a essa forma
de "subüetivismo espiritualista" que persiste em colocar o
corpo fora da consciência, e que falha consequentemente
em esclarecer "a engrenagem" do psíquico sobre o Hisico.
Como escreve Rudolf Bernet, "uma consciência cuja essên-
cia vital não é carnal pode no máximo se aliar ao corpo,
mas não habitar encarnando nele"«. Não obstante, essa
crítica deve ser fortemente ressaltada, se for verdade que
Husserl, no desenvolvimento de sua distinção entre Leíb e
48. E. Husserl, Rechercpspfünoménologíquespour !a consfifutfon, p. 337.
49. R. Bernet, l,a üe du sz4/ef. Rec#wrces sur ['ínferpréfaüon de ]ÍusserZ
karts Za phénoménoZode IA vida do sujeito. Investigações sobre a inter-
pretação de Husserl na fenomenologia), Pauis, PUF, 1994, p. 177
l.A mundanização da subjetividade transcendental é
sinónimo inicialmente de sua espiritualização (Vergels-
ttgung). Assim, apreendida na atitude personalista que é
nossa atitude cotidiana, a subjetividade transcendental é
esta subjetividade da pessoa, cujo ego pessoal é também
o egoda liberdade, e que está ligada a um corpo e a um
mundo circundante ([/mweZt). Mais precisamente, de um
ponto de vista personalista, a subjetividade está fundada
sobre a camada do corpo Hisico no sentido em que ela se
expressa (ausdrücken) pelo corpo e em que o corpo é o
órgão da vontade (WÍZZensoryanl. Além disso, na atitude
personalista, o mundo circundante üa comunicação entre
as pessoas se torna um mundo espiritual e, correlativa-
mente, a subjetividade transcendental, uma subjetividade
espiritual. Mais importante ainda, a ligação da pessoa com
o mundo circundante é sempre uma ligação intencional e
faz sobressair a relação chamada de relação de motivação.
2. Mas a mundanização é sinónimo também de naturali-
zação (NaturaZlsíemng), e a subjetividade transcendental
é, enquanto alma (SeeZel, entrelaçada no corpo por um
liame de dependência causal. Desse ponto de vista, a
psicologia enquanto psicologia naturalista empírica tem
como objeto o estudo de determinações psicológicas da
realidade psíquica. Vê-se que a fenomenologia husser-
liana reconhece certa legitimidade nas pesquisas experi-
mentais psicoíisiológicas ainda que elas se subordinem
a determinações conceituais que são obra da psicologia
eidética intencional. E, no prolongamento dessa psico-
-âsiologia, Husserl pensa poder fundar a possibilidade de
26 27
Kõzper, introduz no cerne da subjetividade transcendental
uma corporeidade que Ihe pertenceria de todo direito".
Resta, no entanto, a legitimidade que Husserl reco-
nhece, a despeito de sua crítica do naturalismo ou íisicalis-
mo, às pesquisas psicoíisicas". Ele declara a esse propósito
que toda crítica da causalidade psiconisica deriva de uma
argumentação filosóÊca tardia jnachkommeri4 e acrescenta:
"o enigma(RãtseZI da causalidade psicoHisica ou fisiopsíquica
pertence à essência de toda causação"". Noutros termos,
Husserl reconhece tanto o enigma quanto a sua ligação com
um enigma mais geral, inerente a toda causação e que a fe-
nomenologia deve admitir enquanto tal. Semelhante tomada
de posição não deixa de apresentar riscos, pois parece abrir
a porta ao que parecia ter sido deÊnitivamente descartado
por meio da crítica ao fisicalismo. De fato, será que, ao
aceitar reinscrever a subjetividade transcendental nas re-
lações causais naturais, a fenomenologia não se condena
ao mesmo tempo a ignorar o modo de ser da subjetividade
transcendental e a re{/icó-la? Por exemplo: o álcool leva à
embriaguez, assim como a mescalina, diz-se, a alucinações.
Por isso, porém, o fenomenólogo pode pisar nos calos do
senso comum e tomar a embriaguez e a alucinação por
efeitos psíquicos de causas somáticas? Isso redundaria, no
caso da alucinação, a coisiíicar a imaginação inserindo a
imagem alucinatória enquanto estado psíquico na relação
de dependência causal com o corpo (Kõ7per). No entanto, é
a isso que chega Husserl quando reconhece a legitimidade
das pesquisas psicoHisicas. Naturalmente pode-se perguntar
mais uma vez se essa concepção não é uma concessão las-
timável à ontologia da Vor/mnden/wÍt(da presença à vistas ,
do mesmo modo que a uma filosofa da natureza ainda
mais discutível quando ela reduz esta última, no segundo
volume das Ideias dlretrízes, a um encadeamento causal«.
50. D. Franck, Clmír et colos. Sur Za phénoménoZogle de MzsserZ(Cine
e corpo Sobre a fenomenologia de Husserll, Paria, Minuit, 1981, p. 107.
51. E. Hsserl, Za crise... g64, p. 250.
52. E. Husserl, Recherc/nsplzénoménoZog@uespour Za constfMüon, p 352.
53. Mas essa concepção da natureza é explicitamente - ainda que talvez
insuâcientemente - relativizada em A Crise..., que distillgue a natureza
da ciência excita, que é o produto de uma idealização, e a natureza
Nossa segunda objeção coincide, como vamos ver,
com a primeira. Ela foi tomada de empréstimo de Roman
Ingarden (1893- 19701, filósofo de origem polonesa e discípulo
de Husserl. Ela diz respeito novamente à mundanização da
subjetividade transcendental, assim como à distinção entre
o ego transcendent:al e o ego mundano que, de acordo com a
atitude, naturalista ou personalista, é o ego psíquico ou ego
espiritual. Ora, de modo pertinente, Ingarden escreve numa
de suas Observações críticas às "Meditações cartesianas"":
"Estamos inclinados a estabelecer uma identidade entre o
eu enquanto eu puro e o eu enquanto eu õntico do indivíduo
psicofisico que é uma parte do mundo. Mas subsiste, então,
a grande dificuldade que ninguém, até onde sei, indicou
ainda: como o eu puro constituinte e o eu puro constituído
podem ser ao mesmo tempo um e o mesmo, se as proprieda-
des que lhes são atribuídas se excluem mutuamente e não
podem, assim, compor juntas a unidade de um objeto?""
De fato, o ego mundano é contingente e mortal,
e seu conhecimento reclama, diz-nos Husserl, o sem fim
da experiência, ao passo que o ego transcendental é o ego
puncfum, um polo de identidade não substancial", que não
pode nem nascer nem morrer. Uma solução consistiria em
lembrar que, para Husserl, a subjetividade mundana com-
preende, segundo uma metáfora comum, a subjetividade
efetivamente sentida, aquela do mundo da vida e que é efetivamente
dada na intuição. Husserl, l,a crise..., Só4
54. Remarques crítiques adressées aux "Méditaüons cartésiennes'. IN. T.l
55. "Remarques critiques du professeur Roman Ingarden de Cracovie'
E. Husserl, À4édítaílÍons cadésÍennes, p. 225. Diz-se que "a maravilha
de todas as maravilhas é o eu puro e a pura consciência". Mas há outra
maravilha para Husserl, que é "o modo maravilhoso com que a subjeti-
üdadetranscendental absolutamente concreta está em completa coesão
IKbngmerzzl com o eu humano psíquico', /{usserZíana XK texto 31, g8,
p 550, trad. fr. M. Richir na obra dirigida por D. Janicaud, .4 intencio-
nalidade em questão, p. 132.
56. E. Husserl, PsgchoZogte phénomélogíque{ p. 196. Como o sublinha
J. Benoist, "polo não é substância. Polo é movimento", e, para pensar o
eu transcendental, é necessário precisamente acabar com o modelo de
substancia", J. Benoist, "Que'est-ce que I'ego transcendental?", Autour de
HusserZ. l,'ego et Za rafson 10 que é o ego transcendental ? Sobre HusserZ.
O ego e a razão), Paras, Vrin, 1994, p; 14-15.
28 29
transcendental, assim como o ego transcendental, como
núcleo (Kem). Desse modo, parece que a contradição se
esvaneceriajá que esses termos não se referem exatamente
à mesma instância: certamente o ego mundano é um obÜeto
contingente e mortal, mas isso é apenas o íluto, melhor, o
invólucro, de um ego transcendental que não nasce nem
morre. Entretanto, para dizer a verdade, essa metáfora
do núcleo mascara mais que resolve a dificuldade. Cer-
tamente, ela parece relativamente pertinente para o que
diz respeito às relações da subjetividade transcendental
e da subjetividade espiritual ou eu pessoal. Nesse caso,
a estrutura intencional da subjetividade transcendental
e da subjetividade espiritual garante, parece, a compati-
bilidade ou paralelismo das descrições da fenomenologia
transcendental e da psicologia personalista. Por exemplo, a
descrição psicológica dos diferentes tipos de motivação da
pessoa em seu mundo circundante - do mesmo modo como
as relações intencionais sobre a descrição transcendental
da consciência cuja estrutura intencional se mostra aqui
como o nx:tcleo da subjetividade espiritual.
Por outro lado, essa metáfora do núcleo perde toda
pertinência quando se trata da alma enquanto objeto da
psicologia na atitude naturalista. De fato, a alma é, diz
Husserl, o espírito naturalizado. Daí que mesmo a alma nào
possa de modo nenhum participar do modo de ser da coisa,
e que uma psicologia no sentido de uma 6lsica da alma
seja consequentemente impossível. Apesar disso, porém, a
alma não deixa de possuir, em virtude de sua naturaliza-
ção, um modo de ser análogo ao da coisa. Também a alma
pertence à natureza em sentido amplo. Toda a dificuldade
é, então, compreender como a subjetividadeintencional,
üa sua encarnação mundana, pode ser ao mesmo tempo
algo como uma coisa. Não é necessário admitir que a
alma e a subjetividade transcendental sejam distintas e
ontologicamente contraditórias, no sentido em que elas não
compartilham o mesmo modo de ser; de sorte que uma, a
alma, é a careta reificada da outra e que elas nào poderiam,
consequentemente, ser articuladas e unificadas segundo
o íio condutor da metáfora nuclear? É nessa perspectiva
que se podem ler as observações de Heidegger a Husserl,
anexas a sua carta de 22 de outubi'o de 1927, a respeito do
artigo para a .EncycZopoedfa Brítanníca. Heidegger pergunta
a Husserl: "0 que é o 'ego absoluto' quando ele se distingue
do psíquico puro? Qual é o modo de ser desse ego absoluto?
Em qual sentido ele é idêntico ao eu sempre factual, em
que sentido ele é diferente?"" Parece bem diHicil conservar
desse modo essa concepção da subÜetividade transcen-
dental, encarnada, mundanizada e naturalizada, isto é,
da alma enquanto objeto da psicologia experimental. Na
verdade, ao querer preservar certa validade das pesquisas
psicológicas e psicoíisiológicas, essa concepção hipoteca
gravemente o projeto de uma psicologia fenomenológica,
reintroduzindo aí de um único golpe um tipo de explica-
ção que a descoberta da intencionalidade e do modo de
ser da subjetividade transcendental parecia ter excluído.
No entanto, essas objeções diferentes no encontro
com o pensamento husserliano ainda deixam de lado o
elemento decisivo, que constitui o próprio solo da Z)aseln-
sanáZíse e a partir do qual ela se separa irremediavel-
mente da psicologia fenomenológica. De fato, é evidente
para Husserl que a fenomenologia enquanto ciência da
subjetividade transcendental é o fundamento verdadeiro
da filosofias. A fenomenologia encontra, então, seu ponto
de partida numa epokhê universal concernente ao ser do
mundo e graças à qual a solidão humana se torna "solidão
transcendental". E Husserl se põe a combater como antro-
pologismo toda tentativa de fundação a partir do nascia
mundano-concreto, cuja analítica ele considera, e por con-
sequência Ser e Tempo, uma antropologia filosófica". Isto
porque, para o fundador da fenomenologia, o Baseia é um
existente (1)asetendesl para o ego transcendental apenas a
57. E. Husserl, Jfotes sur fleídegger, Carta de Heidegger a Husserl de 22
de Outubro de 1927. '1'rad. fr. J. -F. Courtine, p. 1 18
58. E. Husserl, /Vates sur /íeídegger, "Phénoménologie et anthropologie'
trad. fr. D. Franck, p. 57 e sgs.
59. "Husserl não compreende o sentido da questão do ser posta por
Heidegger, já que ele compara a analítica ontológica desenvolvida a
partir da hermenêutica da facticidade com uma antropologia filosófica'
R. Crisün, Edmund Hussert-Madin Heidegger: Ptlãnomenologie (! 927},
Berlin, Duncker & Humblot, 1999, p. 27
30 31
título de conteúdo de certa apercepção empírica. É, então,
unicamente a partir da fenomenologia transcendental, üa
psicologia fenomenológica e antropologia, que as estruturas
eidéticas desse existente (.DaseÍnl podem ser elucidadas.
Por outro lado, para Heidegger, é preciso partir do Z)aseín
enquanto ser-no-mundo, e "As considerações 'unilaterais'
da somatologia e da psicologia pura só são possíveis sobre
a base da integridade concreta do homem que, como tal,
determina primariamente seu modo de ser"". Com isso,
é no quadro ontológico da analítica existencial que uma
psicologia intencional é possível. Portanto, como descreve
Heidegger, que ao faze-lo se inscreve na analítica existencial
ao mesmo tempo em continuidade e em ruptura com a
fenomenologia husserliana, é necessário que compreen-
damos que, se a intencionalidade é a ratio cognoscencí{ da
transcendência do l)aseÍn, a transcendência do Baseia é
a ratio essend{ da intencionalidade«
Conclusão
Essa crítica do projeto husserliano de uma psico-
logia fenomenológica, conduzida essencialmente de um
ponto de vista ontológico, não pode mascarar a importân-
cia do projeto em favor da l)aseírtsanáltse. Inicialmente,
como veremos mais detidamente na parte histórica deste
ensaio", a fenomenologia husserliana suscitou impor-
tantes trabalhos em psicopatologia como o de Ludwig
Binswanger a propósito da mania e da melancolia ou de
Wolfgang Blankenburg sobre a esquizofrenia. Além disso,
e principalmente, a fenomenologia husserliana estabelece
já a convicção propriamente ontológica que, como um fio
de Ariadne, guia nossa pesquisa. Segundo essa convicção,
o homem em seu ser não é uma coisa e não poderia ser
reduzido ao que Heidegger chama de ente presente à vista
(uorhandenj". É precisamente essa convicção, decisiva
também tanto de um ponto de vista psicológico quanto
psicopatológico, que dá fôlego a Husserl quando ele de-
nuncia o preconceito naturalista ou, mais exatamente,
íisicista que é, a seus olhos, o de toda psicologia moderna.
Esse preconceito, típico então da modernidade, deri-
va-se mais precisamente do dualismo cartesiano que coloca
em paralelo a alma e o corpo e que pretende, a partir daí,
elaborar uma psicologia "exata" tendo como modelo a âisica.
Trata-se de um contrassenso fundamental para Husserl
quanto à natureza da psicologia e do psíquico. Ora, "o
psíquico, considerado puramente em sua essência própria,
não tem natureza, não tem em-si pensável no sentido
natural, nem em-si causal espaço-temporal, idealizável
e matematizável, nem leis do tipo das leis da natureza""
Aparece aqui em toda a sua clareza a necessidade não
60. Carta de Heidegger a Husserl de 22 de outubro de 1927.
61. M. Heidegger, H'oblêmes jondamentazu de Za p/lénoménoZogía(P+o-
hienas ./Undamentats da jenomenologlal, p, 90. M. Haar, Ftoiégomênes
à une 'désconsfmctíon' de Z'Ínfenfíonnallté husserZíenne IProlegõmenos a
uma 'desconstrução' da intencionalidade husserliana) in D. Janicaud
jed.), L'!ntentíonrtaZíté en questíon, p. 1 75.
62. Cf. {rlP'a capítulo ll e lll.
63. O autor usa o termo subslstant(subsistente) ao traduzir o termo
mrlmnden; e subslstance [subsistêncial, ao termo Vorhanden/left. Preferi-
mos usar respectivamente ente .presente à esta e .presença à esta por
serem as traduções já tradicionais para os conceitos de Heidegger en-
contrados em Ser e Tempo. (N.T.)
64. Husserl, l.a crise-.,p. 250
32 33
apenas de elaborar outras categorias(ou existenciais) para
descrever esse ente cuja existência caracteriza seu modo
de ser, mas também de entrar em guarda frente a toda
reintrodução subreptícia, üa naturalismo principalmen
te, da ontologia da presença à vista (Vorhandenheít). Tal
é precisamente a tarefa da qual se encarrega a analítica
existencial e a DaseínsanáZlse.
em 1964". Antes, então, de se chegar à questão sobre
o que significa isso que Heidegger chama de "analítica
do Baseia"" ou "analítica existencial"", é necessário
começar esclarecendo a própria noção de Daseín, palavra
que Heidegger escolheu para designar o ser do homem
e que, assim, pode-se dizer, representa o que o pensa-
mento heideggeriano trouxe de mais novo no contexto
fenomenológico. Como ele explicou na introdução que
acrescentou em 1949 a seu curso inaugural de 1929 em
Freiburg sob o título "0 que é a metafísica?", "toda a
reflexão se interrompe, se se contenta com constatar que
no lugar de Bewusstseín (consciência) emprega-se em Ser
e Tempo a palavra l)aseín. Como se o debate se tratasse
do uso de palavras diferentes"". Não se tratava, para
Heidegger, em 1927 de realizar uma simples mudança
terminológica, mas, ao contrário, de propor uma nova
concepção do ser do homem.
B. Analítica existencial e Daseínsízná/íse
O termo "DaseÍnsanãZíse" não aparece em Ser e
Tempo, obra maior de Heidegger, mas é em referência à
problemática da "análise fundamental preparatória do
Dasetrt" que aí se expõe, que Binswanger a emprega. Esse
termo foi inicialmente traduzido em francês por "anaZgse
exfstentíeZZe" (análise existencial)" nas primeiras tradu-
ções que foramfeitas das obras de Binswanger". Mas essa
denominação é em sua origem um contrassenso sobre o
sentido original que Heidegger deu ao termo l)aseln: é a
razão pela qual se passou a conservar o termo alemão
Daseín nas traduções francesas da obra de Heidegger.
Essa palavra, que significa literalmente ser (Sela) aí
jdal, foi traduzida de diferentes maneiras em francês:
de início por "réaZíté-humalne" (realidade humanas, nas
primeiras traduções feitas de alguns capítulos de Ser e
Tempo por Henry Corbin em 1938"; depois por "être-là"
jser-aí) na primeira tradução, de Rudolf Boehm e Al-
phonse De Waelhens, da primeira seção de Ser e Ter7tpo
1. A concepção heideggeriana do ser do homem
A palavra [)aseÍn aparece na língua a]emà no sécu]o
XVlll, no momento em que se buscou traduzir a palavra
latina exístentía. Nesse contexto, ela tem o sentido de o "ser
aí" ou "estar aí" de algo, ou seja, de sua presença efetiva
e de sua factualidade, em oposição à sua "quididade" ou
essência, segundo a oposição tradicional que a õlosoíia
grega clássica estabeleceu entre existência e essência.
Heidegger, porém, que designa com essa palavra exclu-
65. Para diferenciar o termo eictstentÍeZ(ExísterlzíeZI em alemão) do exls-
tentíaZ IExísterlzlaQ, nós os traduziremos respectivamente por exístencfáHo
e exísfendaZ. (N.T.)
66. L. Binswanger, .AnaZyse exlstentíeZZe et psychanaZyse ./}eudlenne.
Oíscou,s, marcou« et n'e«d.(.AMüse exÍstendaZ e psicanálise./}e«díana.
Discurso, percurso e l+eud. Trad. fr. R. Lewinter, Paria, Gallímard, 1970
e .írttroductíon â Z'anaZgse exístentíeiZe, trad. fr. J. Verdeaux e R. Kuhn.
Paras, Éditions de Mnuit, 1971.
67. M. Heidegger, Qu'est-ce que !a métaphÊ/süZue ? suÍÜ cí'eidraits sur
r'être et Ze ternos et d'une coltÓérence sur HdZderZÍn, trad. par H. Corbin,
Paras, Gallimard, 1938. Ver o prefácio do tradutor, p.13.
68. M. Heidegger, Qu'est-ce que Ja métaphysique? Suíü d'extraits sur
I'être ef Ze temos et d'une corláêrence sur HõlderZín, trad. de H. Corbin,
Paria, Gallimard, 1938. Cf. Prefácio do tradutor, p. 13.
69. M. Heidegger, Être et Terztps, trad. de F. Vezin, Pauis, Gallimard,
1986, S9, p. 73 (4 1). Nós nos permetiremos modiÊcar essa tradução sela
por nossa própria conta, seja nos apoiando na primeira tradução de R.
Boehm e A, De Waehlens ou na tradução fora de catálogo publicada em
1965 por Emmanuel Martineau pela Éditions Authentica. A paginação
do texto original alemão está indicada na margem nas três traduções.
70. /bÍd., S 1 1, P. 83 (50).
71. HEIDEGGER, Questíons { Paria, Gallimard, 1958, p. 32.
34 35

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