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Apostila Criminologia

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CRIMINOLOGIA
COM ÊNFASE EM CONCURSOS PÚBLICOS
APOSTILA
CRIMINOLOGIA
COM ÊNFASE EM CONCURSOS PÚBLICOS
APOSTILA
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Professor: André Giamberardino
Defensor Público do Estado do Paraná, Professor da UFPR e da UP, doutor em Direito (UFPR) e Mestre em Direito (UFPR) e Criminologia (Università di Padova). Coautor com Massimo Pavarini do livro “Teoria da Pena e Execução Penal – Uma Introdução Crítica” (Lumen Juris).
INTRODUÇÃO
Esta apostila tem a finalidade de servir como espécie de “glossário” e ferramenta auxiliar na preparação para concursos públicos quanto a temas de criminologia.
Embora a matéria seja muito complexa, heterogênea, diversificada, historicizada, seu tratamento na formulação de questões em “provas de concurso” é bastante simplificador e repetitivo, sendo fácil perceber que não se requer qualquer aprofundamento, mas sim o conhecimento superficial de determinados conceitos e do sentido das principais teorias.
Sintetizar tais conceitos, de forma confessadamente superficial, mas certo de que tal memorização é tudo quanto se precisa saber para se pontuar nesse tipo de questões, é o singelo propósito desta apostila.
AULA 1: CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS E AS VÁRIAS “CRIMINOLOGIAS“
Sugestão de estudo: memorização de conceitos e resolução de questões.
Dificuldade de definição da criminologia quanto a seu OBJETO, METODOLOGIA e FUNÇÃO:
Frequentemente, o OBJETO de estudo da criminologia é definido como: delito, delinquente, vítima e controle social - os dois primeiros se referem à perspectiva tradicional (positivista), o estudo da vítima remete à vitimologia e o estudo do controle social por si próprio remete às perspectivas construtivista e crítica.
METODOLOGIA: empirismo - saber fundado na observação e na experiência, remetendo, por isso, ao método INDUTIVO. Diferentemente do direito, trata-se de um conhecimento “descritivo” (ligado ao “ser”) e não “normativo” (“dever ser” - método DEDUTIVO). ATENÇÃO PARA A CRÍTICA: Daí a dificuldade de delimitação de um objeto válido, já que “delito” ou “delinquente” são produtos normativos e definidos externamente (pelo legislador, pela seletividade do sistema penal, etc).
FUNÇÃO: oscilação entre a concepção positivista de auxiliar do penalista na elucidação e prevenção de crimes; entre a concepção crítica porém reducionista de espécie de “ciência crítica” do direito penal (confusão com dogmática crítica); e entre a sociologia da violência e das instituições do sistema penal.
É fundamental que se sistematize o estudo das teorias criminológicas dentro das duas grandes perspectivas identificadas como:
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APOSTILA
criminologia tradicional/positivista/etiológica, de um lado - nos concursos públicos muito frequentemente chamadas “TEORIAS DO CONSENSO”; vs.
criminologia construtivista (“da reação social”)/crítica, de outro lado - nos concursos públicos muito frequentemente chamadas “TEORIAS DO CONFLITO”.
Cada uma delas tem diferentes objetos de estudo:
a primeira linha busca identificar CAUSAS do crime e do comportamento criminoso (por isso é dita “etiológica”) e se divide em teorias INDIVIDUAIS e SOCIOLÓGICAS;
a segunda perspectiva busca analisar como é a reação social e institucional que define o que é crime e quem é criminoso, recaindo o foco na seletividade do sistema penal e no desvelamento de funções políticas não declaradas. Também aqui é possível identificar teorias individuais ou “MICRO”sociológicas (ex. teoria do etiquetamento) e teorias “MACRO”sociológicas (ex. criminologias críticas, criminologia radical).
QUESTÕES DE REVISÃO:
(Médico Legista 2013). O método de estudo da Criminologia reúne as seguintes características:
Silogismo; vedação de interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
Empirismo; vedação de interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
Racionalismo; interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
Empirismo; interdisciplinaridade; visão indutiva da realidade.
Racionalismo; interdisciplinaridade; visão dedutiva da realidade.
(Agente Policial 2012). É correto afirmar que a Criminologia:
É uma ciência do dever-ser.
Não é uma ciência interdisciplinar.
Não é uma ciência multidisciplinar.
É uma ciência normativa.
É uma ciência empírica.
(Investigador de Polícia 2013). Pode-se afirmar que o pensamento criminológico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e uma de cunho argumentativo, que possuem,
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APOSTILA
como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica, respectivamente. Essas visões também são conhecidas como teorias:
Da ecologia criminal e do transtorno.
Do consenso e do conflito.
Do conhecimento e da pesquisa.
Da formação e da dedução.
Do estudo e da conclusão.
“Explique a diferença dos conceitos de Criminologia nos paradigmas etiológico e da reação social” (em no máximo 20 linhas) (MPF 2015)
AULA 2: ESCOLA POSITIVA ITALIANA E SUA RECEPÇÃO NO BRASIL
- Contexto: Europa, século XIX. Movimentos de migração do campo à cidade. Críticas ao iluminismo penal e ao “direito penal clássico”, tido como excessivamente abstrato e insuficiente para “enfrentar a criminalidade”.
O positivismo criminológico fez parte da tentativa de aplicar os métodos e o paradigma das ciências naturais ao estudo da sociedade, supondo-se que a superioridade científica de seus métodos seria mais eficaz para a proteção da sociedade da criminalidade.
Veja o que escreveu Enrico Ferri em 1886 sobre a superioridade do método “científico” sobre o direito penal clássico e seu método dedutivo:
“Nós falamos duas diferentes linguagens: para nós, o experimental indutivo é a chave de todo o conhecimento; para eles, tudo deriva de deduções lógicas e de opiniões tradicionais. Para eles, os fatos devem lugar ao silogismo (premissa maior1, premissa menor2, conclusão3). Para nós, nenhuma razão pode ser sem partir de fatos. Para eles, a ciência necessita apenas de papel, pena e tinta, e o resto vem de um cérebro cheio de mais ou menos abundante leitura de livros feitos dos mesmos ingredientes. Para nós a ciência demanda a longa e demorada análise dos fatos, um por um, reduzindo a um fato comum. Para eles um silogismo ou uma anedota é suficiente para acabar com anos de análise e experimentação. Para nós, é o contrário.
Principais características (sobre o tema, sugestão de leitura: CIRINO DOS SANTOS, J. A criminologia da
1 O homicida deve receber pena de 6 a 20
2 João é homicida.
3 João deve receber pena de 6 a 20.
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APOSTILA
repressão, 1979):
Empirismo e método indutivo: crença de que a ciência seria capaz de diagnosticar as causas do crime e realizar prognósticos para políticas de prevenção.
Crença no determinismo do comportamento, rejeitando a ideia de livre arbítrio dos sujeitos. A conduta desviante como sintoma de causas ligadas ao indivíduo. Rejeição do conceito de “culpabilidade” (direito penal do fato) e valorização do conceito de “periculosidade” (direito penal do autor).
Mensuração e quantificação dos dados - busca da mensuração da criminalidade como se fosse um dado objetivo, através das estatísticas criminais.
Pretensão de neutralidade do cientista/observador. Aplicação de premissas próprias das ciências naturais às ciências sociais.
CESAR LOMBROSO [1835-1909] (L’Uomo Delinquente, 1876) e mais: (La donna delinquente, la prostituta e la donna normale, 1859; Genio e degenerazione, 1908; Crime: it’s causes and remedies, 1913).
Influência do darwinismo: Lombroso adapta a “teoria do atavismo” de Charles Darwin à criminologia. Com tal base, defenderia a ideia de que o “homem delinquente” ou “criminoso nato” seria um ser atávico, portanto mais atrasado que os demais na evolução da espécie humana.
Como médico do exército, realizou mediçõesantropométricas de 3000 soldados, observando as diferenças físicas existentes entre os habitantes das várias regiões da Itália que passava, então, por conflitos civis. Durante sua carreira, Lombroso examinou 383 crânios de criminosos e 5907 delinquentes vivos.
Com base em tais observações, defendeu a ideia de que o criminoso seria um tipo antropológico distinto, propenso a cometer crimes e que poderia ser identificado mediante características físicas (como a assimetria crânio-facial, testa inclinada para trás, cérebro hipo ou hiper desenvolvido, malares salientes, sobrancelhas proeminentes, orelhas grandes, etc. e até uma “inclinação para a tatuagem”).
CRÍTICAS DE TIPO INTERNO: Mau uso das noções de atavismo e hereditariedade (por exemplo, ao inserir o uso da tatuagem como sinal da personalidade criminosa). Críticas oriundas da Escola de Lyon.
CRÍTICAS DE TIPO EXTERNO: objeto de estudo pré-delimitado por parâmetros normativos, pois os presos analisados por Lombroso já configuravam uma amostra selecionada pela própria lei penal e suas agências de controle. Amostra também politizada, pois sua descrição dos tipos físicos “criminais” correspondia à descrição dos trabalhadores braçais do Sul da Itália, ignorando os conflitos civis e materiais existentes.
INFLUÊNCIA DE LOMBROSO NO BRASIL: relação com o racismo científico de final do século XIX e a transição do escravismo ao capitalismo industrial. Exemplo: o médico baiano Raimundo Nina Rodrigues “coletivizou” o conceito originariamente individual de “criminoso nato”, associando a herança criminógena de Lombroso à mestiçagem do povo brasileiro
ENRICO FERRI [1856-1929] (Sociologia criminale, 1881)
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A obra de 1881 – Sociologia Criminale – é um tratado completo de criminologia, no sentido que contempla criminologia teórica e outra aplicada:
A criminologia teórica de Ferri era MULTIFATORIAL: negava o livre arbítrio, explicando o crime como determinado por uma série de fatores criminógenos os quais, combinados entre si, propiciam uma classificação dos delinquentes. Uma novidade em seu pensamento era a inserção de fatores exógenos (ligados ao meio físico e social) como explicação do comportamento criminal. Classificou os criminosos em “tipos de autor”: natos, alienados, habituais, de ocasião e passionais.
A criminologia aplicada de FERRI era fundada na ideia de periculosidade, prevendo “medidas de defesa social” correspondentes a cada tipo de autor. Fala em substitutivos penais (medidas alternativas à prisão) e na necessidade de se individualizar a aplicação de todas as medidas.
IMPORTÂNCIA: Ferri influenciou a formulação do sistema “duplo binário” no Codice Rocco (Itália, 1930), que previa a cumulação de penas e medidas de segurança; sistema este adotado pelo Código Penal brasileiro de 1940 até a Reforma da Parte Geral em 1984. Influenciou, ainda, na formulação de diversos procedimentos típicos da execução penal, tais como a “classificação”, o “exame” e a lógica da periculosidade perpassando todo o sistema de justiça.
QUESTÕES DE REVISÃO:
(CEI) No que concerne ao conceito de periculosidade e à influência da Escola Positiva italiana no direito penal brasileiro, assinale a alternativa correta:
De acordo com Enrico Ferri, referência jurídica do positivismo criminológico italiano, o conceito de periculosidade estaria diretamente ligado à intensidade do dolo do agente no momento do fato, produzindo um maior juízo de reprovabilidade na análise da culpabilidade.
Para a Escola Positiva italiana, o crime é resultado de uma deficiência moral e de caráter do sujeito, o qual opta por violar a norma quando possível não fazê-lo.
As proposições práticas de Enrico Ferri na discussão de um novo Código Penal para a Itália na década de 30 acabaram por não ter qualquer influência na elaboração do texto final da lei italiana, não tendo repercussão, portanto, sobre o Código Penal brasileiro de 1940.
Enrico Ferri defendeu, no âmbito da Escola Positiva, a utilização de medidas alternativas à prisão e o conceito de “substitutivos penais”, com base em valorações sobre o autor e classificação dos condenados segundo sua periculosidade.
O conceito de “criminoso nato” de Cesare Lombroso foi recepcionado pela criminologia brasileira de forma crítica, tendo sido descartado pela comunidade acadêmica e cientifica
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e não tido influência na política criminal e social do período.
(Investigador de Polícia 2013). Médico legista, psiquiatra e antropólogo brasileiro, considerado o Lombroso dos Trópicos. A personalidade mencionada refere-se a:
Luís da Câmara Cascudo.
Raimundo Nina Rodrigues.
Mário de Andrade.
Oswaldo Cruz.
Fernando Ortiz.
(Papiloscopista Policial 2013). Pode-se afirmar que estão entre os princípios fundamentais da escola clássica da criminologia:
O crime, na escola clássica, é um ente jurídico, não é uma ação, mas sim uma infração; a punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio; adota-se o método e raciocínio lógico-dedutivo.
A pena, que é um instrumento de defesa social; a escola clássica, que se utiliza do método indutivo-experimental; os objetos de estudo da ciência penal, que são o crime, o criminoso, a pena e o processo.
O crime é visto como um fenômeno social e individual na escola clássica; a pena tem caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social.
O direito penal, que é uma obra humana; a responsabilidade social que decorre do determinismo social; o delito, que é um fenômeno natural e social.
A distinção entre imputáveis e inimputáveis existente na escola clássica; a responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança).
AULA 3: INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA CRIMINAL
Ainda no âmbito da Escola Positiva italiana:
RAFFAELLE GARÓFALO [1852-1934] (Criminologia, 1885)
Foi jurista e magistrado e, diferentemente de E. Ferri, politicamente conservador. Fundamental em sua
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teoria foi seu conceito de delito natural, o qual seria a “violação dos sentimentos médios de piedade e probidade”, estas como ‘substrato moral’ a justificarem a repressão às condutas desviadas, relativos à repugnância por ações cruéis, ao respeito pelo outro, e assim por diante. Fortemente influenciado por C. Darwin e H. Spencer, indica uma concepção evolucionista de senso moral, o qual seria transmitido hereditariamente, associando as noções de raça e civilização. Pensamento fortemente racista e ligado ao colonialismo.
- Há outras teorias etiológicas individuais desenvolvidas ao longo do século XX. Mencionado como exemplo a “teoria dos tipos de autor” de ERNST KRETSCHMER (1921). Segundo sua hipótese, a constituição corporal da pessoa condicionava seu caráter. De acordo com cada tipo físico, poder-se-ia-se observar uma certa tendência para certos crimes.
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA CRIMINAL: TEORIAS DO CONSENSO E DO CONFLITO
É bastante comum a divisão das teorias criminológicas entre “teorias do consenso” e “teorias do conflito”. Embora haja problemas e simplificações graves nessa divisão, é comum que as teorias do consenso sejam identificadas com a etiologia social norte-americana (perspectiva tradicional positivista), e as teorias do conflito sejam identificadas com as várias teorias críticas (perspectiva crítica).
Em outros termos, pode-se dizer que o crime, para as teorias do consenso, é um “problema social”; e para as teorias do conflito, é um “problema sociológico”.
Seriam teorias do consenso, abordadas neste mini-curso, nesse sentido:
Émile Durkheim,
Escola de Chicago (seriam teorias do consenso, no caso, as teorias ecológicas),
Teoria da associação diferencial (da aprendizagem),
Teoria da anomia de Robert Merton (funcionalista),
Teorias das subculturas criminais.
A seu turno, seriam teorias do conflitoas denominações relativas à dita “nova criminologia”: - Ao interacionismo simbólico, à teoria do etiquetamento, à teoria da rotulação, etc.; - À criminologia crítica, criminologia radical, etc.
ASPECTOS DO PENSAMENTO DE ÉMILE DURKHEIM (1858-1917) SOBRE O CRIME E A PENA
Fato social: externalidade em relação ao indivíduo, coercitividade (pois sua inobservância gerará sanções e resistências) e generalidade (porque se crê representar um consenso social) - a serem “tratados como coisas” (As regras do método sociológico, 1895).
Crime como fato social normal, e não patológico. O delito como fator regulador e estabilizador da coesão social - e nesse sentido, funcional. Seria ‘negativo’ apenas quando ‘anômico’, ou seja, oriundo de
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um estado de anomia e desorganização social.
c) Pena como resposta e estabilização da “consciência moral coletiva”: Durkheim descreve, porém, as distintas necessidades de resposta conforme se tenha uma sociedade de solidariedade mecânica ou orgânica (A divisão do trabalho social, 1893). Imperaria um direito repressivo (de caráter retributivo) onde a solidariedade é mecânica, pois a aversão coletiva ao desvio é mais forte. Com o desenvolvimento da comunidade, e a passagem para uma solidariedade orgânica, o direito tenderia a ser mais restitutivo.
QUESTÕES DE REVISÃO:
(Escrivão de Polícia 2013). São teorias do consenso as teorias:
Da desorganização social; da identificação diferencial; da criminologia crítica.
Do etiquetamento; da associação diferencial; do conflito cultural.
Da criminologia crítica; da subcultura; do estrutural-funcionalismo.
Da criminologia radical; da associação diferencial; da identificação diferencial.
Da desorganização social; da neutralização; da associação diferencial. (Investigador de Polícia 2012). São teorias do conflito as teorias:
Das áreas criminais, da identificação diferencial e da criminologia crítica.
Da desorganização social, da neutralização e das áreas criminais.
Do conflito cultural, do etiquetamento e da associação diferencial.
Da associação diferencial, da subcultura e do estrutural-funcionalismo.
Da criminologia crítica, da rotulação e da criminologia radical.
ITENS JÁ COBRADOS EM PROVAS CESPE/UNB
( V ) A teoria funcionalista da anomia e da criminalidade, introduzida por Emile Durkheim no século XIX, contrapunha à ideia da propensão ao crime como patologia a noção da normalidade do desvio como fenômeno social, podendo ser situada no contexto da guinada sociológica da criminologia, em que se origina uma concepção alternativa às teorias de orientação biológica e caracterológica do delinquente.
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APOSTILA
AULA 4: ESCOLA DE CHIGADO (TEORIAS ECOLÓGICAS) E TEORIA DA ASSOCIA-
ÇÃO DIFERENCIAL (DA APRENDIZAGEM)
4.1. ESCOLA DE CHICAGO (TEORIAS ECOLÓGICAS / DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL)
As teorias ecológicas são fundadas na ideia de vinculação entre a criminalidade e a degradação e desorganização urbana - a cidade está doente e seria a causa da criminalidade (v. The City, Robert Park).
Desse modo, a criminalidade seria uma característica mais do ambiente e não tanto do indivíduo. A teoria denominada ecológica se fundou na idéia de que o tipo de comportamento prevalente, dentro de um grupo social, seria determinado pelo ambiente socio-cultural no qual tal grupo é colocado. As características do ambiente, por sua vez, seriam conexas a fatores simultaneamente socio-econômicos e de ordem histórico-cultural.
Robert Park é o decano da Escola, sendo seu personagem mais representativo.
Para afrontar o tema da degradação urbana na cidade, toma-se um modelo ecológico: de equilíbrio entre a comunidade humana e o ambiente natural. A cidade é tomada como objeto específico de investigação. São teorias chamadas ecológicas porque analisam a influência do meio sobre a criminalidade. A cidade é vista como um organismo dividido em zonas, de trabalho, de residência, etc., cada zona com um diferente nível de condutas desviadas e delitivas. As zonas de transição ou zonas de ninguém seriam altamente deterioradas, com infraestrutura deficiente. Haveria um processo de osmose através do qual a população imigrante invade a segunda área removendo e pressionando os habitantes originais a irem morar nas periferias.
A tese central é a de que o delito é causado pela desorganização social, que por sua vez é causada pelo
“afrouxamento das regras”.
Clifford Shaw e Henry McKay, principalmente, trabalham com a idéia de que as formas de ‘patologia social’ não derivariam tanto de qualidades próprias dos indivíduos, mas sim das zonas socio-culturais nas quais eles vivem. Shaw e McKay elaboraram a teoria do gradiente, segundo a qual quanto mais se distancia do centro da cidade, o nível socio-econômico da população residente se eleva e a taxa de criminalidade diminui. Essas são as conclusões extraídas do famoso mapa da cidade de Chicago.
MAS ATENÇÃO: Há uma outra dimensão da Escola de Chicago que, muito diferente de ser mais uma teoria etiológica social, é a base teórica da criminologia da reação social que viria a se consolidar décadas depois: identificando um conceito mais democrático - horizontalizado - de “controle social”, fundado mais na persuasão e no convencimento que no temor à autoridade, diversas portas foram abertas com métodos de pesquisa como a observação participante: v. por exemplo o trabalho de tipo etnográfico em zonas urbanas intitulado “The Hobo: the sociology of the homeless man” (1923), de Nels Anderson.
Para GEORGE HERBERT MEAD, para quem o controle social primário ou informal seria exercido pelas interações face a face, tornando-se, estas, também um objeto de estudo.
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APOSTILA
CRÍTICAS POSSÍVEIS ÀS TEORIAS ECOLÓGICAS:
Estas teorias se situam em uma perspectiva positivista, pois fundadas na crença de uma relação de causalidade entre os fatores ecológicos e a delinqüência.
Parte-se da delinqüência oficial, desconsiderando a cifra negra da criminalidade.
Não explica a criminalidade “pós-moderna”: crimes financeiros, ambientais, narcotráfico em grande escala, que são incompatíveis com critérios ecológicos, pois “não se localizam” nesta ou naquela zona da cidade.
QUESTÕES DE REVISÃO:
(Médico Legista 2013). São propostas da Escola de Chicago (“ecologia criminal”) para o controle da criminalidade:
Política de tolerância zero; criação de programas comunitários com intensificação das atividades recreativas; aumento das áreas verdes.
Prevalência do controle social formal sobre o informal; criação de comitês de apoios de pais e mães para a educação das crianças; melhoria das condições das residências e conservação física dos prédios.
Aumento das penas para o cometimento de delitos simples; criação de zonas de exclusão para isolamento das áreas mais perigosas; disseminação de atividades recreativas como escotismo e viagens culturais.
Mudança efetiva nas condições econômicas e sociais das crianças; reconstrução da
‘solidariedade social’ por meio do fortalecimento das forças construtivas da sociedade
(igrejas, escolas, associações de bairros); apoio estatal para redução e diminuição da pobreza e desemprego.
Controle individualizado, ou seja, controle específico e rígido sobre cada indivíduo; políticas uniformes em toda a cidade, diante do fracasso das estratégias por vizinhança; implantação de escolas e postos de saúde.
(Delegado de Polícia 2011). O efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos, é explicado pela:
Teoria do criminoso nato.
Teoria da associação diferencial.
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Teoria da anomia.
Teoria do “labelling approach”.
Teoria ecológica.
(Procurador 2013). A avaliação do espaço urbano é especialmente importante paracompreensão das ondas de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas desviantes. Este postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na literatura criminológica, como:
Teoria da anomia.
Escola de Chicago.
Teoria da associação diferencial.
Criminologia crítica.
Labelling approach.
4.2. TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL (DA APRENDIZAGEM)
Autor: Edwin Sutherland (1883-1950)
A teoria da associação diferencial ou do contato diferencial parte do ponto de vista do indivíduo (“A”) que se encontra sob a influência de vários grupos - sua fidelidade será diferencial para cada grupo de referência; dependerá se prevalecem mensagens deste ou daquele grupo, dependerá enfim, da associação diferencial que faz o indivíduo.
Para SUTHERLAND, uma pessoa se torna delinquente quando, aos seus olhos, prevalecem definições favoráveis à violação da lei sobre aquelas desfavoráveis.
SUTHERLAND negou que a pobreza fosse causa da delinquência e buscou construir uma teoria UNIFATORIAL, a partir dos processos de aprendizagem.
IMPORTANTE: o comportamento criminoso como produto de um processo de aprendizagem indica um prisma desprovido de reprovação moral, diferente das teorias anteriores.
OBJETO (“O QUE SE APRENDE?”)
técnicas (habilidades) (v. “The professional thief” [1937])
aspectos morais (motivos, inclinações, racionalizações)
PARÂMETROS:
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APOSTILA
Frequência
Duração
Prioridade
Intensidade
Nove teses que sintetizam a teoria:
A conduta delitiva é aprendida: não é herdada nem inventada;
A conduta delitiva á aprendida em interação com outras pessoas no curso de um processo de comunicação;
A conduta criminal é aprendida principalmente em grupos pessoais íntimos, ou seja, os meios de comunicação não teriam papel muito relevante (vale observar que a teoria é da década de 20-30’ no século XX);
A aprendizagem do delito compreende: (a) técnicas de comissão do delito; (b) orientação específica dos motivos, inclinações, racionalizações e atitudes;
Estas orientações específicas são aprendidas e valoradas positiva ou negativamente pelas leis;
Uma pessoa se converte em delinquente em consequência do que predomina no seu entorno: se predominam as posições favoráveis à infração sobre as que valoram negativamente a infração da norma;
Os contatos diferenciais variam segundo a frequência, precocidade e intensidade da reação emocional e os contatos sociais;
Tal processo de aprendizagem é similar a qualquer outro processo de aprendizagem em que se aprende outros tipos de condutas;
A conduta delitiva expressa os mesmos valores e necessidades das condutas não delitivas: ganhar dinheiro é uma aspiração comum tanto ao que rouba como ao que trabalha.
“COLARINHO BRANCO” E CIFRA DOURADA:
Conceito e temática também ligados a Sutherland, por meio de artigo (1940) e livro (1949) intitulados “White collar crime”. Negando as ‘teorias do déficit’, ele buscava uma teoria capaz de explicar a criminalidade de todas as classes sociais.
Descoberta da “cifra dourada”: os crimes “de colarinho branco”, cometidos por membros de setores detentores de poder, e que permaneciam na obscuridade, não sendo incluídos nas estatísticas oficiais.
Conceito de “colarinho branco” (Sutherland): “um crime cometido por uma pessoa dotada de alto status social, no curso de suas ocupações”
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APOSTILA
QUESTÕES DE REVISÃO:
(CEI) Assinale a alternativa INCORRETA sobre a teoria da associação diferencial e o conceito de colarinho branco a partir da obra de E. Sutherland:
A teoria da associação diferencial explica o crime de “colarinho branco” como próprio de uma subcultura delinquente no âmbito empresarial, caracterizada pelo desvalor moral em prol da maximização do lucro.
O conceito de “colarinho branco” de Sutherland abarca crimes cometidos por pessoas dotadas de alto status social, no curso e no contexto de suas ocupações profissionais.
A teoria da associação diferencial é uma das mais importantes dentre as “teorias da aprendizagem”, sendo o “crime” explicado como um comportamento aprendido a partir da prevalência, na vida do sujeito, de associações e interações favoráveis à violação da lei.
De acordo com Sutherland, o processo de aprendizagem de qualquer tipo de comportamento, incluindo aquele considerado “criminal”, abrange tanto uma dimensão técnica como uma dimensão subjetiva, esta referente às motivações e racionalizações que justificariam o ato.
A teoria da associação diferencial não estabelece relações diretas de causalidade entre a criminalidade e a pobreza ou fenômenos a esta relacionados.
(Agente de Polícia 2012). Os “crimes de colarinho branco” são delitos conhecidos na Criminologia por:
Crimes contra a dignidade social.
Crimes de menor potencial ofensivo.
Cifras cinza.
Cifras amarelas.
Cifras douradas.
AULA 5: TEORIA DA ANOMIA DE ROBERT MERTON E AS TEORIAS DAS SUBCUL -
TURAS CRIMINAIS
5.1. TEORIA DA ANOMIA DE ROBERT MERTON
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APOSTILA
Influência: funcionalismo estrutural (Talcott Parsons), contraponde-se, assim, à Escola de Chicago. Concepção de sociedade como conjunto de papéis e funções – sistema que garante a própria sobrevivência garantindo determinado nível de coesão – o desvio como déficit subjetivo nos processos de socialização. Logo, noção ‘terapêutica’ de controle social perante o desvio.
Robert Merton publicou, em 1938, o texto “Anomie and social structure”. Segundo Merton, nossa sociedade impulsiona o indivíduo à busca, sem limites, do sucesso pessoal – em busca da realização do
American dream. Há, por isso, uma profunda pressão anômica sofrida especialmente por aqueles “piores colocados” na estrutura social. Há três idéias principais – fatores que geram esta pressão anômica: (a) há um desequilíbrio entre os fins culturais almejados e os meios institucionais disponibilizados para o sujeito;
(b) há uma noção de universalidade dos fins, sendo estes estendidos a todos os cidadãos (por isso é uma
“teoria de consenso”; (c) a desigualdade de oportunidades, de acesso a bens culturais, etc.
Seu ponto de partida teórico, então, é a distinção entre estrutura cultural e estrutura social e análise dos efeitos que ambas projetam sobre os indivíduos.
Estrutura cultural: conjunto de metas e fins historicamente construídos, como por exemplo: a ascensão social, o êxito econômico, etc. Na nossa sociedade ocidental trata-se sem dúvida do êxito econômico e do bem estar material. Sociedade de consumo.
Estrutura social: conjunto de meios e maneiras de se alcançar as metas culturais. Entre os legítimos, estão por exemplo o trabalho ou a herança. Uma sociedade em que ambas as estruturas estão bem acopladas e em harmonia é uma sociedade em que há meios legítimos suficientes para se alcançar o que se quer.
A conduta desviada decorre exatamente da falta dessa harmonia. Porém, atenção: a desproporção entre metas culturais e meios legítimos não é por si só um fenômeno patológico. Será patológico quando essa situação for extrema, quando então se terá uma situação de anomia, produzida pela exagerada discrepância entre estrutura cultural e estrutura social.
Vejamos o quadro de MERTON sobre as diferentes atitudes que podem tomar os indivíduos, principalmente diante de uma situação anômica:
(+ aceitação; - rejeição)
	Tipo de Adaptação
	Metas Culturais (Estrutura
	Meios institucionais
	
	Cultural)
	(Estrutura Social)
	
	
	
	
	
	
	Conformista
	+
	+
	
	
	
	Inovação
	+
	-
	
	
	
	Renúncia/Evasão (Apatia)
	-
	-
	
	
	
	Ritualista
	-
	+
	
	
	
	Rebelião/Rebelde
	+/-
	+/-
	
	
	
a) Conformista: se contenta com as metas culturais e os meios disponíveis; portanto, trata-se de uma
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adaptação não desviante e que, por isso mesmo, segundo Merton, deve ser majoritária para o equilíbrio social.
Inovação: atitude típica de pessoas que cometem crimes, pois mantém as metas culturais e não aceitam os meios institucionais oferecidos. Merton identifica uma correspondência proporcional entre a condição de pobreza e a pressão anômica. Aqui o conceito de privação relativa, que depois retorna com o “realismo de esquerda”: o indivíduo é projetado culturalmente conforme as metas, mas não tem os meios.
Renúncia / Evasiva: pessoas que negam tanto as metas culturais como os meios institucionais. São, por exemplo, pessoas que levam a vida de um modo apático ou em posição ‘de retiro’.
Ritualista: aceitação de condições inferiores de vida, aceitando-se os meios disponíveis e abrindo mãos de atingirem metas mais ousadas.
Rebelião/Rebelde: nega e rejeita tanto as metas culturais como os meios institucionais, buscando, ao mesmo tempo, restabelecer valores, realizar uma mudança.
5.2. TEORIAS DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS
As teorias culturalistas, em criminologia, tem por objeto e tema a formação da personalidade por meio de processos de socialização e internalização das regras culturais. Uma “subcultura” seria um conjunto de valores e normas específicos, de conteúdo divergente em relação à “cultura hegemônica”. O comportamento como “aprendido” (influência de Sutherland) e impulsionado pela frustração (influência de Merton).
Contexto: preocupação com a “delinquência juvenil” e as “gangues” nos EUA pós-Segunda Guerra.
Pode-se falar em duas principais variações das teorias das subculturas:
(a) Delinquência expressiva e não instrumental (Albert Cohen. Delinquent Boys: the culture of the gang (1955))
Segundo tal vertente, as gangues juvenis não teriam, afinal, as tais metas aquisitivas, de êxito econômico, a que se referida Robert Merton. Seriam ‘delinquência expressiva’, como modalidade de autoafirmação identitária. Por si mesma, seria uma atividade que produz prazer (sentimento de pertencimento a um grupo, afirmação da masculinidade, busca de status no grupo, etc.).
Segundo COHEN, estas subculturas se originam a partir de grupos de referência como é o caso dos jovens da classe média, para os jovens da classe pobre, gerando frustração. O que leva os jovens (filhos da classe trabalhadora) a delinqüir, segundo COHEN, é a frustração em não se poder alcançar o êxito social ao se comparar com os filhos da classe média. Além da adesão à subcultura delinquente, COHEN ainda trata de outras alternativas: haveriam os corner boys, de um lado - os resignados, que aceitam os limites impostos a sua classe, renunciam às metas valorizadas pela cultura dominante; e os college boys, de outro - a minoria de jovens da classe trabalhadora que se sacrifica para romper com a ética de sua classe de origem e atingir as metas de sucesso da cultura dominante, ascendendo socialmente.
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APOSTILA
Síntese das características da vertente expressiva e não instrumental:
Não utilitarismo;
Objetivo de causar dano – delinqüência maliciosa;
Oposição às normas dominantes;
Versatilidade das atividades – não há especialização através de um fim;
Hedonismo: Busca de prazer em curto prazo;
Ênfase na autonomia do grupo perante o resto da sociedade, grupo este composto por relações afetivas (de proteção) e cognitivas (de aprendizado e dependência moral) entre seus membros.
(b) Delinquência instrumental (Cloward e Ohlin. Delinquency and Opportunity):
Aqui se trata de uma delinqüência instrumental, que visa êxito econômico. Nem todos os adolescentes de classe baixa têm as mesmas oportunidades de alcançar suas metas. A desigualdade de oportunidades determina que haja uma desigual resposta à mesma pressão anômica. Nesse sentido, delinqüente não seria apenas aquele a quem foi negado o acesso às metas culturais, mas também aquele que teve a oportunidade de ser delinqüente. Segundo tal linha de pensamento, uma subcultura expressiva só se torna instrumental caso encontre uma estrutura de oportunidades ilícitas no ambiente onde vive o jovem (influência de Sutherland).
QUESTÕES PARA REVISÃO
(Investigador de Polícia 2013). Do ponto de vista criminológico, a conduta dos membros de facções criminosas, das gangues urbanas e das tribos de pichadores são exemplos da teoria sociologica da(o):
Abolicionismo penal.
Subcultura delinquente.
Identidade pessoal.
Minimalismo penal.
Predisposição nata à criminalidade.
(Médico Legista 2013). Escola Criminológica que tem como expoente Albert Cohen, e que procura equacionar, por meio de respostas não criminais e não punitivas, o comportamento geralmente juvenil que desafia os modelos da produção consumista:
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APOSTILA
Escola da Contracultura Contemporânea.
Teoria da subcultura delinquente.
Escola Socialista Cultural.
Teoria do Comunismo Consciente.
Teoria do Socialmente Razoável.
ITENS JÁ COBRADOS EM PROVAS CESPE/UNB
( F ) As ideias sociológicas que fundamentam as construções teóricas de Merton e Parsons obedecem ao modelo da denominada sociologia do conflito.
(CEI) No que concerne à sociologia criminal da primeira metade do século XX, assinale a alternativa
INCORRETA:
Para a Escola de Chicago, o conceito de “controle social” é menos voltado à ideia de temor e medo da autoridade do Estado, e mais à ideia de convencimento e persuasão a partir de instâncias não-estatais de controle.
As teorias ecológicas da criminalidade vincularam a criminalidade urbana à desorganização social e à degradação de espaços públicos.
Para a teoria da anomia de Robert Merton, o comportamento de inovação é aquele que assume as metas culturais mas não os meios disponíveis para atingí-las.
Tanto a teoria da anomia de Robert Merton como a Escola de Chicago assumiram uma postura de rejeição do funcionalismo, podendo ser caracterizadas como teorias fundadas sobre o conflito, e não sobre o consenso.
A Escola de Chicago teve grande importância e influência sobre o interacionismo simbólico e a teoria do etiquetamento.
AULA 6: CRIMINOLOGIA DA REAÇÃO SOCIAL E CRIMINOLOGIA CRÍTICA
A partir desse ponto, deixa-se a perspectiva tradicional (positivista/etiológica) para se adentrar na chamada “nova criminologia” a qual, como afirmado, tem outro objeto de estudo: o próprio controle social e o sistema de justiça criminal.
A) ENFOQUE MICROSOCIOLÓGICO: interacionismo simbólico, teoria do etiquetamento ou da rotulação (“labelling approach”).
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B) ENFOQUE MACROSOCIOLÓGICO: criminologias críticas, incluindo a criminologia radical (marxista).
A) TEORIAS DO ETIQUETAMENTO / DA ROTULAÇÃO
ETIQUETAR ou ROTULAR é um título para uma série de descrições do fenômeno das negativações morais de comportamento, em especial as criminais, assumindo que o ato de “etiquetar” tem consequências em relação ao próprio comportamento do etiquetado.
Willian I. Thomas (1863-1947) afirmou, ainda no âmbito da Escola de Chicago, que “situações definidas como reais serão reais em suas consequências”.
A grande novidade, aqui, é a mudança das perguntas: não mais “por que o criminoso comete crimes”, mas “por que tais pessoas são tratadas como criminosos e outras não”; não mais os motivos do crime, mas os critérios – mecanismos de seleção – das agências de controle.
Há, portanto, uma ruptura metodológica e epistemológica com a criminologia tradicional: abandono do paradigma etiológico (sobretudo no plano individual).
Do ponto de vista sociológico, abandona-se o pressuposto do consenso – monismo cultural – em prol do conflito, colocando em questão os interesses dominantes de um grupo ou classe.
Autores importantes citados:
Howard Becker (1928-): bastante conhecido pelo livro ‘Outsiders’.
- Demonstrou a relatividade do conceito de “crime”, definido por elenão como uma qualidade do ato, mas como um “ato qualificado”. Não existiria, então, um conceito naturalístico ou essencialista de crime, sendo sua definição sempre uma questão de definição. O desviante, por sua vez, seria aquele a quem tal etiqueta é aplicada com sucesso.
Edwin Lemert (1912-1996)
- Em 1951 publicou “Social Pathology”, propondo um modelo geral chamado “resposta societal”:
Desvio primário – diversidade no comportamento ainda não recebida positiva ou negativamente; a reação pode ser:
de normalização [de tipo inovativo]: recebimento com naturalidade
de censura: desde a moral até a punitiva. Pode ter 2 consequências:
normalização [de tipo repressivo]: o sujeito aceita a censura e muda
reforço do desvio primário: que se torna parte da identidade.
O reforço do desvio primário constituiria o desvio secundário – incorporando o desvio primário como parte de sua identidade.
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Desse modo, a resposta do ambiente é fundamental. Em outros termos, “um dos elementos que estabilizam e determinam o diagnóstico é o próprio diagnóstico”!
- Rejeição do conceito meramente reativo de controle social de Talcott Parsons, criando a noção de controle social ativo, relacionado ao conceito de desvio secundário.
Ervin Goffman (1922-1982)
Conceitos importantes oriundos de sua obra: instituições totais, estigmas, processos de desculturação e aculturação, entre outros.
Fundamental para a deslegitimação da crítica da prevenção especial positiva, demonstrando que a experiência de privação da liberdade em instituições totais implica na perda da própria identidade (desculturação), substituida por outra (aculturação) - conceito similar ao de “processo de prisionização” (Donald Clemmer, 1940).
Crítica que abriu caminho para a ‘criminologia crítica’: - Acusação de que não houve preocupação com as relações de poder precedendo as definições de “crime”, “desvio”, etc.: a teoria do etiquetamento não seria, assim, suficientemente politizada, havendo que se recuperar como central a tomada em conta da estrutura econômica e das relações de produção.
B) CRIMINOLOGIA CRÍTICA
Contexto: a partir das décadas de 60/70. Politização e exigência de se tomar um lado, do ponto de vista dos conflitos políticos e sociais do período - daí a crítica ao interacionismo e à teoria do etiquetamento como “despolitizados”, não sendo capazes de oferecer uma interpretação global e completa do fenômeno criminal.
Foco de estudo da criminologia crítica:
a seletividade do sistema de justiça criminal, compreendida como uma característica fisiológica, e não patológica.
uma criminologia comprometida com a transformação social e com a defesa de direitos humanos.
De acordo com Alessandro BARATTA, a criminologia crítica se preocupa em dizer como é distribuído o poder de definição das condutas e dos sujeitos como criminosos, denunciando como a distribuição desse poder de definição reflete a desigualdade nas relações de poder e propriedade.
- Processos de criminalização (conceito-chave):
“Criminalização primária é o ato e o efeito de sancionar uma lei penal material, que incrimina ou permite a punição de certas pessoas (...) a criminalização secundária é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, que ocorre quando as agências policiais detectam uma pessoa, atribuem-lhe a realização de certo ato criminalizado primariamente, investigam-na, em alguns casos privam-na de sua liberdade de locomoção, submetem-na à agência judicial, a qual legitima a atuação pretérita, admite um processo
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(ou seja, o prosseguimento de uma série de atos secretos ou públicos para estabelecer se essa pessoa realmente realizou a ação criminalizada), discute-se publicamente se a realizou e, em caso afirmativo, admite a imposição de uma pena de determinada magnitude que, se privar uma pessoa de sua liberdade de locomoção, executa-se em uma agência penitenciária (prisionalização).” (Trad. Livre. ZAFFARONI,
Eugenio Raul et alli. Derecho Penal, p. 7).
A seletividade dos processos de criminalização secundária secundária se vincula ao conceito de CIFRA OCULTA/NEGRA da criminalidade: a diferença enorme entre criminalidade “real” e criminalidade
“registrada/aparente”.
Enquetes de vitimização: pesquisas por amostragem visando detectar a cifra oculta e obter dados mais completos em relação às estatísticas criminais oficiais.
QUESTÕES PARA REVISÃO
(Perito Criminal 2013). A teoria do labelling approach, a qual explica que a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo em que se atribui tal estigmatização, também é denominada teoria
Da desorganização social
Da rotulação ou do etiquetamento
Da neutralização
Da identificação diferencial
Da anomia
(Delegado de Polícia 2011). Assinale a alternativa incorreta. A teoria do etiquetamento:
É considerada um dos marcos das teorias de consenso.
É conhecida como teoria do “labelling approach”.
Tem como um de seus expoentes Ervin Goffman.
Tem como um de seus expoentes Howard Becker.
Surgiu nos Estados Unidos.
(CEI) Considerando a teoria do etiquetamento e as perspectivas interacionistas em criminologia, assinale a assertiva que corresponde corretamente a essa perspectiva:
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APOSTILA
A sanção penal é definida como a consequência jurídica do delito, na medida em que a toda ação corresponde uma reação.
O comportamento desviante e criminal pode ser explicado como consequência da pobreza e da desigualdade social.
O desvio secundário é determinado pela reação social ao desvio primário.
A criminologia crítica pode ser vista como um componente ou dimensão interna à teoria do etiquetamento.
Uma das características dos teóricos do etiquetamento sempre foi seu forte engajamento e militância política, tendo por fulcro a crítica ao modo de produção capitalista.
ITENS JÁ COBRADOS EM PROVAS CESPE/UNB
( F ) De acordo com o interacionismo simbólico, ou simplesmente interacionismo, cuja perspectiva é macrossociológica, deve-se indagar como se define o criminoso, e não quem é o criminoso.
(Médico Legista 2013). A expressão “cifra negra” em Criminologia corresponde ao número de:
Erros judiciais (decisões judiciais incompatíveis com a realidade dos fatos).
Crimes ocorridos e não reportados à autoridade.
Criminosos reincidentes.
Prisões efetuadas injustamente.
Crimes ocorridos em ambientes públicos, mas cuja autoria permanece ignorada.
(Escrivão de Polícia 2010). Consolidada na década de 1970 e inspirada nas ideias marxistas, alçou a sociedade capitalista à categoria de principal desencadeador da criminalidade. O texto se refere à:
Teoria ecológica.
Teoria da associação diferencial.
Teoria da anomia.
Teoria da subcultura.
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APOSTILA
e) Teoria crítica.
(CEI) De acordo com as reflexões das criminologias críticas, assinale a alternativa correta sobre o conceito de “cifra negra ou oculta” da criminalidade:
Trata-se da diferença entre a “criminalidade real” e a “criminalidade aparente”, sendo considerada uma característica patológica e problemática do sistema de justiça criminal.
Trata-se da diferença entre a “criminalidade real” e a “criminalidade aparente”, sendo considerada uma característica fisiológica e estrutural do sistema de justiça criminal.
O conceito de “cifra negra ou oculta” fortalece a postura político-criminal que luta por um sistema penal igual para todos.
O conceito de “cifra negra ou oculta” é levado em conta na organização e apresentação das estatísticas oficiais pelos órgãos do Estado.
Diante do conceito de “cifra negra ou oculta”, nenhum novo instrumento de pesquisa foi elaborado na tentativa de superar as falhas das estatísticas oficiais.
( F ) Na terminologia criminológica,criminalização primária equivale à chamada prevenção primária.
AULA 7: VITIMOLOGIA E PREVENÇÃO
VITIMOLOGIA
Vitimologia tradicional/positivista: sob influência das teorias da oportunidade como hipótese explicativa do crime, seu foco originário foi precipuamente político-criminal, demarcando uma espécie de responsabilidade compartilhada pela ocorrência do delito. Em outros termos, o objetivo da vitimologia tradicional, referenciada nas obras de Benjamin MENDELSOHN e Hans VON HENTIG, foi e é identificar a parcela de responsabilidade da vítima na ocorrência do crime, o que pode tanto servir a políticas de prevenção como até mesmo ser alçado a critério de valoração sobre a conduta do autor, podendo ter a reprovação reduzida (nesse sentido o art. 59 do CP) Pode-se falar, nesse sentido, em uma dimensão etiológica da vitimologia tradicional que acaba revitimizando as próprias vítimas através dos estereótipos que impõem, problema especialmente apontado pelas críticas feministas das hipóteses explicativas dos crimes sexuais e da violência doméstica que produzem uma espécie de responsabilização das mulheres violentadas pela violência sofrida.
Vitimologia crítica - trabalha com os conceitos de “processos de vitimização”:
- vitimização primária: refere-se ao fato-crime e aos danos diretamente decorrentes, principalmente psicológicos e emocionais;
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APOSTILA
vitimização secundária ou sobrevitimização: remete ao contato com o sistema de justiça criminal e a inevitável violação de direitos que dele segue;
vitimização terciária: processos de estigmatização por parte da própria comunidade em relação à vítima.
PREVENÇÃO
A prevenção fora do âmbito do sistema penal pode ser de tipo situacional ou social. Será situacional quando o objetivo for tornar mais difícil o cometimento do ato desviante, através do desincentivo ao autor e o reforço da proteção das potenciais vítimas; e será de tipo social quando buscar modificar as causas (sociais, culturais, econômicas) dos processos de criminalização e vitimização. A prevenção integrada, por fim, é constituída com a combinação de elementos de ambas.
(a) Prevenção situacional
As políticas de prevenção situacional visam retirar do foco a preocupação tradicional com as “causas do crime” como comportamento individual, defendendo, em seu lugar, a atuação sobre as situações tidas como determinantes para que o crime possa ocorrer. Formulada e prevalente no Reino Unido, especialmente por proposta dos setores políticos mais conservadores, tais políticas se difundiram por todo o mundo visando, por um lado, reduzir oportunidades para o cometimento de atos “de incivilidade”, estejam tipificados como crimes ou não, e por outro, aumentar os riscos para quem os comete, tomando por pressuposto, como se vê, um modelo fundado na “escolha racional”4.
Traço característico é a centralidade atribuída à vítima e aos processos de vitimização, reconstruindo-se cada um de nós como vítimas em potencial.
Na modalidade tecnológica, busca-se elevar a segurança de uma determinada região através do incremento de dispositivos de vigilância, por exemplo com a presença ostensiva da polícia, com a instalação de mecanismos de vigilância eletrônica e alarme ou simplesmente com a iluminação adequada de uma rua. O primeiro problema apontado é a impossibilidade material de sua realização plena, visto que é possível apenas em uma determinada região e em determinado período de tempo. Em segundo lugar, tendo em vista a necessidade de seleção de recursos, é comum que se acabe privilegiando uma área ou classe social, vindo a se aumentar a segurança de alguns através da diminuição da segurança de outros.
Já em sua concepção participativa, integra-se as pessoas através de Conselhos de Segurança nos bairros, ou mesmo grupos de vítimas reais ou potenciais que se unem contra determinado tipo de criminalidade.
Não obstante a participação comunitária seja saudável e necessária em todos os âmbitos, não se pode deixar de notar que muitas vezes se ocultam em tais movimentos indesejadas manifestações de desejo de vingança privada.
(b) Prevenção social
4 CLARKE, Ronald V. G. “’Situational’ Crime Prevention: Theory and Practice”. British Journal of Criminology, v. 20, n. 2, p. 139 e ss.
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APOSTILA
A prevenção através de ações sociais, também chamadas de tipo social-comunitário, é um típico produto do Estado de Bem-Estar Social. Trata-se, afinal, de investir no atendimento às necessidades básicas da população e na garantia dos direitos fundamentais.
O principal problema apontado é que tais ações, por sua própria natureza, não têm destinatários individualizados e não são passíveis de verificação quanto aos resultados, acabando por serem inevitavelmente deslegitimadas como insuficientes, exatamente por não serem capazes de produzir, subjetivamente, mais segurança.
(c) Prevenção integrada
A idéia da “prevenção integrada” sugere, a partir da combinação de elementos da prevenção situacional e social, a elaboração de uma série de modalidades de prevenção com base em dois grupos de critérios ou duas diferentes dimensões que se intercruzam.
A primeira dimensão recuperaria uma distinção já utilizada em medicina entre prevenção (a) primária,
(b) secundária e (c) terciária, referentes à especificidade dos destinatários e indicando respectivamente políticas dirigidas (a) à generalidade dos cidadãos ou situações, (b) aos grupos ou áreas considerados mais propriamente “de risco” e sujeitos à incidência da criminalidade; e (c) àqueles já incursos em uma sequência de comportamentos desviantes ou de vitimização.
Já o segundo grupo de critérios diferencia a prevenção conforme orientada especificamente (a) aos autores de comportamentos desviantes, (b) às situações/áreas de risco e (c) às vítimas em potencial ou concretas. Combinando-se as duas perspectivas, tem-se nove combinações que compõem o que se chama de políticas de prevenção integrada.
Políticas orientadas aos autores podem ser primárias, quando aplicadas de forma genérica a toda a população – através de campanhas educativas e pela paz, por exemplo –; secundárias quando focadas em um determinado grupo considerado como “de risco”, por exemplo através da recuperação de toxico-dependentes; ou terciárias, se voltadas diretamente à readaptação de egressos do sistema prisional, programas com menores infratores, reincidentes em geral, e assim por diante.
Políticas de prevenção orientadas às situações ou áreas de risco também podem ser primárias, secundárias ou terciárias conforme se refiram, respectivamente, a uma área genérica, a regiões de risco ou a zonas específicas nas quais já se tenha a incidência de uma alta taxa de criminalidade.
Por fim, a prevenção orientada às vítimas é primária quando se tem por destinatário toda a população tomada como vítima em potencial – exemplo recorrente neste ponto é a cartilha para “evitar assaltos” –, é secundária quando considera grupos de pessoas sob risco concreto de vitimização – por exemplo, mulheres sozinhas à noite, e é terciária quando trabalha com aqueles que já passaram por tal experiência.
MEDO DO CRIME
Tema dos mais atuais no âmbito da criminologia crítica, trata-se de desconstruir o “medo do crime” como
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APOSTILA
sentimento e percepção eminentemente individual. Trata-se da dimensão subjetiva da insegurança e que a define em sua essência: como sentimento.
A insegurança objetiva seria o risco “real” de vitimização, enquanto a subjetiva seria tal percepção individual de riscos, não necessariamente correspondendo à primeira.
O aporte crítico demonstra não haver qualquer linearidade entre a probabilidade “objetiva” de vitimização em determinado contexto e o sentimento maior ou menor de insegurança – a percepção individual dos riscos – da população do mesmo local. Em outras palavras, não há relação direta entre as alteraçõesnas taxas de criminalidade e a percepção subjetiva de insegurança, sendo esta o produto de uma construção social bastante complexa dentro da qual o risco real de vitimização, seja qual for, ocupa um papel relativamente marginal.
QUESTÕES PARA REVISÃO
(Perito Criminal 2013). Entende-se por vitimização secundária ou sobrevitimização aquela:
Provocada pelo cometimento do crime e pela conduta violadora dos direitos da vítima, proporcionando danos materiais e morais, por ocasião do delito.
Que não concorreu, de forma alguma, para a ocorrência do crime.
Que, de modo voluntário ou imprudente, colabora com o ânimo criminoso do agente.
Que ocorre no meio social em que vive a vítima e é causada pela família, por grupo de amigos, etc.
Causada pelos órgãos formais de controle social, ao longo do processo de registro e apuração do delito, mediante o sofrimento adicional gerado pelo funcionamento do sistema de persecução criminal.
(Investigador de Polícia 2013). Quando ocorre a falta de amparo da família, dos colegas de trabalho e dos amigos, e a própria sociedade não acolhe a vítima, incentivando-a a não denunciar o delito às autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra, está-se diante da vitimização:
caracterizada
descaracterizada
secundária
primária
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e) terciária
(Delegado de Polícia 2013). A prevenção criminal que está voltada à segurança e qualidade de vida, atuando na área da educação, emprego, saúde e moradia, conhecida universalmente como direitos sociais e que se manifesta a médio e longo prazos, é chamada pela criminologia de prevenção:
primária
individual
secundária
estrutural
terciária
(Atendente de Necrotério 2013). A prevenção terciária consiste em:
Programas destinados a crianças e adolescentes de resistência ao consumo de drogas e
à violência doméstica.
Atuação, por meio de ações policiais, sobre os grupos que apresentam maior risco de sofrer ou de praticar delitos.
Atuação, por meio de punição exemplar do delinquente em público, como meio de intimidação aos demais criminosos.
Programas destinados a prevenir a reincidência, tendo por público-alvo o preso e o egresso do sistema prisional.
Programas destinados a criar os pressupostos aptos a neutralizar e inibir as causas da criminalidade.
(CEI) No que concerne à vitimologia e à justiça restaurativa, assinale a alternativa INCORRETA:
A vitimologia tradicional buscou, originariamente, identificar determinada parcela de responsabilidade da própria vítima para a ocorrência do crime, o que embasa as teorias criminológicas da oportunidade.
Dentre os movimentos que defendem o resgate da importância da vítima está o da justiça restaurativa, que visa obter o perdão da vítima e fazer com que o autor se arrependa de seu ato.
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Vitimização secundária ou sobrevitimização são conceitos que referem ao contato da vítima com o sistema de justiça criminal.
A vitimologia crítica caracteriza-se por investigar a construção social de estereótipos e papeis, bem como por denunciar a seletividade dos processos de vitimização.
Por vitimização terciária, entende-se o processo de vitimização decorrente da estigmatização por parte da comunidade em relação à vítima.
(CEI) Sobre questões concernentes à vitimologia e aos processos de vitimização, assinale a assertiva CORRETA:
A vitimologia tradicional tem por característica o estudo dos processos de vitimização primária, secundária e terciária.
A discriminação sofrida pela vítima pela sua própria comunidade se insere como componente dos processos de vitimização secundária.
De acordo com a vitimologia crítica, o resgate do papel das vítimas de crime na resolução de conflitos deve ser rejeitado por ser um estímulo à vingança privada.
O tratamento jurídico-penal dado pela Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) às vítimas e aos agressores em contexto de violência doméstica contra a mulher se adequa às premissas e princípios da justiça restaurativa.
A vitimologia positivista é criticada por conta da construção e reprodução de estereótipos que responsabilizam as próprias vítimas pelos danos sofridos.
(Delegado de Polícia 2011). O movimento “lei e ordem” e a teoria das “janelas quebradas” (“broken windows”) defendem que pequenas infrações, quando toleradas, podem levar à prática de delitos mais graves. O texto se refere à:
Criminologia radical.
Defesa social.
Tolerância zero.
Escola retribucionista.
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e) Lei de saturação criminal.
(MPSC 2008). Assertivas para análise se são verdadeiras ou falsas:
( F ) Entende-se por cifra negra da criminalidade o conjunto de crimes cuja violência produz elevada repercussão social.
( V ) Seguidor da antropologia criminal, Lombroso entendia que havia um tipo humano irresistivelmente levado ao crime, por sua própria constituição, de um verdadeiro criminoso nato.
( F ) O abolicionismo penal consiste em movimento expressivo no campo da criminologia, cuja formulação teórica e política reside no encolhimento da legislação penal.
( V ) O movimento da “lei e ordem”, cuja ideologia é estabelecida pela repressão fulcrada no velho regime punitivo-retributivo, orienta como solução para o controle da criminalidade a criação de programas do tipo “tolerância zero”.
( V ) Programas do tipo “tolerância zero” são estimulados pelo fracasso das políticas públicas de ressocialização dos apenados, uma vez que os índices de reincidência a cada dia estão mais altos.
(CEI) Sobre criminologia, assinale a alternativa correta:
A teoria da associação diferencial era também conhecida como teoria da aprendizagem, preconizando que o comportamento criminoso é decorrente da desorganização social própria do meio urbano.
Segundo o positivismo criminológico, o ser humano é dotado de livre arbítrio e o crime
é compreendido como uma violação do contrato social.
A criminologia crítica e radical defende a ideia de que a prisão pode ser imediatamente abolida em face de sua desnecessidade, considerando que já hoje um grande percentual de delitos não chega sequer a ser objeto de registro oficial.
A criminologia crítica ficou historicamente conhecida também como teoria do etiquetamento ou da rotulação social.
O conceito de processo de criminalização é um dos principais objetos de estudo da criminologia crítica.
(CEI) Assinale a assertiva que associa CORRETAMENTE a teoria criminológica indicada com uma
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APOSTILA
afirmação coerente ao seu respectivo conteúdo:
Escola Positiva - A criminalidade é um comportamento ligado à desorganização urbana e social decorrente dos grandes movimentos migratórios em direção às grandes cidades, no final do século XIX.
Teoria das subculturas criminais - O comportamento criminal é um comportamento atávico, sintoma de um estado menos avançado na evolução da espécie, sendo determinado por caracteres da própria personalidade e constituição corporal do delinquente.
Criminologia radical - O comportamento criminal é causado pela pobreza e pela desigualdade social.
Teoria do etiquetamento - A criminalidade deve ter suas causas buscadas na sociedade, e não apenas no indivíduo isoladamente tomado.
Teoria da anomia - A criminalidade patrimonial é relacionada ao conceito de privação relativa, qual seja, à frustração decorrente da absorção de metas culturais de ascensão econômica desacompanhada dos meios legítimos para obtê-las.
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