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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Ambiental Professor: Luiz Antônio Aulas: 07 e 08 | Data: 19/06/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 1. Responsabilidade Civil 2. Responsabilidade Penal TUTELA DO PATRIMÔNIO CULTURAL 1. Conceito 2. Instrumentos de Tutela RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 1. Responsabilidade Civil A responsabilidade civil não afasta a responsabilidade penal ou administrativa. Tem natureza jurídica de responsabilidade objetiva e solidária. 1) Infrator / Poluidor (art. 3º, IV, LPNMA) Conduta e Atividade. Poluidor ou infrator é toda pessoa física ou jurídica de direito público ou privado causador direto ou indireto da degradação ambiental. Ex.: Se um posto de gasolina está causando poluição respondem: O proprietário do Terreno, o posto de gasolina, a distribuidora de petróleo e o Estado. RESP 1.071.741/SP. RESP 1.071.741/SP: AMBIENTAL. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DE PROTEÇÃO INTEGRAL (LEI 9.985/00). OCUPAÇÃO E CONSTRUÇÃO ILEGAL POR PARTICULAR NO PARQUE ESTADUAL DE JACUPIRANGA. TURBAÇÃO E ESBULHO DE BEM PÚBLICO. DEVER-PODER DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL DO ESTADO. OMISSÃO. ART. 70, § 1º, DA LEI 9.605/1998. DESFORÇO IMEDIATO. ART. 1.210, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL. ARTIGOS 2º, I E V, 3º, IV, 6º E 14, § 1º, DA LEI 6.938/1981 (LEI DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE). CONCEITO DE POLUIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DE NATUREZA SOLIDÁRIA, OBJETIVA, ILIMITADA E DE EXECUÇÃO SUBSIDIÁRIA. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO. 1. Já não se duvida, sobretudo à luz da Constituição Federal de 1988, que ao Estado a ordem jurídica abona, mais na fórmula de dever do que de direito ou faculdade, a função de implementar a letra e o espírito das determinações legais, inclusive contra si próprio ou interesses imediatos ou pessoais do Administrador. Seria mesmo um despropósito que o ordenamento constrangesse os particulares a cumprir a lei e atribuísse ao servidor a possibilidade, conforme a conveniência ou oportunidade do momento, de por ela zelar ou abandoná-la à própria sorte, de nela se inspirar ou, frontal ou indiretamente, contradizê-la, de buscar realizar as suas finalidades públicas ou ignorá-las em prol de interesses outros. 2. Na sua missão Página 2 de 16 de proteger o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações, como patrono que é da preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais, incumbe ao Estado “definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção” (Constituição Federal, art. 225, § 1º, III). 3. A criação de Unidades de Conservação não é um fim em si mesmo, vinculada que se encontra a claros objetivos constitucionais e legais de proteção da Natureza. Por isso, em nada resolve, freia ou mitiga a crise da biodiversidade – diretamente associada à insustentável e veloz destruição de habitat natural –, se não vier acompanhada do compromisso estatal de, sincera e eficazmente, zelar pela sua integridade físico-ecológica e providenciar os meios para sua gestão técnica, transparente e democrática. A ser diferente, nada além de um “sistema de áreas protegidas de papel ou de fachada” existirá, espaços de ninguém, onde a omissão das autoridades é compreendida pelos degradadores de plantão como autorização implícita para o desmatamento, a exploração predatória e a ocupação ilícita. 4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade civil pelo dano ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura, e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à Justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental. Precedentes do STJ. 5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do Estado, por omissão, é subjetiva ou por culpa, regime comum ou geral esse que, assentado no art. 37 da Constituição Federal, enfrenta duas exceções principais. Primeiro, quando a responsabilização objetiva do ente público decorrer de expressa previsão legal, em microssistema especial, como na proteção do meio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3º, IV, c/c o art. 14, § 1º). Segundo, quando as circunstâncias indicarem a presença de um standard ou dever de ação estatal mais rigoroso do que aquele que jorra, consoante a construção doutrinária e jurisprudencial, do texto constitucional. 6. O dever-poder de controle e fiscalização ambiental (= dever-poder de implementação), além de inerente ao exercício do poder de polícia do Estado, provém diretamente do marco constitucional de garantia dos processos ecológicos essenciais (em especial os arts. 225, 23, VI e VII, e 170, VI) e da legislação, sobretudo da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981, arts. 2º, I e V, e 6º) e da Lei 9.605/1998 (Lei dos Crimes e Ilícitos Administrativos contra o Meio Ambiente). 7. Nos termos do art. 70, § 1º, da Lei 9.605/1998, são titulares do dever-poder de implementação “os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, designados para as atividades de Página 3 de 16 fiscalização”, além de outros a que se confira tal atribuição. 8. Quando a autoridade ambiental “tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade” (art. 70, § 3°, da Lei 9.605/1998, grifo acrescentado). 9. Diante de ocupação ou utilização ilegal de espaços ou bens públicos, não se desincumbe do dever-poder de fiscalização ambiental (e também urbanística) o Administrador que se limita a embargar obra ou atividade irregular e a denunciá-la ao Ministério Público ou à Polícia, ignorando ou desprezando outras medidas, inclusive possessórias, que a lei põe à sua disposição para eficazmente fazer valer a ordem administrativa e, assim, impedir, no local, a turbação ou o esbulho do patrimônio estatal e dos bens de uso comum do povo, resultante de desmatamento, construção, exploração ou presença humana ilícitos. 10. A turbação e o esbulho ambiental-urbanístico podem – e no caso do Estado, devem – ser combatidos pelo desforço imediato, medida prevista atualmente no art. 1.210, § 1º, do Código Civil de 2002 e imprescindível à manutenção da autoridade e da credibilidade da Administração, da integridade do patrimônio estatal, da legalidade, da ordem pública e da conservação de bens intangíveis e indisponíveis associados à qualidade de vida das presentes e futuras gerações. 11. O conceito de poluidor, no Direito Ambiental brasileiro, é amplíssimo, confundindo- se, por expressa disposição legal, com o de degradador da qualidade ambiental, isto é, toda e qualquer “pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental” (art. 3º, IV, da Lei 6.938/1981, grifo adicionado). 12. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano urbanístico-ambiental e de eventual solidariedade passiva, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem não se importa que façam, quem cala quando lhe cabe denunciar, quem financia para que façam e quem se beneficia quando outros fazem. 13. A Administração é solidária, objetiva e ilimitadamente responsável, nos termos da Lei 6.938/1981, por danos urbanístico-ambientaisdecorrentes da omissão do seu dever de controlar e fiscalizar, na medida em que contribua, direta ou indiretamente, tanto para a degradação ambiental em si mesma, como para o seu agravamento, consolidação ou perpetuação, tudo sem prejuízo da adoção, contra o agente público relapso ou desidioso, de medidas disciplinares, penais, civis e no campo da improbidade administrativa. 14. No caso de omissão de dever de controle e fiscalização, a responsabilidade ambiental solidária da Administração é de execução subsidiária (ou com ordem de preferência). 15. A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra o título executivo sob a condição de, como devedor- reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento Página 4 de 16 da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do Código Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do Código Civil). 16. Ao acautelar a plena solvabilidade financeira e técnica do crédito ambiental, não se insere entre as aspirações da responsabilidade solidária e de execução subsidiária do Estado – sob pena de onerar duplamente a sociedade, romper a equação do princípio poluidor-pagador e inviabilizar a internalização das externalidades ambientais negativas – substituir, mitigar, postergar ou dificultar o dever, a cargo do degradador material ou principal, de recuperação integral do meio ambiente afetado e de indenização pelos prejuízos causados. 17. Como consequência da solidariedade e por se tratar de litisconsórcio facultativo, cabe ao autor da Ação optar por incluir ou não o ente público na petição inicial. 18. Recurso Especial provido. No âmbito da responsabilidade ambiental não existe percentagem quanto à culpa do dano. Qualquer causador de dano ambiental responde pela reparação ambiental (RESP 1.236.836/ES). Ex.: Os bancos que financiam empreendimentos podem ser responsabilizados pelos danos ambientais causados pelo investidor. Obs.: O Banco Central editou a Resolução 4327/2004, alertando os Bancos sobre a responsabilidade ambiental. Quanto à atividade do empreendedor não interessa se ela é lícita ou ilícita, o que não pode é poluir. Ex.: Uma empresa pode ser licenciada e estar poluindo ao mesmo tempo. Obs.: Ainda que o empreendedor receba uma licença do poder público (seja essa licença indevida ou não) isso não o exime da responsabilidade. Se a licença for indevida o empreendedor e o poder público poderão discutir a culpa, mas em processo autônomo. O art. 4º da Lei dos Crimes Ambientais regula a desconsideração da personalidade jurídica. Se a empresa não puder enfrentar os danos, os sócios e os administradores respondem pelos danos com seus bens – Teoria Menor da Desconsideração. Art. 4º, LCA. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 2) Danos É o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. Os danos ambientais não prescrevem, mas os danos individuais prescrevem (RESP 1.120.117/AC). Os danos ambientais ainda se dividem em: . Danos ambientais patrimoniais Trata-se de reparar os danos. . Danos ambiental morais Trata-se do dano moral ambiental difuso Página 5 de 16 RESP 1.120.117/AC: RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E DIREITO AMBIENTAL. CONTAMINAÇÃO DO SOLO E DO LENÇOL FREÁTICO POR PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS EM TRATAMENTO DE MADEIRA DESTINADA À FABRICAÇÃO DE POSTES. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. SÚMULA Nº 7/STJ. NÃO CABIMENTO. CIÊNCIA INEQUÍVOCA. PRECEDENTES. 1. A demonstração do dissídio jurisprudencial pressupõe a ocorrência de similitude fática entre o acórdão atacado e o paradigma, o que não ocorreu no caso. 2. Inviável a incidência da Súmula nº 7/STJ a obstaculizar o conhecimento do recurso, visto que se trata, na espécie, tão somente de firmar posição sobre tese jurídica, isto é, qual o termo inicial para a contagem do prazo prescricional. Precedentes. 3. Não há como se presumir que, pelo simples fato de haver uma notificação pública da existência de um dano ecológico, a população tenha manifesto conhecimento de quais são os efeitos nocivos à saúde em decorrência da contaminação. 4. Na linha dos precedentes desta Corte Superior, o termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de indenização, por dano moral e material, conta-se da ciência inequívoca dos efeitos decorrentes do ato lesivo. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e nesta parte não provido, para dar prosseguimento ao processo. 3) Nexo Causal A obrigação da reparação ambiental é “propter rem”, ou seja, o causador indireto do dano também responde. Ex.: Uma pessoa desmata próximo ao rio (causador direto do dano), e logo em seguida vende a propriedade, quem compra responde pelos danos ambientais (causador indireto do dano). O Código Florestal (Lei 12.651/12) no art. 2º, §2º determina a obrigação “propter rem”. Art. 2o. As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. § 2o. As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. - Teoria do Risco Integral ou Teoria do Risco Criado O STJ no RR-RESP 1.374.284/MG determinou que a responsabilidade por dano ambiental é objetiva e solidária, formada pela Teoria do Risco Integral, não sendo possível alegação de excludentes. 4) Inversão do Ônus da Prova Quem deve fazer a prova é o réu, bem como ele também deve responder pelos custos da perícia (RESP 1.049.822/RS). Página 6 de 16 RESP 1.049.822/RS: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RECURSO ESPECIAL. IMPOSIÇÃO DE RECOLHIMENTO, PELA AUTORA, LEGITIMADA EXTRAORDINÁRIA, PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM DEFESA DOS INTERESSES COLETIVOS DE CONSUMIDORES, DE QUANTIA, RELATIVA À DENOMINADA "TAXA JUDICIÁRIA". IMPOSSIBILIDADE. 1. As ações civis públicas, em sintonia com o disposto no artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, ao tutelarem direitos individuais homogêneos dos consumidores, viabilizam a otimização da prestação jurisdicional, abrangendo toda uma coletividade atingida em seus direitos, dada a eficácia vinculante de suas sentenças. 2. O artigo da Lei 18 da Lei 7.347/85 é norma processual especial, que expressamente afastou a necessidade, por parte do legitimado extraordinário, de efetuar o adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, para o ajuizamento de ação coletiva, que, de todo modo, conforme o comando normativo, só terá de ser recolhida a final pelo requerido, se for sucumbente, ou pela autora, acaso constatada manifesta má-fé. 3. Ademais, o artigo 87 do Código de Defesa do Consumidor expressamente salienta que, nas ações coletivas de defesa do consumidor, não haverá adiantamento de quaisquer despesas, portanto é descabido a imposição à autora do prévio recolhimento da "taxa judiciária". Precedentes. 4. Recurso especial provido. 2. Responsabilidade Penal Ambiental 1) Legislação Está presente no art. 225, § 3º da CF e na Lei dos Crimes Ambientais– Lei 9.605/98. 2) Responsabilidade Subjetiva Não existe responsabilidade objetiva no campo penal. Aqui a responsabilidade é subjetiva, pois não existe responsabilidade criminal objetiva. 3) Ônus da Prova é do Acusador Não há inversão do ônus da prova em matéria penal. Não existe o ónus da prova por parte do acusado, não há de se falar em inversão. 4) Princípio da Intranscendência Não há responsabilidade por fato de terceiro. Não há responsabilidade “propter rem”, só responde pelo crime quem é autor ou participe. Agrg no HC 256.199/MG o crime do art. 60 da LCA tem caráter permanente. Agrg no HC 256.199/MG: PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. ART. 60 DA LEI Nº 9.605/1998. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NA ORIGEM. PERDA DO OBJETO. IMPETRAÇÃO PREJUDICADA. 1 - Extinta a punibilidade dos pacientes na origem, em face do cumprimento de transação penal, a impetração apresenta-se prejudicada, por falta de Página 7 de 16 objeto, pois visa justamente o reconhecimento da prescrição. 2 - Ainda que assim não fosse, o acórdão atacado está em consonância com o entendimento desta Corte, no sentido de que o delito em comento é crime permanente, cuja cessação somente ocorre com a concessão da licença ambiental, o que afasta, na espécie, a incidência da prescrição. 3 - Agravo regimental não provido. 5) Prescrição Segue as regras de prescrição do Código Penal. O STJ reconheceu qeu o crime do art. 40 é instantâneo com efeitos permanentes (RESP 1.402.984/DF). RESP 1.402.984/DF: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. DANO AMBIENTAL. ART. 40, CAPUT, DA LEI Nº 9.605/98. CONSTRUÇÕES EM ÁREA DE PROTEÇÃO PERMANENTE. CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. ART. 110 § 1º, DO CÓDIGO PENAL. RECONHECIMENTO. 1. Com o trânsito em julgado para a acusação, o cálculo do prazo prescricional deve ser regido pela pena concretamente fixada, pois aí já se tem o máximo possível da reprimenda (ne reformatio in pejus). 2. A pena de 1 (um) ano prescreve em 4 (quatro) anos, prazo a ser contado retroativamente nos termos do art. 110, §§ 1º e 2º, na redação vigente à data do fato. 3. Considerando a natureza do delito - instantâneo de efeitos permanentes - o termo inicial do prazo prescricional se dá com a edificação irregular. 4. Prescrição reconhecida. 5. Recurso especial provido. 6) Competência Há competência como regra é da justiça estadual. Só vai para justiça federal os casos em que houver interesse direto e imediato da União, autarquias e empresas públicas federais. São crimes ambientais contra a administração pública os crimes dos artigos 66 a 69-A da LCA. Crimes nos rios de fronteira também são de competência federal. 7) Norma Penal em Branco É muito forte a presença das normas penais em branco. 8) Principio da Insignificância Deve ser analisada sua aplicação no caso concreto. Ex.: Cortar uma árvore da floresta pode ser insignificante. Matar um único animal que está em extinção, não é insignificante. HC 192. 696/SC HC 124.820/DF HC 84.412/SP (STF) HC 84.412/SP: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJA PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - CONSEQÜENTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU ASPECTO MATERIAL - DELITO DE FURTO - CONDENAÇÃO IMPOSTA A JOVEM DESEMPREGADO, COM APENAS 19 ANOS DE IDADE - "RES FURTIVA" Página 8 de 16 NO VALOR DE R$ 25,00 (EQUIVALENTE A 9,61% DO SALÁRIO MÍNIMO ATUALMENTE EM VIGOR) - DOUTRINA - CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF - PEDIDO DEFERIDO. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA QUALIFICA-SE COMO FATOR DE DESCARACTERIZAÇÃO MATERIAL DA TIPICIDADE PENAL. - O princípio da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina. Tal postulado - que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público. O POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO DO DIREITO PENAL: "DE MINIMIS, NON CURAT PRAETOR". - O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. 9) Concurso de Agentes (art. 2º da LCA) Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade (Teoria Monista – art. 29, CP), bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la (art. 13, §2º, a, CP - crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão) (RHC 34.957/PA). RHC 34.957/PA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL. DESCABIMENTO. ART. 34 DA LEI 9.605/98. CRIME DO MEIO AMBIENTE. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA EVIDENCIADA. RECORRENTE DENUNCIADA APENAS POR INTEGRAR O QUADRO ASSOCIATIVO DE EMPRESA QUE TERIA PROMOVIDO A PESCA PROIBIDA. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL OBJETIVA. AUSÊNCIA DE INDIVIDUALIZAÇÃO MÍNIMA DE SUA CONDUTA. RECURSO PROVIDO. 1. O simples fato de a Recorrente figurar como sócia-gerente de uma pessoa jurídica não autoriza a instauração de processo criminal por Página 9 de 16 crime contra o meio ambiente, se não restar minimamente comprovado o vínculo com a conduta criminosa, sob pena de se reconhecer impropriamente a responsabilidade penal objetiva. 2. Embora art. 2.º da Lei 9.605/98 admita conduta omissiva como relevante para o crime ambiental, devendo da mesma forma ser penalizado também aquele que na condição de administrador da pessoa jurídica, tenha conhecimento da conduta criminosa e, podendo impedi-la, não o faz, a pessoa física não pode ser a única responsabilizada pelo ilícito penal cometido pela pessoa jurídica, mormente sem qualquer demonstração de sua responsabilidade sobre o evento, em tese, criminoso. 3. Recurso provido para, reconhecendo a inépcia da denúncia, por ausência de individualização da conduta em relação ao crime previsto no art. 34 da Lei n.º 9.605/98, determinar o trancamento da ação penal instaurada em relação à Recorrente, sem prejuízo de outra denúncia ser ofertada nos termos do art. 41 do Código de Processo Penal. 10) Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica (art. 3º, LCA) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas penalmente, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. A responsabilidadedas pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. - Teoria do Concurso Necessário ou da Dupla Imputação O STJ exigia que ao fazer a denúncia contra uma pessoa jurídica era necessário identificar a pessoa física responsável pelo ato (Ex.: HC 187.842/RS). Hoje o STF entende que é inconstitucional a exigência de individualização da pessoa física para punir a pessoa jurídica (AgRg no RE 548.181/PR e STJ – HC 248.073/MT). AgRg no RE 548.181/PR : EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PENAL. CRIME AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA. CONDICIONAMENTO À IDENTIFICAÇÃO E À PERSECUÇÃO DA PESSOA FÍSICA. Tese do condicionamento da responsabilização penal da pessoa jurídica à simultânea identificação e persecução penal da pessoa física responsável, que envolve, à luz do art. 225, § 3º, da Carta Política, questão constitucional merecedora de exame por esta Suprema Corte. Agravo regimental conhecido e provido. HC 248.073/MT: HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. NÃO-CABIMENTO. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DOS ARTS. 54, CAPUT, E 60, AMBOS DA LEI N.º9.605⁄98. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. MEDIDA EXCEPCIONAL. DENÚNCIA GERAL. POSSIBILIDADE. INÉPCIA NÃO CONFIGURADA. ATIPICIDADE DACONDUTA ENQUADRADA COMO CRIME DE POLUIÇÃO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIA ELEITA INADEQUADA. EXCLUSÃO DA PESSOA JURÍDICA DO POLO PASSIVO DA AÇÃO PENAL. INVIABILIDADE. AUSÊNCIA DEFLAGRANTE ILEGALIDADE QUE PERMITA A CONCESSÃO DE ORDEM EX OFFICIO. ORDEM DE HABEAS CORPUS Página 10 de 16 NÃO CONHECIDA. 1. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal e ambas as Turmas desta Corte Superior, após evolução jurisprudencial, passaram a não mais admitir a impetração dehabeas corpus em substituição ao recurso ordinário, nas hipóteses em que esse último é cabível, em razão da competência do Pretório Excelso e deste Tribunal Superior tratar-se de matéria de direito estrito, prevista taxativamente na Constituiçãoda República. 2. Entretanto, a impetração de writ substitutivo de recurso ordinário não impede a concessão de ordem de habeas corpus de ofício, em situações de flagrante ilegalidade. 3. A teor do entendimento desta Corte, é possível o oferecimento de denúncia geral quando uma mesma conduta é imputada a todos os acusados e, apesar da aparente unidade de desígnios, não há como pormenorizar a atuação de cada um dos agentes na prática delitiva. No caso, a denúncia não é inepta, mas apenas possui caráter geral, e tampouco prescinde de um lastro mínimo probatório capaz de justificar o processo criminal. Precedentes. 4. Nos crimes de autoria coletiva, é prescindível a descrição minuciosa eindividualizada da ação de cada acusado, bastando a narrativa das condutasdelituosas e da suposta autoria, com elementos suficientes para garantir o direito àampla defesa e ao contraditório, como verificado na hipótese. 5. "[O]s denunciados causaram poluição em nível possível de resultar danos à saúde humana, bem como fizeram funcionar estabelecimento potencialmente poluidor contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes." Tais fatos, em tese, amoldam-se aos tipos penais descritos nos arts. 54 e 60, ambos da Lei n.º 9.605⁄98, a evidenciar que a denúncia atende o disposto no art. 41 do Código do Processo Penal, sendo inviável o prematuro encerramento da persecução penal. 6. A alegação de que o crime de poluição não se configurou, ante a falta de comprovação de perigo concreto à saúde humana, esbarra na necessidade de dilação probatória, incompatível com a via estreita do habeas corpus. 7. A pessoa jurídica também denunciada deve permanecer no polo passivo da ação penal. Alerte- se, em obiter dictum, que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal reconheceu que a necessidade de dupla imputação nos crimes ambientes viola o disposto no art. 225, 3.º, da Constituição Federal (RE 548.818 AgR⁄PR, 1.ª Turma, Rel. Min. ROSA WEBER, Informativo n.º 714⁄STF). 8. Ausência de patente constrangimento ilegal que, eventualmente, imponha a concessão de ordem ex officio. 9. Ordem de habeas corpus não conhecida.” 11) Aplicação da Penal (art. 6º, LCA) Para imposição e gradação da penalidade, o juiz observará: (i.) a gravidade do fato, em vista dos motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; (ii.) os antecedentes ambientais do infrator; (iii.) a situação econômica do infrator, no caso de multa. - Penas Restritivas de Direitos Página 11 de 16 As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: (i.) crime culposo ou se for aplicada a pena privativa de liberdade menor que 4 anos; (ii.) culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. As penas restritivas de direitos terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. 12) Sursis Ambiental (art. 16 e 17 da LCA) Nos crimes ambientais, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a 3 anos. A verificação da reparação a que se refere será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente. Não são as obrigações clássicas do sursis penal. 13) Perícia (art. 13, LCA) A perícia fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório. 14) Sentença (art. 20, LCA) A sentença penal condenatória fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido. 15) Penas para as Pessoa Jurídica (art. 21, 22 e 23 da LCA) As penas podem ser aplicadas isolada, cumulativa, ou alternativamente às pessoas jurídicas. As penas podem ser de multa, restritivas de direitos, ou prestação de serviços à comunidade. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica podem ser: suspensão parcial ou total de atividades, interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade, ou a proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de 10 anos. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: custeio de programas e de projetos ambientais, execução de obras de recuperação de áreas degradadas, manutenção de espaços públicos, ou contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 16) Infração de menor Potencial Ofensivo São as infrações com pena privativa de liberdade máxima de 2 anos. Para haver transação penal é necessário preencher os requisitos do art. 76 da Lei 9.099/95, bem como a prévia composição do dano ambiental (art. 27 da LCA). Não é necessário reparar o dano, mas realizar o acordo. Página 12 de 16 Art. 27, LCA. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo,a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. 17) Suspenção (art. 89 d Lei 9.099/95) Será concedida se comprovada a reparação do dano (art. 28, LCA). Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado nocaput; IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano. 18) Excludentes de ilicitude São três situações de excludentes de ilicitude: - Estado de necessidade (art. 37, LCA) Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; III – (VETADO) IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. Página 13 de 16 - Estado de necessidade (art. 50-A, §1º, LCA) Art. 50-A, § 1o. Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. - Exercício regular de direito (art. 65, §2º, LCA) Art. 65, § 2o. Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. 19) Crimes Ambientais Ler os artigos da Lei dos Crimes Ambientais – Lei 9.605/98: - Art. 29 - Art. 38 - Art. 38-A - Art. 40 - Art. 48 - Art. 54 - Art. 62 a 65 - Art. 66 a 69-A. TUTELA DO PATRIMÔNIO CULTURAL 1. Conceito Patrimônio cultural brasileiro são todos os bens moveis e imóveis, materiais ou imateriais, que dizem respeito à origem, formação, identidade, e memória do povo brasileiro (art. 216, “caput”, CF). Página 14 de 16 2. Instrumentos de Tutela (art. 216, §1º, CF) - Inventários - Vigilância - Desapropriação - Tombamento - Registros - Outras formas de acautelamento (ex.: ação civil pública) Resolução da Secretária da Cultura N.º 12 – Fica criado como instrumento de tutela cultural, Lugar de Interesse Cultural. O plano diretor da Cidade de São Paulo (Lei 16.050/2014) traz instrumentos municipais de tutela do patrimônio cultural da cidade de São Paulo. – Quilombos (art. 216, §5º, CF) Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos. – Municípios (art. 30, IX, CF) Cabe os Municípios promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. 1) Inventários É uma lista dos patrimônios culturais. 2) Vigilância É a fiscalização. 3) Tombamento (Dec. Lei 25/37) O tombamento pode ser de três espécies: I. De ofício (artigo 5º, Dec. Lei 25/37): Incide sobre bens públicos. Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios se fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos. O município pode tombar um bem do Estado sem seu consentimento? Sim, STJ RMS 18.952/RJ, todas as pessoas jurídicas de direito público têm poder para tombar, tombar é preservar e não transferir propriedade como na desapropriação, a CF manda proteger e não diz que cada ente só pode proteger bens que são seus. Página 15 de 16 II. Voluntário (artigos 6º e 7º, Dec. Lei 25/37): Aquele em que o sujeito procura o órgão para oferecer o bem ou é notificado e consente. Ocorre quando não há oposição do proprietário. Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessoa natural ou à pessoa jurídica de direito privado se fará voluntária ou compulsoriamente. Art. 7º Proceder-se-á ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo. III. Compulsório (art. 6º e 8º, Dec. Lei 25/37): É o tombamento que contrária a vontade do proprietário do imóvel. Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa. 1º. Instauração do procedimento e notificação do proprietário (art. 9º e 10º). Após notificado o proprietário, já temos o Tombamento Provisório. O proprietário pode apresentar impugnação em 15 dias. Se não apresentar impugnação o tombamento se torna voluntário. 2º. Órgão de proteção cultural vai cuidar do procedimento do tombamento. O tombamento ocorre na União (IPHAN), Estados (SP- CONDEPHAAT), municípios (SP- CONPRESP). Nem sempre é o órgão que tomba. O tombamento só é possível mediante lei e deve haver um órgão que faça exame do valor do patrimônio. Tombar é um ato vinculado ou discricionário? Para o MP é um ato vinculado a proteger tudo o que tem valor histórico e cultural e protege-se tombando ou desapropriando. Quando não há possibilidade de tombamento o MP deve recomendar a desapropriação e se recusar, ação civil (ação civil pública para tombamento – Apelação 70015002884 TJRS). 3º. O objetivo do tombamento é reconhecer e declarar o valor histórico do bem. Esse procedimento acima é um ato declaratório, não é o tombamento que traz o valor e sim reconhece o valor. É constitutivo porque instaura uma proteção de forma especial. 4º. Tombamento definitivo, com a inscrição no livro de tombo. Para todos os efeitos, salvo o art. 13 o tombamento definitivo se equipara ao provisório. Efeitos do Tombamento a. Artigo 13 do Decreto Lei 25/37: Averbação na matrícula do imóvel. Quando o bem é móvel o registro deve ser no cartório de registros detítulos e documentos. Página 16 de 16 b. Artigos 11 e 22 do Decreto Lei 25/37: Restrições à inalienabilidade, bem público tombado não se vende a particular, salvo se houver desafetação. Bem particular tombado exige direito de preferência, primeiro oferecer aos entes públicos (União, Estados e Municípios, nessa ordem), aí sim poderá alienar a terceiros – Direito de Perempção. c. Artigo 17 do Decreto Lei 25/37: Restrição à modificação, só posso modificar com ordem do órgão que tombou. d. Artigos 62 a 63 da Lei 9605/98: Crimes para descumprimento de legislação quanto ao tombamento. Próxima aula - Área Envoltória - Conservação e Restauração - Eventual Indenização - Registro - Tutela de política urbana
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