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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Penal Parte Geral Professor: Gustavo Junqueira Aula: 04 | Data: 17/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO NEXO DE CAUSALIDADE 1. Causa superveniente relativamente independente 2. Imputação objetiva NEXO DE CAUSALIDADE 1. Causa superveniente relativamente independente O Código Penal brasileiro, no entanto não adotou a equivalência dos antecedentes em sua pureza. Há uma situação que por fixação normativa “romperá” o nexo de causalidade para fins penais. Excepcional situação é a causa superveniente relativamente independente (art. 13, §1º, CP). CLASSIFICAÇÃO DAS CAUSAS 1) Causas Dependentes São as que se encontram na linha de desdobramento previsível e esperada (da conduta) “id quod pre lunque accidit” – é o que costuma acontecer. 2) Causas Independentes . Não está na linha de desdobramento previsível e esperado. a) Relativamente independentes. Precisa da conduta para gerar o resultado. Podem ser: . Preexistentes.: Existe antes da conduta. Ex.: Oferecer um café com açúcar para alguém com diabetes. . Concomitantes.: Passa a existir no mesmo momento da conduta. . Superveniente: Passa a existir depois da conduta. b) Absolutamente independente Não precisa da conduta para gerar o resultado. Ex.: Professor da um chá com veneno para um aluno. Um segundo aluno da uma facada no primeiro aluno, que vem a falecer. O chá com veneno é independente. A existência de uma causa absolutamente independente demonstra a inexistência de nexo pela mera aplicação da eliminação hipotética. Casos limite Infecção hospitalar – Para Nucci e Greco a infecção hospitalar não rompe o nexo. Para Bitencourt e Luiz Flávio rompe o nexo (é independente). Página 2 de 3 Se duas pessoas envenenam independentemente a comida de terceiro com doses letais. A eliminação hipotética permitiria concluir que as condutas não poderiam ser consideradas “causa do resultado”. Welzel assim adapta sua Teoria e afirma que: Se a exclusão alternativa de duas condutas não afetam o resultado, mas a exclusão cumulativa afeta, ambas serão consideradas causa. Se duas pessoas envenenam independentemente a comida de terceiro, com doses que só serão letais se somadas. A mera aplicação da eliminação hipotética permite concluir que as duas condutas são causas. 2. Imputação objetiva – Premissas da imputação objetiva Parte da mudança de paradigma da ontologia finalista ao normativismo do funcionalismo. A causalidade não pode ser o foco de uma teoria da imputação no direito. Ensina Roxin que o equilíbrio entre o interesse na segurança pública e o interesse individual, exige o reconhecimento de que em uma sociedade de risco, é impossível uma proteção absoluta aos bens jurídicos. Assim apenas os riscos proibidos poderão ter relevância penal. Não se quer proibir o risco permitido nem o acaso. – Local da imputação objetiva na Teoria do crime 1ª Posição: Está na tipicidade, pois seleciona o que é relevante penal. 2ª Posição (Bustos Ramirez): Está na antijuridicidade. 3ª Posição: Está no nexo de causalidade. É o que prevalece na doutrina brasileira. Obs.: Na verdade a equivalência dos antecedentes (nexo de causalidade), a imputação objetiva, causalidade adequada, são Teorias da imputação que no Brasil são chamadas Teorias do nexo de causalidade. Critérios de Roxin para a imputação objetiva 1º) Para que ocorra a imputação objetiva é necessária a criação ou incremento de um risco proibido, sob a perspectiva “ex ante”. É possível concluir que não há imputação objetiva: a) Se o risco é juridicamente permitido ou irrelevante. Ex.: Sobrinho dá uma passagem de avião para o tio, e o avião cai. O sobrinho não responde pelo homicídio, pois o risco (andar de avião) é permitido. b) Não há imputação se a conduta objetivamente (de acordo com a experiência comum) busca diminuir o risco. Não importa se o resultado foi mais gravoso no mundo nos fatos do que seria sem a conduta, pois a perspectiva é “ex ante”. Deve ser feita uma prognose póstuma objetiva, ou seja, o juiz deve se colocar como observador da conduta no momento em que ela é praticada e valorar de acordo com a experiência comum se objetivamente aumentam ou diminui o risco ao bem. Página 3 de 3 Não importa aqui a direção da vontade do autor, ou seja, se queria aumentar ou diminuir o risco, pois a imputação é objetiva. 2º) O resultado deve ser a concretização do risco proibido e deve estar no âmbito de proteção da norma, em uma perspectiva “ex post”. Logo não há imputação se: a) Se o resultado não deriva do risco criado, o que se comprova com o instrumento do “comportamento alternativo” conforme o direito (que é uma eliminação hipotética). Ex.: Curtume de pele de cabra, para economizar, eliminou o processo de higienização das peles. Alguns funcionários do curtume ficaram doentes e morreram por causa da bactéria “X”. Foi provado em juízo que a higienização só eliminava as bactérias “A, B e C”. O curtume não tem responsabilidade pelas mortes dos funcionários. Ex.: Ciclista ébrio – Um caminhão ultrapassa um ciclista, sem respeitar a distância mínima, e acaba por atropelar o ciclista, mas o ciclista estava bêbado – Provoca famosa discussão pois Roxin argumenta que o desfecho não deveria ser absolutório, pois apenas a certeza que o comportamento alternativo conforme o direito não mudaria o resultado poderia afastar a imputação e no caso a dúvida. No entanto a corte alemã e a doutrina majoritária sustentam que basta a dúvida razoável. O motorista não é responsável pela morte do ciclista. Próxima aula Dolo e culpa
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