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AULA 10
NOVAS IDENTIDADES ÉTNICAS
Conceito de grupo étnico
Grupo étnico designa uma população que: 
Se perpetua principalmente por meio biológicos;  
Compartilha de valores culturais fundamentais;
Compõe um campo de comunicação e interação;
Tem um grupo de membros que se identifica e é identificado por outros como constituinte de uma categoria distinguível de outras. Barth acentua que o fato de compartilhar culturas comuns pode ser vista como consequência não como fato causa dos grupos étnicos.
Reconfigurações identitárias: o “ser indígena” no Brasil contemporâneo 
Os anos 1970, no Brasil, entre outros processos de buscas políticas por liberdade de expressão, marcados por movimentos contra-hegemônicos de dissidentes da ditadura militar, inspirados em parte pelo movimento católico da Teologia da Libertação, como também pelas ações do Conselho Missionário Indigenista (CIMI), algumas comunidades indígenas do Nordeste lutaram por seus direitos à terra e identidade, voltando a pelo menos parte de seus territórios. 
Ainda hoje trabalham pela manutenção de uma identidade que lhes havia sido subtraída durante o processo colonizatório.
Vera Calheiros, Clarice Mota, Rodrigo Grunewald e outros autores registraram este constante processo de “reinvenção da tradição” e “etnogênese”, como ficou conhecido na literatura antropológica.
Esse processo de busca pelo que se considera o elemento principal para a retomada da terra e dos direitos subsequentes foi motivado pela chamada cultura ancestral e, consequentemente, pela autoimagem identitária.
Percebe-se um movimento para fora dos limites físicos e culturais da aldeia, ao mesmo tempo em que tal movimento reflete a busca da identidade indígena por dois grupos sociais: a própria comunidade indígena e alguns setores urbanos de classe média e alta.   
Grupos que se contradizem, portanto, ao passo que também se encontram em um espaço recém-construído de necessidades de autoafirmação interdependentes, onde a antiga exclusão se traduz em inclusão, mesmo que a custa de invenções e ressignificações das tradições perdidas.
NOVOS PADRÕES FAMILIARES
O modelo tradicional de família 
Para Lévi-Strauss (A família , 1972), entende-se por família uma união mais ou menos duradoura, socialmente aprovada, entre um homem, uma mulher e seus filhos, fenômeno que estaria presente em todo e qualquer tipo de sociedade.
Como modelo ideal, a palavra família designa um grupo social possuidor de pelo menos três características:
• Originada no casamento; 
• Constituída por marido, esposa e filhos; 
• Os membros da família estão unidos entre si por laços legais, direitos e obrigações econômicas, religiosas ou de outra espécie, um entrelaçamento definido de direitos e proibições sexuais, divisão sexual do trabalho e uma quantidade variada e diversificada de sentimentos psicológicos (amor, afeto, respeito, medo).
Décadas de 1960 e 1970 – as transformações dos modelos de família
Como demonstra Miriam Goldenberg em “Novas famílias nas camadas médias urbanas ”, o final da década de 1960 e início da década de 1970 são marcos fundamentais nas transformações dos papéis femininos e masculinos na sociedade brasileira e, consequentemente, da concepção de família em nosso país.  
Movimento Feminista
O movimento feminista, que estava sendo organizado na Europa e nos Estados Unidos, começou a repercutir no Brasil. Os jornais, as revistas, o cinema, o teatro e a televisão passaram a dar espaço para as reivindicações das mulheres.
O denominador comum das lutas feministas foi o questionamento da divisão tradicional dos papéis sociais, com a recusa da visão da mulher como o “segundo sexo” ou o “sexo frágil”, cujo principal papel é o de “esposa-mãe”.
As feministas reivindicavam a condição de sujeito de seu próprio corpo, buscando um espaço próprio de atuação profissional e política.
A partir dos anos 1970
A partir dos anos 1970, ainda que fosse dominante o modelo da família nuclear, surgem versões inéditas de conjugalidade, sendo os indivíduos das camadas médias urbanas os que primeiro buscaram alternativas fora dos padrões institucionalizados. 
Apesar do predomínio do modelo nuclear conjugal, entre as famílias das camadas médias, aumentaram as experiências de vínculos afetivo-sexuais variados e o contingente de mulheres optando pela maternidade fora da união formalizada. 
Castells assinala que houve um crescimento do número de pessoas vivendo sós e um crescimento expressivo das famílias chefiadas por mulheres (em função da elevação das taxas de separações e divórcios; da expectativa de vida maior para as mulheres gerando mais viuvez feminina e da crescente proporção de mulheres solteiras com filhos, não apenas por abandono de seus parceiros, mas como opção).
A coabitação sem vínculos legais ou união consensual como alternativa ao casamento se tornou cada vez mais expressiva numericamente, e aceita legal e socialmente (e a duração destas uniões informais começaram a ser cada vez menores). O tamanho das unidades domésticas também tendia a diminuir ainda mais, com o decréscimo do número de filhos. Cresceram os recasamentos e as famílias recombinadas.
Os modelos contemporâneos de família
Ao  falar-se, na atualidade, de família, o plural impõe-se. “Já não há um ‘modelo ocidental’ mas vários”, como afirma Segalen. 
O divórcio, a união livre, as recomposições familiares abalam o que se chamava, até pouco tempo, de “modelo de família ocidental”. Este modelo será ainda mais abalado com as novas técnicas de procriação. 
A doação de óvulos, a fecundação por inseminação artificial ou in vitro, a possibilidade de clonagem de seres humanos, levam-nos a refletir sobre os princípios que assentam o nosso sistema de parentesco: sexualidade e parentesco são dissociados, paternidades e maternidades são multiplicadas (genética e socialmente), o nascimento de um filho não provém necessariamente de um casal.
Há uma visibilidade cada vez maior das famílias homoafetivas, ou seja, formadas por indivíduos do mesmo sexo. 
Este modelo de família tem recebido o reconhecimento de consideráveis setores da sociedade, bem como de setores do Judiciário, que vem, desde inédita sentença do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul em 2001, reconhecendo como entidade familiar o relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo. 
Comprovada a vida em comum, de forma contínua, pública e ininterrupta, constituindo uma verdadeira família, foi deferido o direito à herança, concedendo ao sobrevivente todo o patrimônio do de cujus . 
Posteriormente, outras decisões asseguraram direitos previdenciários e direito real de habitação ao companheiro sobrevivente.
Reflexão: Essas tendências colocam em xeque a estrutura e os valores da família tradicional. Não se trata do fim da família, uma vez que outras estruturas familiares estão sendo testadas e poderemos, no fim, reconstruir a maneira como vivemos uns com os outros, como procriamos e como educamos de formas diferentes.

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