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1 ES TR U TU RA S EM D ES LO C A M EN TO Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. 2 Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Orientador: Prof. Dr. Marco Francesco Buti São Paulo, abril de 2009ES TR U TU RA S EM D ES LO CA M EN TO F ER N A N D O V IL EL A 4 Prof. Dr. Marco Francesco Buti Prof. Dr. Evandro Carlos Jardim Prof. Dr. Alberto Alexandre Martins BA N C A E X A M IN D A D O RA 6 Esta dissertação relaciona algumas séries de trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos anos, de 2003 a 2008. Gravuras, colagens, instalações, fotografias, desenhos e ilustrações de livros são colocadas em diálogo. Na dissertação essas obras compõem uma única sequência de oitenta e uma imagens. This dissertation makes a bridge between a set of works developed throughout the past few years, from 2003 to 2008. They are engravings, collages, installations, photos, drawings and illustrations of books that intend to dialogue among themselves. In this dissertation the works are presented as a single sequency of 81 images. A B ST RA C T R ES U M O 8 Introdução Estruturas em deslocamento Índice de imagens Algumas considerações Referências bibliográficas e visuais Anexo Agradecimentos e créditos 10 12 150 162 180 186 188SU M Á R IO 10 11 IN TR O D U Ç Ã O Minha primeira pergunta foi: como apresentar a Dissertação de Mestrado de uma pesquisa que tem como objetivo a concepção, discussão e execução de trabalhos em gravuras, fotografias e livros ilustrados? Creio que essa interlocução seria mais eficiente se as pessoas pudessem fazer algumas visitas ao meu atelier para ver e conversar sobre essa produção de cinco anos. Lá elas poderiam apreciar os trabalhos, ler os livros que escrevi e ilustrei e depois passear comigo pelo bairro da Barra Funda e pelo centro da cidade de São Paulo, para sentir a atmosfera que respiro com os olhos e ver como me deixo contaminar pela arquitetura urbana e humana. Tal proximidade nos propiciaria, além do intercâmbio de ideias e experiências, aprofundar as questões poéticas que permeiam o meu trabalho de arte. Mas, dada a indisponibilidade de todo o tempo necessário para uma interlocução nesse nível, surgiu a segunda pergunta: como organizar, selecionar e editar os trabalhos e as reflexões nesta Dissertação de forma a deixar claro o processo e os resultados da minha pesquisa? Depois de experimentar diversas possibilidades de organização do material, escolhi trabalhar com o preto e branco porque a maioria das obras não tem outra cor e também para manter a unidade do conjunto. Conclui que o formato mais apropriado seria a edição de uma sequência de imagens dos trabalhos, visando assim apresentar e despertar as relações desse conjunto de obras que, apesar de diverso, é permeado por um desenho único. 12 13 ES TR U TU RA S EM D ES LO C A M EN TO 14 15 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 40 41 42 43 44 45 46 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 ÍN D IC E D O S TR A BA LH O S ÍN D IC E D E IM A G EN S 152 153 [1] Lambe-lambe , 2003 Xilogravura colada sobre muro Dois módulos de 66 x 96 cm (São Paulo – SP) [4] Sem título, 2005 Xilogravura 90 x 50 cm [2] Lambe-lambe , 2003 Detalhe de xilogravura 66 x 96 cm [3] Sem título, 2005 Detalhe de xilogravura 90 x 50 cm [5] Sem título, 2005 Detalhe de xilogravura 200 x 98 cm [10] Sem título, 2005 Xilogravura sobre parede 340 x 300 cm (Galeria Virgílio – São Paulo) [12] Sem Título, 2005 Grafite sobre papel 31 x 45 cm [13] Sem título, 2004 Fotografia digital 20 x 30 cm [14] Sem título, 2004 Fotografia digital 30 x 20 cm [8] Sem título, 2005 Detalhe de xilogravura sobre parede 340 x 300 cm (Galeria Virgílio – São Paulo) [9] Sem título, 2005 Xilogravura sobre parede 340 x 300 cm (Galeria Virgílio – São Paulo) [7] Sem título, 2005 Xilogravura 200 x 170 cm [18] Sem título, 2005 Monotipia 46 x 44 cm [16] Sem título, 2004 Fotografia digital 20 x 30 cm [17] Sem título, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [6] lSem título, 2005 Xilogravura 200 x 98 cm [11] Sem título, 2005 Xilogravura sobre parede de prédio 340 x 300 cm [15] Sem título, 2004 Fotografia digital 30 x 20 cm 154 155 [19] Sem título, 2004 Fotografia digital 30 x 20 cm [22] Sem título, 2005 Fotografia digital 20 x 30 cm [21] Hermes o motoboy, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [23] Sem título, 2005 Fotografia digital 20 x 30 cm [28] Sem título, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [30] Sem título, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [33] Hermes o motoboy, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [31] Hermes o motoboy, 2005 Monotipia 44 x 32 cm [32] Hermes o motoboy, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [26] Sem título, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [27] Olemac e Melô, 2007 Detalhe de ilustração Carimbo 50 x 33 cm [25] Sem título, 2005 Fotografia digital 20 x 30 cm [36] Lambe-lambe II, 2005 Xilogravura sobre parede 66 x 192 cm (montagem realizada por Ernesto Bonato, Amsterdan – Holanda) [34] Lambe-lambe II, 2005 Xilogravura sobre muro 66 x 192 cm (São Paulo - SP) [35] Lambe-lambe II, 2005 Detalhe de xilogravura 66 x 192 cm [24] Sem título, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [29] Sem título, 2005 Monotipia 44 x 66 cm [20] Hermes o motoboy, 2005 Monotipia 47 x 32 cm 156 157 [37] Sem titulo, 2006 Xilogravura sobre parede Dimensões variáveis (Brazilian-American Cultural Institute – Washington DC) [48] Lampião e Lancelote, 2006 Detalhe de ilustração Técnica mista 28 x 70 cm [51] Lampião e Lancelote, 2006 Detalhe de ilustração Técnica mista 28 x 70cm [49] Lampião e Lancelote, 2006 Detalhe de ilustração Técnica mista 28 x 70 cm [50] Lampião e Lancelote, 2006 Detalhe de ilustração Técnica mista 28 x 70cm [44] Sem Título, 2006 Detalhe de xilogravura sobre parede Dimensões variáveis (Galeria Graphias – São Paulo) [45] Sem Título, 2006 Xilogravura sobre parede dimensões variáveis (Galeria Graphias – São Paulo) [54] Sem título, 2007 Serigrafia sobre PVC expandido Dimensões variáveis [52] Estudos, 2007 Carimbo Dimensões variáveis (Estudo para gravuras) [47] Lampião e Lancelote, 2006 Detalhe de ilustração Técnica mista 28 x 70 cm [38] Sem Título, 2006 Xilogravura sobre parede Dimensões variáveis (Brazilian-American Cultural Institute – Washington DC) [39] Sem Título, 2006 Xilogravura sobre parede Dimensões variáveis (Brazilian-American Cultural Institute – Washington DC) [40] Sem Título, 2006 Xilogravurasobre parede Dimensões variáveis (Brazilian-American Cultural Institute – Washington DC) [41] Sem Título, 2006 Xilogravura sobre parede Dimensões variáveis (Brazilian-American Cultural Institute – Washington DC) [42] Sem Título, 2006 Xilogravura sobre parede Dimensões variáveis (Brazilian-American Cultural Institute – Washington DC) [43] Sem Título, 2006 Xilogravura sobre parede Dimensões variáveis (Brazilian-American Cultural Institute – Washington DC) [46] Sem Título, 2006 Xilogravura sobre parede Dimensões variáveis (Galeria Graphias – São Paulo) [53] Estudos, 2007 Carimbo e desenho Dimensões variáveis (Estudo para gravuras) 158 159 [55] Estudos, 2007 Desenho e carimbo Dimensões variáveis (Estudo para gravuras) [66] Caderno “Cidade”, 2008 Detalhe da página 5 Fita crepe sobre papel vegetal 21,5 x 33 cm [69] Caderno “Cidade”, 2008 Página 9 Fita crepe sobre papel vegetal 21,5 x 33 cm [67] Caderno “Cidade”, 2008 Página 3 Fita crepe sobre papel vegetal 21,5 x 33 cm [68] Caderno “Cidade”, 2008 Página 5 Fita crepe so bre papel vegetal 21,5 x 33 cm [62] Sem título, 2007 Serigrafia sobre acrílico e PVC expandido Dimensões variáveis [63] Sem título, 2007 Detalhe serigrafia sobre acrílico e PVC expandido Dimensões variáveis [70] Caderno, “Cidade” 2008 Página 11 Fita crepe sobre papel vegetal 21,5 x 33 cm [65] Sem título, 2007 Detalhe serigrafia sobre acrílico e PVC expandido Dimensões variáveis [56] Sem título, 2007 Serigrafia sobre PVC expandido Dimensões variáveis [57]Sem título, 2007 Serigrafia sobre PVC expandido Dimensões variáveis [58] Sem título, 2007 Serigrafia sobre PVC expandido Dimensões variáveis [59] Estudos, 2007 Carimbo e desenho Dimensões variáveis (Estudo para gravuras) [60] Sem título, 2007 Serigrafia sobre acrílico e PVC expandido Dimensões variáveis [61] Sem título, 2007 Detalhe serigrafia sobre acrílico e PVC expandido Dimensões variáveis [64] Sem título, 2007 Detalhe serigrafia sobre acrílico e PVC expandido Dimensões variáveis [71 ] Caderno “Cidade”, 2008 Página 13 Fita crepe sobre papel vegetal 21,5 x 33 cm [72] Caderno “Cidade”, 2008 Páginas 4-5 e 8-9 Fita crepe sobre papel vegetal 21,5 x 33 cm 160 [74] Sem título, 2005 Montagem de xilogravura sobre parede Dimensões variáveis [77] Sem título, 2006 Montagem de exposição (Brazilian-American Cultural Institute – Washington DC) [75] Fotografia de prensa, 2003 (Gráfica de lambe - lambe , São Paulo – SP) [76] Fotografia de prensa, 2003 (Gráfica de lambe - lambe , São Paulo – SP) [78] Lampião e Lancelote, 2006 Detalhe de ilustração Técnica mista 28 x 70 cm [79] Sem título, 2007 Detalhe de serigrafia sobre pvc 65 x 22 cm [81] Caderno “Cidade”, 2008 Detalhe da página 3 Fita crepe sobre papel vagetal 21,4 x 33 cm [80] Sem título, 2007 Detalhe de gravura Dimensões variáveis [73] Sem título, 2007 Detalhe de xilogravura Dimensões variáveis 162 163 A LG U M A S CO N SI D ER A ÇÕ ES 164 165 A CIDADE A cidade sempre foi meu lugar. Desde pequeno meu olhar foi instigado pelo alucinado movimento de deslocamento dos carros, pelas frestas de luz entre os prédios, pelos caminhos das sombras na calçada, pelos traçados caóticos dos fios de luz contra o céu e as novas e velhas faixas brancas e amarelas marcando o chão. Passagens ou anteparos, os lugares me encantavam quando apresentavam uma nova possibilidade de organização de planos no espaço. Pontilhões, túneis e viadutos sempre se moveram de forma surpreendente enquanto eu, a pé, no ônibus ou no carro, contemplava a paisagem como um alvo atingido pela beleza da arquitetura urbana. Da cidade nasce meu trabalho. ANOTAÇÕES Com frequência caminho pela cidade com um caderno de desenho no bolso para registrar momentos visuais que me interessam. Fotografar para mim é também um tipo de anotação gráfica. Com a câmera configurada para fazer imagens em preto e branco fotografo na tentativa de encontrar a forma que reverbera dentro de mim. É uma prática que me alimenta. A XILOGRAVURA Escolho uma madeira com a ponta dos dedos. Sinto seu relevo, sua textura, seus veios. Alguns trabalhos pedem que o veio fale mais, carecem de luz na superfície. Para esses escolho o cedro, a sumaúma. Outros desejam uma superfície mais silenciosa, um escuro chapado. Daí uso um pinho, um angelim, madeiras mais lisas. Trabalho com o compensado pois é difícil encontrar uma madeira maciça com mais de 60 centímetros de largura. A vantagem do compensado é poder escolher uma madeira nobre na primeira lâmina da chapa, que vai resultar na superfície impressa. Geralmente inicio a gravura a partir de um desenho ou de uma idéia de forma. Risco a madeira e a ataco com a faca, minha ferramenta predileta, pela sua precisão e velocidade de corte. A favor ou contra o sentido dos veios da madeira, a matéria sempre resiste ao meu gesto. Desse embate é que o trabalho nasce. É de um duelo que a imagem surge. 166 167 Com o formão retiro a superfície que na impressão se tornará luz, com o brilho do papel branco. Finalmente, com a serra faço os cortes externos na madeira, modelando a matriz no formato da imagem que será impressa. O CORPO DO PAPEL Pela sua fibra e luminosidade o papel japonês sempre foi o suporte mais adequado para receber as impressões das minhas xilogravuras. Ao receber a tinta ele a incorpora ao seu fino corpo, preservando na impressão as sutis variações da superfície de madeira. Carrego a matriz de tinta pois me interessa a superfície negra, chapada. Por outro lado, nunca deixo os veios da madeira entupidos com a grande carga de tinta. A luz delicada que brota das fissuras que a madeira possui faz a superfície respirar. Em alguns momentos até cria uma atmosfera naquela massa escura. A madeira sempre fala através de sua natureza de árvore que já foi. É com ela que trabalho. Busco um diálogo, uma parceria da minha intervenção gráfica somada às informações que a madeira traz no seu corpo. NO ESPAÇO DA ARQUITETURA Nas gravuras de grandes dimensões busquei chegar mais próximo da relação do meu corpo com o espaço arquitetônico, experiência que eu sempre tive com a cidade. A intenção era trazer o espectador para dentro da imagem (imagens 9 e 10). O caminho natural foi colar a gravura diretamente sobre a parede. Decidi imprimir a imagem num papel japonês muito fino, que quando colado desaparecia totalmente. A sensação visual era de que a gravura havia sido impressa diretamente sobre a parede. Sua textura passou a ser a da superfície de concreto e desta forma a mancha negra ganhou a solidez e todas as irregularidades da parede de alvenaria, incorporando-se a ela e passando a atuar estruturalmente naquele espaço. RASTROS E MONOTIPIAS Nesses trabalhos os espaços nasceram da limpeza de um rolo de borracha já sujo de tanto entintar matrizes de xilogravuras. Carregado com uma tinta seca e cheia de detritos, ao deslizá-lo no papel um rastro falho, com ruídos, surgiu como o asfalto da cidade. 168 169 A partir desse momento, comecei a desenhar com o próprio rolo de borracha com resíduos de tinta preta. Túneis, ruas, postes e viadutos, ou simplesmente a memória dessas estruturas gráficas, derivaram no conjunto de trabalhos (imagens 17, 18, 24, 26, 28, 29, 30). Posteriormente fiz o projeto de um livro com o escritor Ilan Brenman em que o protagonista era um motoboy paulistano (Hermes o motoboy. Cia das Letras, 2006). Eu me vesti dos olhos desse personagem que rasga a cidade sobre duas rodas e me apropriei dessas monotipias para criar os espaços das ilustrações. Quando habitados pelo motoboy, as imagens se tornaram narrativasdentro do livro (imagens 20, 21, 31, 32, 33). A MATRIZ COMO MÓDULO DE REPETIÇÃO As gravuras e monotipias que partiam da experiência com a cidade voltaram para o espaço urbano quando coladas em muros, postes e viadutos como cartazes de lambe-lambe¹ . A primeira xilogravura que criei como lambe-lambe foi uma imagem vertical feita em dois módulos – no formato padrão de 96 x 66 cm – que remetiam à imagem de uma construção urbana. Concebida como módulo, quando colada num muro da cidade em sequência (imagem 1) criava um ritmo pela repetição, que capturava tanto o olhar do cidadão que caminhava na calçada quanto o do que se deslocava num automóvel. Meu segundo lambe-lambe foi uma gravura também modular, mas que podia ser emendada nos quatro lados, funcionando como um mosaico (imagens 34 e 35). Esse encaixe permitiu que a imagem pudesse se expandir para as laterais, para cima ou para baixo, adaptando-se ao espaço urbano onde fosse colada – poste, muro, etc. O fato de instalar essa e outras gravuras em diferentes espaços e de diversas cidades (imagem 36), levou-me a pensar em outras possibilidades da imagem impressa como módulo e em relação ao deslocamento do espectador. 1. Conhecidos como lambe-lambe, os cartazes – ilustrados ou somente compostos com texto – impressos ainda com matrizes de madeira em relevo em velhas prensas são vistos em cidades de todo o país geralmente colados em espaços marginais: muros, colunas de pontes e viadutos ou postes, muitas vezes anunciando shows e espetáculos. Há uma ética dos coladores de cobrir – colar em cima – apenas de cartazes dos eventos que já aconteceram. A colagem geralmente é feita à noite; longe dos olhos da polícia. 170 171 A MATRIZ COMO MÓDULO DE VARIAÇÃO Depois da experiência do lambe-lambe, comecei a fazer alguns trabalhos colados sobre parede utilizando as impressões de uma mesma gravura, que combinadas entre si criavam outras imagens. Na exposição que realizei no Brazilian-American Cultural Institute (Washington DC, 2006), parti de duas gravuras compridas – uma mais larga (30 x 200 cm) e outra mais estreita (13 x 200 cm). Fiz um trabalho colando várias impressões dessas matrizes diretamente na parede, criando assim um desenho único no espaço expositivo, que era uma sala de 15 x 5 metros com o pé direito de dois metros e meio. O resultado dessa instalação gráfica foram diversas imagens que se relacionavam e transformavam-se à medida que o espectador se deslocava pelo espaço da galeria (imagens 37 a 43). O DESLOCAMENTO NA NARRATIVA Outra experiência de deslocamento e com módulos gráficos se deu no livro Lampião e Lancelote (Cosac Naify, 2006), escrito e ilustrado por mim. Impresso em três cores – preto, prata e cobre – e com todas as páginas ilustradas, esse livro funciona como uma narrativa gráfica, em que texto e imagem se relacionam tanto formalmente – quando a mancha de texto é parte da imagem – quanto do ponto de vista da narrativa – quando a imagem também se torna texto, elemento que narra a história. O processo de criação e realização deste livro me levou a algumas reflexões sobre a gravura, a matriz e a reprodução no livro ilustrado. As ilustrações são realizadas com lápis, pincel e com carimbos de borracha que combinados, sobrepostos e articulados criam as imagens do livro. Desta forma, a matriz não é uma prancha – ou várias – da qual se reproduz uma imagem única, mas são pequenos módulos (os carimbos) que se reconfiguram a cada imagem. Num primeiro momento, trabalhando na mesa de luz, concebi as ilustrações pensando na sobreposição das cores. O desenho de cada cor foi feito em uma folha de papel e a mesa de luz permitiu simular a sobreposição das outras cores (em outras folhas) projetando o que iria acontecer na imagem final do livro quando impresso em off-set. 172 173 Para cada ilustração foram realizadas duas ou três imagens, digitalizadas separadamente. O segundo momento da criação foi no computador, com o programa gráfico Adobe Photoshop – ferramenta que utilizei para montar as sobreposições das cores, deixando evidente sua justaposição. Algumas provas de prelo² foram fundamentais para visualizar como funcionariam realmente essas sobreposições das cores no livro impresso. O terceiro momento foi a impressão. Ao pensar o livro como gravura, a gráfica se tornou a extensão do meu atelier. Tradicionalmente, o que se busca na impressão gráfica de uma ilustração é chegar o mais próximo possível do original da imagem, seja uma aquarela, um desenho ou mesmo uma gravura. Meu esforço neste trabalho foi outro: como na criação de uma gravura, para mim, o original seria o próprio livro impresso em off-set. Na prova de máquina detectei junto à produtora gráfica da editora que as cores reflexivas – o prata e o cobre – “vazavam” no preto, ou seja, o preto ficava acinzentado ou cobreado pois não conseguia cobrir a cor de baixo. Ao percebermos que esse problema ocorria pelo fato do preto sobrepor as cores reflexivas ainda molhadas, fomos obrigados a imprimir o livro em três etapas, uma cor de cada vez, com um intervalo de secagem de três horas entre uma cor e outra, para conseguirmos o resultado desejado (imagens 47 a 51). Como em uma xilogravura, onde trabalhamos sem saber exatamente como ficará a imagem impressa, só pude ver todos os originais do meu trabalho na primeira impressão do livro. Na segunda tiragem decidimos imprimir o cobre e o prata juntos, na mesma máquina, e deixamos as páginas impressas secando por alguns dias, para depois imprimir o preto. O resultado saiu completamente diferente, pois com as cores cobre e prata bem secas o preto cobriu-as completamente, não deixando um sutil “fantasma” que aconteceu na primeira tiragem do livro. Como em uma gravura, as impressões do livro apresentaram diferentes resultados. 2. Prova em que se utilizam as tintas reais para simular a impressão da imagem na gráfica. 174 175 OS LIVROS NA PAREDE Com a experiência do livro Lampião e Lancelote, de criar ilustrações com gravuras feitas com carimbos de borracha, alcancei mobilidade e velocidade na execução, e transpus esse procedimento (tanto do objeto narrativo como dos módulos gráficos) para um trabalho que ocuparia o espaço expositivo de uma galeria. Tive a idéia de fazer três livros gigantes, com páginas maiores do que uma porta, cada um com 2 x 1 metro quando fechado e 2 x 2 metros aberto. Como minha intenção era que esses enormes livros ficassem em pé, fixados na parede um ao lado do outro, não poderiam ser de papel. Pesquisei suportes resistentes, leves, que se assemelhassem ao papel. Encontrei a chapa de PVC expandido, um material leve, com brilho acetinado, muito usado em publicidade, que respondia à minha necessidade. Não era possível imprimir a xilogravura nesse material. Concluí que a serigrafia seria a melhor escolha porque, além de boa aderência ao suporte, garantia a possibilidade e a mobilidade de imprimir as imagens como módulos como foi feito com os carimbos nas ilustrações de Lampião e Lancelote. Digitalizei as três xilogravuras e fiz, a partir delas, as matrizes serigráficas num formato pequeno para testar. Experimentei exaustivamente suas combinações sobre a chapa de PVC expandido, criando protótipos até chegar às formas finais dos livros gigantes. Neste processo incomodava-me reconhecer que a impressão da imagem serigráfica é geralmente muito precisa, sempre plana, chapada e sem a sutileza das falhas e variações de tons conseguidos na impressão dos carimbos de borracha e das xilogravuras. Mas o capítulo da impressão dos trabalhos em grande dimensão foi acidentalmente benéfico. A tinta vinílica de serigrafia, de rápida secagem,obrigou- nos a imprimir velocidade nas impressões. Como as telas eram enormes e pesadas, a maioria das imagens ficou com diversas falhas, com tons não uniformes e acidentes que não estavam previstos, porque era quase impossível manter a mesma pressão no rodo durante a impressão. Esses percalços acabaram por criar mais ruídos, irregularidades e atmosfera nos trabalhos, quebrando aquela rigidez da impressão chapada da serigrafia que me incomodava nos protótipos menores. O acaso compensou a perfeição dos módulos regulares. Os desajustes ajustaram o que faltava no trabalho (imagens 54 e 56). 176 177 O CARÁTER DOS MATERIAIS Depois de montada a exposição cheguei à conclusão de que o resultado funcionou bem por um lado e por outro nem um pouco. Os três livros gigantes fixados na parede possibilitaram ampliar a situação do deslocamento das imagens em relação às de minhas experiências anteriores. A imagem final se reconfigurava a todo momento, à medida que o público brincava de folhear os três livros (imagens 57 e 58). Os trabalhos em acrílico, apoiados sobre a parede, permitiram que houvesse uma sobreposição espacial de suas impressões com as que estavam nos trabalhos em PVC sobre a parede (imagens 60 a 65). Tudo isso criou dinamismo e movimento na percepção desse trabalho. Mas, por outro lado, “o tiro saiu pela culatra”. As imagens serigráficas impressas tanto no PVC expandido quanto no acrílico, apesar de dinâmicas e movimentadas pelas sobreposições ficaram sem espessura. Os materiais desses suportes, mesmo sendo planos perfeitos com acabamentos industriais impecáveis, não garantiram o aspecto orgânico que o papel japonês trazia. As impressões planográficas, sem relevo algum, também deixaram essas superfícies ainda mais frias e sem profundidade. A luz emanada do material dessas gravuras espaciais rebatia rapidamente de volta aos nossos olhos, e sua aparência ficou muito mais próxima da materialidade sem caráter do mundo - painéis publicitários, banners de lojas e de eventos - do que da espessura do corpo denso da matéria da impressão xilográfica sobre o papel. O que no papel era um corpo vivo que respirava, no PVC expandido passou a ser uma capa de chuva impermeável sem um corpo por baixo. Concluí, sobre os livros gigantes, que os esboços e estudos feitos com lápis e carimbos (imagens 52, 53, 55, 59) estavam mais vivos que os trabalhos finais. Também foi curioso perceber que o posterior registro fotográfico ficou mais interessante do que os próprios trabalhos, pois se tornou outra obra com sua autonomia enquanto imagem. 178 179 CONSIDERAÇÕES FINAIS Olhando todo esse processo de criação em diversos meios e linguagens – a xilogravura, a ilustração de livro, a fotografia, instalação na arquitetura e a ação gráfica no espaço urbano – percebo que as experiências foram se complementando, se articulando, e delas surgiram intersecções bastante fluidas. O trabalho em xilogravura iniciado em 1993 serviu como fundamento para o primeiro livro ilustrado (Ivan filho-de-boi. Cosac Naify, 2003). A partir desse momento a prática artística na ilustração de livros me abriu para novas possibilidades de experimentação plástica. E – apesar dos limites comuns a um produto vinculado a uma editora, como o compromisso com a narrativa, e norteado pelos recursos da indústria gráfica – o livro ilustrado concedeu-me maior liberdade. A ilustração tem trazido muitas possibilidades para a gravura e a estampa artesanais e vice-versa. Descobri novos recursos como a velocidade, o improviso e o movimento. E o diálogo no qual se fundem minhas áreas de atuação continua a me interessar. 180 181 R EF ER ÊN C IA S B IB LI O G RÁ FI CA S E V IS U A IS 182 183 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARMSTRONG, Elizabeth (org.) et alii. Tyler Graphics: the extended image. Minneapolis, Walker Art Center; New York, Abbeville Publishers, 1987. BARATA, Mario (org.) et alii. Mostra da Gravura Brasileira; catalogo da Bienal Nacional 1974. São Paulo, Fundação Bienal, 1974. BERSIER, Jean E. La Gravure, les Procedés, l’ Histoire. Paris, Berger-Levrault, 1963. BLUM, André. Les Primitfs de la Gravure sur Bois, Étude Historique et Catalogue des Incunabules Xylografiques du Musée du Louvre. Paris: Librarie Grundi, 1956. BOSSE, Abraham. Tratado de Gravura. Lisboa, Typographia e Chalcographia Typoplástica do Arco do Cego, 1801. BRUNNER, Felix. 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São Paulo: Martins Fontes, 1987. REFERÊNCIAS VISUAIS (Além dos Museus, Galerias de Arte, Coleções e Gabinetes de Estampas, as próprias viagens pelas cidades visitadas ampliaram meu repertório visual). 1993 Pesquisa da obra de Mira Schendel na Coleção Particular de Ada Schendel, paraProjeto de Iniciação Científica de Graduação (UNICAMP). 1995 Nova York: Museum of Modern Art, Metropolitan Museum of Art, Whitney Museum of American Art, entre outros. Boston: Gabinete de Estampas do Fogg Art Museum (Harvard). Washington: Phillips Collection, Museums of Smithsonian Institution. 1996 Espanha (Madrid e Barcelona), França (Paris: retrospectiva de Pierre Soulages e Paul Cézanne), Bélgica (Bruges, Bruxelas), Holanda (Amsterdan), Alemanha (Berlin), República Tcheca (Praga, Cheske Krumlov), Itália (Milão, Florença, Veneza, Assis). 1998 Brasil (Rio Branco e Xapuri/Acre). Peru (Puerto Maldonado e Cuzco). Bolívia (La Paz). 2000 Brasil (Macapá, Serra do Navio/Amapá e Belém/Pará). Guiana Fracesa (Cayenne, Korou). 2004 Estados Unidos: Nova York (Museus e Galerias de arte), Beacon (Dia Beacon), Washington (Gabinete de Estampas da Freer Gallery of Art – Smithsonian Institution), Philadelphia (Barnes Collection). 2005 Eslováquia (Bratislava: workshop internacional de ilustração - Bienal Internacional de Ilustração de Bratislava). França (Paris: Gabinete de Estampas da Biblioteca Nacional de Paris). Inglaterra (Londres: , British Museum, Tate Gallery, Tate Modern, Coleção de obras raras da British Library). 2006 Estados Unidos: Nova York (visita a Museus e Galerias), Washington (Gabinete de Estampas da Arthur Sackler Gallery e da Freer Gallery of Art – Smithsonian Institution). 2007 Itália: Roma e Bolonha. Portugal: Lisboa. 2008 Itália: Bolonha, Veneza e Florença. Espanha: Madrid (visita ao Gabinete de Estampas da Biblioteca Nacional de Madrid), Córdoba, Sevilha, Ronda e Granada. 186 187 A N EX O CD EM ANEXO 1. Portifólio Artes Visuais: 1993-2009 (arte.pdf) 2. Portifólio Livros/Ilustração: 1995-2008 (livros.pdf) 3. Dissertação de Mestrado: Estruturas em deslocamento (dissertacao.pdf) 188 189 A G RA D EC IM EN TO S E C RÉ D IT O S AGRADECIMENTOS A Stela Barbieri que está ao meu lado em todas as empreitadas e a Leo e Nina também por me ajudarem sempre. Ao apoio e estímulo dos meus pais Paulo Celso e Maria Célia, do meu irmão Beto e da minha querida família Vilela Pinto e Moura Silva. Aos mestres Pedro Paulo Salles, Joana Lopes, Valdir Sarubbi, Rodrigo Naves, Paulo Pasta, Ermelindo Nardin, Jorge Coli, Alberto Tassinari, Rubens Kara José e especialmente a Marco Buti. À interlocução com os amigos, artistas, galeristas e editores: Voltaire Montoro, Álvaro Faleiros, Guilherme Wisnik, Inaê Coutinho, Márcia Cymbalista, Ada Schendel, Agnaldo Farias, Betito, Evandro Carlos Jardim, Cauê Alves, Afonso Luz, Tiago Mesquita, Izabel Pinheiro, Eduardo Besen, Augusto Massi, Laymert Garcia dos Santos, Mano e Arnaldo Bassoli. A Carina, Roberta, Jura, Elaine, Greco e Inove Gráfica pela ajuda na produção desta publicação, a tia Beta pela revisão e a Carmem pela tradução do resumo. A todos que me ajudaram na realização das exposições e publicações. CRÉDITOS DAS IMAGENS Todas as fotografias são de autoria de Fernando Vilela exceto as seguintes imagens creditadas a: Denise Adams (8, 9, 10, 54, 56, 60, 61, 62, 63, 64); Ernesto Bonato (29); Angelo Greco (digitalização das imagens 2, 3, 12, 35, 52, 53, 55, 63 - 71, 80). SITE DO AUTOR www.fernandovilela.com.br 190 Título Autor Revisão Tradução do resumo Projeto gráfico Capa Assistente de design Formato Número de páginas Tipologia Papel Impressão e acabamento Estuturas em deslocamento Fernando Vilela Elisabeth Hermano Carmem Sumi Nakasu de Souza Fernando Vilela Fernando Vilela Carina Midori Tiyoda 29,7 x 21 cm 190 The Mix Couché fosco 170 g/m² Inove Gráfica Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo
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