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MITO E VERDADE DA RELUÇÃO

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FACULDADE GUILHERME GUIMBALA
ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE ENSINO
TRABALHO
MITO E VERDADE DA REVOLUÇÃO BRASILEIRA
Data: sexta-feira, 4 de agosto de 2016.
Disciplina: Economia
Curso de Direito : turma 1 b
Professor: Dalto João da Silva 
Acadêmicos
- Nilson Cesar Pens
- Rafaela Gomes da Silva
Sumário 
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	Sumario
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	Esclarecimento
	
	
	
	
	
	Biografia Alberto Guerreiro Ramos
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	Biografia Alberto Guerreiro Ramos
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	A PERSPECTIVA DA REVOLUÇÃO: GUERREIRO RAMOS E O NACIONALISMO;
Professor Edison Bariani
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	REVOLUÇÃO BRASILEIRA: MITOS E VERDADES -REFLEXÕES
CRÍTICAS EM TORNO DA CRISE DE 64
João Carlos Nogueira Sociólogo . SEPPIR
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	Inicio da dissertação do trabalho proposto
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Esclarecimentos a cerca do trabalho proposto
Caro mestre e professor ao iniciar a examinar o texto proposto do Senhor Alberto Guerreiro Ramos, com edição de 1963, com o título do livro 	 “Mito e verdade da Revolução Brasileira”, percebi que deveria me inteirar com mais informações a respeito do autor, época temporal Brasileira e razões que levaram o autor a escrever o tema.
 Percebi que apenas ler o texto e dissertar o que entendi do texto seria imaturo sem pesquisar a respeito do autor “Alberto Guerreiro Ramos”, e da época em que ele viveu, sua biografia, convicções politicas, deveriam ser pesquisadas, mesmo que se consolidasse com breves palavras, deveria ser feito.
Em resumo o trabalho escrito será composto por uma consolidação e apanhados da época em que o livro foi escrito, e como esta no sumário será dissertado sobre o tema proposto especificamente, queria estar mais preparado intelectualmente para falar com maior propriedade sobre o assunto, porém acredito que nesse momento oportuno esta dissertação trará toda a informação disponível.
Em resumo trata-se de um tema complexo que não se esgota, a cerca do autor celebre e de um momento difícil vivido em território Brasileiro na década de 1960.
Mito são narrativas utilizadas pelos povos gregos antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, que não eram compreendidos por eles. Os mitos se utilizam de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que realmente existiram.
Um dos objetivos do mito era transmitir conhecimento e explicar fato.
Verdade é também a afirmação do que é correto, do que é seguramente o certo e está dentro da realidade apresentada.
Alberto Guerreiro Ramos
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Alberto Guerreiro Ramos (Santo Amaro da Purificação, 13 de setembro de 1915 - Los Angeles, 6 de abril de 1982) foi um sociólogo e político brasileiro. Figura de grande relevo da ciência social no Brasil. Em 1956, Pitirim Sorokin, analisando a situação da sociologia na segunda metade do século XX, incluiu Guerreiro Ramos entre os autores que contribuíram para o progresso da disciplina.[1]
Guerreiro Ramos foi deputado federal pelo Rio de Janeiro e membro da delegação do Brasil junto à ONU. É autor de dez livros e de numerosos artigos, muitos dos quais têm sido publicados em inglês, francês, espanhol e japonês.
Trajetória intelectual
Em 1942 diplomou-se em ciências pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro, no então Distrito Federal, bacharelando-se um ano depois pela Faculdade de Direito, na mesma cidade. Foi professor visitante da Universidade Federal de Santa Catarina, professor da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) da FGV e dos cursos de sociologia e problemas econômicos e sociais do Brasil promovidos pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).
Pronunciou conferências em Pequim, Belgrado e na Academia de Ciências da União Soviética. Em 1955, foi conferencista visitante da Universidade de Paris. Nos anos de 1972 e1973 foi "visiting fellow" da Yale University e professor visitante da Wesleyan University.
Guerreiro Ramos deixou o país em 1966, radicando-se nos Estados Unidos, onde passou a lecionar na Universidade do Sul da Califórnia.
Jornalista, colaborou em O Imparcial, da Bahia, O Diário, de Belo Horizonte, e Última Hora, O Jornal e Diário de Notícias, do Rio de Janeiro.
A Universidade de Toronto publicou em 1981 a edição inglesa de sua mais recente obra A nova ciência das Organizações, uma reconceituação da riqueza das nações.
Trajetória política
Durante o segundo governo presidente Getúlio Vargas, foi seu assessor. Em seguida, atuou como diretor do departamento de sociologia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Ingressou na política partidária em 1960, quando se filiou ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), a cujo diretório nacional pertenceu. Na eleição de outubro de1962 candidatou-se a deputado federal pelo Estado da Guanabara, na legenda da Aliança Socialista Trabalhista', formada pelo PTB e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), obtendo apenas a segunda suplência. Ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados de agosto de 1963 a abril de 1964, quando teve seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº 1.
Guerreiro Ramos defendeu o monopólio estatal do petróleo, a nacionalização da indústria farmacêutica e dos depósitos bancários. Para promover a reforma agrária, defendia o pagamento das desapropriações em títulos da dívida pública. Defendeu também as reformas eleitoral (voto para os analfabetos e soldados e elegibilidade de todos os eleitores), bancária e administrativa.
Também foi Secretário do Grupo Executivo de Amparo à Pequena e Média Indústrias do BNDES, assessor da Secretaria de Educação da Bahia, técnico de administração doDepartamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e do Departamento Nacional da Criança. Atuou também como delegado do Brasil junto à Organização das Nações Unidas.
 
Crítica e Sociedade: revista de cultura política. v.1, n.1, jan./jun. 2011. ISSN: 2237-0579 
A PERSPECTIVA DA REVOLUÇÃO: 
GUERREIRO RAMOS E O NACIONALISMO 
Edison Bariani* 
*Professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva, 
IMES/FAFICA, SP 
A questão nacional perpassa toda a obra do sociólogo brasileiro Alberto Guerreiro Ramos (1915-1981), mormente nos anos 50 do séc. XX, quando integrou a Assessoria de Vargas, O Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP) e o Instituto Superior de Estudos Brasileiro (ISEB). Nesse período, preocupou-se com a elaboração de uma “sociologia nacional” e com a formulação (teórica/prática) estratégica do nacionalismo no Brasil. 
O nacionalismo é apresentando por Guerreiro Ramos – naquela fase histórica habitada pelo país nos anos de 1950 - como a forma autêntica de vivenciar a realidade brasileira. Cumpre entender – inicialmente - como o autor define conceitual e metodologicamente a “realidade brasileira”1. 
Os esforços de Guerreiro Ramos encaminham-se no sentido de tomar tal realidade como algo eminentemente dinâmico, relacional, histórico e em constante mutação, não podendo ser definida de modo simplesmente descritivo. Assim, defini-la formalmente seria cair na armadilha para a qual alertava: dissipar a especificidade complexa de uma formação social original numa construção abstrata, hermética e estática, perdendo então a própria justificativa da necessidade do conceito, a saber, evidenciar sua historicidade. 
Desse modo, principia por considerar “[...] a realidade brasileira como fenômeno total, na acepção de [Marcel] Mauss, isto é, como um todo cujos caracteres se apresentam, nãosó no conjunto, como em cada uma de suas partes, variando apenas de escala, de uma para outro” (RAMOS, 1960: 85). Quando da investigação dos fatos da vida social – afirma ele - dever-se-ia ter em vista que “
Tal conceito, bem como a categoria similar de realidade nacional, eram muito caras ao autor, sua geração intelectual e as imediatamente anteriores. A problematização dessas categorias – deflagrada no início dos anos de 1960 – tem como texto-chave a crítica de Gerard Lebrun (1962) a propósito do livro - Consciência e realidade nacional, de 1960 - de outro isebiano, Álvaro Vieira Pinto (1962). Guerreiro Ramos (1963) também se posicionou criticamente em relação ao livro de AVP, veremos. 
A coleta de fatos não tem sentido se não for orientada pelo ponto de vista da totalidade, por um a priori” (RAMOS, 1960:82, itálicos nossos), pois os caracteres impressos nas variadas partes só adquiririam sentido quando relacionados ao todo; sem a noção anterior do todo, as diferentes partes seriam esvaziadas do sentido completo que conteriam em gérmen, nas palavras do autor, em “em escala”. Assim, afirma que “a teoria global de uma sociedade é o requisito prévio para a compreensão de suas partes” (RAMOS, 1960:83). 
Precipita-se, assim, na contramão da posição hegemônica na sociologia brasileira do período2 – e talvez mesmo daí em diante -, que afirma a necessidade de estudos empíricos (particulares) como subsídios para uma análise mais generalizadora da sociedade brasileira, compondo o todo por meio de um mosaico de partes relativamente avulsas. 
A posição guerreiriana - nítida em suas propostas apresentadas ao II Congresso Latino-Americano de Sociologia (1953) - pleiteia uma dialética entre as partes (e entre estas e o todo), cujo princípio se fundava em tomar as próprias partes como emanações do todo. Tais unidades não teriam – primariamente – conteúdo/forma autônomos, isolados em si, sua própria existência parcial já acusaria a influência da totalidade, cujo papel seria preponderante. 
Desse modo, a dialética não avançaria simplesmente do particular ao geral, da análise à síntese, do empírico à construção abstrata mais complexa; demandaria uma noção ‘anterior’ do geral que orientaria a própria apreensão dos aspectos particulares, culminando numa generalização mais elaborada, numa totalidade ‘superior’. 
Com essa ‘totalidade a priori’ seria possível não somente ir às partes com um certo respaldo teórico, a partir dela poder-se-ia delimitar uma perspectiva como ponto de partida, já que a assunção de um lugar social delimitado histórica e socialmente seria essencial para se atingir a compreensão profunda do todo, e nem todos os lugares sociais – tomados como pontos de vista – seriam adequados para alcançar uma visão abrangente. 
Nessa ordem de idéias, isto é, partindo de um sum3 (sou brasileiro), Sociologia brasileira à qual o autor dedicou sistemática crítica, a começar por O processo da sociologia no Brasil (RAMOS 1953). 
Esse “sum” (sou brasileiro), essa determinação do “eu sou” como assunção do sujeito em suas circunstâncias e a partir de uma perspectiva própria na sociedade, Guerreiro também utiliza como recurso metodológico ao abordar a existência do negro com base num “niger sum”, na aceitação e orgulho da condição de negro (RAMOS, 1979). O engajamento configura-se como um ponto de vista privilegiado na investigação dos problemas, para a compreensão global de nossa sociedade.
 Essa tarefa tem prioridade sobre qualquer outra, no domínio das ciências sociais em nosso país. Não deveríamos partir para estudos de pormenor antes de termos consciência crítica da realidade social do país. Aqui também é a visão do todo que condiciona a compreensão das partes (RAMOS, 1960: 85). procuraremos empreender um esforço tendente a contribuir.
Resta saber se uma “consciência crítica da realidade social do país” poderia ser alcançada a partir de uma noção ‘apriorística’ da totalidade. 
De outro lado, os principais empecilhos teóricos para a compreensão geral da realidade social seriam o “empirismo”, que insistiria em privilegiar a parte em detrimento do todo, e o “dogmatismo”, que afirmaria aspectos estáticos contra a fluidez dos fenômenos e promoveria ainda “[...] a interpretação da realidade social em termos da preponderância sistemática de um determinado fator, seja a raça, seja o clima, ou outra condição geográfica, seja a economia, seja a cultura, seja a alma ou o caráter nacional, ou de outro qualquer fato” (RAMOS, 1960:83).
 
Apresentado o método, persiste o problema: como dar conteúdo à forma da realidade nacional (brasileira)? 
Guerreiro Ramos utiliza um expediente curioso, identificando um “cisma” na vida brasileira, a existência de duas sociedades - “uma velha, com todos os seus compromissos com o passado, outra recente, implicando novo estilo de vida ainda por criar ou apenas ensaiado em círculos de vanguarda” (RAMOS, 1960:87) –, e procede a definição da velha sociedade em função da nova, numa atitude de negação. Justifica-se:
 “Nessas condições, a descrição sumária a que vou proceder, embora se caracterize pelo que nega, postula o seu contrário. Esse contrário é o nosso projeto, em função do qual avaliamos a presente circunstância brasileira” (RAMOS, 1960:88). 
O descritivo, o analítico, o sintético e o normativo se articulam como recursos epistemologicamente complementares5. 
Expõe então um estudo “tipológico” no qual figuram as seguintes “categorias compreensivas”, que representariam a espinha dorsal da velha sociedade brasileira: mormente o preconceito. 
Georges Gurvitch e Silvio Romero – fortes influências sobre as formulações teóricas de Guerreiro Ramos - entre outros, já haviam se insurgido contra esse tipo de procedimento “dogmático”, unilateralmente determinista. 
A referência de Guerreiro Ramos aqui é notoriamente a obra de Alberto Torres, pelo qual nutria imensa admiração. O livro de Guerreiro (O problema nacional do Brasil) é uma alusão a O problema nacional brasileiro, de Torres (1982), no qual este – de modo semelhante – define a realidade brasileira de modo ‘negativo’, pelo que lhe falta, pelo que deveria tornar-se e não pelo que era naquele momento.
1) dualidade: a coexistência inevitável numa mesma fase cultural de diferentes tempos históricos e – conseqüentemente – de diferentes formas de existência numa mesma realidade; 
2) heteronomia: incapacidade de induzir critérios da realidade nacional, submissão a um processo mimético de adesão a valores e condutas de centros culturais e tecnológicos de maior prestígio; 
3) alienação: antônimo de autodeterminação, fenômeno pelo qual a sociedade é “induzida a ver-se conforme uma ótica que não lhe é própria, modelando-se conforme uma imagem de que não é o sujeito”; 
4) amorfismo: falta de formas que organizem a vivência social, que lhe dêem “antecedentes e conseqüentes”, evoluindo assim a sociedade não “pela mediação de forma a forma, mas por improvisos, em que tudo começa sem antecedentes”; 
5) inautenticidade: existência social falsificada ou perdida em mera aparência, que não reflete a apropriação pelo sujeito do próprio ser social (RAMOS, 1960:88- 97). 
A apreensão da realidade brasileira e sua conseqüente transformação seriam possibilitadas pelo nacionalismo, de conteúdo “revolucionário”, cuja ideologia mobilizaria para a revolução brasileira. Todavia, como se caracterizaria o próprio nacionalismo?
O nacionalismo é a ideologia dos povos que, na presente época, lutam por libertar-se da condição colonial. Eles adquiriram a consciência de sua restrita capacidade autodeterminativa e pretendem exercê-la em plenitude. Mas a capacidade autodeterminativa, ou a soberania, não é atributo inato, dom da natureza, nem se obtém à maneira de dádiva de um poder munificente. A efetiva soberania é atributo histórico adquirido pelas coletividades, mediante luta, audácia e iniciativa. (RAMOS, 1960:225).
Assim, o nacionalismo seria muito mais “do que amor à terra e a lealdade aos símbolos que a representam.É tudo isso e o projeto de elevar uma comunidade à apropriação total de si mesma, isto é, de torná-la o que a filosofia da existência chama um ‘ser para si’ (RAMOS, 1960:32, itálicos nossos).
Anteriormente assim se referia: “O nacionalismo, na fase atual da vida brasileira, se me permitem, é algo ontológico, é um verdadeiro processo, é um princípio que permeia a vida do povo, é, em suma, expressão da emergência do ser nacional” (RAMOS, 1957:32). 
Entretanto, o caráter ontológico do nacionalismo é relativamente relegado por Guerreiro Ramos a partir do início dos anos 1960, coincidentemente ou não, em 1960 dá-se a publicação de Consciência e realidade nacional, de Álvaro Vieira Pinto, seu antigo colega de ISEB.
 Os equívocos de uma visão que priorizava absolutamente a autonomia e como projeto político, o nacionalismo seria a idéia-força que poderia conduzir os povos periféricos - alijados de sua soberania - a alcançar a maioridade política, econômica, social e cultural; só afirmando sua nacionalidade elevar-se-iam à condição de arbitrar os próprios destinos e postarem-se internacionalmente como sujeitos políticos. 
“O nacionalismo é o único modo possível de serem hoje universalistas os povos periféricos” (RAMOS, 1960: 226). E, embora naquele momento vigessem – assinala o autor - as tarefas nacionais para o país, que estaria emergindo do colonialismo, o nacionalismo não se converteria em realidade última, mas estágio para o alcance das referidas aspirações, momento e instrumento de construção da autonomia. 
Como ideologia, o nacionalismo só adquiriria força devido à participação popular, jamais poderia – afirma ele – ter outro enraizamento: “O nacionalismo é essencialmente uma ideologia popular e só poderá ser formulada induzindo-se da prática do povo os seus verdadeiros princípios” (RAMOS, 1960:230), sob pena de recair-se nas várias modalidades equívocas de nacionalismo: 
1) nacionalismo ingênuo: consistiria “numa reação elementar de auto exaltação do grupo”, algo próximo do etnocentrismo; 
2) nacionalismo utópico: caracterizar-se-ia “pela cegueira à lógica material das situações constituídas”; 
3) nacionalismo de cúpula: que teria como propagadoras figuras (bem ou mal intencionadas) expressivas da classe dominante em busca do favor popular; 
4) nacionalismo de cátedra: consistiria “numa posição assumida apenas no plano verbal. É o nacionalismo de professores e intelectuais que não estão dispostos a assumir os riscos implícitos na orientação que dizem adotar”; 
5) nacionalismo de circunstância: seria o oportunismo, a procura por tirar vantagens da ocasião (RAMOS, 1960:248-52). 
“Ideologia revolucionária”, o nacionalismo teria em relação à construção determinação ontológica da nação (a nação como “universal concreto”, nas palavras de Vieira Pinto) chocaram Guerreiro que – também devido às comparações (e aproximações) com sua obra A redução sociológica (RAMOS 1996) - reagiu agressivamente, como era de seu feitio, produzindo uma peça crítica de virulência única, na qual denuncia o caráter burguês, reacionário e fascistóide do livro de Vieira Pinto:
 “A filosofia do guerreiro sem senso de humor” (RAMOS, 1963:193-216). 
Embora Guerreiro Ramos não negasse o que havia afirmado, aparentemente, deu-se conta da delicadeza da questão e da tênue linha que separava a concepção da nação (e do nacionalismo) como afluência de formas de consciência mais efetivas a respeito da realidade social e a consideração da nação como configuradora do ser social, forma por excelência de organização da experiência social e ontologicamente fundante de condições básicas para se cogitar efetivamente a existência de uma forma autônoma de capitalismo (infraestrutura material e densidade social), estabelecer-se-iam condições para a existência plena da nação - primordialmente, o nascimento do povo - e floresceria o nacionalismo como modo de mobilização e organização político-social, visando desencadear as forças necessárias para se atingir o ponto de mutação que transformaria qualitativa e radicalmente o país, consolidando o capitalismo nacional e a nação. da nação uma dinâmica e complexa articulação: findada certa fase de consolidação o capitalismo nacional e a nação.
[...] a nação não se dá independentemente da existência de um mercado interno, de um sistema de transportes e comunicações suscetível de interligar todos os recantos do território [...] a nação brasileira só poderia verificar-se, em toda sua plenitude, com o surgimento de um capitalismo brasileiro. (RAMOS, 1957:32).
Haveria necessidade de alcançar certa evolução social, concretizarem-se condições - materiais, sociais, políticas etc. – para possibilitar o afloramento do nacionalismo que, como ideologia revolucionária, promoveria a realização das potencialidades do país. 
Por ser uma ideologia, uma idéia motriz, uma aspiração viva, popular e mobilizadora, o nacionalismo – na visão de Guerreiro Ramos - não se esgotaria ou formataria em um amontoado de axiomas com salvaguarda científica; as ideologias não poderiam – segundo ele – ser formuladas cientificamente:
{...] a ciência se define por um esforço de transcender a ideologia, embora se admita seu insuperável condicionamento histórico-social. Portanto, elaborar ou defender uma ideologia é confessar um propósito mistificador [...] a defesa de uma ideologia não é bem tarefa do homem de ciência como tal. É tarefa do homem de partido. A tarefa do homem de ciência é formular a teoria. (RAMOS, 1963:210).
A ideologia emergiria como aspiração social e não como algo tramado, teria como função a mobilização política, e sua efetividade frente aos desafios históricos só poderia ser avaliada após os acontecimentos – post festum, como gostava de se expressar. Não seria, portanto, tarefa do sociólogo (enquanto cientista) formular ideologias, até porque, segundo Guerreiro Ramos (alfinetando o ISEB, do qual havia se desligado no final de 1958), “ideólogo que se preza não é professor de ideologia nacionalista” (RAMOS, 1963:210).
Nunca houve, na história da inteligência, quem quer que seja minimamente categorizado para o trato das coisas do saber, que concebesse a idéia de formular uma ideologia. Só as ideologias mortas podem ser narradas. As ideologias vivas, como o nacionalismo em nossa terra, são inenarráveis como sistema. (RAMOS, 1963:209).
Essa forma de conceber a ideologia é comum também a Helio Jaguaribe (1979), e caudatária das formulações de Mannheim (1968) e Weber (1972) com relação à política: não se poderia perscrutar o futuro, não haveria ‘posições científicas’ para os anseios políticos, a ciência só poderia ser instrumentalizada para o agir no sentido de racionalizar a ação, de saber se há correspondência entre as pretensões e os objetivos, se por meio de tais formulações se pode efetivamente alcançar os alvos, nunca para deduzir cientificamente metas políticas. 
No entanto, se Guerreiro Ramos recusa-se a dar um conteúdo dogmático ao nacionalismo, ou identificar ciência e ideologia, acaba por considerá-lo uma ciência: “ciência do ponto-de-vista dos povos proletários” (RAMOS, 1960:254).
É fácil compreender que, mais do que os povos desenvolvidos, os atuais povos periféricos são portadores do ponto-de-vista da comunidade humana universal. A ciência é atividade realizada à luz desta perspectiva. O máximo de consciência universal está hoje naturalmente à disposição dos povos periféricos e, por isso, podem ter uma ciência mais avançada do que a dos povos metropolitanos. O nacionalismo, como ideologia básica desses povos, adquire assim atributos de verdadeira ciência. A ciência é praticada em cada época segundo as possibilidades históricas existentes. Sua universalidade é sempre relativa. Não há uma ciência universal absoluta, indene às condições históricas. Alcançam necessariamente a universalidade possível em cada época os que contemplam os fatos como essencialmente provisórios em sua determinação concreta. Ora, somente os povos proletários estão naturalmente votados e dispostos a estemodo de ver, pois só o futuro lhes promete a realização de seus ideais, que se transmutam, por imperativo de sua condição, em ideais universais. (RAMOS, 1960:254).
O nacionalismo – e a ânsia de superação das condições atuais - propiciaria uma ampliação do horizonte histórico dos povos oprimidos, bem como uma noção historicamente condicionada do devenir, o que legaria a esses povos um potencial de vislumbre do dinamismo da situação histórica, de consciência, enfim, “científico”. 
A perspectiva privilegiada dos povos periféricos seria o fundamento do nacionalismo como ciência, por meio dela abrir-se-iam as possibilidades de entrever o precário, o historicamente relativo, o particular, em contraposição a uma visão universalmente abstrata, estática e formalista que acometeria os povos desenvolvidos, atingidos pelo conformismo – e desejo íntimo de conservação - de uma posição superior.
 
Esfumavam-se assim as fronteiras entre ciência e ideologia: a ciência adquire um caráter histórico-relativo, fortemente condicionado pelas circunstâncias, perspectivas e mesmo anseios dos sujeitos; por seu turno, a ideologia transfigura-se em ‘visão de mundo’ e condiciona a perspectiva cognoscente, mobilizando aspirações sociais e atitudes políticas. 
De forma análoga (e irônica), a afirmação de certo privilégio cognoscente por parte da “classe proletária”, mormente na época de influência do stalinismo, foi alvo de amplas e duras criticas por parte de Guerreiro Ramos (1963). 
Adverte o autor, porém, que a instrumentalização científica do nacionalismo demandaria uma atitude deliberada, metódica, racionalmente organizada e sistematizada conforme uma – em sentido fenomenológico – “intencionalidade”:
É certo que em sua expressão espontânea, o ponto-de-vista dos povos periféricos não atinge o plano da ciência. Para chegar até aí, é necessário lhe sejam dados suportes teóricos sistemáticos, o que demanda trabalho de absorção da herança humanística legada pelo passado e seu ajustamento positivo e dinâmico a novas exigências [...] Como ciência, o nacionalismo só pode ser expresso à guisa de conjunto de princípios gerais de uma atitude metódica destinada a habilitar, a transpor conhecimentos e fatos de uma perspectiva para outra, a relativizar o adquirido, a bombardear com perguntas e arguições todo produto da ação humana. (RAMOS, 1960:255).
Tal concepção - já exposta teoricamente sem tal acentuação política em A redução sociológica (RAMOS, 1996) - é fundamental para a projeção de uma “sociologia nacional”, como Guerreiro Ramos pretendia, isto é, utilizar-se da perspectiva nacional como mirante privilegiado para uma real compreensão dos problemas conforme a especificidade do país, nunca como princípio geral de interpretação “crítica”. 
Entre as tarefas do nacionalismo revolucionário estaria também a solidificação de uma cultura nacional, superando os males da transplantação e da alienação que assolariam a produção cultural brasileira. “O Brasil já possui ingrediente bruto de uma cultura nacional” (RAMOS, 1960:241), este ingrediente seria a existência.
Mais tarde, a partir do final dos anos de 1960, o autor faria uma revisão de suas posições a respeito da concepção de história, negando certa visão teleológica e afirmando a mudança histórica em termos de “possibilidades” (RAMOS, 1967). 
 [...] É essencialmente produzida pelo povo e subsidiariamente pelos intelectuais, que realizam tarefa por excelência estilizadora” (RAMOS, 1960:243). 
A existência do povo possibilitaria essa realização - “não há cultura nacional onde não existe povo” –, pois a transformação qualitativa da produção cultural não seria uma questão de caráter estético, mas eminentemente política: “Somente quando se modificar o modo de sua articulação à história universal poderá ser transformado o caráter de sua cultura [do Brasil]” (RAMOS, 1960:242). 
Todavia, explicitamente, que transformação marcaria a cabal existência de uma cultura “nacional”? Em “quê” isso mudaria significativamente o eixo da respectiva visão de mundo? Ao definir o conceito de cultura o autor dá-nos indicativos.
Cultura é o conjunto de produtos materiais e não materiais resultantes da atividade transformadora dos povos, mediante os quais se exprime uma idéia interpretativa do homem e do mundo. Não há povo que não possua idéia interpretativa do homem e do mundo e que não a exprima em tudo aquilo que faz. A cultura é produto da prática social. (RAMOS, 1960:241-2). 
[...] 
A cultura de um povo é o seu ponto-de-vista. Falar, portanto, da cultura brasileira é falar do ponto-de-vista brasileiro. Nunca tivemos propriamente um ponto-de-vista, porque não constituíamos uma personalidade histórica, isto é, não tínhamos condições reais que nos permitissem o comando pleno do curso de nossa existência [...] Víamos a nossa realidade através de interpretações importadas. E o hábito secular de consumir idéias e interpretações pré-fabricadas viciou o espírito de nossas camadas instruídas – o que torna o esforço de elaboração da cultura nacional extremamente penoso, em virtude da inércia mental contra que tem de chocar-se. (RAMOS, 1960:243).
Assim, a cultura - sob o impacto do projeto político - adquire um núcleo histórico-pragmático e militante; já o intelectual, organizador da nação – e guardião da consciência social – tem então suas atribuições, suas pautas e seu compromisso relacionado ao povo: exerce agora sua função como um mandato popular. 
O nacionalismo – naquele período da obra do autor – insinua-se como ideologia e ciência, politicamente revolucionário e pragmático, perspectiva sócio histórica e posicionamento ético, forma de autonomia e de engajamento, cultura autêntica e ponto de vista, consciência popular e missão intelectual... Tais paradoxos, muito presentes no pensamento nacional daqueles anos de 1950, podem ser sintetizados na pretensa função – atribuída pelo autor – de, organicamente, ser aquele nacionalismo instrumento de realização do capitalismo brasileiro e afirmação de um destino histórico autônomo. Ironicamente, via no desenvolvimento do capitalismo, numa maior inserção – obviamente não-qualificada - do país no circuito mundial de reprodução do capital a possibilidade de autonomia econômica e política. 
Estranha forma de libertação: atirar a chave do cárcere - no qual está encerrado - pela janela. 
Bibliografia 
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RAMOS, A. G. O processo da sociologia no Brasil: esquema de uma história das idéias. Rio de Janeiro: [s. ed.], 1953. 
—. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro: Andes, 1957. 
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—. A crise do poder no Brasil: problemas da revolução nacional brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 1961. 
—. Mito e verdade da revolução brasileira. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1963. 
—. A modernização em nova perspectiva: em busca do modelo da possibilidade. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: FGV, n. 2, 2º sem. 1967, p. 7-44. 
—. O problema do negro na sociologia brasileira. In: SCHWARTZMAN, S. (sel. e introd.). O 
pensamento nacionalista e os “Cadernos de Nosso Tempo”. Brasília: UNB/Câmara dos Deputados, 1979, p. 39-69. (Biblioteca do pensamento político republicano). 
—. A redução sociológica. 3. ed.Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996. 
TORRES, A. O problema nacionalbrasileiro: introdução a um programa de organização nacional. 4. ed. São Paulo: Ed. Nacional, Brasília, Ed. UnB, 1982. (Temas brasileiros, 38). 
WEBER, M. Ciência e política: duas vocações. 4. ed. Brasília: Editora UnB; São Paulo: Cultrix, 1968. 
Recebido em:
12-04-2011
Aprovado em:
01-06-2011
Por João Carlos Nogueira - Sociólogo . SEPPIR
MITO E VERDADE DA REVOLUÇÃO BRASILEIRA:
Sendo um sociólogo brasileiro, Guerreiro Ramos esta em uma posição privilegiada e não pode desperdiçar a oportunidade empírica do momento social e realizar pesquisas a fim de aprimorar o progresso cientifico da Sociologia moderna.
Para essa observação cientifica do processo revolucionário, vai se necessitar muito mais do que capacidade cientifica, mas de muita sensibilidade humana.
Contudo para deleite de eruditos em sociologia ou Politica, mas não seria útil a massa do povo pois não seria compreensível, então deve ser traduzido de forma simples e clara, a cerca da situação do Brasil, da época em que o artigo foi escrito, em suma o Brasil se vivia um momento politico e sociológico revolucionário.
Então de forma conceitual, se coloca que para compreender o momento presente em que o artigo foi escrito pro Alberto G. Ramos, é preciso não estar pervertido por hábitos, e conceitos esclerosados, pois muitos aspectos serão explorados.
Interessante a resignação a respeito sobre a definição das palavras “revolucionário e revolução”, explica que não se chega a uma definição tranquila, pelos estudiosos da Ciência Social, PROVAVELMENTE POR QUEM SUBSIDIA os estudos por ser de ordem burguesa, os sociólogos evitam o tema, ou não o fazem diretamente. Contudo Alberto G.Ramos parece estar disposto a esclarecer o processo que esta em marcha.
Sociologia e Revolução
Auguste Comte, o criador do termo e pai Sociologia como Ciência, se conhece hoje, apresenta no sentido conservador e ao parece contrarrevolucionário. Nega o caráter histórico à revolução, despreza a vivencia e considera uma doença social. Segundo Comte a sociedade deve obedecer a autoridade, cabe ressaltar que Conte trabalhou intensamente na criação de uma filosofia positiva e mantinha um curso de Filosofia Positivista.
Ocorre que Comte, via esse processo revolucionário com muito mau humor, ele o entendia como segundo ele uma lesão moral e psicológica, com efeitos negativos, que deveriam ser neutralizados pela “reforma da inteligência”. 
Foi Auguste Comte que afirma “ a reorganização final deve operar-se primeiro nas ideias, para depois passar aos costumes e, em últimos termo as instituições”.
Interessante um parênteses pessoal aqui, sendo Auguste Comte um cidadão Frances, ser contra a revolução ou processo revolucionário, que por ele é considerado um uma lesão moral e psicológica que trás efeitos negativos e que deve ser neutralizado, é interessante que o Estado coloque na bandeira nacional o lema de Comte “ORDEM E PROGRESSO”, Conte acredita na evolução continua, nas grandes transformações sem dramatismos e abalos, gradativamente e em consonância com os avanços das ideias humanitárias.
Pode ser que a inspiração em um lema do positivismo, corrente filosófica popular na época da criação da bandeira nacional, em 1889.
Ela acreditava que a ciência era a única forma de progresso para a sociedade moderna. A frase original, cunhada pelo positivista Augusto Comte, era "o amor por princípio, a ordem por baixo e o progresso por cima", (em francês L'amour pour principe et l'ordre pour base; le progrès pour but.).
 Ao contrário do que muitos podem pensar, o positivismo foi de grande importância histórica para a formação da sociedade brasileira, como um todo. Tanto é verdade que, somente na Biblioteca do Museu Imperial de Petrópolis, encontramos três referências importantíssimas acerca do movimento, vindo a corroborar a tese da Igreja Positivista de que Benjamim Constant era adepto da filosofia racional, podendo-se afirmar, inclusive, tratar-se de um saudável laicismo, notadamente diante da separação do Estado e da Igreja, já no Segundo Reinado.
Sem sombra de dúvidas, a partir do momento em que é fundado o Grande Oriente do Brasil, hoje a segunda maior Potência do Mundo e a maior da América Latina, se não temos um movimento nitidamente positivista, temos o início do que eram os pensamentos de Comte na Europa. 
 Fonte “http://www.lojasmaconicas.com.br/artigo2/positivismo1.htm”
 Fica evidente que Comte não aceita a ideia revolucionaria sob força bruta e armada, com guerrilha como Lenin prega e sim pela ordem natural, com o amadurecimento como por ele definido como progresso le développement de l´ordre, a revolução seria na consciência.
A Sociologia de Comte é hoje em 1960, considerada conservadora, o co-fundador da Sociologia Herbert Spencer, que tratou os aspectos dinâmicos da sociedade, em grandes traços, como Comte que via a evolução da sociedade três grandes períodos, o teológico, metaficos e positivo, cada um definido por características intelectuais.
Spencer analisa a sociedade superficialmente, genérica e abstratamente, segundo Spencer a evolução “é uma integração de matéria e concomitante dissipação de movimento, durante o qual a matéria passa de uma homogeneidade indefinida, incoerente a uma heterogeneidade, coerente”.
Ainda segundo Spencer a evolução consiste em transformações gradativas a partir da coletividade militar, onde predomina a cooperação coercitiva, para a coletividade industrial, onde predomina a cooperação voluntaria.
Aqui nesse paragrafo o autor faz uma critica, sobre Comte, Spencer seus inúmeros seguidores, por não se referirem aos movimentos sociais, a dinâmica social, categoria concreta da classe. Sendo assim não podem chegar a um conceito objetivo de revolução. Afirma que não é possível compreender o fato histórico-social da revolução sem referi-los às classes sociais.
Toda revolução verdadeira só se realiza quando o seu destinatário é uma classe ou uma coalização de classes representativa de avanço no nível das forças produtivas, para o quadro revolucionário estar situado concretamente na luta de classes equivale a contar com uma organização garante permanente contato com as camadas sociais que representa. Sem essa espécie de organização, não se consegue realização a transformação de envergadura, no domínio econômico, politico e social, e própria estabilidade de poder. 
Faz uma critica a Sociologia universitária que trata os temas referentes a revolução de forma formal, encerradas ou decorridas. Sendo o máximo que o órgão oficial faz em relação o assunto revolução, um processo extinto. São típicos desta atitude A Sociologia da Revolução de Sorokin, A Anatomia da Revolução, de Crane Brinton, e o verbete da Enciclopédia de Ciências Sociais (norte americanas) intitulado Revolução e Contra-Revolução, escrito por Alfred Meusel.
Seriam elucidativas algumas ilustrações da indigência que ordinariamente apresenta a Sociologia universitária no enforcamento do tema.
[...] A sociologia beneficiou-se também da atuação de fundações privadas de pesquisa. Determinadas universidades norte-americanas contaram com expressivos aportes financeiros da Carnegie Corporation, da Rockefeller Foundation, por meio da Laura Spelman Rockefeller Foundation, que criou, em 1923, o Social Science Research Council. Os subsídios da Rockefeller Foundation não visavam promover a criação de uma “ciência social pura”, mas apoiar o desenvolvimento de uma sociologia que, por meio de dados empíricos, pudesse contribuir para a solução de questões sociais relevantes. A esse propósito, seria oportuno assinalar que um dos primeiros departamentos de sociologia no contexto norte-americano foi criado na Universidade de Chicago com um substancial apoio financeirode John Rockefeller para a sua fundação, em 1892, tendo o departamento desenvolvido uma agenda de pesquisa sobre problemas urbanos (Bulmer, 1984; Geiger, 1986).
Na fase inicial de implementação dos departamentos de sociologia, não era incomum a contratação de líderes reformistas e/ou de indivíduos que desenvolviam trabalhos em organizações assistenciais como seus docentes. Vários presidentes de universidades renomadas, assim como destacados professores que atuavam nas ciências sociais, mantinham estreitos laços com organizações inseridas no movimento reformista. O presidente da Universidade Johns Hopkins, por exemplo, Daniel Gilman, participava do movimento cooperativista e mantinha relações com as Charity Organization Societies. Envolveu alunos e professores com esse movimento de organizações filantrópicas ao mesmo tempo em que pleiteava a inclusão de uma disciplina denominada por ele de “caridade científica” no interior da universidade. Em Chicago, a figura de Jane Addams destacava-se como uma liderança central no movimento reformista. A Hull House, originalmente sediada em um barracão reformado e inaugurado por ela em 1889 para oferecer serviços assistenciais para as camadas pobres, expandiu-se para outros prédios nos anos seguintes e transformou-se não apenas em um centro de oferta gratuita de serviços sociais, mas também em um espaço no qual reformadores, políticos e acadêmicos se encontravam com frequência para discutir questões sociais (Recchiuti, 2007). Albion Smal, que chefiou por quase trinta anos o departamento de sociologia da Universidade de Chicago e que acreditava que a sociologia poderia oferecer uma importante contribuição para a reforma social, era um dos frequentadores habituais da Hull House. Em sua companhia, George Herbert Mead e Charles Henderson, que eram também professores de ciências sociais da Universidade de Chicago. O sociólogo William Thomas, também da Universidade de Chicago, marcava presença na Hull House, o que lhe permitiu obter um considerável volume de informações empíricas (Janowitz, 1966; Volkart, 1951). [...] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092015000100163
Ainda sobre a positivação da Sociologia como ciência logo no período das duas grandes revoluções no século passado, a saber a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, a Sociologia vai se tornar na verdade um instrumento de dominação pela elite burguesa.
[...] A esse propósito, seria oportuno assinalar que um dos primeiros departamentos de sociologia no contexto norte-americano foi criado na Universidade de Chicago com um substancial apoio financeiro de John Rockefeller para a sua fundação, em 1892, tendo o departamento desenvolvido uma agenda de pesquisa sobre problemas urbanos (Bulmer, 1984; Geiger, 1986).
Fica interessante se questionar, as reais razões da Fundação Rockefeller, pertencente a umas das famílias mais ricas do planeta, ser tão interessada a filantropia, várias poderiam ser os questionamentos. 
[...] Rockefeller revolucionou o setor do petróleo e definiu a estrutura moderna da filantropia. Em 1870, fundou a Standard Oil Companye a comandou agressivamente até sua aposentadoria oficial em 1897[1] . A Standard Oil começou com uma parceria em Ohio de John com seu irmão, William Rockefeller, Henry Flagler, Jabez Bostwick, o químico Samuel Andrews e Stephen V. Harkness. Como a importância do querosene e da gasolina estava em alta, a riqueza de Rockefeller cresceu e ele se tornou o homem mais rico do mundo e o primeiro americano a ter mais de um bilhão de dólares. Em 1937 (ano de sua morte) sua fortuna foi avaliada em 1,4 bilhão de dólares[a 1] . Ajustando sua fortuna da época à inflação, é o homem mais rico da história, com cerca de 663 bilhões de dólares em 2015 (2.519.4 trilhões de reais - cotação do dólar em 10 de novembro de 2015)
Começaremos por Alfredo Povinã, que em 1933, publicou Sociologia de la Revolución. Supõe-se, Supõe-se que tendo-se proposto um exame por assim dizer monográfico do assunto estivesse disposto a esmiúça-lo pelo menos em seus aspectos mais salientes. 
No entanto em 1945, ao retomar a matéria num Capitulo de Cursos de Sociologia, ainda incide em debilidades ostensivas. Não existe em tal texto uma definição satisfatória do termo. Algumas definições, lá se encontra apenas o seguinte: “ larevolución social que se realiza por violência” (pag 309). Confirma assim Povinã, tardiamente, o mesmo ponto de vista conservador de Alberto Comte, para o qual, também o estigma de anormalidade existia nos movimentos literários.
 É certo que Povinã tem a defesa de ter aplicado o adjetivo “anormal”, na acepção proposta por Durkhein, isto é como equivalente e não-habitual, pouco frequente. “Anormal” no caso, não tem propriamente uma conotação ética. Mas o termo “anormal”, no caso, introduz ambiguidade na definição em apreço, pois objetivamente a revolução pode representar a instauração precisamente da normalidade, somente que se trata de uma normalidade em conflito com a vigente, porque representativa de condições, ainda sem enquadramento institucional. 
O próprio Povinã reconhece que revolução “invade el campo del deber ser social” (pag 309) e, assim, inspira-se num ideal de normalidade. Povinã tem o mérito de qualificar a palavra violência, salientando que não se deve ser entendida em seu “aspecto material”, de “força”.
 Ele vislumbrou o problema que o termo implica sem, no entanto, ferir, nem mesmo superficialmente o magno imperativo de uma teoria sociológica da violência. Feitas essas ressalvas, parece, no entanto, ostensiva a deficiência de definição de Povinã, que trta do tema em nível tão abstrato e geral que não condiz a um conhecimento verdadeiro.
O Dicionário de Sociologia, de que é editor Henry Pratt Fairchild, não é menos impressionista que Alfredo Povinã. 
“revolução – Mudança súbita, esmagadora, na estrutura social ou em algum aspecto importante dela. Forma de mudança social que se distingue por seu alcance e velocidade. Pode ser ou não acompanhada de violência e desorganização social. Quando se verificam mudanças de igual magnitude em forma gradual e sem luta ou violência excepcionais, trata-se de, de ordinário, de uma expressão da evolução social. O essencial na revolução é mudança brusca, não o levante violento que com frequência o acompanha. Com efeito, existe justificação plena da teoria que afirma que a verdadeira revolução como fenômeno social se inicia muito antes de que apareçam suas manifestações violentas e que praticamente fica realizada antes de que se produzam tais manifestações. A violência é, simplesmente, prova manifesta de que a mudança ocorreu...”
[...] De forma análoga (e irônica), a afirmação de certo privilégio cognoscente por parte da “classe proletária”, mormente na época de influência do stalinismo, foi alvo de amplas e duras criticas por parte de Guerreiro Ramos (1963). 
A cultura de um povo é o seu ponto-de-vista. Falar, portanto, da cultura brasileira é falar do ponto-de-vista brasileiro. Nunca tivemos propriamente um ponto-de-vista, porque não constituíamos uma personalidade histórica, isto é, não tínhamos condições reais que nos permitissem o comando pleno do curso de nossa existência [...] Víamos a nossa realidade através de interpretações importadas. E o hábito secular de consumir idéias e interpretações pré-fabricadas viciou o espírito de nossas camadas instruídas – o que torna o esforço de elaboração da cultura nacional extremamente penoso, em virtude da inércia mental contra que tem de chocar-se. (RAMOS, 1960:243). [...] 
[...] Revolução é uma palavra com origem no latim revolutione, que significa ato ou efeito de revolver ou revolucionar. Pode ter vários significados aplicados a várias áreas diferentes, podendo ser sinônimo de revolta ou de um movimento giratório.
Uma revolução é alteração violenta nas instituições políticas de uma nação, muitas vezes alcançadas através de uma rebelião ou motim. É uma mudança radical dentro de uma sociedade, que ocorre a nível político, econômico,cultural e social, onde é estabelecida uma nova ordem, que é instituída pelas forças políticas e sociais vencedoras.
A Revolução Francesa corresponde ao período entre 1789 a 1799, que serviu para terminar o Antigo Regime. O lema da Revolução Francesa foi "Igualdade, Fraternidade e Liberdade".
A Revolução Francesa teve como motivação a infelicidade social causada por razões econômicas e diplomáticas, como más colheitas, aumento demográfico, etc. O povo francês verificava que a França ficava para trás em comparação com outros países em avanço, como a Inglaterra. A sociedade iluminista e burguesa verificou o sucesso da revolução americana, o que motivou o derrube do regime absolutista. Naquela altura, com medo de perder os seus privilégios, a nobreza tentou se defender, impedindo que os ministros de Luís XVI pudessem tomar medidas para melhorar a situação econômica vivida.
No dia 14 de Julho de 1789, quando o povo soube que o rei pretendia dissolver a Assembleia, houve o assalto e destruição de Bastilha, prisão do Estado e símbolo da repressão do Regime absoluto. O Rei tentou fugir do país, mas foi detido e obrigado a aprovar a constituição criada recentemente. Mais tarde, em Janeiro de 1793, a Assembleia votou a execução do rei Luís XVI, decisão que fez com que a Grã-Bretanha, Espanha e Holanda declarassem guerra à França.
Para Lenin, uma situação revolucionária seria, antes de tudo, compreendida como um momento da luta de classes, ou seja, uma temporalidade excepcional da vida política das nações: aquele intervalo histórico em que a luta dos sujeitos sociais explorados e oprimidos desafia a dominação política de tal maneira que se abre uma crise nacional. 
Reivindicava a delimitação programática e teórica do marxismo com os substitucionistas que enfatizavam o lugar da vontade dos revolucionários. Quis a ironia da história dos debates marxistas que fosse justamente Lênin, arquiteto da organização política mais revolucionária do século XX, quem destacasse, no seio da esquerda marxista da II Internacional, que uma situação revolucionária seria, em primeiríssimo lugar, um deslocamento das relações de forças entre as classes, provocado pela entrada em cena, como protagonistas da história, das grandes massas populares, até então, politicamente inativas e, moralmente, resignadas. 
Como definir uma situação revolucionária, ou uma crise revolucionária e, de modo mais geral, uma revolução? Em Lênin, os três conceitos foram usados para definir realidades inseparáveis, mas conceitos que remetem a momentos distintos da luta de classes e categorias diferentes da análise política. Defendia, por suposto, que o papel dos revolucionários, se organizados como um partido na luta pela direção das massas, poderia ser decisivo para o triunfo da revolução. Colocava a ênfase, no entanto, na análise da situação revolucionária como sendo um dos tempos da luta de classes. Invocava, nesse sentido, toda a tradição marxista que diferenciava o lugar histórico objetivo do sujeito social – o bloco de classes com interesse na revolução – do papel político subjetivo da direção, o partido, ou os partidos engajados na luta pela revolução.
 [...] Fonte(s):http://www.pstu.org.br/especialrr_materi...
Acredito ser importante dar notoriedade a duas pessoas como acima foi feito, a Fundação Rockefeller representando o capitalismo em si e Vladmir Lenin, como dois opostos, sendo uma partindo de cima para baixo e outra de baixo para cima, do burguês ao proletariado e vise versa.
Ambos com suas técnicas de dominação próprias, mais regradas que o período absolutista, mas não menos viz.
Para Luís Recasens Siches, a evolução seria superior a revolução.
Na obra Anatomia da Revolução, de Crane Brinton, traz rica informação de cunho analógicas, e se preocupa em focalizar as uniformidades ou regularidades do fenômeno em diferentes momentos. Contudo Brinton não possui uma concepção de revolução própria, pois ao recorrer a analogia, as considera como doença, não procura com exatidão as raízes que motivam o nascimento de uma revolução.
O autor não demonstra o seu enforcamento nos reflexos morais, mas tem. Observa-se na conclusão final, o trecho insinua que as revoluções não mudam nada. Segundo Brinton as sociedades, ele fala que as sociedades passam pelo ciclo de revolução mas que “não emergem inteiramente renovados.” E completa dizendo que é um trauma desnecessário ou ainda engodo.
Podemos então considerar a Revolução Francesa ou Soviética? Evidentemente que não. A visão de Crane Brinton é conservadora, e não vê o que de positivo existente no fenômeno revolucionário.
Pela ótica cientifica, ao adotar retardatariamente o organicismo, pois a tanto corresponde, no caso, comparar, a sociedade a um paciente.
Ideologicamente falando o autor deixa-se ingenuamente expor seus pensamentos aristocráticos.
A concepção voluntarista
Na ordem da sequencia cronológica, observamos inicialmente a concepção voluntarista ou iluminista da revolução, que a considera criação histórica, imune da influencia do passado e do presente. Segundo Feuerbach expressa em seu texto esse modo de ver o tema,
 “A humanidade, se quer fundar uma nova era , deve cortar qualquer vínculo com o passado: deve estabelecer que tudo o que passou deve estabelecer que tudo o que aconteceu até agora é nada. Somente assim adquirirá ardor e força para novas criações; tudo o que tiver relação com as condições atuais não poderia senão secar o manancial de sua atividade.”
Alguns autores, divergiam tenuamente do mesmo tema, e foram voluntaristas, a saber Rousseau, Helvétius, Fichte, Owen e Blanqui, tinham um pensamento elitista ou seja um grupo minoritário deveria se ocupar com a tarefa revolucionária ou regeneração social, por suporem suas qualificações serem credenciais extraordinárias a qualifica-los, assim poderiam conduzir a maioria para a nova era.
Desprezão o processo histórico, são ideias revolucionárias não pelo passado, mas sim pelo momento presente de sua época, por obstáculos concretos do presente a serem removidos. Claro que a revolução do presente esta ligada ao passado. Libera no presente o preso do passado, pelas circunstancias. 
Mas é na história que a revolução acontece, como o desfecho de uma luta entre o novo e o velho, concretamente configurados, na própria realidade social, sob a forma de interesses de classes ou categorias em dissidio.
Pode-se dizer que o voluntarismo revolucionário “é pretensão soberba”, explica Rodolfo Mondolfo, “afirma a atividade humana como livre criadora do mundo, considerando a realidade existente como obstáculo ou matéria para sua ação, porém exterior ao espirito humano, em lugar de reconhece-la como força viva interior ao homem mesmo, operando nele no ato em que quer lutar contra ela, ademais destrói não só “toda possibilidade de compreender a história como processo vital, que tem unidade e continuidade e, assim, uma necessidade interior de desenvolvimento “, como ainda impossibilita ação politica eficaz, à altura da necessidade histórica real. 
A concepção historicista
Para Marx deve-se procurar no plano histórico os fundamentos da revolução, mas critica o modo voluntarista, mesmo vendo algo de positivo.
A revolução segundo Marx, não é outorga, mas culminação de um processo real, contra o iluminismo de Feuerbach.
A revolução vem da pratica das pessoas, apresentado na sociedade. É conhecida à maneira de ideal abstrato, e vivida por poucas pessoas privilegiadas.
Na necessidade de transformação nasce a revolução, nas reivindicações do status quo e, segundo Mondolfo, “nasce do estimulo perpétuo da necessidade; as condições que suscitam a necessidade, sejam derivadas da natureza, ou constituídas pelos resultados da atividade humana antecedente, não são exteriores à humanidade, antes devem penetrar na vida de seu espirito para impulsiona-la à atividade, ou são expressão ou produto desta vida e atividade: produto, que é também produtor, criação e criador ao mesmo tempo, no processo infinito do revolvimento da pratica”.
Sob estaconcepção pode-se tratar o processo social da revolução como objeto do conhecimento técnico e cientifico. Marx e Engels, desejavam mostrar que não era inalcançável a transformação qualitativa da sociedade e que obedece a leis, e que resulta de fatores que operam continuamente na realidade social. 
Então surge como ciência o socialismo, uma doutrina utópica, fundada por Marx e Engels, fundaram a ciência da revolução. Porque admitiram que toda revolução tem seu determinismo, no qual se liquida o dualismo entre o elemento subjetivo e o elemento objetivo, mediante a categoria de prática (práxis).
A Concepção sincrética
Em uma terceira concepção caracterizada pelo adjetivo sincrético. Podemos denomina-la de leninismo, pois combinou o blanquismo e o marxismo. Lenin foi mestre do socialismo de cima para baixo, como dizia Daniel Guerin “socialisme par em haut” e foi continuado por Stalin. Lênin tinha profunda admiração pelos teóricos do voluntarismo revolucionário, dentre eles o seu compatriota Tkatchev e o Frances Blanqui. 
Segundo Tkatchev, o povo por si só, a massa não seria capaz de realizar a revolução social. Somente a aristocracia ou minoria revolucionária poderia faze-lo... O povo não pode salvar-se a si mesmo, e não poderia dar vida nem corpo as ideias da revolução social. Tkatchev afirmava que “ O povo, privado de dirigentes, não é capaz de chefiar um mundo novo... Êste papel e esta missão pertencem exclusivamente a minoria revolucionária.” Que sob estes termos o o pensamento de Tkatchev é parecido com o blanquismo, sobre cujos adeptos escreveu Engels: ambos educados na escola de conspiração ligados pela estrema disciplina que lhe é própria. Portanto planejam organizar-se para reunir a massa do povo, e bem organizados poderiam conduzi-los a Revolução. Para isso percebem que seria importante deter todo o poder nas mãos do novo governo revolucionário.
Daniel Guérin, procurando ao esclarecer o pensamento de Marx em relação ao Blanquismo, observa que Marx condena a preocupação dos conspiradores de “artificialmente” improvisar uma revolução “ sem as condições de uma revolução”. Para eles disse Marx, “em lugar da situação real, é a simples vontade que se torna a força motriz da revolução”. Precisa Daniel Guerin a concepção marxista nas seguintes citações de Marx e Engels: “Nós não somos conspiradores que querem, num dia determinado, deflagrar uma revolução”, 	as revoluções não acontecem de proposito e a vontade... em toda parte e sem todos os tempos foram consequência de vontade e de direção de tais e tais partidos”. 
Lênin é um grande representante, de uma concepção com traços originais. Nunca contestado por Marx ou Engels, sobre entendimento da tarefa revolucionária. Não os seguiu a risca, e seus ensinamentos, acentuou aspectos da questão, em termos que nenhum militante marxista ousou antes dele. 
Para Lenin, as massas não alcançavam espontaneamente a consciência totalizante do processo histórico. Só veem os seus aspectos fragmentados. Por isso, combateu energicamente o economismo e o sindicalismo, isto é, a mera agitação politica, no plano econômico e sindical. Na verdade, Lenin se desejava interferir no movimento operário, conferindo-lhe uma qualificação que, a seu ver, ele não podia criar por si só, a consciência totalizante. “Sem teoria revolucionária, não existe movimento revolucionário”, disse Ora, “teoria revolucionária” no caso é a visão do papel da classe operária à luz da totalidade, ou seja, da situação histórica em seu conjunto. A simples luta por vantagens e direitos distancia a massa da compreensão de sua missão propriamente revolucionária ao contrário, acarreta o fortalecimento da ideologia burguesa. 
O fator espontâneo a seu ver debilita o movimento socialista. Lenin cita e acolhe Kaustsky quando diz que a consciência socialista não “deriva automaticamente da luta de classes” mas é algo introduzido de fora na luta de classes do proletariado”. E sem nenhum receio de ser arguido de aristocratismo, não hesitou em observar que a doutrina socialista foi elaborada por intelectuais burgueses filósofos, versados em teorias econômicas e históricas. Conhecimentos que nunca estão disponíveis as massas ou ao proletariado.
Lenin apresenta uma visão global da concepção revolucionária. As criticas que Marx e Engels fazem aos “blanquistas e conspiradores”, não lhe cabem.
Definição da revolução
Não é ao acaso que se que Blanqui, Marx e Lenin são mencionados. São representantes de três momentos necessários no enforcamento da tarefa revolucionária. Em primeiro momento Blanqui, foi ressaltado o aspecto subjetivo. E segundo momento Marx e Engels, o intento de fazer da revolução um objeto de analise cientifica induziu os que o assumiram, não propriamente a excluir o elemento subjetivo, mas integra-lo como componente inseparável das condições da realidade histórico-social. No terceiro momento Lenin, não se recusa a validade genérica do segundo modo de entender, aprofundou-se o conhecimento de como atua o fator subjetivo, na dinâmica da revolução.
Conceito de revolução; revolução é o movimento, subjetivo e objetivo, em que uma classe ou coalizão de classes, em nome dos interesses gerais, segundo as possibilidades concretas de cada momento, modifica ou suprime a situação presente, determinando mudança de atitude no exercício do poder pelos atuais titulares e ou impondo o advento de novos mandatários.
O princípio da “práxis”
A medida em que o elemento subjetivo e o objetivo participam da revolução não é abstrata. So na pratica ela se determina. É no entanto inconcebível uma transformação social, qualquer que seja o seu esporte, sem a participação do elemento subjetivo. Qualquer transformação social e a revolução o é se efetua necessariamente mediante a atividade humana, entre o homem e o mundo dos objetos, na qual um e outro se influenciam reciprocamente. 
Revolução é um problema de prática. Seu modelo, sua tática, estratégia se induzem da prática revolucionária. E se derivam do processo conhecimento, exatamente como o operário de seu oficio. 
Sendo que o elemento subjetivo da pratica varia, desde o espontâneo até o mais qualificado. Lenin contemplou a variedade da qualificação subjetiva da prática revolucionária. Considerando o espontâneo o mais embrionário.
“Vistas em si mesmas – diz Lenin – essas greves eram luta sindicalista, ainda não eram luta social-democrática, assinalavam o despertar do antagonismo, entre os operários e patrões, mas os operários não tinham nem podiam ter a consciência do antagonismo inconciliável entre seus interesses e todo o regime politico-social contemporâneo, isto é, não tinham consciência social-democrática. Neste sentido, as greves da ultima década do século passado, apesar de representarem enorme progresso em comparação com motins, continuavam sendo um movimento puramente espontâneo”. 
O princípio de limites
O desempenho revolucionário te limites. Os limites requerem apurados esforços de análises das circunstancias, e limites que variam incessantemente. 
Não há regras fixas nem receitas uniformes para esse domínio. Em toda situação revolucionária um numero limitado de possibilidades objetivas, e o êxito do desempenho revolucionário requer a capacidade de tomar decisões que nunca ultrapassam essas objetivas.
A revolução é uma transformação consciente da sociedade e, portanto, em certo sentido, uma questão consciente. Mas de uma consciência portadora de qualificações especificas que a distinguem a consciência ingênua, da consciência vulgar, da falsa consciência.
Marx concebeu em O 18 Brumário de Luís Bonaparte, observou que “os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem, não a fazem sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado.”
A história das revoluções conta apenas o que aconteceu, e não se vê nem se conta o que não aconteceu. Todo o revolucionário autêntico cria as condições para a revolução acontecer. Sidney Hook, sustentaque na véspera da Revolução de Outubro, quando Lênin lançou a ordem Agora ou Nunca, o Comitê Central do Partido Bolchevique não tinha a intenção à ofensiva aberta. Muita vezes e em várias ocasiões Lênin ficou em dissídio total com seus companheiros. Foi no dia 4 de abril de 1919, quando lançou a palavra de ordem Todo Poder aso Sovietes, correspondente a derrocada do governo Kerenski, naquele data apoiada pelo partido. Lenin teve apoio com muita dificuldade. Em 1924 Stalin, afirma em relação ao partido, deu o seguinte testemunho sobre a competência revolucionária de Lenin: “Essa posição era de toda errônea (a contrária a Lenin – G.R.), pois cria ilusão pacifica. Naqueles dias, eu participei desta posição equivocada com outros correligionários e só renuncie a ela por completo, em meados de abril, quando aderi a tese de Lênin” “Che” Guevara, líder da Revolução Cubana, observou recentemente que o foco insurrecional pode criar as condições da revolução.
No Brasil, exemplo de iniciativa realista foi a chantagem do Plano Cohen, documento forjado, que serviu para criar clima de ameaça comunista e com a qual se justificou o Golpe de 10 de novembro de 1037.
Plano Cohen 
Foi um documento escrito pelo capitão integralista Brasileiro Olímpio Mourão Filho - na época membro do Serviço Secreto - com a intenção de simular, para efeitos de estudo, uma revolução comunista no Brasil.
Ele foi descoberto pelo governo no dia 30 de setembro de 1937. O objetivo desse plano era tomar o poder. Havia dois candidatos para as eleições presidenciais marcadas para 1938: José Américo de Almeida e Armando de Sales Oliveira. O plano era para que o presidente Getúlio Vargas fosse 'acusado' de tentar tomar o poder de um desses candidatos, mas depois se descobriu que fora forjado por um adepto do integralismo, o capitão Luiz Eduardo Mammana, irmão de Vargas, que criou um plano para a permanência do irmão, que anos depois daria início ao golpe de 1964. Há várias versões e dúvidas sobre o Plano Cohen: Os integralistas negam ainda hoje participação deles no golpe de estado do Estado Novo, atribuindo ao general Góis Monteiro a transformação de um relatório feito pelo Capitão Mourão em um documento oficial: o dito Plano Cohen.
Consequências
Membros do Estado Maior do Exército acabaram obtendo uma cópia do Plano Cohen, e a sua divulgação pelo ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, e pelo presidente Getúlio Vargas, no programa radiofônico oficial "Hora do Brasil" (atualmente Voz do Brasil), foi o pretexto para o governo fazer aprovar no Congresso o Estado de Guerra, em 30 de setembro de 1937, e suspender os direitos constitucionais. Dias mais tarde, em 15 de outubro, o ministério aprovou a intervenção federal nas forças públicas estaduais, para intimidar os estados que se recusavam a aderir ao golpe em andamento. Em 1º de novembro, os integralistas realizaram uma grande manifestação diante do Palácio do Catete, sede do governo, para demonstrar sua força e a solidariedade a Vargas. No dia 10 de novembro, Vargas deu o golpe do Estado Novo, que instituiu um novo regime no país. As eleições presidenciais de 1938 foram canceladas e entrou em vigor a Constituição de 1937, que havia sido redigida um ano antes por Francisco Campos.
Trecho do Plano Cohen - XVIII - OS REFÉNS
No plano deverão figurar, como já foi dito atrás, os homens a serem eliminados e o pessoal encarregado dessa missão. Todavia, tão importantes quanto estes serão os reféns, que, em caso de fracasso parcial, servirão para colocar em choque as autoridades. Serão reféns: os Ministros de Estado, presidente do Supremo Tribunal, e os presidentes da Câmara e do Senado, bem como, nas demais cidades, duas ou três autoridades ou pessoas gradas.
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Cohen
 À parte os aspectos éticos da questão, o Plano Cohen ilustra acurada intuição de uma possibilidade objetiva contida num momento da vida brasileira. Naqueles dias de 1937, sob o amparo do Governo, preparou-se a implantação do que se chama de bonapartismo estado-novista.
Em 1937 foi realizado o Golpe com a declaração, no mês de outubro desse ano, do estado de guerra, pelo prazo de noventa dias. A medida foi fundamentada pelo Ministro da Justiça, Senhor Francisco Campos, a qual se mencionava o Plano Cohen, que teria sido apreendido pelo Estado Maior do Exercito. 
Quando o Congresso Nacional solicita a autenticidade do documento, invocou-se o argumento de que os Ministros da Guerra e da Marinha mereciam fé, pois tinham “responsabilidade” perante seus colegas de farda e perante a História”. E assim foi concedido o estado de guerra, sob cuja proteção surgiu o Estado Novo, regime que durou até 1945.
Estado Novo e suas características.
Estado Novo, ou Terceira República Brasileira, foi o regime político brasileiro fundado por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, que vigorou até 29 de outubro de 1945. Era caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo,anticomunismo e por seu autoritarismo. É parte do período da história do Brasil conhecido como Era Vargas.
Em 10 de novembro de 1937, através de um golpe de estado, Vargas instituiu o Estado Novo em um pronunciamento em rede de rádio, no qual lançou um Manifesto à nação, no qual dizia que o regime tinha como objetivo "reajustar o organismo político às necessidades econômicas do país".[1]
Após a Constituição de 1937,[2] Vargas consolidou seu poder. O governo implementava a censura à imprensa e a propagandaera coordenada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Também houve forte repressão ao comunismo, amparada pela "Lei de Segurança Nacional", que impediu movimentos revolucionários, como a Intentona Comunista de 1935, durante todo o período. O Estado Novo também foi considerado mais tardiamente como um percursor da Ditadura Militar no Brasil de 1964
Histórico - Golpe de 1937
Em 30 de setembro de 1937, enquanto eram aguardadas as eleições presidenciais marcadas para janeiro de 1938, a ser disputadas por José Américo de Almeida, Armando de Sales Oliveira, ambos apoiadores da revolução de 1930, e por Plínio Salgado, foi denunciada, pelo governo de Getúlio, a existência de um suposto plano comunista para tomada do poder. Este plano ficou conhecido como Plano Cohen. Foi posteriormente acusado de ter forjado tal plano, um adepto do integralismo, o capitão Olímpio Mourão Filho, o mesmo que daria início ao Golpe de Estado no Brasil em 1964.
Pintura representando o encontro de Getúlio Vargas e Franklin Rooseveltno Rio de Janeiro, em 1936.
Os integralistas, porém, negam sua participação na implantação do Estado Novo, culpando o general Góis Monteiro, na época chefe do Estado Maior do Exército, pela criação e divulgação do Plano Cohen. Somente dezoito anos mais tarde, perante o Conselho de Justificação do Exército Brasileiro, requerido a 26 de dezembro de 1956, o então coronel Olímpio Mourão Filho, provou sua inocência. No dia seguinte à divulgação do Plano Cohen, 1 de outubro de 1937, o Congresso Nacional declarou o estado de guerra em todo o país.
Em 19 de outubro, o governador do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, depois de ter perdido o controle sobre a Brigada Militar gaúcha, a qual, por ordem de Getúlio, ficara subordinada ao Exército brasileiro, e de ter sido cercado militarmente pelo general Góis Monteiro, abandona o cargo de governador do Rio Grande do Sul e se exila no Uruguai. Flores da Cunha, que havia comprado grande quantidade de armamento na Europa, representava a última possível resistência militar a uma tentativa de golpe de estado por parte de Getúlio. Armando de Sales Oliveira, que também poderia se opor ao golpe de Estado, já deixara o governo de São Paulo, em 29 de dezembro de 1936, para se candidatar à presidência da República. Seu sucessor José Joaquim Cardoso de Melo Neto garantiu a Getúlio que "São Paulo não faria outra revolução".[4] São Paulo estava novamente dividido como em 1930, sendo que o Partido Constitucionalista (de Armando Sales e herdeirodo Partido Democrático) e o Partido Republicano Paulista não se entendiam. O PRP não aceitou apoiar a candidatura de Armando Sales à presidência da república.[4]
Getúlio, em 10 de novembro de 1937, através de um golpe de estado, instituiu, então, o Estado Novo, em um pronunciamento em rede de rádio, no qual lançou um Manifesto à nação, no qual dizia que o Estado Novo tinha como objetivo "reajustar o organismo político às necessidades econômicas do país".[1] O Estado Novo era favorável à intervenção do estado na atividade econômica, como afirmou: "É a necessidade que faz a lei: tanto mais complexa se torna a vida no momento que passa, tanto maior há de ser a intervenção do estado no domínio da atividade privada".[1] O regime entendia assim a organização política de um país e a participação do cidadão na vida política do país, nas palavras de Getúlio: "A riqueza de cada um, a cultura, a alegria, não são apenas bens pessoais: representam reservas de vitalidade social, que devem ser aproveitadas para fortalecer a ação de Estado".[5]
Na versão do almirante Ernâni do Amaral Peixoto, o Estado Novo não foi obra pessoal de Getúlio, mas sendo sim, uma decisão especialmente dos militares, visando o combate à subversão: "O Golpe do Estado Novo viria com Getúlio, sem Getúlio, ou contra Getúlio".[6]
No dia do golpe de estado, 10 de novembro, Getúlio Vargas fez um pronunciamento em rede nacional de rádio, determinou o fechamento do Congresso Nacional do Brasil e outorgou uma nova constituição, a Constituição de 1937, que lhe conferia o controle total do poder executivo e lhe permitia nomear, para os estados, interventores a quem deu ampla autonomia para a tomada de decisões. Essa constituição, elaborada por Francisco Campos, ficou conhecida como "a Polaca", por se ter inspirado na constituição vigente na Polônia naquela época.[7]
Consolidação
15 de novembro de 1939: comemoração dos 50 anos da Proclamação da República.
Getúlio na inauguração da Avenida do Contorno, com Benedito Valadares, governador de Minas Gerais, e o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, em 12 de maio de 1940.
Getúlio Vargas em visita a Porto Velho, em 1940.
A Constituição de 1937 previa um novo Legislativo que não chegou a ser instalado, e previa a realização de um plebiscito, que, porém, não chegou a ser convocado. Jamais foram realizadas eleições no Estado Novo. O Poder Judiciário teve sua autonomia preservada durante o Estado Novo. No seu preâmbulo, a constituição de 1937 justifica a implantação do Estado Novo, descrevendo uma situação de pré-guerra civil que o Brasil estaria vivendo.
Os partidos políticos foram extintos em 2 de dezembro de 1937, pelo decreto-lei nº 37.[8], o qual tinha, entre outros considerados, dois bastante críticos do sistema político então vigente no Brasil, e pregando o "contato direto com as massas": "Considerando que o sistema eleitoral então vigente, inadequado às condições da vida nacional, baseado em artificiosas combinações de caráter jurídico e formal, fomentava a proliferação de partidos, com o fito único e exclusivo de dar às candidaturas e cargos eletivos aparência de legitimidade; e:
"Considerando que o novo regime, fundado em nome da Nação para atender às suas aspirações e necessidades, deve, estar em contato direto com o povo, sobreposto às lutas partidárias de qualquer ordem, independendo da consulta de agrupamentos, partidos ou organizações, ostensiva ou disfarçadamente destinados à conquista do poder público".
Sobre a opinião de Getúlio sobre partidos políticos, Luís Vergara, em Eu fui secretário de Getúlio, no capítulo 41, conta que Getúlio era contrário à existência deles no Estado Novo, rejeitando inclusive a tese do partido único:
"Não devemos ter ilusões. Dados os nossos costumes e o baixo nível de nossa cultura política, viciada pelas práticas oligárquicas e personalistas, esse partido único logo começará a subdividir-se em facções e a agitar e conturbar inutilmente a vida do país".
A inauguração de Goiânia, em 1942, foi o começo de uma "marcha para o oeste" que culminou com a construção de Brasília, muitos anos depois.
E Getúlio acrescentou, a Luís Vergara, sua visão de governo: "O que é urgente, isso sim, é acelerar o processo do nosso desenvolvimento e reforçar as energias criadoras de progresso e de elevação do nível econômico das populações, que, em muitas regiões, permanece estacionário e em estágio de verdadeiro pauperismo". Luís Vergara, registra então, que "o assunto (do partido único) ficou encerrado de vez".
No dia 4 de dezembro são queimadas, numa grande cerimônia cívica, na Esplanada do Russel, no Rio de Janeiro, as bandeiras dos estados federados, os quais foram proibidos de terem bandeira e os demais símbolos estaduais. O Estado Novo era contra qualquer demonstração de regionalismo, e assim Getúlio se expressou sobre este tema em 1939: "Não temos mais problemas regionais; Todos são nacionais, e interessam ao Brasil inteiro".[9]
O governo implementava a censura à imprensa e a propaganda do regime através do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, criado pelo decreto-lei nº 1.915, de 27 de dezembro de 1939[10]. Sobre a criação do DIP, Getúlio, em um pronunciamento, no Senado Federal, em 13 de dezembro de 1946, declarou:
	“
	Em 1940, e não em 1937, eu criei o Departamento de Imprensa e Propaganda, para controlar e acompanhar de perto a infiltração estrangeira no Brasil. Atuavam então em nosso país a United Press e a Associated Press... A Havas, francesa, estava controlada pelos alemães... A Havas era a agência de maior irradiação no Brasil e distribuía os serviços de todas agências europeias, inclusive a Reuter. Ao lado da Havas, a Transocean, diretamente alemã, cobria todo o território, bloqueando a United... A Havas e a Transocean distribuíam o serviço telegráfico nacional. Tinham um excepcional poder de ação interna. Vários jornais em língua alemã, italiana e japonesa infestavam as zonas povoadas por núcleos de origem destes povos.... A propaganda britânica também se intensificou. Mas eu não devia resolver os nossos problemas de acordo com as conveniências da propaganda internacional, e, sim, na base das conveniências do Brasil e da América... O excesso de zelo da propaganda britânica várias vezes perturbou minha ação. Mas até certo ponto foi útil, pois provocou medidas que deram a garantia de nossa impecável neutralidade (nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial).[11]
	”
O gabinete ministerial de Getúlio se manteve relativamente estável durante o Estado Novo, com os ministros da Fazenda, Guerra, Marinha e da Educação permanecendo em seus cargos durante todo o período do Estado Novo (1937-1945). A única reação à implantação do Estado Novo foi o Levante Integralista em 8 de maio de 1938. Foi atacado o Palácio do Catete, que oferecia pouca segurança. Este episódio levou Getúlio a criar uma guarda pessoal, que foi chamada, pelo povo, de "Guarda Negra".
Getúlio, na cita entrevista à Revista do Globo, deu a sua versão sobre o Levante Integralista: "Antes de mais nada, é preciso esclarecer que o golpe integralista de 1938 foi organizado pela embaixada alemã. Os brasileiros serviram apenas como instrumentos de um plano que visava entregar o país ao governo alemão. Naturalmente se não fosse o auxílio dos agentes alemães eles jamais o teriam realizado, pois não tinham capacidade nem coragem para tal".[12]
Repressão política e tortura
O Estado Novo foi instalado, segundo o preâmbulo da Constituição de 1937[2], para atender "às legítimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente perturbada por conhecidos fatores de desordem resultantes da crescente agravação dos dissídios partidários, que uma notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e do extremamente de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, a resolver-se em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil". O preâmbulo prossegue dizendo:
Em 1938, morreu Virgulino

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