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Resumo Paul Singer - Aprender Economia

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Aprender Economia
Capítulo 1: Dos preços ao valor
Singer, Paul. Aprender Economia, in: “Dos Preços ao Valor”, São Paulo, Editora Contexto, 23ª Edição, 2004. Pages 9 – 41.
As leis do mercado
	Neste primeiro tópico concluímos que geralmente numa economia de mercado quem fixa o preço é o vendedor, cabendo ao comprador decidir quanto comprar. Também encontramos em uma economia de mercado vários vendedores, segundo um ramo de produção, ou indústria. Com isto verifica-se que o monopólio tende a ser opcional; diversos países têm leis que proíbem o monopólio absoluto, podendo haver alguns casos em que o monopólio tende a ser natural. Chamamos de oligopólio uma situação de poucos competidores, porém com mais de um; monopólio então é considerado uma situação onde só verificamos um único vendedor. A situação de concorrência é quando há diversos produtores.
Tipos de mercadorias
	Para entendermos como os preços surgem devemos conhecer os tipos de mercadorias que existem; As mercadorias elásticas aos preços são aquelas cuja produção pode ser aumentada conforme o seu consumo aumente, são basicamente os serviços e produtos de indústria. As mercadorias inelásticas são outro tipo, sua quantidade não pode ser modificada com facilidade.
 “Se o consumo de automóveis cresce de 5 a 10% ao ano, a indústria automobilística em geral tem possibilidade de expandir a sua produção em 5 ou 10%. A maior parte dos produtos industriais é dessa natureza,...” (elástica) “...ou seja, a produção pode aumentar ou diminuir conforme a procura.” (p. 11)
 “Esse tipo de produto é basicamente o produto agrícola que depende da colheita...” (p. 12) (inelásticos)
Os preços dos produtos elásticos
	Os preços dos produtos elásticos são formados através dos custos de produção, que determina quanto a empresa cobrará por determinado produto, pedindo mais pelo mesmo; daí tem-se o lucro. O preço então é um valor atribuído ao custo de produção acrescido de uma margem de lucro, o mark up.
Os preços dos produtos inelásticos
	Concluímos que neste tipo de mercadoria o preço é fixado sob forma de leilão, é dizer, os preços são criados pela disposição dos compradores em comprá-lo, os mesmos o determinam. Ocorrem flutuações nos produtos agrícolas que se transacionam no mercado internacional, não refletindo pois então seu custo de produção. Os preços então são resultado dessas especulações, com quantidade disponível para a venda e quantidade que se deseja consumir.
“Teoricamente, se se armazenasse o excesso de produção nos anos bons, poder-se-ia tornar essa produção flexível, ou seja, elástica aos preços.” (p. 14)
Os preços políticos
	O petróleo é um produto não elástico e sua produção não pode ser altera com rapidez, e seu preço é formado basicamente por uma ação política, dependendo das relações de força entre os Estados compradores e os Estados vendedores. Seus custos de produção são variáveis.
Os preços dos produtos padronizados
	A matéria-prima é tipicamente o produto padronizado. Entre as matérias-primas, uma grande quantidade de produtos é praticamente padrão, ou seja, sua qualidade tem de ser a mesma. Entram também nessa categoria alguns produtos de uso final, como aqueles comprados em feiras, alimentos que vem da agricultura, por exemplo, pois os mesmos não têm marcas. 
	Quando há um grande número de vendedores, e poucos compradores ocorre um tipo de mercado chamado oligopsônico. E quando há um único comprador no mercado designamos como monopsônico. Nesses mercados quem fixa o preço é o comprador. Por exemplo, de uma fábrica fornecer material e recursos para um produtor, toda a tecnologia de produção é determinada pelo comprador, ou seja, ele fixa o preço. A formação de preços de produtos padronizados implica geralmente numa margem pequena de lucro. É o comprador que possuiu uma grande vantagem.
Os preços dos produtos não-padronizados
	Essas mercadorias (não-padronizadas) têm como características diferença de apresentação, de cor, etc. É tipicamente o produto industrial voltado para o consumo individual, como por exemplo, roupas. A publicidade é essencial na venda destes produtos, tentando fazer com que o consumidor esqueça o nome do produto e passe a adotar a marca, criando assim um monopólio artificial.
“Então, embora o produto possa praticamente ser o mesmo, no sentido de satisfazer as mesmas necessidades, os fabricantes dão um jeito de diferenciar, dão um nome de fantasia ao produto, e usam em grande escala a publicidade, tentando – e conseguindo, em geral – convencer os consumidores de que aquele produto é diferente de todos os demais.” (p. 18)
	Quando os consumidores esquecem que existem outros produtos, os preços deste podem ser muito diferentes, e bem diferentes dos custos de produção. São os custos de comercialização que entram pesadamente. Nos produtos industrializados, de consumo familiar, individual, se observa este fenômeno. O que ocorre é a chamada concorrência monopólica, a concorrência entre poucos e grande produtores, que usam mensagens de publicidade para se isolarem no mercado como principais vendedores. Uma das vantagens que uma empresa tira de um grande investimento em publicidade e em comercialização, além de cobrar um preço alto e ter uma boa margem de lucro, é que a mesma pode explorar consumidores ricos e pobres.
Os vários tipos de preços
	 Percebemos então que a maior parte dos produtos é elástica aos preços e por isso estes são determinados pelos custos de produção, acrescidos por um mark up. Produtos elásticos padronizados têm, por via de regra, mark up reduzido porque a concorrência que se estabelece entre os vendedores é do tipo “preço e qualidade”, o que significa que os compradores vão dar preferência a quem vender produtos de boa qualidade pelo menor preço. Produtos elásticos não padronizados mark up, alto porque cada produtor desfruta de um semimonopólio sobre uma parte do mercado, o que lhe permite cobrar preços muito maiores do que seus custos de produção.
	Os produtos inelásticos têm preços formados em função da oferta presente e futura, de forma especulativa. Os preços tendem a flutuar e não guardam relação com os custos de produção, o que pode causa prejuízo aos produtores e aos consumidores, em momentos de baixa ou alta, respectivamente.
“Em resumo são as características dos produtos e dos mercados que determinam as maneiras como se formam os preços. O que interessa entender é a relação entre os preços e custos, ou seja, o tamanho do mark up.” (p. 22)
O Valor
	 O preço relativo é a essência do valor. O preço que “enxergamos” é o chamado preço cotado numa moeda. O valor é o preço de cada produto em relação aos outros. A teoria do valor propõe uma explicação do por que um único produto custa o equivalente a trinta unidades de outro produto. Assim a teoria do valor tenta explicar a distribuição da renda, por que algumas economias acumulam capital, e outras decaem. As teorias do valor são os pontos de partida dos conjuntos de fenômenos que em geral interessa à análise da economia.
A teoria do valor-trabalho
	
	A teoria do valor trabalho pressupõe mercadorias elásticas aos preços; a mesma não se aplica às mercadorias que não possam ser produzidas em grande escala em um determinado tempo considerado “curto”. Não se aplica aos produtos cuja oferta é muito limitada, aplica-se fundamentalmente aos produtos elásticos, industriais, etc. A mesma propõe uma explicação dos custos de produção, que são fundados nos salários dos trabalhadores que produzem as mercadorias e as despesas com matérias-primas, máquinas e equipamentos e instalações em geral. Tudo que se é produzido em forma de mercadoria é fruto direto ou indireto de trabalho humano. A mesma defende que o valor é uma manifestação do único custo real de produção, ou seja, do trabalho humano.
“O homem participa da produção ao lado de forças da natureza, que ele domina, através do seu próprio trabalho.” (p. 25)
	O valor das mercadorias, que se traduzem preços é tempo de trabalho social, de trabalho inserido na divisão de trabalho. O trabalho que produzirá mercadorias é parte da chamada “divisão social do trabalho”. O trabalho, despendido na divisão social do trabalho, dá origem a todas as mercadorias e por isso origina o valor. Não há proporcionalidade entre trabalho e preços relativos, por uma razão fundamental: por que são formados os preços.
	Esta teoria não explica preços individuais, não no capitalismo, onde a produção é dominada pelo capital, que exige lucratividade. Ela permite fundar uma macroeconomia, permite analisar grandes movimentos das relações econômicas. Sendo assim entendemos o acumulo de capital num determinado país ou de que maneira se dá a distribuição da renda.
A teoria do valor-utilidade
	Esta tória baseia-se nas mercadorias que não se ajustam às oscilações da procura, onde o preço é criado num sistema de leilão especulativo. Ela parte da ideia de que cada consumidor sabe quanto uma mercadoria vale para ele. Assim, os preços relativos refletem as utilidades relativas para os consumidores de grande variedade de mercadorias que estão disponíveis. Parte do pressuposto de que a mercadoria tem uma utilidade para o comprador que é decrescente em relação à sua quantidade. O valor que atribuímos aos produtos depende da quantidade que podemos ter deles; maior quantidade, menor o valor. Nesta teoria o consumidor tem a decisão final. Ele próprio atribui quanto quer pagar por uma mercadoria, e os vendedores veriam quanto vale a pena produzir ao preço que o consumidor admite pagar. O preço e a quantidade dos produtos seriam estabelecidos num ponto de encontro entre vontades de consumidores e de produtores. É totalmente liberal, e não admite interferência do governo. 
	Conclui-se que a mesma tem deficiências em certos casos, sobretudo no que diz respeito aos custos crescentes e decrescentes. Por exemplo, nos casos de custos decrescentes, onde quando se produz mais, tornando o produto cada vez mais barato, são os chamados custos de escalas. Outra deficiência é acreditar que há independência entre compradores e vendedores, ou seja, há consciência dos compradores de tudo que há para vender, tem total conhecimento dos preços, comprarão as mercadorias mais baratas e de melhor qualidade, que irão lhes satisfazer por completo.
	
“De qualquer forma, é uma teoria que, tanto como a teoria do valor-trabalho, oferece um princípio explicativo geral- que a produção de mercadorias depende de decisões subjetivas de quem vai usá-las-, a partir do qual se procura entender a repartição da renda, a acumulação de capital etc., etc. São dois princípios explicativos que vão dar interpretações diferentes e opostas de todos os fenômenos econômicos.” (p. 32)
	
Ideação: 
	Este primeiro capítulo apresenta de forma clara e objetiva como se formam os diferentes tipos preços, estabelece a definição de mercadoria, não produzindo nenhuma dúvida sobre estes temas propostos. Em seu tópico “As leis do mercado”, Paul Singer propõe um sentido claro de concorrência, oligopólio e monopólio. Em monopólio surge a definição de monopólio natural, fazendo menção aos serviços de telefonia, como um exemplo; esta exemplificação poderia tornar a leitura um pouco confusa para um leitor que não associasse a época de publicação do livro, já que hoje é impossível vivermos sob o “regime” de uma única companhia de telefonia, até mesmo por conta da evolução tecnológica. 
	Sobre as teorias do valor o autor expôs fielmente o que propõe cada uma, de uma forma prática. Para aqueles que pretendem conhecê-las melhor sugiro a leitura da primeira aula do livro “Curso de Introdução à Economia Política”, também elaborado por Paul Singer. Este livro é produto de uma reflexão sobre notas do curso dado, em 1968, para estudantes de Ciências Sociais e desenvolve-se uma comparação entre as teorias em diversos aspectos, contribuindo bastante para o conhecimento de qualquer leitor.
“Não faltam manuais de introdução à economia, nem ‘marginalistas-keynesianos’, nem marxistas"– escreve Singer – "o que falta, ao que parece, é uma exposição comparativa e crítica das duas correntes".
“Existem, na ciência econômica moderna, duas maneiras completamente diferentes de se definir valor: uma delas retira o valor de uma relação do homem com a natureza, ou do homem com as coisas. Ela parte da idéia de que o homem sente uma série de necessidades e é na procura da satisfação dessas necessidades que ele se engaja na atividade econômica. Portanto, o que ele cria na atividade econômica, ou seja, o valor, é o grau de satisfação ou a utilidade derivada dessa atividade. De acordo com esta abordagem, a atividade econômica se dá essencialmente entre o homem e o meio físico e o homem atribui valor aos objetos ou aos serviços, na medida em que estes satisfazem suas necessidades. A abordagem oposta retira o valor não das relações do homem com as coisas, mas do homem com outros homens, isto é, das relações sociais. O valor, neste caso, é o fruto das relações que se criam entre os homens na atividade econômica. E ele se mede pelo tempo do trabalho produtivo que os homens gastam na atividade econômica. A primeira é a teoria do valor-utilidade e a segunda, a teoria do valor-trabalho” - Paul Singer. (Singer, Paul – Curso de introdução à economia política/ Paul Singer. – 10ª Ed. – Rio de Janeiro: Forense-Universitária. 1986 – p. 12. Aulas proferidas em 1968, no Teatro de Arena, em São Paulo)
	
Aprender Economia
Capítulo 2: Moeda e Crédito
Singer, Paul. Aprender Economia, in: “Moeda e Crédito”, São Paulo, Editora Contexto, 23ª Edição, 2004. Pages 42 – 79.
O que é dinheiro?
	Apresentam-se dois assuntos muito importantes na economia: moeda e crédito. Especialistas e o povo entendem por dinheiro como coisas diferentes, o mesmo é o que numa economia de mercado usamos para fazer compras, e para isso devemos ganhá-lo; a moeda então é um meio de troca. 
“... vendemos uma parte de nós, nossa força de trabalho, com isso ganhamos dinheiro sob a forma de salário, e, depois, com esse dinheiro, compramos outras coisas.” (p. 43)
	Concluímos que a moeda é laço essencial numa economia de mercado, porém podem existir também economias de escambo, onde as trocas são diretas, ou seja, troca-se uma mercadoria por outra. A moeda originou-se numa dificuldade em generalizar as trocas sem dinheiro. Para haver troca direta, é preciso um encontro de necessidades coincidentes, o que é difícil, em alguns casos até impossível, de se encontrar.
“A especialização de uma mercadoria para servir de meio de troca facilita enormemente a generalização das trocas em qualquer economia de mercado.” (p. 44)
Evolução histórica da moeda
	Com a multiplicação dos produtos que eram levados ao mercado surgiu uma mercadoria que passou a ser aceita, não para consumo próprio, mas para ser trocada novamente. Este é o primeiro indício histórico de moeda, conhecido como moeda-mercadoria, isto é, uma moeda que é uma mercadoria com funções de dinheiro, meio de troca. Assim foram criados diversos mercados, cada um especializado em uma determinada mercadoria, ou seja, cada um com o seu próprio dinheiro. Porém com a intercomunicação dos mercados estabeleceram-se trocas, por exemplo, numa economia trocava-se gado e numa outra, sal, porém criava-se um problema de cambia e muitas vezes uma moeda não era aceita por outro mercado. 
“Uma boa moeda-mercadoria é, portanto, aquela que seja não-perecível, durável, que seja divisível homogeneamente, e, além disso, de fácil transporte.” (p. 45)
Dadas algumas condições que tornam uma moeda mercadoria mais prática do que a outra, formou-se um consenso ao longo do tempo, onde em quase todo o mundo a moeda mercadoria seria de metal precioso, basicamente, ouro e prata.
O crédito
	O dinheiro, ou moeda, não é só um agente de trocas, desempenha também outra função: passa-se a usar a moeda para fazer pagamentos e com isso pode-se separar no tempoa transação comercial e a sua liquidação. A existência da moeda abre caminho para o surgimento do crédito	, que é a confiança no devedor. O crédito é geralmente implementado através de um instrumento, que é um papel em que o devedor declara sua dívida e assina. Quando a dívida é feita em moeda, o credor pode usar esse papel para pedir dinheiro ou mercadorias adiantadas de um terceiro. Com o surgimento da moeda feita em metal precioso, de transporte fácil, surgiu também o perigo de a moeda ser perdida ou roubada. Para evitar perdas, o crédito permite que se substitua a moeda-mercadoria por instrumentos de crédito. Assim o papel passou a circular em lugar do ouro, criando uma segunda moeda, representando a primeira, uma moeda-símbolo.
A moeda e o Estado
	As moedas de metal precioso corriam o risco de serem falsificadas, então o governo passou a cunhá-las para evitar perdas. Quando a cunhagem passou a ser obrigatória, a emissão da moeda tornou-se um monopólio do Estado. Quando alguém quisesse pagar suas dívidas, tinha de fazê-lo em moedas cunhadas pelo Estado. Quando um devedor deixa de pagar suas dívidas, o credor recorre aos tribunais, que se encarregam de cobrar as dívidas. Com isso implica ao Estado a função de impor o cumprimento das obrigações assumidas em contratos privados, mas também tem o direito de especificar em qual moeda as dívidas devem ser pagas, conferindo a certas moedas curso forçado. Uma pessoa pode se endividar numa moeda qualquer, mas se deixa de pagar e é levado à justiça ele converterá a dívida em outra moeda e o credor terá de aceitar esta moeda como forma de pagamento. Garantindo ao Estado o monopólio da emissão de moeda, ou seja, é o único que pode emitir moedas.
O banco
	Os ouvires foram os primeiros a emitirem crédito, eram artesãos que trabalhavam com ouro, prata e outros metais preciosos. Possuíam em suas casas cofres e algumas vezes guardas, para evitar roubos. Assim, com a segurança que possuíam, algumas pessoas passaram a guardar seu ouro com eles, pagando-lhes uma taxa. Então os depositantes recebiam um instrumento de crédito que lhes garantiam que com o ouvire estava determinada quantia de ouro. Para evitar falsificações e problemas, os ouvires emitiam aos depositantes tantos papéis quantos fossem as moedas depositadas, e o depositante usava esses papéis para comprar. Quando todos passaram a usar esse mecanismo, por ser mais seguro, os ouvires ficaram com a guarda de todo o ouro da cidade. O que realmente circulava eram os papéis emitidos pelos ouvires.
	Os ouvires perceberam que o ouro não saía dos seus cofres e que circulavam eram os papéis. Sendo assim ocorreu a ideia de emitirem mais notas do que o ouro que realmente tinham guardado, e emprestavam dinheiro a juros. A partir daí os ouvires deixaram de exercer suas funções e passaram a ser banqueiros. 
“A essência do negócio bancário é reemprestar dinheiro, ou seja: guardar dinheiro das pessoas, das empresas, do Estado e reemprestar esse dinheiro, ficando com a moeda-mercadoria e colocando em seu lugar as suas notas, que se chamam papel-moeda.” (p. 51)
	Em essência, o banco está sempre insolvente. Ele não necessariamente não tem o valor depositado, a insolvência provém do fato de que o banco recebe dinheiro a vista e empresta a prazo. O banco não pode também emprestar a vista porque isso não é aceitável para seus clientes, que precisam contar co um prazo certo durante o qual podem utilizar o empréstimo.
“No século XVIII, é que se descobriu pela primeira vez, em que termos socialmente significativos, que não é preciso que a mercadoria-moeda circule fisicamente. Não se precisa pegar o ouro, colocá-lo no bolso e sair para se fazer compras. Pode-se deixar o ouro no cofre de alguém que a comunidade respeite e obter deste alguém, que pode ser um banqueiro, notas em que ele diz ‘Fulano de Tal tem depositado comigo uma certa quantidade de moeda’. E o indivíduo faz os pagamentos com estes papéis.” - Paul Singer. (Singer, Paul – Curso de introdução à economia política/ Paul Singer. – 10ª Ed. – Rio de Janeiro: Forense-Universitária. 1986 – p. 97. Aulas proferidas em 1968, no Teatro de Arena, em São Paulo)
O banco e o Estado
	O governo para que não houvesse problemas do povo para com a fé nos banqueiros passou então a intervir nos bancos. Era preciso de uma quantidade de notas que os banqueiros emitissem tivesse relação com a quantidade de dinheiro efetivo que o mesmo possuía. Então o governo passou a controlar os bancos através de um banco próprio, chamado Banco Central, ou seja, um banco superior a todos, que obriga os demais a colocar uma parte de seus depósitos nele. Quando um banco tem dificuldades, o Banco Central lhe fornece dinheiro para que possam honrar com seus compromissos, com isso ocorre um controle sobre o montante de créditos a prazo que o banco pode conceder em relação a seus depósitos a vista. O governo fixa a quantidade de dinheiro vivo que cada banco particular tem de reter, fazendo com que esse dinheiro seja depositado no Banco Central.
	Anteriormente o encaixe era moeda-mercadoria, mas aos poucos, o Estado foi se apossando de todo metal precioso e substituindo-o por notas emitidas por ele mesmo ou algum banco por ele autorizado. A “moeda legal” é a única que tem curso forçado e somente pode ser emitida pelo Estado. Dentro de cada país a moeda legal é constituída por pedaços de papel que não têm valor nenhum em si e quem representa certa quantidade de metal precioso.
O valor da moeda
	
	O valor da moeda é explicado pela seguinte equação: M = Q x P
 V
	Onde P são os preços, e Q a quantidade de mercadorias que são compradas e vendidas no país num determinado período. Q x P é o valor das transações que se efetuam no país. V é a velocidade média de circulação, isto é, o número de vezes e que a mesma unidade monetária foi usada para alguma transação durante um determinado período. M é a quantidade de moeda que há durante um período para fazer transações. A equação que surge é chamada “equação quantitativa do valor moeda.” A mesma é uma identidade, ou seja, é a proporção do valor das transações, o volume da moeda e a velocidade média de circulação. 
	Os economistas da Escola Monetarista dizem que esta equação deve ser escrita da seguinte maneira: M x V = P
		 Q
	Para os monetaristas com esta fórmula mostra-se que o nível de preços é resultante da quantidade de moeda. S e V forem mais ou menos constantes e se a quantidade de transações Q, que depende do nível de produção do país, for dada, o aumento de M faz com que necessariamente o nível de preços P suba, explicando a inflação. A inflação seria uma consequencia da expansão exagerada de M, do volume de meios de pagamentos.
O controle da oferta de moeda
	A quantidade de moeda circulando é controlada pelas chamadas autoridades monetárias, isto é, pelo ministro da Fazenda e pelo presidente do Banco Central, no Brasil. Eles têm o direito de decidir basicamente quanto de moeda legal vai circular e quanto de depósitos bancários poderão ser criados pelos bancos, através da fixação do encaixe. Esses são os dois instrumentos fundamentais que o governo usa para controlar M. O governo também emite instrumentos de crédito, títulos da dívida pública que o governo assume com quem lhe empresta dinheiro.
	Para os monetaristas se há inflação é porque as autoridades monetárias não têm moral e estão emitindo moeda à vontade ou estão deixando os bancos multiplicarem exageradamente os depósitos bancários. A responsabilidade pela inflação seria das autoridades monetárias.
A moeda e os preços 
	Com o intento governamental de reduzir a expansão de M, todos reclamam, pois se for menor que P pressiona a vida econômica de um país capitalista. O crédito é fundamental para a acumulação de capital. Para formar estoques ou ampliar a capacidade produtiva, os empresários recorrem ao crédito, caso este se contraia a acumulação para. Os preçosnão crescem por causa de M, e também porque a economia capitalista não é planejada.
“É uma economia (capitalista) que funciona através de trocas em que a oferta e demanda se ajustam por um processo de tentativa e erro...” (p. 61)
	Verifica-se que a economia capitalista não pode ser planejada, à proporção que cada empresário, pequeno, médio e grande é cioso da sua autonomia, da sua liberdade, de aumentar produção ou empregar mais. Assim, a economia funciona pouco ao acaso, dando lugar as especulações. Numa economia que está em pleno desenvolvimento e que diversifica, onde surgem diversos ramos industriais o tempo todo e se produz aquilo que se antes importava, é mito provável, até mesmo inevitável, que haja desequilíbrios entre setores, pontos de estrangulamento. 
“Os preços aumentam por pressões do lado real da economia, e não do lado monetário.” (p. 62)
O controle monetário da inflação
	Toda inflação tem sua raiz, e quase sempre guerras as causam, pois isso significa uma situação desconfortável para qualquer economia. Faz com que haja falta de tudo e os preços sobem, e muito. Poderio bélico é totalmente aumentado, e isto não é previsto em nenhum orçamento. Para financiar uma situação como essas um governo não pode cobrar mais impostos, é impossível que o povo paga a mais tributos. O que ocorre é que o governo imprime dinheiro, ou faz com que o Banco Central lhe ajude com um crédito ilimitado e compra o que pode. Nestes casos não pode fazer projeções sobre as variações dos preços, portanto em épocas de guerra quase sempre há inflação.
	A inflação também pode ocorrer em épocas de conflitos de classes, por causa da espiral preço-salário. Ocorre que há um setor na economia que é monopolizado, produzindo mercadorias não-padronizadas, como a indústria metalúrgica, por exemplo. Nesta área econômica há uma melhor organização operacional, onde em todo o mundo os “metalúrgicos” são postos como a classe mais alta entre os operários, pois trabalham em empresas grandes e possuem boas chances de salários atrativos. Assim, as empresas passam os salários aos preços, e já em setores onde há mais diversidade de empresar, como na agricultura, os aumentos de salários não costumam ser passados aos preços, mas um setor monopolizado pode oferecer maiores salários, aumentando então os preços de seus produtos.
“A expansão monetária, em última análise, acompanha o aumento dos preços, mas não é a causa dele, como a escola monetarista sustenta. Inegavelmente há uma relação entre preços e moeda. Mas não é correto afirmar que o combustível monetário causa o incêndio da inflação. É exatamente o contrário, são as contradições da anarquia de mercado, de uma economia não-planejada que geralmente levam os preços para cima e, como resultado, impõem a expansão correspondente do volume de meios de pagamento. Quando a oferta de moeda não está sintonizada com os preços, há uma crise.” (p. 65)
	Conclui-se que frear a inflação de forma monetária não é uma solução, pois logo após ela volta. O correto seria aprender a viver com a inflação. Pode afirmar que a inflação adia o ajuste de contas, permitindo que a economia cresça por mais tempo, embora haja o pensamento de que a mesma atrapalha o pensamento econômico.
A correção monetária
	Para nos adequarmos à experiência inflacionária que tivemos, criou-se uma nova moeda por meio da indexação, também conhecida como reajustamento dos preços. Os reajustamentos puderam então ser resumidos por meio da Unidade Padrão de Capital, a mesma é uma moeda de conta que o governa utiliza para ajustar as ORNTs.
“A ORNT é um título adquirido por alguém que emprestou dinheiro para o governo, que deverá ser devolvido, digamos, um ano depois.” (p. 66-67)
Monetaristas e estruturalistas
	Atribuímos à economia dois grupos distintos quando relacionamos o que representa moeda. Há um grupo que respeita a ideia de que a moeda é a balança de um país, medindo sua prosperidade ou sua fraqueza, se ocasiona ou não uma inflação, por exemplo. O outro lado propõe que é fundamental o que se produz, se uma empresa oferece mais ou menos oportunidades de trabalho, como está distribuída a renda etc.
Ideação:
	É um capítulo bastante interessante do ponto de vista histórico da moeda e do crédito. O autor desenvolve o surgimento da moeda e o seu valor, a criação do crédito, o papel do Estado perante a estes assuntos e controle da inflação. Também se verificam questões como: moeda-mercadoria/moeda-símbolo/papel-moeda, encaixe/moeda legal/ moeda escritural e monetaristas/estruturalistas. 
	Em seu tópico “Correção monetária” o autor menciona a ORNT (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional) que era uma modalidade de título público federal que foi emitida entre 1964 e 1986 com a característica de pagar uma remuneração corrigida e evitar a corrosão da inflação sobre as aplicações futuras. Porém é um assunto distante da realidade atual, que pode criar uma dúvida a respeito se a mesma ainda está em vigor (a ORNT), e como é feita a correção monetária atualmente.
	Obviamente que aquele interessado em tal assunto, ao buscar complementos para seu estudo encontraria a Atualização Monetária, que é o nome que se dá para os ajustes contábeis e financeiros, realizados com o intuito de se demonstrar os preços de aquisição em moeda em circulação no país (atualmente o Real), em relação ao valor de outras moedas (ajuste cambial) ou índices de inflação ou cotação do mercado financeiro (atualização monetária propriamente dita).

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