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SOCIEDADES 2

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1 
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS 
 Duas são as espécies de sociedades não personificadas: sociedade comum, prevista 
nos artigos 986 ao 990 do CC e a sociedade em conta de participação, prevista nos artigos 
991 ao 996 CC. 
 
SOCIEDADE EM COMUM 
 
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a 
sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste 
Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem 
compatíveis, as normas da sociedade simples. 
 Sociedade comum é um tipo de sociedade não personificada, constituída de fato por 
sócios para o exercício de atividade empresarial ou produtiva, com repartição de resultados, 
mas cujo ato constitutivo não foi levado para inscrição ou arquivamento perante o registro 
competente. 
 Sociedade comum é aquela que não têm personalidade jurídica, porque não 
estão registradas no órgão competente. Não se trata de tipo societário; é a designação 
de uma situação irregular em que se encontra a sociedade. Além das regras para elas 
dispostas expressamente no estatuto civil, no arts. 986 a 990, aplicam-se, 
supletivamente, as regras das sociedades simples, no que couber (art. 986, 2ª parte). 
 
 A sociedade comum compreende as figuras doutrinárias da sociedade de fato e da 
irregular (Enunciado 58 aprovado na I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de 
Estudos judiciários do Conselho Nacional de Justiça Federal, no Superior Tribunal de 
Justiça, no período de 11 à 13 de setembro de 2002). 
 
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente 
por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros 
podem prová-la de qualquer modo. 
 2 
 A existência jurídica da sociedade prova-se por seu contrato ou estatuto social 
validamente arquivado no registro competente, seja na Junta Comercial ou no cartório de 
Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
 A inexistência do ato formal de registro não implica em negar a existência, de fato, 
de relações entre pessoas que entre si contrataram a realização de uma atividade 
empresarial ou produtiva com a finalidade de repartição posterior de seus resultados, como 
objeto delimitado ou não. 
 O reconhecimento da existência da sociedade em comum, por parte dos sócios, para 
a resolução de litígios entre si ou em face de terceiros, somente pode ser provado por meio 
de documentos escritos, como o contrato social não registrado, termos de compromisso, 
recibos ou correspondências enviadas entre sócios ou destes para terceiros. Os terceiros 
que contrataram com os sócios, por sua vez, podem provar a existência da sociedade em 
comum por qualquer prova admitida em direito, inclusive a testemunha. 
 
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do 
qual os sócios são titulares em comum. 
 A sociedade em comum, como sociedade de fato, apesar de não possuir 
personalidade jurídica, deve compreender a reunião de capitais e bens por parte de seus 
sócios para o exercício da empresa, ainda que de modo irregular. 
 Este artigo prevê a existência de um patrimônio próprio, especial, destinado pelos 
sócios para o atendimento do objeto da sociedade em comum. Esse patrimônio especial da 
sociedade de fato é que deverá responder pelas obrigações e dívidas contraídas pela 
sociedade, assumindo os sócios responsabilidade em comum, ou seja, de modo igualitário e 
solidário ente si. Essa responsabilidade é ilimitada, em face da inexistência de separação 
patrimonial, que somente ocorreria na sociedade que viesse a adquirir personalidade 
jurídica. 
 
Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados 
por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, 
 3 
que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva 
conhecer. 
 O patrimônio especial constituído pelos sócios para o exercício de uma atividade 
sociedade em comum, de modo irregular, sem registro na esfera competente, ainda assim, 
pode ser demonstrado por provas de natureza contábil, fiscal ou financeira, entre outras, 
que comprovem o aporte de recursos e bens privados para o exercício de atividade 
mercantil ou de destinação econômica. Em razão da inexistência de personalidade jurídica 
na sociedade em comum, todos os sócios podem exercer poderes de gestão e representação, 
ainda que em nome próprio, ocultando a participação dos demais sócios. Nesse caso, todos 
os bens aplicados na atividade econômica respondem pelas obrigações e pelos atos de 
gestão contratados em nome de um único sócio. 
 O art. 989 exclui o conjunto dos bens destinados à sociedade em comum para a 
garantia de dívidas, quando um terceiro que com ela contratou tivesse prévio conhecimento 
da limitação de poderes do sócio para comprometer a totalidade do patrimônio reunido pela 
participação de todos os sócios, e não apenas por aquele responsável pela obrigação 
contratada. 
 sociedade em comum sofre as seguintes restrições: 
a) impossibilidade de requerer recuperação judicial, apesar de estar sujeita a falência, o que 
acarretara aos sócios a responsabilidade ilimitada; 
b) ilegitimidade para pleitear falência de sues devedores empresários; 
c) não participação de licitações publicas, pois não poderá contratar com a administração 
publica; 
d) inexistência de proteção legal ao nome empresarial; 
e) impossibilidade de pleitear tutela jurídica à sua marca; 
f) vedação de seu registro no CNPJ e no INSS, por não ter personalidade jurídica. 
 
 
 
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 
1.024, aquele que contratou pela sociedade. 
 4 
 A sociedade em comum, como sociedade de fato, não possuindo personalidade 
jurídica, importa na situação de que não existirá, conseqüentemente, separação entre o 
patrimônio da sociedade e o patrimônio particular dos sócios no caso de execução de 
dívidas contraídas pela sociedade. 
O art. 1.024 estabelece que “Os bens particulares dos sócios não podem ser 
executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”. Todavia, 
no caso do sócio que contratou em nome da sociedade, como sócio ostensivo e responsável 
pela assunção da obrigação, fica este excluído do benefício de ordem previsto no art. 1.024, 
podendo seus bens particulares ser objeto de execução antes dos bens dos demais sócios. 
No caso de insuficiência de bens por parte do sócio ostensivo, todos os demais sócios 
respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações contraídas em nome da sociedade 
em comum. 
Embora a sociedade em comum não tenha personalidade jurídica, o sócio que tem 
seus bens constritos por dívidas contraída em favor da sociedade e não participou do ato 
por meio do qual foi contraída a obrigação, tem o direito de indicar bens afetados as 
atividades empresariais para substituir a constrição. (Enunciado 212 aprovado na III 
Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da 
Justiça Federal, no período de 1 a 3 de dezembro de 2004). 
 
 
DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO 
 
Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva 
do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome 
individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os 
demais dos resultados correspondentes. 
Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio 
ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos 
do contrato social. 
 Conceito – são sociedades dotadas de natureza secreta. Por esta razão não são 
registradas no órgão competente,não possuindo personalidade jurídica. 
 5 
 A principal característica deste tipo de sociedade é o fato de o sócio ostensivo 
assumir todo o negocio em seu nome individual, obrigando-se sozinho, perante terceiros. 
 Para Rubens Requião: 
 “é curiosa a sociedade em conta de participação. Não tem razão social ou 
firma; não se revela publicamente, em face de terceiros; não terá patrimônio, 
pois os fundos do sócio participante são entregues, fiduciariamente, ao sócio 
ostensivo que os aplica como seus, pois passam a integrar o seu patrimônio. O 
Código Civil considera a contribuição do sócio participante, bem como a do 
sócio ostensivo, um patrimônio especial, sendo que esta especialização 
patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. 
A sociedade não é irregular, mas regular, por força de lei, embora não possua 
personalidade jurídica. Não será clandestina ou secreta, podendo os sócios 
divulgar sua existência se não forem impedidos pelo contrato”. 
 
Responsabilidade perante terceiros - Como esta sociedade não tem personalidade 
jurídica, não pode assumir qualquer obrigação em seu nome, sendo o sócio ostensivo 
quem assume em seu nome as obrigações, respondendo direta e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais. Ele tem, todavia, direito de regresso contra os sócios participativos 
pelo que ultrapassar a sua responsabilidade. A responsabilidade desses sócios perante 
o sócio ostensivo poderá ser limitada ou ilimitada, dependendo do que determinar o 
contrato social. 
 
 Composição – é composta por dois tipos de sócios: 
 Sócio ostensivo - A atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente 
pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva 
responsabilidade. Somente ele se obriga perante terceiros, exigindo-se assim que 
seja sempre um empresário individual (entendimento de Vitor Eduardo Rios 
Gonçalves). Para Rubens Requião o sócio ostensivo pode ser tanto um empresário 
individual como uma sociedade. 
 6 
 Sócio participativo - (antes do Código Civil de 2002 era chamado de oculto. 
Participa com o capital, colhendo os resultados e participando das perdas do 
negócio. Eles não precisam ser empresários e somente se obrigam perante o sócio 
ostensivo. 
 
Nome empresarial, sede social e domicílio – Não pode fazer uso de nome 
empresarial porque o negócio é exercido em nome individual do sócio ostensivo, 
sem que haja exteriorização da sociedade. Contudo, para as atividades internas da 
sociedade, como por exemplo, a adoção de designação social para individualização 
dos negócios, não há proibição de designação de signos. Como a sociedade está 
proibida de se exteriorizar, também está impedida de ter domicílio e sede social, 
pois isso implicaria a sua exteriorização, desvirtuando sua razão de ser. 
 
Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe 
de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. 
 Pode ser constituída de forma livre, inclusive por contrato verbal. Nada 
obstante a forma de sua constituição ser livre, porquanto a lei não exige forma especial, é 
necessária a presença dos dois outros requisitos para a validade do negócio jurídico: 
a) Capacidade das partes contratantes e objeto lícito (art. 104 CC); 
b) Mútuo consentimento (affectio societatis). 
 
 
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a 
eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere 
personalidade jurídica à sociedade. 
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos 
negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações 
do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente 
com este pelas obrigações em que intervier. 
 7 
 
 A sociedade em conta de participação é legal, portanto, regular. Não é de sua 
característica a exteriorização da sociedade e dos atos societários, no entanto, o contrato 
social pode ser registrado e terceiros podem ter conhecimento da existência da sociedade e 
da identidade do sócio participante. 
 
 
Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio 
ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa 
aos negócios sociais. 
§ 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos 
sócios. 
§ 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a 
liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito 
quirografário. 
§ 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas 
que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido. 
 Entre os sócios integrantes da sociedade em conta de participação, será formado, 
unicamente entre estes, um patrimônio próprio destinado, exclusivamente, para a execução 
do objeto empresarial da sociedade. Cada sócio deverá contribuir, mediante aporte de 
capital, para a formação desse patrimônio comum, devendo o sócio ostensivo prestar contas 
perante os demais sócios participantes da aplicação e gestão desse patrimônio. A 
especialização patrimonial produz efeitos somente em relação aos sócios. 
 Falência do sócio ostensivos – por ser ele empresário, ocorrerá a dissolução da 
sociedade em conta d participação e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá 
credito quirografário, ou seja, desprovidos de garantia real ou especial. A liquidação 
desta sociedade seguirá as regras relativas a prestação de contas, previstas nos artigos 914 à 
919 do CPC. Em havendo mais de um sócio ostensivo, as contas serão prestadas e julgadas 
no mesmo processo. 
 8 
 Falência de sócio participante – a sociedade não se dissolve, sendo aplicado as 
regras dos contratos bilaterais. Neste caso, o administrador provisório deverá decidir se a 
massa falda continuará, ou não, participando da sociedade em conta de participação. 
 
Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode 
admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. 
 Esta regra é norma básica ou elementar que sempre constou dos contratos das 
sociedades de pessoas, na qual existe forte vinculação pessoal entre os sócios, 
caracterizadores da assim denominada affectio societatis (é o desejo de estarem os sócios 
juntos para a realização do objeto social. Fran Martins, que fundamenta a sua definição na 
intenção dos sócios em formar uma sociedade, adverte que a affectio societatis apenas se 
encontra nas sociedades contratuais ou de pessoas e não nas sociedades institucionais ou de 
capitais, pois "quando uma pessoa entra para uma dessas sociedades pode ignorar quais 
sejam os outros sócios, não havendo, assim, nenhum elo pessoal a ligá-los", ou seja, os 
sócios não são escolhidos de comum acordo visando realizar um objetivo comum). 
 A admissão de um novo sócio, nesses tipos societários, sempre dependerá do 
consentimento dos demais, seja o ingresso de sócio com aumento do capital, seja para 
substituição de sócios já existentes, mediante a transferência de suas quotas. O sócio 
ostensivo, apesar de ser o gestor e representante da sociedade, somente poderá admitir o 
ingresso de novo sócio com o consentimento expresso dos demais sócios participantes. O 
contrato social, todavia, pode autorizar o sócio ostensivo a permitir o ingresso de novos 
sócios sem que os demais sócios se manifestem, já que houve uma delegação anterior de 
poderes nesse sentido. 
 
Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, 
subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a 
sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à 
prestação de contas, na formada lei processual. 
Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas 
contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo. 
 9 
 Quando o contrato social for omisso e inexistir disposições específica reguladora 
das relações entre os sócios ou deste com terceiros nas normas relativas à sociedade em 
conta de participação, devem ser aplicadas as disposições que regulam a sociedade simples 
(art. 997 à 1038). 
 É possível a existência de mais de um sócio ostensivo na sociedade em conta de 
participação, exigindo-se, nesse caso, que ambas as prestações de contas sejam realizadas e 
julgadas em um mesmo processo judicial. 
 
EXEMPLO DE SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO 
 Imagine-se que de um lado há uma sociedade limitada, que atua no ramo de 
comercialização de sapatos em couro e atravessa uma grave crise de liquidez, necessitando 
capitalizar-se urgentemente, mas que tem encontrado dificuldades insuperáveis de tomar 
empréstimo junto a instituições financeiras; de outro lado, um grupo de quatro investidores 
que tem um grande capital disponível e que está disposto a investi-lo no setor produtivo, 
muito embora não tenha qualquer conhecimento em indústrias de sapatos em couro. Tanto a 
sociedade limitada quanto os investidores não se conhecem, mas têm objetivos que 
canalizam para um ponto em comum. É evidente que não parece conveniente que os 
investidores se tornem sócios da sociedade limitada. Como, então, eles poderiam aplicar 
seu capital, de forma segura, nesta empresa, cuja rentabilidade eles acreditam? A formação 
de uma sociedade em conta de participação é uma alternativa bastante viável. Neste 
exemplo a sociedade limitada e os quatro investidores formariam uma sociedade em conta 
de participação, na qual a sociedade limitada seria o sócio ostensivo e os investidores 
seriam os sócios participantes. As vantagens desta solução são incontáveis. Em primeiro 
lugar, a sociedade limitada obteria o capital de que necessita e os investidores teriam seu 
dinheiro aplicado em produção, revelando que este tipo societário tem uma importante 
função econômica, permitindo que o empresário fuja dos exorbitantes juros bancários. Mais 
que isso, os sócios participantes estarão investindo seu capital num empreendimento que 
está no controle de pessoas que presumidamente possuem o conhecimento necessário para 
desenvolver o negócio. 
 
 10 
OUTRO EXEMPLO 
 Observamos atualmente que existem cada vez mais pessoas interessadas em investir 
em venture capital ou private equity. O capital de risco passou a ser uma grande 
oportunidade de negócios no Brasil, sendo crescentes os fundos ou as associações de 
pessoas tendentes a direcionar seus recursos para tal atividades, preterindo os investimentos 
clássicos como renda fixa, fundos de pensão ou mesmo o mercado de capitais. Aparecem os 
investimentos nas chamadas empresas emergentes, empresas que, entre outras 
características, pelo menos aos olhos dos investidores, sinalizam um futuro promissor em 
termos de remuneração aos seus recursos. Estas empresas basicamente centram suas 
atividades sob uma base tecnológica, que pode envolver tecnologia da informação, internet, 
biotecnologia, etc. E o que fazem estes investidores? Contratam com uma determinada 
sociedade, especialista na intermediação e gestão de capital, a configuração de uma SCP, 
onde cabe aos primeiros (investidores ou sócios participantes) aportar recursos, por um 
determinado prazo de tempo, e a segunda (sócio ostensivo) gerir e aplicar tais recursos em 
uma empresa cuidadosamente escolhida. Dando lucros a empresa, são os investidores 
remunerados na proporção de seus investimentos (como se possuíssem ações de uma 
empresa), com o retorno do capital investido no final do prazo da SCP (salientando que a 
empresa poderá não dar lucro, por isso o risco). Assim, neste exemplo, quem aparece 
perante o mercado é a entidade gestora dos recursos, que negociará a sua forma de 
aplicação na empresa emergente. Os sócios participantes não podem ter qualquer 
envolvimento em tais atos, sob pena de responderem também solidariamente. Poderão (e 
deverão), todavia, fiscalizar a administração de seus recursos na empresa receptora dos 
mesmos. Ressalte-se que tais negócios não podem envolver captação pública de recursos, o 
que apenas é lícito a empresas registras na CVM ou a instituições financeiras.

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