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aula 3 principios do contrato

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Princípios fundamentais do Direito Contratual
Princípio da autonomia da vontade
O princípio da autonomia da vontade se alicerça na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica.
Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. 
A liberdade contratual é prevista no art. 421 do novo Código Civil, já comentado (Função social do contrato, ), nestes termos: 
“A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.
 Preceitua ainda o art. 425: 
“É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”.
  
 
Contrato atípico é o que resulta de um acordo de vontades não regulado no ordenamento jurídico, mas gerado pelas necessidades e interesses das partes. 
É válido, desde que estas sejam capazes e o objeto lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica. 
Têm aumentado consideravelmente as limitações à liberdade de contratar
Princípio da supremacia da ordem pública
 
 A liberdade contratual encontrou sempre limitação na ideia de ordem pública, entendendo-se que o interesse da sociedade deve prevalecer quando colide com o interesse individual.
 
 O princípio da autonomia da vontade não é absoluto.
É limitado pelo princípio da supremacia da ordem pública. 
 
 A noção de ordem pública, todavia, é muito fugidia, não se amoldando a qualquer classificação feita a priori. O mesmo sucede com a de bons costumes. 
Cabe aos tribunais verificar, em cada caso, se a ordem pública está ou não em jogo.
Segundo Silvio Rodrigues, a “ideia de ordem pública é constituída por aquele conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe à sociedade preservar. Por conseguinte, os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre os particulares. “Jus publicum privatorum pactis derogare non potest”.
 
 
  Os direitos também devem ser exercidos no limite ordenado pelos bons costumes, conceito que decorre da observância das normas de convivência, segundo um padrão de conduta social estabelecido pelos sentimentos morais da época.
 Princípio do consensualismo
O princípio do consensualismo decorre da moderna concepção de que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa.
 
Essa necessidade de garantir as partes contratantes levou, mais modernamente, o legislador a fazer certas exigências materiais, subordinadas ao tema do formalismo.
 
 Os contratos são, pois, em regra, consensuais. Alguns poucos, no entanto, são reais (do latim res: coisa), porque somente se aperfeiçoam com a entrega do objeto, subsequente ao acordo de vontades.
O consensualismo, portanto, é a regra, e o formalismo, a exceção. 
Dispõe, com efeito, o art. 107 do Código Civil:
 
 “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”.
É nulo o negócio jurídico quando “não revestir a forma prescrita em lei” ou “for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade” (CC, art. 166, IV e V). 
Princípio da relatividade dos efeitos do contrato
 
 Funda-se tal princípio na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando terceiros nem seu patrimônio.
 
Essa visão, no entanto, foi abalada pelo novo Código Civil, que não concebe mais o contrato apenas como instrumento de satisfação de interesses pessoais dos contraentes, mas lhe reconhece uma função social. 
Princípio da obrigatoriedade dos contratos
 
 Também denominado princípio da intangibilidade dos contratos, representa a força vinculante das convenções. Daí por que é também chamado de princípio da força vinculante dos contratos.
Pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar.
 A ordem jurídica concede a cada um a liberdade de contratar e definir os termos e objeto da avença. 
Os que o fizerem, porém, sendo o contrato válido e eficaz, devem cumpri-lo, não podendo se forrarem às suas consequências, a não ser com a anuência do outro contraente. 
 
 
 O princípio da força obrigatória do contrato significa, em essência, a irreversibilidade da palavra empenhada.
Princípio da obrigatoriedade dos contratos tem por fundamentos:
 a) a necessidade de segurança nos negócios, que deixaria de existir se os contratantes pudessem não cumprir a palavra empenhada, gerando a balbúrdia e o caos;
 b) a intangibilidade ou imutabilidade do contrato, decorrente da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes, personificada pela máxima pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos), não podendo ser alterado nem pelo juiz. 
Qualquer modificação ou revogação terá de ser, também, bilateral. 
O seu inadimplemento confere à parte lesada o direito de fazer uso dos instrumentos judiciários para obrigar a outra a cumpri-lo, ou a indenizar pelas perdas e danos, sob pena de execução patrimonial (CC, art. 389).
 
A única limitação a esse princípio, dentro da concepção clássica, é a escusa por caso fortuito ou força maior, consignada no art. 393 e parágrafo único do Código Civil.
 
Preleciona, por sua vez, Nelson Nery Junior que o princípio da conservação dos contratos, ante a nova realidade legal, deve ser interpretado no sentido da sua manutenção e continuidade de execução, observadas as regras da equidade, do equilíbrio contratual, da boa-fé objetiva e da função social do contrato.
Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva
 
Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva permite aos contraentes recorrerem ao Judiciário, para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas situações.
A teoria recebeu o nome de rebus sic stantibus ( enquanto as coisas estão assim) e consiste basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita (não expressa) de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. 
Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários (uma guerra, p. ex.), que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente.
Entre nós, a teoria em tela foi adaptada e difundida por Arnoldo Medeiros da Fonseca, com o nome de teoria da imprevisão, em sua obra Caso fortuito e teoria da imprevisão. 
Em razão da forte resistência oposta à teoria revisionista, o referido autor incluiu o requisito da imprevisibilidade, para possibilitar a sua adoção. Assim, não era mais suficiente a ocorrência de um fato extraordinário, para justificar a alteração contratual. Passou a ser exigido que fosse também imprevisível. 
É por essa razão que os tribunais não aceitam a inflação e alterações na economia como causa para a revisão dos contratos. Tais fenômenos são considerados previsíveis entre nós.
Princípio da boa-fé e da probidade
 
O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.
Recomenda ao juiz que presuma a boa-fé, devendo a má-fé, ao contrário, ser provada por quem a alega. 
Deve este, ao julgar demanda na qual se discuta a relação contratual, dar por pressuposta a boa-fé objetiva, que impõe ao contratante um padrão de conduta, de agir com retidão, ou seja, com probidade, honestidade e lealdade, nos moldes do homem comum, atendidas as peculiaridades dos usos e costumes do lugar.
Boa-fé subjetiva e boa-fé objetiva
 
 O princípio da boa-fé se biparte em boa-fé subjetiva,
também chamada de concepção psicológica da boa-fé, e boa-fé objetiva, também denominada concepção ética da boa-fé.
A boa-fé subjetiva diz respeito ao conhecimento ou à ignorância da pessoa relativamente a certos fatos, sendo levada em consideração pelo direito, para os fins específicos da situação regulada. 
Serve à proteção daquele que tem a consciência de estar agindo conforme o direito, apesar de ser outra a realidade.
A boa-fé que constitui inovação do Código de 2002 e acarretou profunda alteração no direito obrigacional clássico é a objetiva, que se constitui em uma norma jurídica fundada em um princípio geral do direito, segundo o qual todos devem comportar-se de boa-fé nas suas relações recíprocas. 
Classifica-se, assim, como regra de conduta. Incluída no direito positivo de grande parte dos países ocidentais, deixa de ser princípio geral de direito para transformar-se em cláusula geral de boa-fé objetiva. 
É, portanto, fonte de direito e de obrigações.
 
Denota-se, portanto, que a boa-fé é tanto forma de conduta (subjetiva ou psicológica) como norma de comportamento (objetiva). 
Nesta última acepção, está fundada na honestidade, na retidão, na lealdade e na consideração para com os interesses do outro contraente, especialmente no sentido de não lhe sonegar informações relevantes a respeito do objeto e conteúdo do negócio.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
Função social do contrato
 
Dispõe o art. 421 do Código Civil:
 
 “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.
 A concepção social do contrato apresenta-se, modernamente, como um dos pilares da teoria contratual. 
Por identidade dialética guarda intimidade com o princípio da “função social da propriedade” previsto na Constituição Federal. 
Tem por escopo promover a realização de uma justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes.
 
A função social do contrato constitui, assim, princípio moderno a ser observado pelo intérprete na aplicação dos contratos. 
Alia-se aos princípios tradicionais, como os da autonomia da vontade e da obrigatoriedade, muitas vezes impedindo que estes prevaleçam.
Segundo Caio Mário, a função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar, como ocorre nas hipóteses de contrato obrigatório.

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