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Aula 14 – Falhas Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Engenharias da Mobilidade Prof. Gabriel Benedet Dutra Por que estudar? Analisar uma falha é interpretar as características de um sistema ou componente deteriorado para determinar porque ele não mais executa sua função com segurança e para evitar novas falhas. Conhecer a mecânica dos diferentes tipos de falhas é importante para o projeto de um componente ou estrutura a fim de minimizar a possibilidade de ocorrência de danos ao equipamento quando sujeito a condições extremas. Introdução Causas: seleção e processamento de materiais de maneira não apropriada e um projeto inadequado do componente ou má utilização. Responsabilidade do engenheiro: antecipar e planejar considerando possíveis falhas – caso ocorra: avaliar suas causas para que não ocorram mais – muito utilizado na indústria aeronáutica. Processo de fratura envolve duas etapas: formação e propagação de trincas em resposta a imposição de uma tensão. O modo da fratura é dependente do mecanismo de propagação de trincas. Fundamentos da fratura FrágilDúctil Fratura Extensa deformação plástica na vizinhança de uma trinca que está avançando. Estável: não cresce espontaneamente Propagação rápida das trincas com pouca deformação plástica. Instável: cresce espontaneamente. Desejável Indesejável - repentina • Habilidade do material em apresentar deformação plástica Fundamentos da fratura Tipos de fratura Metais macios – Au, Pb em T ambiente, polímeros. Redução da área virtualmente até 100%. Fratura mais comum para metais dúcteis – fratura é precedida por um empescoçamento Fratura frágil, sem apresentar deformação plástica Tipos de fratura Fratura dúctil a) Empescoçamento inicial; b) Formação de pequenos vazios; c) Coalescência e cavidades para formação da trinca elíptica – paralelo ao eixo principal da trinca; d) Propagação da trinca ao redor do perímetro externo do pescoço; e) Fratura com cisalhamento. Fratura taça ou cone – 45o Fratura dúctil Fratura taça ou cone Aparência irregular e fibrosa – deformação plástica Fratura dúctil- análise fractográfica Aumento 3300X – MEV – microcavidades esféricas devido a tração uniaxial Aumento 5000X – MEV – microcavidades parabólicas devido a cisalhamento – 45o Fratura frágil • Ocorre sem qualquer deformação apreciável e pela rápida propagação de uma trinca. • A direção de movimento da trinca é aproximadamente perpendicular a direção da tensão aplicada – superfície de fratura praticamente plana. Nervuras radiais em formato de leque – ampliação de 2X. Fratura frágil • Fratura transgranular – trincas da fratura passam através dos grãos; • Clivagem: ruptura de ligações atômicas de forma sucessiva ao longo de planos cristalográficos específicos Propagação da trinca no interior dos grãos – MEV Ferro Fundido Fratura frágil • Fratura intragranular – trincas da fratura se dão ao longo dos contornos de grão. • Resulta após a ocorrência de processos que enfraquecem ou fragilizam as regiões dos contornos de grãos. Propagação da trinca no contorno de grão natureza 3D dos contornos Princípios da mecânica da fratura • Mecânica da fratura: quantificar as relações entre as propriedades dos materiais, o nível de tensão, a presença de defeitos geradores de trincas e os mecanismoss de propagação de trincas. • Historicamente: 1982 EUA – U$ 119 bilhões s/ conhecimento Gastos devido a problemas por fratura EUA – U$ 56 bilhões c/ conhecimento Princípios da mecânica da fratura Princípios da mecânica da fratura Princípios da mecânica da fratura Concentração de tensões A resistência a fratura média para a maioria dos materiais frágeis é menor que aquela obtida por meio dos cálculos baseados em energias de ligações atômicas. Explicado pela presença de defeitos e microtrincas. Estes pontos apresentam-se como um ponto de início de uma fratura quando é realizada a aplicação de uma tensão – concentram tensões. Efeito concentrador de tensões A tensão diminui em função da distância com relação a trinca/ defeito – tornando-se a tensão nominal o (carga aplicada a sessão transversal da amostra pela área) Concentrador de tensão Efeito concentrador de tensões • Considerando-se uma trinca como sendo um furo elíptico vazante a uma placa que se encontra orientado perpendicularmente à tensão aplicada, a tensão máxima do material com uma trinca será dada por: Comprimento de uma trinca superficial ou ½ trinca interna Tensão nominal Efeito concentrador de tensões Podemos também escrever: Fator de concentração de tensões Medida do grau pelo qual uma tensão aplicada externamente é aumentada na extremidade de uma trinca Efeito concentrador de tensões Concentração de tensões: materiais frágeis • O efeito do concentrador de tensões é mais significativo em materiais frágeis que dúcteis; • Ocorre deformação plástica – melhor distribuição de tensões • Griffith estabeleceu um balanço entre a energia de deformação elástica e a formação de novas superfícies; • Para a propagação de uma trinca em um material frágil a tensão crítica deve ser: E: módulo de elasticidade 𝛾𝑠 = energia de superfície específica a= metade de um comprimento de uma trinca interna Relação entre a tensão crítica para propagação de uma trinca e o comprimento da trinca: Kc – tenacidade a fratura: propriedade que mede a resistência de um material a uma fratura frágil quando uma trinca está presente. Y – parâmetro que depende do tamanho e da geometria da trinca e da amostra e do modo de aplicação da carga. Tenacidade a fratura Concentração de tensões: materiais frágeis Tenacidade a fratura em deformação plana – amostras com espessura grande O fator de intensidade de tensão K e a tenacidade à fratura em deformação plana KIc estão relacionados entre si da mesma maneira que estão a tensão e a tensão limite de escoamento É possível uma variedade de valores de K diferentes, enquanto o valor de KIc é único para um material específico e indica as condições de tamanho do defeito e de tensão que são necessárias para a ocorrência de uma fratura frágil. Tenacidade a fratura Detecção de defeitos Ensaios não destrutivos para detecção e medida de defeitos – internos e de superfície. Inspeção visual: fácil execução, de baixo custo e comumente não requer equipamento especial. requer boa visão, boas condições de iluminação e experiência no reconhecimento de defeitos Partículas magnéticas: O ensaio por partículas magnéticas é utilizado na localização de descontinuidades superficiais e sub-superficiais em materiais Ferromagnéticos. Na região magnetizada da peça, as descontinuidades existentes irão causar um campo de fuga do fluxo magnético. Com a aplicação das partículas ferromagnéticas, ocorrera a aglomeração destas no campo de fuga, uma vez que serão por eles atraídas, devido ao surgimento de pólos magnéticos. A aglomeração indicará o contorno do campo de fuga, fornecendo a visualização do formato e da descontinuidade. Detecção de defeitos Execução do ensaio de Partículas Magnéticas - Técnica do Yoke, com partícula magnética via úmida colorida. Detecção de defeitos Líquidos penetrantes: detecção de descontinuidades abertas na superfície de materiais sólidos e não porosos. Este método emprega um líquido penetrante, o qual é aplicado na superfície, penetrando nas descontinuidades. Após um determinado tempo de penetração, o excesso é removido, aplica-se um revelador e é feita a observação das descontinuidadesatravés da observação do vazamento do líquido penetrante. Ultrassom: Ondas ultrassônicas podem ser usadas para detectar defeitos, medir espessuras ou caracterizar materiais. Dispositivos especiais, chamados transdutores, permitem e captar esta ondas de alta frequência, refletindo-se cada vez que encontra uma descontinuidade. O ensaio por ultrassom é utilizado na inspeção de soldas, avaliação do efeito da corrosão, detecção de defeitos laminares em chapas planas, etc., sendo largamente utilizado nos setores petroquímico, siderúrgico, naval, aeronáutico e nuclear. Detecção de defeitos Aplicação do Líquido Penetrante nas regiões da solda a serem ensaiadas por este método. Realização do ensaio de Ultrassom em solda da viga da estrutura provisória utilizada para movimentar a ponte. Detecção de defeitos Radiografia industrial: Se originou da propriedade de que certas formas de energia radiante possuem de atravessar materiais opacos a luz visível. Podemos distinguir dois tipos de radiação penetrante usados em radiografia industrial: os Raio x e os Raios Gama. Eles se distinguem da luz visível por possuírem um comprimento de onda extremamente curto, o que lhe dá a capacidade de atravessarem materiais que absorvem ou refletem a luz visível. Por serem de natureza semelhante a luz, os Raios x e os Raios Gama possuem uma série de propriedades em comum com a luz entre as quais podem citar: possuem mesma velocidade de propagação (300.000 km/s), deslocam-se em linha reta, não são afetadas por campos elétricos ou magnéticos, possuem a propriedade de impressionar emulsões fotográficas Detecção de defeitos Detecção de defeitos Emissão acústica: A emissão acústica é o fenômeno que ocorre quando uma descontinuidade é submetida á solicitação térmica ou mecânica. Uma área contendo defeitos é uma área de concentração de tensões que, uma vez estimulada por um esforço externo, origina em uma redistribuição de tensões localizada. Este mecanismo ocorre com a liberação de ondas de tensão na forma de ondas mecânicas transientes. A técnica de E.A. consiste em captar esta perturbação no meio, através de transdutores piezoelétricos distribuídos de forma estacionária sobre a estrutura. Este receptores passivos, estimulados pelas ondas transientes, transformam a energia mecânica em elétrica sendo os sinais digitalizados e armazenados para futura análise através de parâmetros estabelecidos. Este método detecta as descontinuidades nos estágios iniciais e permite que toda a superfície do equipamento em teste seja testada em um único ensaio. A inovação desta técnica está na possibilidade de realizar o teste com o equipamento em operação.
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