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Resenha comparativa Dezemone(1)

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
IFCH – INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
Denis Offredi
Yoran Ybarra Barboza
RESENHA COMPARATIVA
Rio de Janeiro
2016
Resenha comparativa
Resenha comparativa apresentada como um dos requisitos para aprovação na disciplina de Brasil IV, ministrada pelo profº. Marcus Dezemone, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro
2016
Resenha comparativa dos textos: O processo político na primeira república e o liberalismo oligárquico – Maria Efigênia Lage de Resende, A formação das almas: O imaginário da república no Brasil – José Murilo de Carvalho.
	Resende no começo de sua obra aponta uma dicotomia entre uma república, teoricamente este modelo deveria compreender o interesse de uma maioria se sobrepondo a o de uma minoria, justamente de maneira contrária, pois no Brasil operação o oposto, uma minoria que retêm o controle sobre a maioria. Esta minoria, segundo uma visão de Carvalho deve ser entendido como a elite oligárquica brasileira. Onde a todo momento esta elite busca “manipular”, ou “tutelar” a participação da população. Carvalho acrescenta que os mecanismos pelos quais esse processo de dominação se legitima através de ideologias envoltas por símbolos, alegorias e mitos, com objetivo de sintetizar o discurso de uma elite letrada sobre uma população analfabeta. Por trás deste objetivo se encontra a necessidade de “englobar” a camada mais popular da sociedade.
	Não exatamente de maneira tão simplista, pois este modelo é constituído em meio a diversos conflitos entre as fragmentações desta elite entre si, sobrepondo o poder dos mais influentes e munidos de um status quo social, para com os menos privilegiados dentre deste meio e, no bojo disto tudo a camada popular que encontra-se marginalizada deste processo, ou “sistema” como denomina Resende. Cada parcela desta elite é cercada de interesses específicos e, a parcela vitoriosa deste sistema iria “moldar” este ideário social de Brasil, daí o nome da obra de Carvalho – A formação das almas.
	O primeiro tópico trabalhado pela autora é a Constituição de 1891, dentro deste destaca o papel do “individualismo” e o “federalismo” como elementos característicos para este processo de marginalização da cidadania para com as camadas populares. O “individualismo” é compreendido como uma herança da antiga Constituição Imperial de 1824 que, seguindo a lógica liberal conservadora -que equiparava propriedade privada e liberdade- dava base à noção de “democracia censitária” onde só estariam aptos a tomar parte da vida pública indivíduos pertencentes às classes proprietárias, não sendo necessário portanto se adotar qualquer tipo de política pública de cunho social como via de assegurar a participação das camadas populares na política. Essa influência liberal conservadora da Constituição de 1824 foi mantida na de 1891, consequentemente se configurou um sistema político monopolizado por indivíduos, ou grupos, que atuariam com “liberdade” perante as leis nacionais e, segundo seus particulares anseios, tendo em vista sua importância regional (os coronéis); cabe aqui ao “federalismo” romper com o sistema de relação direta entre os detentores dos poderes regionais o centro de poder nacional. Se o individualismo gerou um sistema representativo elitista, o federalismo no Brasil da Primeira República gerou a primazia do poder local. A “estadualização” se traduziu no domínio de oligarquias estaduais, sustentada a nível municipal no poder dos “coronéis”, latifundiários “donos” de currais eleitorais. Dada à estrutura agrária e latifundiária brasileira, os poderes locais sempre exerceram seu mandonismo contra a massa pobre ao seu redor, entretanto Resende destaca que o coronelismo se diferencia do simples mandonismo local, visto que a prática do mandonismo sempre existira durante os períodos colonial e imperial. O coronelismo não é uma prática, é um organizador do sistema político, que teve espaço para se desenvolver graças à aplicação do federalismo à realidade concreta de um país dominado por latifundiários. O que para Carvalho este “arranjo de coronéis” ocupam o centro da cena política.
	Valendo lembrar aqui que os Estados foram recém-criados, tendo como modelo o que acontecerá com os Estados Unidos. Para dar estabilidade a esse sistema político que precisava acomodar os interesses de diferentes grupos locais e oligarquias estaduais –e não precisar mais contar como única solução o intervencionismo das forças armadas- Campos Sales colocou a funcionar o sistema de “acordões” entre o Governo Federal e as oligarquias estaduais, acordos segundo os quais o executivo federal não mais interviria nas disputas internas às oligarquias estaduais e, em troca, essas garantiam por meio dos currais eleitorais mantidos pelos coronéis dos municípios de seus respectivos estados os votos necessários para eleger um Congresso Nacional favorável ao Presidente da República. Isto torna os coronéis dos municípios “peças-chaves” neste panorama apresentado pela autora. Estes coronéis exercem uma ampla jurisdição sobre seus dependentes, arbitrando rixas e desavenças (sobretudo entre o Partido Republicano Mineiro, interessado nos grupos familiares dominantes x Partido Republicano Paulista, que buscavam atender a demanda dos cafeicultores de São Paulo), reunindo funções policiais (anteriormente classificados como Guardas Nacionais), impondo-se segundo sua ascendência social e, uma vez alcançando esta hegemonia municipal, deslocam-se para integrar as elites estaduais, onde estas últimas se estruturam a partir dos partidos estaduais e, caso preciso, no uso das forças militares de modo autoritário, visto como uma hereditariedade do império brasileiro. Também é válido trazer ao debate o papel preponderante na manutenção deste sistema político oligárquico os “casamentos por interesses” realizados em razão da perpetuação do mesmo, por si só alianças políticas.
	Podemos agora fomentar o raciocínio que desde o primeiro momento, ressaltando o art.68 da Constituição de 1891, os interesses peculiares desta elite oligárquica são garantidos. Ainda, segundo Resende, o “Coronelismo” demarca uma mudança qualitativa na tradicional dominação do poder privado, logo este sistema político inaugura-se na “República Velha” e “finda-se” até a Revolução de 1930 com o centralismo político de Getúlio Vargas e a nomeação de “interventores” estatais, logo segundo a autora, um fenômeno datado de nossa história, não um fenômeno atemporal como as práticas de mandonismo local.
	A Constituição deste período então prioriza uma “democracia censitária” selecionando os eleitores por rendas e, ou posses de latifúndios, ou seja, este é o “cidadão”, o “homem livre” dotado dos direitos políticos. Neste quadro as leis servem apenas para conferir a proteção à propriedade privada. Já a “massa de votantes” atribui-se o papel figurante de “ignorantes” e “dependentes”. Exige-se destes eleitores a obrigatoriedade de saber ler e escrever, algo que seria improvável a esta marginalizada parcela, por conseguinte impossível a incorporação dos libertos a cidadania. “Para os libertos nada muda” (RESENDE, p.100). A partir deste pensamento, mulheres e analfabetos tornam-se incapazes para a política. Para aqueles que rebelarem-se “pelo aparato da violência e repressão a quaisquer tipo de manifestação social” seriam oprimidos.
	Há que ressaltar que Resende afirma que, a despeito do sistema político inaugurado na Primeira República exclua da participação política institucional as camadas populares, através das greves, manifestações, revoltas populares e movimentos sociais, os setores populares não deixaram de agir politicamente no período, exercendo pressão sobre o sistema político que insistia em negar-lhe.
	No que tange o militarismo, federalismo e instabilidade política, segunda parte da discussão de Resende, ela elucida sobre a efetiva participação dos militares, pósGuerra do Paraguai, aliando-se ao Partido Republicano Paulista fecundando a “força política mais organizada do país” (RESENDE, p.104). Estes agentes militares, influenciados pela corrente positivista (oriunda da concepção de Benjamin Constant), se imbuíram de uma “concepção de missão cívica – expurgar os males do país”. Logo dentro deste projeto republicano positivista uma ditadura militar se faz necessário. Visando primordialmente os interesses dos cafeicultores paulistas. Justamente esta disputa das fragmentações oligárquicas, desde que Marechal Deodoro nomeia os “governadores provisórios” que causam este momento de instabilidade política. A dificuldade de relação entre o recém presidente Marechal Deodoro da Fonseca e seu vice-presidente Floriano Peixoto leva ao fechamento do Congresso (03/11/1891). Posteriormente Floriano Peixoto toma a atitude de depor todos aqueles governadores que voltaram-se contra as ações de Marechal Deodoro e apoiaram o Congresso. Segundo Resende, devidos a estas ações, entre outras mais de caráter antiliberal, Floriano tornou-se uma espécie de “paladino dos republicanos mais radicais”. Federalistas e republicanos acirram seus embates, e evolui em 15/11/1894 com a “eleição” de Prudente de Morais (apoiado por Francisco Glicério, líder do Partido Republicano Federal). Após empossado a Revolução Federalista no Sul dá sinais de esgotamento. No Congresso Jacobinos rivalizam com florianistas. Morais afasta-se por motivos de saúde, fica como interino seu vice Vitorino, ao retornar recebe notícias que no Rio de Janeiro os revoltosos de Canudos ganham folego derrotando as tropas federalistas. Uma cisão no PRF torna-se eminente.
	Na terceira parte de sua obra - Política dos governadores e funcionamento do sistema político – Resende procura esclarecer sobre como se dará o cenário político no Brasil em baixa do café, uma crise político-econômica galopante. Diz Resende “a relação entre municípios e Estados (1889 e 1898, mandato de Campos Sales) aponta para uma série infindável de conflitos e confrontos, muitos violentos”, de modo que nos municípios se dava através da luta de rivais (coronéis) pela hegemonia local e, no Estado, por lutas entre facções oligárquicas. Diversas críticas de fraude ao sistema eleitoral são fomentadas – “voto de cabresto” (uma política autoritária de manipulação dos coronéis para com os eleitores). A partir desde caótico quadro político Campos Sales implantará a “política dos Estados” ou “política dos governadores”, que visa o estabelecimento de “relações de compromisso” entre o executivo federal e os executivos estaduais, formando um “legislativo coeso no plano nacional” sustentando suas políticas.
	Para findar esse debate é preciso ter em mente que para manutenção desta estrutura postulado por Campos Sales se faz-se necessário que os governadores, dos respectivos estados, sobretudo São Paulo e Minas Gerais, se articulem com os coronéis municipais para que se conquistem a hegemonia locais, a posteriori federal.
BIBLIOGRAFIA:
CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas: O imaginário da República no Brasil. São Paulo, 2005. Companhia das Letras.
CARVALHO, José Murilo de. Pontos e bordados: escritos de história e política. Minas Gerais, 1998. UFMG.
RESENDE, Maria Efigênia Lage de. O Processo Político na Primeira República e o Liberalismo Oligárquico. Minas Gerais. UFMG.

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