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HISTORIA DO DESENVOLVIMENTO DA TEORIA DO AQUECIMENTO GLOBAL

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1 
 
Apresentação Oral 
 Palavras-chave: História do aquecimento global, Efeito Estufa, Mudanças Climáticas.
 
História do desenvolvimento da teoria do aquecimento global antropogênico 
 
 Arthur Henrique de Oliveira 
 swamiarthur@terra.com.br 
 Mestre em História da Ciência
 Professor de Ciências e Biologia 
 
RESUMO 
As previsões desalentadoras a cerca das mudanças climáticas que poderão ocorrer em 
decorrência de um possível “aquecimento global” transformou a questão em uma emergência 
mundial. A crença unânime no aquecimento global supostamente causado pelo homem, 
apoiada por uma mídia acrítica, nos induz erroneamente a crer na idéia de que há um 
consenso científico fechado e inquestionável em torno do assunto. A história da ciência tem 
demonstrado que a existência de diferentes teorias para explicar um mesmo fenômeno é algo 
comum e um grande estímulo ao avanço científico. Ao passo que, quando uma concepção 
torna-se hegemônica os erros são mantidos na escuridão e os interesses políticos, ideológicos 
e econômicos preponderam. Em tempos de destaque para as questões ambientais, 
especificamente sobre as possíveis mudanças climáticas resultantes do aumento da 
temperatura do globo em decorrência da intensificação dos gases do efeito estufa, o resgate 
histórico sobre o desenvolvimento do tema nos permitirá compreender, entre outras coisas, 
como a hipótese do aquecimento global antropogênico tornou-se uma força hegemônica no 
cenário atual. Veremos que a hipótese de que o CO2 de origem humana poderia afetar o clima 
remonta ao final do século XIX e está ancorado nas premissas estabelecidas por vários 
pesquisadores como Jean Baptiste Joseph Fourier (1768-1830), John Tyndall (1820-1893), 
Svante August Arrhenius (1859-1927), entre outros. Para tanto, este trabalho segue a linha de 
pesquisa em História e Teoria Ciência utilizando como fonte primária os trabalhos de Jean 
Fourier denominado Memoire sur les temperaturas globo terrestre du et des espaces 
planetaires (1827), John Tyndall On the Absorption and Radiation of Heat by Gases and 
Vapours, and on the Physical Connexion of Radiation, Absorption, and Conduction (1861) e 
Svante Arrhenius, On the Influence of Carbonic Acid in the Air upon the Temperature of the 
Ground (1896) e Worlds in the Making. The Evolution of the Universe (1908), além disso, 
utilizaremos também fontes secundárias e obras mais gerais nas quais serão analisadas as 
preocupações relacionadas ao tema. James Fleming
1
 recua um pouco mais na linha do tempo 
 
1
 James Rodger Fleming, historiador da ciência e tecnologia, professor de Ciência, Tecnologia e Sociedade no 
Colby College. Formou-se em Astronomia na Universidade da Pensilvânia, mestrado em Ciência Atmosférica 
pela Universidade do Colorado e doutorado em História pela Universidade de Princeton. 
 2 
buscando evidencias históricas sobre as discussões a respeito das mudanças climáticas 
causadas por atividades humanas ou naturais. Como exemplo, o autor se reporta a teoria do 
determinismo climático defendida pelo abade francês Jean-Baptiste Dubos (1670-1742), no 
livro Réflexions critiques sur la poesie et sur la peinture (1719). Para Dubos, a causa das 
diferenças individuais, sociais e culturais entre os diversos povos poderia ser explicada pela 
influência dos fatores climáticos. Dubos, além de acreditar que o clima europeu e americano 
haviam se tornado mais ameno em decorrência das derrubadas das florestas para a expansão 
da agricultura, também pensava que o consumo constante de produtos tropicais poderia 
influenciar o desenvolvimento de características peculiares dos povos que viviam nessas 
regiões do globo. Outros pensadores como o Barão de Montesquieu (1689-1755) e David 
Hume (1771-1776) também acreditavam que as mudanças climáticas exerciam influência 
direta sobre o indivíduo e a sociedade
2
. David Hume, citando Dubos, no ensaio Of the 
populousness of ancient nations (1742), escreveu que no passado as temperaturas eram tão 
baixas no Mediterrâneo e na Europa que o Rio Tybre em Roma permanecia congelado 
durante o inverno. Ainda nesse ensaio, Hume faz referências aos escritos de Diodorus Siculus 
de que a região da Gália possuía temperaturas extremamente baixas no passado; que a Gália, 
segundo Aristóteles, era tão fria no passado que nem mesmo um asno conseguiria suportar o 
seu clima; que a região da Arcádia (atualmente Grécia), segundo Polybius, era muito fria e o 
ar extremamente úmido; a Itália, segundo Varro, tinha o clima mais temperado da Europa e 
que o norte da Espanha, de acordo com Strabo, era praticamente inabitável por causa do frio. 
Segundo Hume, a causa das alterações climáticas ocorridas no continente europeu nos últimos 
milênios estava diretamente relacionada com as atividades humanas
3
. Porém, devemos 
creditar ao físico e matemático francês Jean Baptiste Joseph Fourier, o mérito de ter 
identificado o fenômeno científico que mais tarde viria a ser chamado de efeito estufa. Fourier 
tendo observado o funcionamento de um aparato construído por Horace Bénédict de 
Saussure
4
 (1740-1799), deduziu que o mesmo efeito poderia ocorrer na atmosfera do planeta. 
O aparelho desenvolvido por Saussure era utilizado para estudar a radiação solar e os efeitos 
do calor no alto das montanhas. Saussure objetiva demonstrar com seus experimentos que as 
diferenças de temperaturas entre altas e baixas altitudes não era apenas o efeito direto dos 
raios solares incidindo sobre a Terra, e para fazer isso, ele inventou um dos primeiros 
coletores de energia solar que ele chamou de “héliothermomètre”. O instrumento era 
constituído por termômetros envolvidos por várias caixas com painéis de vidros. Foi assim 
que, ao publicar em 1824, o trabalho Mémoire sur les températures du globe terrestre et des 
 
2
 Fleming, James. Historical Perspectives on Climate Change, 11-21. 
3
 Hume, David. Of the populousness of ancient nations, 210-211 
 
4
 Naturalista, geólogo e físico suíço, inventor do higrômetro, instrumento que media a umidade do ar. Diplomou-
se pela Universidade de Genebra em 1759. Realizou diversas expedições e experimentos científicos nos Alpes, 
por isso, é atualmente considerado como um dos primeiros alpinistas do mundo, em um desses experimentos 
utilizou o heliotermômetro, uma invenção sua, para tentar descobrir porque faz mais frio nas montanhas do que 
em regiões de baixa altitude, escalou o Mont-Blanc em 1787, suas numerosas excursões pelos Alpes estão 
relatadas do seu célebre livro Voyages dans les Alpes (1796), também foi professor de Filosofia e membro da 
Royal Society. 
 3 
espaces planétaires, ele expôs pela primeira vez a idéia de que a atmosfera se comportaria 
como os vidros de uma estufa, ou seja, ela seria capaz de interceptar grande parte do calor-
escuro
5
 emitido pela superfície do planeta evitando sua propagação para o espaço
6
. Fourier 
endossava também a idéia de que as atividades humanas poderiam provocar alterações no 
clima: Les mouvements de l’air et des eaux, l’étendue des mers, l’élévation et la forme du sol, 
les effets de l’industrie humaine et tous les changements accidentels de la surface terrestre 
modifient les températures dans chaque climat 
7
. Embora esteja longe de considerar uma 
possível intensificação do efeito estufa em decorrência da "engenhosidade humana", o que 
surpreende em Fourier é que o mecanismo detalhado do efeito estufa natural do planeta, até 
aquele momento, ainda não era conhecido. Mas, se Fourier conseguiu chegar mais longe que 
Saussure na interpretação dosfatos, é que meio século havia transcorrido e o progresso no 
estudo do calor havia avançado muito. Porém, se o princípio do efeito estufa começara a ser 
compreendido e podendo Fourier ser reconhecido como um dos seus descobridores, alguns 
aspectos ainda se mantinham obscuros: os gases atmosféricos responsáveis pelo fenômeno. A 
elucidação viria posteriormente com as pesquisas realizadas Claude Pouillet (1790-1868), 
John Tyndall (1820-1893), Svante Arrhenius, e muitos outros. Nos anos 1820-1830, o físico 
francês Claude Pouillet (1790-1868) desenvolveu um aparelho chamado “pyrhéliomèter" 
(pirômetro) visando realizar pesquisas sobre a propagação da radiação solar, segundo Pouillet, 
a atmosfera terrestre teria a capacidade de reter o calor emitido pela superfície. Na busca por 
fenômenos físicos que influenciariam as características do clima, Claude Pouillet, em 1838, 
fez a primeira estimativa da constante solar, usando o pirômetro ele obteve um valor de 1228 
W/m², valor muito próximo da estimativa atual
8
. John Tyndall nasceu na Irlanda, após ter 
exercido a profissão de engenheiro, dedicou-se ao estudo da filosofia natural, foi professor da 
Royal Institution (1853-1887), colaborador, sucessor e biógrafo de Michael Faraday (1791-
1867), realizou diversos experimentos sobre magnetismo, mas notabilizou-se principalmente 
por seus estudos sobre a condução do calor em gases e vapor de água. Realizou diversos 
experimentos não só para medir a absorção de calor pelo dióxido de carbono, mas também 
pelo vapor de água presente na atmosfera. Tyndall estudou a capacidade do vapor, do dióxido 
de carbono e do metano em absorver o calor dos raios solares, e sugeriu que o resfriamento do 
planeta (eras do gelo) era causado por variações dos níveis atmosféricos desses gases. Para 
Tyndall a água presente em estado gasoso na atmosfera absorveria muito mais radiação 
infravermelha do que o gás carbônico e seria, portanto, o principal fator desencadeador das 
 
5
 Fourier referia-se a radiação infravermelha, cuja descoberta havia ocorrido 1800, por intermédio dos trabalhos 
do astrônomo inglês William Herschel (1738 - 1822), o mesmo que descobriu o planeta Urano. 
6
 Fourier, Jean Baptiste Joseph. Memoire sur les temperaturas globo terrestre du et des espaces planetaires, 585-
586. 
7
 Ibidem, 584. 
8
 Constante Solar é a quantidade de energia solar que chega a Terra. O cálculo é feito por unidade de tempo e por 
unidade de área em uma superfície perpendicular aos raios solares, de acordo com a distância média Terra-Sol. 
Atualmente esse valor da constante solar é medido por satélites logo acima da atmosfera terrestre e equivale a 
1.367 W/m 
2
. No entanto, o valor da constante solar varia de acordo com a atividade solar e, mais ainda, com a 
excentricidade da órbita terrestre, dessa forma, o fluxo solar incidente varia entre valores máximos e mínimos. 
 4 
mudanças climáticas
9
. No prosseguimento das pesquisas sobre efeito estufa e aquecimento 
global, no final do século XIX, o químico sueco Svante Arrhenius (1859-1927), fez várias 
especulações: se houvesse uma redução ou um aumento na quantidade de dióxido de carbono 
na atmosfera tal fato poderia causar flutuações nas temperaturas do globo; os oceanos 
exerceriam papel de destaque como regulador da quantidade de CO2 na atmosfera: emite 
quando a temperatura aumenta, e absorve quando ela esfria; a redução na quantidade de CO2 
presente na atmosfera poderia explicar o advento das glaciações; a duplicação do percentual 
de CO2 aumentaria a temperatura da superfície em 4º C; se a concentração fosse 
quadruplicada a temperatura subiria 8º C. Assim, se a quantidade de gás carbônico 
aumentasse em progressão geométrica, o aumento da temperatura aumentaria quase em 
progressão aritmética, se houvesse uma redução a tendência seria inversamente proporcional. 
Além disso, a diminuição da quantidade de CO2 acentuaria as diferenças das temperaturas, 
enquanto, um aumento nesse percentual tenderia a uniformizar as temperaturas do globo
10
. 
Arrhenius foi um dos primeiros a relacionar o aumento do consumo de combustíveis fósseis 
com o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, focando a causa no 
âmbito do ciclo biogeoquímico do carbono
11
. Mas, apesar de Arrhenius, ver com bons olhos a 
queima dos combustíveis fósseis, pois o aumento das concentrações de CO2 pelas atividades 
humanas poderia ser uma ótima solução técnica para se combater os efeitos de uma nova era 
glacial, naquela época, os riscos de um eventual aquecimento global de origem antropogênica 
soava como algo muito remoto ou mesmo impossível, e as especulações em torno do assunto 
permaneceram relegadas ao descrédito, o que levou o renomado meteorologista britânico 
George Clark Simpson (1878-1965), afirmar que, embora pudesse ocorrer variação nas 
concentrações de dióxido de carbono na atmosfera, essas variações seriam incapazes de 
causar efeitos notáveis sobre o clima, outros mecanismos como alterações na luminosidade 
solar, a transparência atmosférica, a temperatura dos oceanos e os elementos orbitais da Terra 
desempenhariam papel muito mais importante na regulação do clima
12
. Porém, não tardou 
muito até que em 1938, o pensamento de Arrehenius fosse resgatado por Guy Stewart 
Callendar (1878- 1964), engenheiro especialista em tecnologias do vapor e combustão da 
Associação Britânica das Indústrias Elétricas. A pesquisa de Callendar intitulada The 
Artificial Production of Carbon Dioxide and its Influence on Temperature (1938), 
apresentada na Royal Meteorological Society de Londres afirmava que o aumento das 
temperaturas médias no globo observado desde o início do século XX era resultante do 
aumento das emissões de CO2 provocadas pela queima de combustíveis fósseis – carvão, 
petróleo e gás natural, e que durante os últimos cinqüenta anos a combustão desses materiais 
teria lançado cerca de 150 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, 
 
9
 Tyndall, John. On the Absorption and Radiation of Heat by Gases and Vapours, and on the Physical 
Connexion of Radiation, Absorption, and Conduction, 28. 
10
 Arrhenius, Svante. On the Influence of Carbonic Acid in the Air upon the Temperature of the Ground, 266-
268, e Worlds in the Making. The Evolution of the Universe, 51-53. 
11
 Arrhenius, Svante. Worlds in the Making. The Evolution of the Universe, 54-56. 
12
 Fleming, James. Historical Perspectives on Climate Change, 90-106 
 5 
acarretando um aumento de 10% nas concentrações desse gás na atmosfera entre os anos 1900 
e 1936. Apesar de questionado por outros autores, Callendar manteve-se convicto de que seus 
cálculos estavam corretos e que o efeito estufa intensificado pelo aumento das concentrações 
de CO2 era real. Suas conclusões baseavam-se na análise das temperaturas obtidas em 200 
estações meteorológicas espalhadas pelo mundo
13
. As hipóteses de Callendar foram recebidas 
com certo grau de ceticismo pela comunidade científica, no entanto, após rever os resultados 
das medições de dióxido de carbono em 1941, houve uma ligeira mudança na opinião de 
vários pesquisadores, que passaram a partir daí, a considerar a absorção de calor pelo dióxido 
de carbono como um grande influenciador do aumento da temperatura global
14
. Realmente 
nas primeiras décadas do século XX, entre 1920 e 1930, observou-se um rápido e brusco 
aquecimento da ordem de 2º a 4º C nas temperaturas globais, a causa seria atribuída às 
atividades antropogênicas, principalmente a queima de combustíveis fósseis. Tal fenômeno 
ficou conhecido por Efeito Callendar
15. Um dos episódios famosos dessa tendência de 
aquecimento foi uma terrível seca que assolou diversos estados americanos durante a década 
de 1930. Nos anos seguintes Callendar continuou trabalhando com a hipótese da relação 
direta entre variação de CO2 e aumento da temperatura. Os artigos de Callendar no decorrer 
das décadas seguintes serviriam de subsídios para novas pesquisas. As súbitas alterações das 
temperaturas nas primeiras décadas do século XX também foram objeto de estudo da 
reportagem do New York Times, de 12 de dezembro de 1938. A reportagem apresentava 
estudos que tentavam diagnosticar a razão do aquecimento percebido na época, embora não se 
soubesse ainda sua causa real
16
. Na contramão da tendência de responsabilização do CO2 
como vilão do aquecimento global, o matemático sérvio Milutin Milankovich (1879-1958) 
publicou o livro Mathematical science of climate and astronomical theory of the variations of 
the climate (1930), no qual sugeria que os ciclos glaciais eram determinados por variações da 
radiação solar recebida pela Terra, tais variações decorriam das seguintes combinações: a 
excentricidade da órbita terrestre; a obliqüidade do eixo do globo e a rotação do eixo terrestre, 
que varia entre 21,8º e 24,4º a cada 41.000 anos e rotação do eixo terrestre. No entanto, essa 
“conexão cósmica”, ou seja, a relação entre o aumento da intensidade solar e o aquecimento 
global só passaria a ganhar aceitação durante a década de 1970, depois que análises nos leitos 
dos oceanos, no gelo da Antártica e da Groelândia mostraram evidencias das alternâncias 
climáticas. Segundo essa correlação, o fato do Sol constituir-se como fonte primordial de 
energia para a Terra, haveria uma forte influência das variações das atividades solares na 
 
13
 Callendar, Guy Stewart. The Artificial Production of Carbon Dioxide and Its Influence on Temperature, 223-
225. 
14
 Fleming, James. Historical Perspectives on Climate Change, 115-117. 
15
 Apesar do início do século XX ter registrado um aumento significativo das temperaturas, a partir daí, um 
resfriamento de cerca de 1º C se manteve até a década de 1990, exatamente no período em que ocorreu o mais 
intenso lançamento de CO2 antropogênico na atmosfera. A partir da década de 1990, as temperaturas voltariam a 
subir. Segundo Geraldo Lino, o aumento das temperaturas a partir da década 1920, deve-se ao aquecimento 
causado por uma intensa atividade solar, ou seja, consistia em uma ligeira recuperação da fase anterior de 
resfriamento (A farsa do aquecimento global, 23-35). 
16
 Disponível em http://wattsupwiththat.com/2008/12/12/today-in-climate-history-dec-12th-1938-gettingwarmer. 
 6 
regulação do clima planetário
17
. Durante a Guerra Fria muito se especulou a respeito da 
influência dos testes nucleares no clima do planeta 
18
. No início da década de 1950, Gilbert 
Norman Plass (1920-2004), físico canadense fez uma série de previsões sobre o aumento do 
dióxido de carbono na atmosfera e seu efeito sobre a temperatura média do planeta. Plass 
endossando os trabalhos de Callendar, afirmava que o acúmulo de dióxido de carbono na 
atmosfera poderia se tornar um sério problema num futuro próximo. Em 1953, Plass publicou 
na revista Time Magazine um artigo no qual discorreu sobre a relação entre o aumento das 
emissões antropogênicas de CO2 e o aumento da temperatura. Segundo ele, o aumento de CO2 
na atmosfera elevaria a temperatura média do planeta em 1,5°C a cada 100 anos. Em 1958 
começaram as medições de CO2 no vulcão Mauna Loa no Havaí pelo químico Charles David 
Keeling (1928-2005). Além de utilizar um instrumento especialmente projetado por ele 
(cromatógrafo de gás) para analisar as emissões do vulcão, Keeling também analisou as 
microbolhas de ar aprisionadas nas amostras de gelo das sondagens profundas na Antártica e 
na Groelândia. A relação direta entre o aumento de gás carbônico e a elevação da temperatura 
passou a ser conhecida a partir daí conhecida como Curva de Keeling. Tal gráfico indica a 
concentração atmosférica progressiva de CO2 ao longo do tempo. As medições que tiveram 
início no ano de 1958 até os dias atuais seria uma evidência, para aqueles que defendem a tese 
do aquecimento global antropogênico, que o planeta está aquecendo. Em 1963, a Fundação 
Conservação patrocinou uma conferência sobre as Implicações do crescente conteúdo de 
dióxido de carbono da atmosfera, a qual foi presidida por Charles Keeling. O relatório final 
da conferência afirmava que o aumento das concentrações de CO2 acabaria provocando uma 
elevação de até 4º C nas temperaturas, o que acarretaria inundações, derretimento de geleiras 
e elevação do nível dos oceanos. Naquele mesmo ano, contrastando com o aquecimento 
global, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, convocou 
uma conferência em Roma para discutir os efeitos do resfriamento global sobre a produção de 
alimentos. O principal especialista ouvido foi o climatologista e especialista no estudo dos 
climas do passado, o inglês Hubert H. Lamb, diretor do Centro de Pesquisas Climáticas da 
Universidade de East Anglia. Lamb era um opositor a tese de que o CO2 teria uma influencia 
determinante sobre o clima. Mas, não tardou muito para que a tese do aquecimento se 
“esfriasse”. Entre as décadas de 1960 e 1970, a discussão sobre aquecimento global cedeu 
lugar à possibilidade de resfriamento, com base na redução das temperaturas que vinha 
ocorrendo desde a década de 1940. Nessa nova tendência o frio passou a ser manchete nos 
jornais e revistas dos Estados Unidos: Os climatologistas estão pessimistas se os líderes 
políticos tomarão alguma ação positiva para compensar a mudança climática, ou mesmo 
para mitigar seus efeitos. Alguma semelhança com as previsões atuais? Sim, mas com uma 
pequena diferença: o texto faz referência ao resfriamento e não ao aquecimento global
19
. No 
dia 08 de agosto de 1974, o jornal The New York Times noticiava que a comunidade científica 
estava preocupada com a possibilidade de redução na produção mundial de alimentos em 
 
17
 Lino, Geraldo Luís. A fraude do aquecimento global, 34-35. 
18
 Fleming, James. Historical Perspectives on Climate Change,115-117 
19
 Newsweek, 28 de abril de 1975. http://denisdutton.com/newsweek_coolingworld.pdf. 
 7 
decorrência do resfriamento global, já que, uma nova era glacial estava em curso
20
. Em outro 
artigo, agora publicado no dia 21 de maio de 1975, novamente o jornal The New York Times 
dizia que havia consenso entre os cientistas sobre o possível resfriamento do planeta
21
.O 
resfriamento global também foi capa da revista Time em vários momentos naquele período: 
The Big Freeze (31 de janeiro de 1977) e How To Survive the Coming Ice Age (8 de abril de 
1977). Mas, se a quantidade de CO2 estava aumentando, como explicar a queda nas 
temperaturas? Intencionando responder a essa questão a revista Science, uma publicação da 
American Association for the Advancement of Science, publicou um estudo afirmando que as 
temperaturas estavam em decaimento em decorrência do aumento das concentrações de 
aerossóis na atmosfera causada pela poluição
22
. Em junho de 1972, ocorreu em Estocolmo na 
Suécia, a primeira Conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano, cujo mérito foi 
introduzir a temática ambiental nas relações internacionais, abrindo caminho para a 
implementação de uma série de tratados internacionais, bem como, instaurar o PNUMA 
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, sendo que o primeiro diretor executivo 
nomeado para o órgão foi Maurice Strong.Antes de ser nomeado para a conferência, Strong 
foi executivo do alto escalão da empresa de energia Power Corporation e cargos no governo 
do Canadá. Também mantinha numerosos vínculos de negócios com a família Rockefeller, 
tais condições o credenciou para assumir o papel de executivo-chefe do embrionário 
movimento ambientalista globalizado, inclusive com a sua incorporação ao aparelho das 
Nações Unidas. Strong durante a conferência advertiu urgentemente as nações sobre o 
advento do aquecimento global, a devastação das florestas, a perda da biodiversidade e 
finalmente sobre tendência mundial do aumento descontrolado da população. Ele propôs 
também um imposto a ser cobrado sobre cada barril de petróleo produzido e o uso desses 
recursos em programas de esclarecimentos sobre as conseqüências da poluição em qualquer 
parte do mundo. Durante os anos que esteve no cargo (1972-1975), Strong promoveu 
ativamente a popularização das principais ameaças para atmosfera, representada pelo uso dos 
combustíveis fósseis e produtos químicos, que supostamente seriam agressivos para a camada 
de ozônio; articulou a aproximação entre O PNUMA e a OMM (Organização Meteorológica 
Mundial), criando o arcabouço institucional para a politização dos temas climáticos, alguns 
anos mais tarde Strong seria um dos principais organizadores da Cúpula da Terra 
(Conferência Rio-92), da Convenção sobre Mudanças Climáticas e estaria envolvido também 
nas negociações sobre o Protocolo de Kyoto
23
. Em 1977, nos Estados Unidos, a National 
Academy of Sciences publicou um estudo sobre as tendências climáticas dominantes. O 
relatório final considerava improvável um resfriamento global e apontava para um possível 
aquecimento global para os próximos séculos. Durante os anos de 1980 os termômetros 
registrariam novamente uma tendência para o aumento das temperaturas, e o sucesso do 
 
20
 http://www.wmconnolley.org.uk/sci/iceage/ny-times-1974-08-08.pdf 
21
 http://www.wmconnolley.org.uk/sci/iceage/ny-times-1974-08-08.pdf 
22
 Rasool, S. Ichtiaque; Schneider, H. Atmospheric carbon dioxide and aerosols: effects of large increases on 
global climate, 138-141. 
23
 Lino, Geraldo Luis. A fraude do aquecimento global, 56-57. 
 8 
Protocolo de Montreal
24
 para a questão da camada de ozônio, foi seguido por outro encontro 
a Conferência Global sobre Mudanças Atmosféricas (1988) - ou Conferência de Toronto 
como ficou conhecida. Seguindo o modelo do Protocolo de Montreal, a Conferência de 
Toronto foi a primeira a estabelecer metas específicas de redução de emissões de gases do 
efeito estufa. No final da década de 1980 a Organização Meteorológica Mundial e o Programa 
das Nações Unidas para o Meio Ambiente, sob os auspícios da ONU, reconheceriam 
formalmente a ameaça do aquecimento global e estabeleceriam em 1988 a criação do IPCC 
(Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Dois anos após o seu 
estabelecimento, IPCC publicou seu primeiro relatório. O Primeiro Relatório de Avaliação 
afirmava que as mudanças climáticas representariam de fato uma ameaça à humanidade e 
conclamava pela adoção de um tratado internacional para tratar o problema. Na seqüência 
vieram mais três relatórios, que geraram muito debate e discussão na comunidade científica. 
O último relatório de 2007 previa o desaparecimento das geleiras do Himalaia até 2035. 
Também foram superestimados os números referentes às potenciais perdas nas safras de grãos 
no norte da África. Segundo o relatório, o prejuízo poderia corresponder a 50% até 2020. No 
relatório de 2001 o IPCC produziu um gráfico equivocado, posteriormente conhecido como 
Taco de Hóquei, que após as denúncias de fraudes chegou ao Congresso dos Estados Unidos. 
O deputado Joe Barton, então presidente do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos 
Deputados, solicitou que Michel Mann, autor do estudo e membro do IPCC, liberasse as 
informações do estudo para que as informações fossem avaliadas por duas equipes de 
especialistas. O chamado Relatório Wegman, como ficou conhecido, não apenas constatou os 
problemas do trabalho de Mann, como fez também várias críticas aos métodos utilizados pelo 
IPCC
25
. A credibilidade dos dados contidos no último relatório continuou a ser abalada 
quando no final de 2009 a mídia noticiou o vazamento de informações sigilosas contidas nas 
mensagens eletrônicas (e-mails) trocadas entre os cientistas. O caso ficou conhecido como 
Climategate, uma referência aos escândalos que levou o então presidente americano Richard 
Nixon a renunciar ao cargo em 1974. Entre as mensagens divulgadas pela mídia encontra-se 
uma mensagem no qual o cientista menciona a utilização de um trick (palavra inglesa que 
pode ser usada com o significado de truque) no tratamento de dados que seriam utilizados no 
relatório do IPCC
26
. As incertezas a respeito das mudanças climáticas causadas por atividades 
antrópicas, fez com que a Royal Society, organização científica proeminente do Reino Unido, 
publicasse um relatório intitulado Mudanças climáticas: um sumário sobre a ciência. O 
estudo aponta as incertezas que ainda pairam sobre as possíveis mudanças climáticas 
 
24
 Protocolo de Montreal foi um tratado internacional em que os países signatários se comprometeram a 
substituir substâncias que supostamente causavam danos à camada de ozônio (O3). O Brasil assinou o acordo em 
decorrências das pressões exercidas pelo Banco Mundial, BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e 
FMI (Fundo Monetário Internacional), caso o governo não assinasse estaria impossibilitado de conseguir novos 
créditos no mercado internacional 
25
Lino, Geraldo Luis. A fraude do aquecimento global, 95-97 
26
 Climategate é o nome dado ao escândalo revelado após hackers invadirem os servidores da Climate Research 
Unit da University of East Anglia, um dos principais centros de pesquisa sobre aquecimento global. Michael 
E.Mann foi um dos principais pesquisadores que foi exposto pelos e-mails. Os dados divulgados demonstram 
que houve manipulação de dados visando esconder o decaimento das temperaturas nos últimos anos. 
 9 
induzidas pelas atividades humanas
27
. Nessas circunstâncias de incertezas sobre o 
aquecimento global a hegemonia dos defensores do aquecimento global antropogênico está 
sendo colocada em xeque-mate, a ciência não é local de consenso e quando as teorias opostas 
se rivalizam em torno de um fenômeno único, na expectativa da sua elucidação, a atividade 
científica torna-se transparente. Nossos estudantes e o grande público, de forma geral, estão 
sendo privados de conhecer o outro lado da questão, não há como fazer juízo de valores, sem 
que se tenha opções de escolha. Sabemos hoje que é impossível determinar exatamente o 
quanto a Terra vai aquecer ou resfriar, mas estimativas cuidadosas das potenciais mudanças e 
das incertezas associadas a elas têm sido feitas. As mudanças climáticas são fenômenos 
naturais que ocorrem há centenas de milhões de anos, e no estado atual do conhecimento 
científico, o homem pouco pode fazer a não ser entender melhor a sua dinâmica e adaptar-se a 
ela, contudo, não devemos permitir que o debate científico converta-se em uma nova religião, 
obsessão mundial ou indústria de fazer dinheiro, pois os cientistas continuam trabalhando para 
diminuir as incertezas e a única coisa de que se tem certeza é que o dióxido de carbono é um 
gás benéfico para a agricultura e um dos componentes do efeito de estufa. Vimos também que 
a polarização entre teorias divergentes e as preocupações com as interferências antrópicas 
sobre o clima, ocorrido nos últimos cemanos, ao contrário do tão propalado consenso 
científico, ainda está muito longe de terminar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27
 http://www.probeinternational.org/RS_ClimateChange_SummaryofScience.pdf 
 10 
Referências Bibliográficas 
Callendar, Guy Stewart. The Artificial Production of Carbon Dioxide and Its Influence on 
Temperature, 223-225. Quarterly Journal Royal Meteorological Society vol. 64, pgs. 223–
240. 
Fleming, James Rodger. Historical perspectives on climate change. Oxford, Oxford 
University Press, 1998. 
 
Lino, Geraldo Luis. A fraude do aquecimento global. Rio de Janeiro: Capax Dei, 2010. 
Rasool, S. Ichtiaque; Schneider, Stephen H. Atmospheric carbon dioxide and aerosols: effects 
of large increases on global climate. In: Science 173, 9/7/1971, 138-141. 
The Royal Society. Climate change: a summary to the science. Setembro de 2010. Disponível 
em http://royalsociety.org/Royal-Society-launches-new-climate-change-guide/ Acesso em 20 
de março de 2011 
 
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