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1. O autoritarismo de Ricardo III Entre o sertão medieval e a Inglaterra dos anos 30

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Ricardo III: Entre o sertão medieval e a Inglaterra dos anos 30.
O presente artigo visa ampliar o âmbito das pesquisas sobre traduções intersemióticas e culturais, através da reflexão sobre as complexas relações intermidiais entre duas transposições da obra Ricardo III de William Shakespeare: a transposição brasileira para o palco de Ricardo III, de William Shakespeare, e a versão fílmica da mesma obra. A montagem brasileira Sua Incelença Ricardo III foi dirigida por Gabriel Vilela ( 2010), sendo que o espetáculo integra um projeto cultural apoiado pela Petrobras do grupo potiguar “Clowns de Shakespeare". O grupo tem como principal linha de pesquisa a comicidade na obra do dramaturgo inglês, que em sua concretização cênica subverte o protocolo tradicional ao trazer o sertão medieval através de um espetáculo que mistura uma diversidade de estéticas que abrangem o teatro, a dança, a música, a ópera e a pantomima, bem como trabalha a fusão do texto de Shakespeare com as linguagens de meios da cultura popular como o circo e os ritos carnavalescos. Por outro lado, o filme selecionado para a pesquisa é uma versão do “teatro filmado”, Ricardo III (1995), dirigido por Richard Loncraine, e estrelado por Ian McKellen No filme, é criada uma convinscente realidade dos anos 30, com Ricardo III iconicamente ligado a figura de Hitler. Em nossa análise trabalharemos com o conceito tradução intersemiótica e/ou cultural, expandido e desmembrado em diferentes nuanças tais como amplamente teorizado por diversos críticos (CLÜVER, 1997; PLAZA, 2003; DINIZ, 1999; HUTCHEON, 2006). Neste trajeto, identificaremos o processo de produção de sentido decorrente da transposição do texto shakespeariano para o palco e a tela, estabelecendo um diálogo entre Sua Incelença Ricardo e a adaptação fílmica realizada por Loncraine, através de suas concepções de mistura e fusão de diversas mídias, bem como evidenciando como os recursos da intermidialidade enriqueceram as propostas espetaculares e fílmicas destas duas obras de arte que revitalizam e renovam a dramaturgia de Shakespeare.

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