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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA E DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA PROF. ENGLER JOSÉ VIDIGAL LOBATO AGROCLIMATOLOGISTA - 1° VOLUME - GOIÂNIA – GOIÁS 2012 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA E DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA PROF. ENGLER JOSÉ VIDIGAL LOBATO AGROCLIMATOLOGISTA - 1° VOLUME - Apostila da disciplina Climatologia agrícola da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG GOIÂNIA – GOIÁS 2012 3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GPT/BC/UFG U588c Universidade Federal de Goiás. Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos. Climatologia agrícola / Prof. Engler José Vidigal Lobato. - Goiânia : UFG/EA, 2012. v. 1, [97 p.] : il., color. Nota: Apostila da disciplina Climatologia agrícola da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos. Bibliografia. ISBN 1. Climatologia agrícola. I. Lobato, Engler José Vidigal. II. Título. CDU: 551.58 4 APRESENTAÇÃO A Climatologia Agrícola tem por finalidade o estudo científico do clima relacionando-o à produção agrícola, procurando otimizar as condições ambientais em busca de melhor produtividade agrícola. Neste primeiro volume será abordado, em ênfase maior o instrumental meteorológico tanto convencional e automático, que é utilizado para o monitoramento ambiental e agroclimático, bem como os aspectos relativos a disponibilidade de energia ao meio ambiente agrícola. O texto destina-se a estudantes, professores e técnicos que necessitem de subsídios técnicos específicos sobre o assunto. Assim sendo, é indicado para os profissionais de diversas áreas, entre os quais a Agronomia, Geografia, Meteorologia, Engenharia , Ecologia entre outras especialidades. O autor aguarda e agradece antecipadamente todas as sugestões e críticas para aperfeiçoar este texto, com vistas à uma edição posterior mais elaborada. Goiânia, 21 de janeiro de 2012 Engler José Vidigal Lobato 5 S U M Á R I O Página 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA ................................... 06 2. ASPECTOS AGROCLIMATOLÓGICOS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA ........................ 08 3. ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS DE SUPERFÍCIE........................................................13 4. ENERGIA DISPONÍVEL AO MEIO AMBIENTE AGRÍCOLA ...........................................30 5.TEMPERATURA DO AR E DO SOLO................................................................................41 6. PRECIPITAÇÃO PLUVIAL ................................................................................................59 7. EVAPO(TRANSPI)RAÇÃO ................................................................................................65 8. UMIDADE DO AR ...............................................................................................................77 9. VENTO E AS PLANTAS CULTIVADAS ............................................................................83 10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................................... 97 Capa : Tanque Classe “A” e respectivos acessórios instalados na Estação Evaporimétrica de Goiânia situada na Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG 6 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA 1. A Importância do Tempo e do Clima na Agricultura 2. Conceitos Básicos a) Tempo Meteorológico - estado médio da atmosfera b) Clima - integração das condições do tempo meteorológico c) Meteorologia - é a “ ciência atmosférica” propriamente dita. d) Climatologia - é o estudo científico do clima aplicações práticas 3. Climatologia Agrícola 3.1. Conceito - estudo da relação dos regimes climáticos com a produção agrícola. 3.2. Sinonímia - Agroclimatologia 3.3. Ramos / Modalidades a) Relações no Sistema Água-Solo-Planta-Atmosfera b) Instrumental Meteorológico c) Microclimatologia d) Estatística Climatológica e) Bioclimatologia Animal f) Bioclimatologia Vegetal 4. Climatologia Agrícola e Ciência a ela relacionadas 5. Principais Aplicações 5.1.Regionalização de Culturas : Zoneamento Agroclimático 5.2.Práticas Culturais: a) Manejo de Irrigação b) Adubação c) Aplicações de defensivos agrícolas (inseticidas, fungicidas, etc. ) Sistemas de Alerta Fitossanitário d) Definição de Épocas de Plantio 5.3.Previsão de Safras 5.4.Serviço de Alerta Meteorológico Central de Alerta Agrometeorológico do Sul ( Pelotas , RS) 7 6.Elementos e Fatores Climáticos 6.1.Elementos Climáticos - são os parâmetros meteorológicos propriamente ditos. Ex.: temperatura do ar , precipitação pluvial, umidade do ar, vento, pressão atmosférica, etc. Variam no tempo e no espaço e são influenciados por certos fatores. 6.2.Fatores Climáticos - são fatores físicos capazes de modificar o clima. Ex.: Relevo, Altitude, Latitude , Continentalidade, etc 7. Bibliografia Recomendada KLAR , A. E . A Água no Sistema Solo-Planta- Atmosfera . São Paulo : Livraria Nobel, 1981, 375 p. LOBATO, E.J.V. Climatologia Agricola. Goiânia : UFG - E.A. Apostila , VOL.1, 2007 , 93 p. LOBATO, E.J.V. Climatologia Agrícola. Goiânia : UFG - E.A. Apostila , vol.2, 2007 , 103 p. LOBATO, O . J .S .M. Instrumental Meteorológico . Goiânia: UFG - E. A. Apostila 1977. MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA,I.M. Climatologia: Noções Básicas e Climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007, 206 p. MOTA, F.S. M. Meteorologia Agrícola . São Paulo : Livraria Nobel, 1975, 380 p. OMETTO, J . C . Bioclimatologia Vegetal . São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1981, 436 p. PEREIRA, A . R. ; ANGELOCCI, L. R . ; SENTELHAS, P.C . Agrometeorologia: Fundamentos e Aplicações Práticas . : São Paulo: Livraria Nobel, 2002 , 478 p. TUBELIS, A. & NASCIMENTO, F.J.L. Meteorologia Descritiva : Fundamentos e Aplicações Brasileiras. São Paulo : Livraria Nobel, 1981 , 375 p. VIANELLO, R. L. ; ALVES, A. R. Meteorologia Básica e Aplicações. Viçosa: UFV , 1991, 450 p. 8 ASPECTOS AGROCLIMATOLÓGICOS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA A) GENERALIDADES Segundo os fatores que o condicionam, o clima pode ser analisado sob o ponto de vista da sua distribuição espacial em três aspectos distintos: o microclimático, o topoclimático ou mesoclimático e o macroclimático. O microclimático se refere às condições locais, condicionadas pelo revestimento do solo, enquanto o topoclimático é condicionado pelos fatores inerentes à configuração topográfica do terreno. O aspecto macroclimático, que também pode ser chamado de geoclimático, é determinado pela situação geográfica regional, incluindo fatores climáticos como latitude, altitude, continentalidade, proximidade de barreiras geográficas, influência de massas de ar, entre outros, cujos elementos climáticos coletados em estações padrões, aplicam-se a toda uma região. Serão abordados abaixo, alguns aspectos de natureza agronômica relativos aos aspectos microclimático e topoclimático. A1) Aspecto microclimático – Refere-se às condições locais do clima, condicionadas pela cobertura do terreno, cujas formas básicas são : a) cobertura vegetal viva, b) cobertura vegetal morta ou “mulching” e c) sem cobertura, solo nu. Cada uma dessas formas básicas de revestimento do terreno condiciona efeitos distintos sobre o microclima ou clima próximo à superfície sobretudo com relação aos elementos temperatura e umidade. 1. Cobertura vegetal viva – Possue efeito moderador sobre as variações térmicas e hídricas das camadas do ar e do solo, próximas à superfície. Intercepta a radiação solar e transforma a maior parte da sua energia em calor latente, pela transpiração. Estes efeitos, térmicos e hídricos, tornam-se mais intensos quanto mais espessa for a vegetação. 2. Cobertura vegetal morta ou “mulching” – Age como camada isolante térmica, protege o solo das variações de temperatura e, como não retira àgua do solo, impede o seu ressecamento, mesmo em períodos secos prolongados. 3. Sem cobertura ou solo nu – Fica desprotegido e sujeito à variações térmicas e hídricas nas suas camadas superficiais, até cerca de 20 ou 30 cm. Abaixo dessa profundidade , a temperatura bem como a sua umidade mantém-se práticamente invariável no seu curso diário. A2) Aspecto topoclimático – Refere-se aos fatores topográficos locais, sobretudo aos relacionados ao relevo, ou seja a configuração topográfica e a exposição da encosta. Quanto ao relevo, as configurações básicas são: a) plana, b) inclinada, c) côncava e d) convexa . Cada uma delas condiciona efeitos distintos no topoclima, especialmente no tocante às temperaturas extremas do ar, a variação diária da umidade relativa do ar, ao balanço hídrico e térmico do solo entre outros aspectos. 9 Em condições de tempo instável, com nebulosidade e ventos intensos, os efeitos do relevo normalmente desaparecem, porém, quando a atmosfera se apresenta calma e límpida, eles poderão assumir grande importância. Terrenos de configuração côncava apresentam-se nestas condições sujeitos a maiores resfriamentos noturnos. É para eles que flui e se acumula durante a noite o ar frio mais pesado, produzido pela perda de calor através da radiação terrestre, tornando- os mais afetados pela geada de radiação , e também mais sujeitos à presença de nevoeiros à noite e pela manhã. Por outro lado , os terrenos de configuração convexa, ou seja os espigões, bem assim as encostas elevadas, onde o ar frio se acumula, por ter fácil e rápido escoamento para as baixadas, pouco sofrem com as baixas temperaturas, mostrando-se normalmente livres das geadas e das neblinas . Quanto ao fator orientação da encosta em relação aos pontos cardiais, seu efeito se faz sentir particulamente durante o dia, quando a incidência da energia solar poderá afetar diretamente o terreno, conforme a exposição. As diferenças básicas entre os aspectos micro, topo e macroclimáticos, podem ser observados no quadro abaixo. Clima Distribuição Horizontal ( metros ) Distribuição Vertical ( metros ) Fenômeno Climático ( exemplo ) Microclima 0,01 - 100 0,01 -10 Casa de Vegetação Topoclima 100 - 200.000 10 – 6.000 Bacia Hidrográfica Macroclima 200.000 - 50.000.000 6.000 - 100.000 Zona Climática 10 ASPECTOS AGRONÔMICOS PROJETO DE INSTALAÇÃO DE UM POMAR DE CITRUS EM 120 ALQUEIRES ( PRÉVIO ESTUDO DE VIABILIDADE AGROCLIMÁTICA ZONEAMENTO AGRÍCOLA ) A) SELEÇÃO DO TERRENO : - DECLIVIDADE DO TERRENO - SUSCETIBILIDADE A GEADAS - EXPOSIÇÃO DO TERRENO : RADIAÇÃO SOLAR E VELOCIDADE E DIREÇÃO DO VENTO B) PLANTIO DE MUDAS : ÉPOCA DE PLANTIO : - OUTUBRO A DEZEMBRO (CERRADOS ) 1° Q , 2° Q , 3° Q ANÁLISE FREQUENCIAL DE PRECIPITAÇÃO PLUVIAL VERANICOS ÉPOCA DA COLHEITA UTILIZAÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS, CALAGEM, GESSAGEM , FOSFATAGEM PREVISÃO DO TEMPO ( INTERNET ) C) TRATOS CULTURAIS : - ADUBAÇÃO - DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO SOLO BALANÇO HÍDRICO - DIMENSIONAMENTO E MANEJO DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO : TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR, VELOCIDADE E DIREÇÃO DOS VENTOS, EVAPOTRANSPIRAÇÃO - AGROQUÍMICOS : TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR, VELOCIDADE E DIREÇÃO DOS VENTOS SISTEMAS DE ALERTA FITOSSANITÁRIO D) COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO – ÉPOCA ADEQUADA ( PREVISÃO DO TEMPO ) INMET, INPE, SIMEGO, CLIMATEMPO 11 A ATMOSFERA TERRESTRE 1.1. Composição da Atmosfera A atmosfera é o envelope gasoso que envolve o planeta e é constituída por uma mistura relativamente estável de alguns gases. Excluindo o vapor de água e as poeiras dois elementos químicos constituem 99% do ar atmosférico: 78% em volume correspondente ao nitrogênio e 21% correspondente ao oxigênio. A parte restante ( 1%) é constituída de hidrogênio, gás carbônico, e os gases nobres hélio, argônio, xenônio entre outros. Outro importante constituinte vem a ser o ozônio (O3), que é produzido na estratopausa, por reações foto-químicas, responsável pela atenuação da radiação ultra- violeta junto à superfície terrestre. 1.2. Características da Atmosfera Como a atmosfera é uma mistura de gases, ela obedece as leis naturais que determinam o seu comportamento. As suas características principais são as mesmas dos gases, isto é, mobilidade, compressibilidade e capacidade de expansão. Os gases não tem forma própria nem dimensões definidas. Uma pequena quantidade de ar encherá de maneira completa e uniforme um grande reservatório. A rigor essa uniformidade éfalsa. O ar , em qualquer parte do reservatório, estará sempre comprimido pelo próprio peso da coluna de ar acima dele. Pode-se desprezar este efeito quando se trata de um pequeno volume de ar, mas deve dar-se extrema importância a isso quando se considera atmosfera como um todo. A propriedade de expansão dos gases decorre da pressão própria que eles possuem, pressão essa que é um efeito de sua própria natureza. Ela se exerce em todos os sentidos e é função da densidade e da temperatura do gás: tende a alterar o seu volume e obriga-o a tomar forma do vaso que o contem. Outra característica importante é a sua grande compressibilidade. Quando se aplica ao ar certa pressão, ele imediatamente se contrai. Seu volume diminue e sua densidade aumenta. Se a pressão é diminuta, o volume prontamente aumenta: a expansão do ar é imediata. Submetido a uma pressão constante o ar se expande e a temperatura diminue. 12 1.3. Extensão da Atmosfera A atmosfera , cuja parte mais baixa está em contato com a superfície da terra, e atinge centenas de quilômetros de altura. É dividida em camadas entre as quais a primeira é troposfera que vai da superfície da terra à altitude media de 10 Km, e é o sítio onde ocorre os principais fenômenos meteorológicos. A temperatura do ar atmosférico vai decrescendo desde a superfície da terra até essa altura, e permanece então, constante dentro de uma camada de mais ou menos 2 Km de espessura. Essa camada é a tropopausa. Acima da tropopausa, há a camada, a estratosfera, que atinge o seu nível superior a 40 Km de altitude . E caracterizada por uma constante inversão térmica quando comparada com a troposfera, e como já foi mencionado é a camada onde se forma o ozônio. Acima vamos a estratopausa (camada de isotermia) , mesosfera ( de 45 a 80 Km) , mesopausa ( camada de isotermia) e termosfera ( de aproximadamente 85 a 100 Km de altitude ). 13 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS DE SUPERFÍCIE 1. Conceito - são os locais onde o observador faz a avaliação de um ou diversos elementos meteorológicos que estão ocorrendo no momento da observação. 2. Identificação e Localização das Estações Meteorológicas Na identificação de uma estação meteorológica nos utilizamos de um marco de referência que contém as suas coordenadas geográficas que são a latitude, longitude e a altitude da estação. Em consulta às Normais Climatológicas vamos encontrar que : Hp - é a altitude da estação e Hz é a altitude da cuba do barômetro 3. Na seleção de um local para a instalação de uma estação meteorológica devemos observar as seguintes condições: a - que o local seja um ponto representativo da paisagem geográfica; b - que o local tenha declive mínimo e horizonte amplo principalmente nos quadrantes leste e oeste ; c - que o local seja distante de obstáculos naturais ou artificiais que impeçam a livre circulação do ar, que possam influir nos valores obtidos, ou ainda criar feições restritas não extensivas à zonas ou regiões de interesse; d - que seja distante de grandes massas de àgua ou de rios , a fim de evitar os efeitos da energia radiante na superfície livre das àguas e os graus higrométricos exagerados; e - que seja de fácil acesso aos observadores. 4. Classificação das Estações Meteorológicas 4.1. Organização Meteorológica Mundial (OMM) a) Estação Climatológica - Principal - Ordinária b) Estação Agrometeorológica c) Estação Sinótica d) Estação Meteorológica Aeronáutica e) Estação Hidrometeorológica f) Estação Especial 14 4.2. REDE DE ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS NO ESTADO DE GOIÁS 4.2.1. Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a) Estação Climatológica Principal (CP); b) Estação Climatológica Ordinária (CO) c) Estação Agroclimatológica (AC) ver figuras em anexo 4.2.2. Agência Nacional de Águas (ANA) a) Estação Evaporimétrica de 1ª Classe modelo DNAEE - CPRM b) Estação Evaporimétrica de 2ª Classe modelo DNAEE - CPRM c) Estação Meteorológica ver figuras em anexo 4.2.3. Furnas 4.2.4. Embrapa 4.2.5. Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos do Estado de Goiás (SIMEHGO) a) Plataforma de Coleta de dados digital (PCD) Uma plataforma de coleta de dados digital consiste de sensores que medem as variações dos elementos meteorológicos (temperatura do ar e do solo , umidade do ar, radiação solar global, direção e velocidade do vento, precipitação pluvial, fluxo de calor no solo e pressão barométrica) através de um sinal eletrônico, circuitos condicionadores de sinal que servem para converter o pulso do sensor em um sinal digital em um sistema eletrônico de armazenagem de sinais que coleta os dados podendo, se necessário transmiti- los à distância. Descrição dos Componentes A temperatura do ar e do solo podem ser medidas com os seguintes tipos de sensores: resistência de platina e termopares de cobre-constantan. A direção do vento é medida com catavento, tendo com sensor um potenciômetro de posicão e 355 de variação em relação ao Norte. A velocidade do vento é medida com um anemômetro tipo caneca tendo com sensor um fotomicrosensor. A radiação Solar Global é medido com um sensor piranométrico que tem um elemento receptor de célula de silício. A chuva é medida com um pluviômetro de báscula com precisão de 0,2 mm. A umidade do ar pode ser medida a partir de duas opções utilizando um psicrômetro à base de termo-pares ou com sensor capacitivo. O fluxo de calor no solo é medido com fluxímetros, acompanhando curva de calibração no solo em que será usado. O mastro para o suporte dos sensores é do sistema de aquisição de dados é de alumínio com altura de 10 metros. Na plataforma de coleta de dados (pcd) do Sistema de Meteorologia do Estado de Goiás (SIMEHGO) instalada na Estação Evaporimétrica de 1ª Classe modelo DNAEE-CPRM da Escola de Agronomia e Engenharia 15 de Alimentos, consta também de uma antena transmissora para envio de dados via satélite (ARGOS/SCD-1 /SCD2) , que por sua vez, o transmitira para uma estação receptora localizada em Cuiabá-MT, e da mesma via satélite , para o Centro de Missão de Coleta de Dados (CMCD) do INPE , a qual disponibilizará os dados meteorológicos via Internet em home-page própria, para o próprio SIMEHGO (www.simego.sectec.go.gov.br) e demais usuários. Sistema Automático de Aquisição de Dados ( Data-logger ) O sistema de aquisição de dados escolhido para integrar uma estação meteorológica automática consiste de um coletor de dados compacto, de baixo consumo e bastante versátil, permitindo realizar não apenas as funções coleta e processamento de medidas como também operações de controle. Este equipamento admite diversas opções de disseminação dos dados processados às comunidades de usuários , seja via linha telefônica (telefonia celular) , via satélite, via rádio ou direta ( módulos de memória). A alimentação do equipamento pode ter também soluções variados tais como : painel solar, rede elétrica ou baterias de 12 volts. O equipamento é totalmente programável e fornece os dados em formato compatível com as planilhas de cálculo que operam os computadores padrão IBM-PC.5. Organização e Sistematização dos Dados Meteorológicos 5.1. Planilha de dados diários 5.2. Boletim Agrometeorológico 5.3. Sites da Internet 16 17 18 19 20 21 22 Estação Meteorológica Automática GEO-255 , modelo EMBRAPA 23 24 INSTITUIÇÕES VINCULADAS À METEOROLOGIA, CLIMATOLOGIA E A AGROCLIMATOLOGIA 1. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (INMET) Endereço INTERNET: http://www.inmet.gov.br Boletins diários do tempo 2. SIAGRO/ SEBRAE - Sistema de Agronegócios => Clima e Tempo Endereço INTERNET: http://www.siagro.com.br Boletins diários do tempo 3. INPE - CPTEC- Cachoeira Paulista Endereço INTERNET: http://www. cptec.inpe.br/ - Boletins diários do tempo 4. INPE - Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais Endereço INTERNET: http://www.inpe.br/ 5. GEO BRASIL / RNP - Banco de Dados Georreferenciados Brasil em dados: Geografia, Economia, Dados Gerais, Demografia em outros dados Endereço INTERNET:http://www.rnp.br/1.2.html Informações: HELPDESK -Fone: (021) - 286-61-61 6. AGROMAPPER - MAP INFO PROFESSIONAL Mapas temáticos de 33 Culturas Agrícolas no Brasil Fonte: IBGE- PAM - LSPA Informações: Multispectral : (011)-881-7560 7. AutoCAD Map - Autodesk World- Autodesk Map Guide Software em Geoprocessamento Informações: Gisoft Comércio e Desenvolvimento de Sistemas Fone: (011)-284-0533 Endereço INTERNET: http://www.gisoft.com.br 25 8. SOCIEDADE BRASILEIRA DE AGROMETEOROLOGIA Endereço INTERNET: http:// www. sbagro.org. br REVISTA BRASILEIRA DE AGROMETEOROLOGIA 9. SOCIEDADE BRASILEIRA DE METEOROLOGIA Endereço INTERNET; http:// www.virtualand.com.br /sbmet 10. AGRIWEATHER http:// www.agriweather.com previsão global do tempo, imagens de satélite 11. CLIMATEMPO – empresa privada / previsão do tempo Endereço na Internet: http://www.climatempo.com.br 12. SOMAR METEOROLOGIA – empresa privada / previsão do tempo Endereço na Internet: http://www.tempoagora.com.br 13. CANAL DO TEMPO Endereço na Internet: http://www.br.weather.com 14. ESTAÇÃO EVAPORIMÉTRICA DE GOIÂNIA Endereço na Internet : http://www.agro.ufg.br boletins meteorológicos mensais, balanço hídrico climático 15. AGRITEMPO Endereço na Internet: http://www.agritempo.gov.br Mapas climáticos, zoneamento agrícola e outros serviços 26 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA ESTUDO DIRIGIDO Avalie o seu conhecimento sobre o seguinte tema: Estações Meteorológicas de Superfície modelo Convencional e Automática 1. Na identificação e localização de uma estação meteorológica nos utilizamos de um ________________________________ , que contém as suas _________________________ que são : ____________________________________________________________________ 2. Na seleção de um local para a instalação de uma estação meteorológica devemos observar as seguintes condições : a) ___________________________________________________________________________ b) ___________________________________________________________________________ c) ___________________________________________________________________________ d) ___________________________________________________________________________ e) ___________________________________________________________________________ 3. Pela classificação do INMET, as estações meteorológicas se enquadram em três categorias: a) evaporimétrica, meteorológica e auxiliar; b) climatológica principal, climatológica auxiliar e agroclimatológica; c) evaporimétrica, climatológica principal e auxiliar; d) evaporimétrica, climatológica principal e agroclimatológica. 4. Na Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG, temos uma estação : a) evaporimétrica de 1ª Classe, modelo DNAEE- CPRM; b) evaporimétrica de 2ª Classe, modelo DNAEE-CPRM; c) meteorológica , modelo DNAEE-CPRM; d) nenhuma das alternativas corretas. 5. Em uma estação meteorológica automática, os dados meteorológicos são armazenados através de um _____________________________________________________________. 27 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA ESTUDO DIRIGIDO PREVISÃO DO TEMPO - INMET / INPE / SIMEGO / EMBRAPA / CEPAGRI Acessar a INTERNET , e responder aos seguintes quesitos: 1. A home-page (ou site) na WEB do Instituto Nacional de Meteorologia ( INMET - MAPA) é : _______________________________________________________________________ 2. Complete o seu organograma institucional: No organograma institucional do INMET, o CGA é _____________________________ ______________________________________________________________________ . 3. No CGA encontramos o CAPRE que é _____________________________________ 4. No INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE) , no Estado de São Paulo, temos o CMCD que é o _____________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ e o CPTEC que é o __________________________________________________________ ___________e o seu site na WEB é __________________________________________ . 5. A instituição vinculada a Meteorologia junto a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás é o SIMEHGO, que é ________________________________________- ________________________________________________________________________. Atualmente o SIMEHGO possui ___________ PCDs instaladas no Estado , e o seu site na WEB é ________________________________________________________________. INMET CSC CGA CAO 28 No site do SIMEHGO, são disponibilizados as seguintes informações: _____________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________. 6. Na implantação de um projeto de instalação de um Posto Agrometeorológico, visando o monitoramento climático e ambiental, manejo de irrigação, aplicação de agroquímicos, é de fundamental importância o seu cadastro no _________________________ . 7. A Embrapa Informática Agropecuária e o CEPAGRI da UNICAMP, são responsáveis pelo Sistema de Monitoramento Agrometeorológico do país, e disponibiliza os seus dados através do portal _________________________________________, que também é o site oficial do Zoneamento Agrícola desde outubro de 2006. 29 ESTAÇÃO EVAPORIMÉTRICA DE GOIÂNIA DATA DAOBSERVAÇÃO:___/____/______ OBSERVADOR:____________________________________________ OBSERVAÇÔES AGROMETEOROLÓGICAS ABRIGO METEOROLÓGICO 7h00m 9h00m 15h00m 21h00m Temperatura Máxima (T max, ° C) Temperatura Mínima ( T min, °C ) Umidade Relativa máxima ( UR máx , %) Umidade Relativa mínima ( UR min , %) Evaporímetro de Piche ( ml ) PRECIPITAÇÃO PLUVIAL ( mm ) INSOLAÇÃO (FITAS HELIOGRAFICAS) (h) ANEMÔMETRO A 2,0 M (km / 24 h) DIREÇÃO DO VENTO (N, NE, etc ) MEDIDA DA EVAPORAÇÃO TANQUE CLASSE “A” Horário Leit. dia (L1) Leit. dia seguinte Preench . Retirada Prec. do dia (Pr) ECA (L1-L2+Pr) Elago (L2) GEOTERMÔMETROS (° C) 0cm 2 cm 5 cm 10 cm 20 cm 30cm 50cm CALCULO DA MÉDIA DIÁRIA: T média = (T máx + T mín ) / 2 = UR média =(UR máx + UR mín) / 2 = RUBLICA DO AUXILIAR DE METEOROLOGIA : 30 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA ENERGIA DISPONÍVEL AO MEIO AMBIENTE AGRÍCOLA 1. Introdução A radiação solar pode ser conceituada como sendo a energia em forma de ondas eletromagnéticas provenientes do sol. Ela é a fonte primária de energia para todos os processos físicos e biológicos que ocorrem na terra, e é responsável pela geração de todos os fenômenos meteorológicos. Concorre ainda, decisivamente para os processos de evaporação no solo e evapotranspiração de uma comunidade vegetal. 2. O Espectro Solar O espectro solar é constituído de ondas eletromagnéticas de comprimento de onda que variam de aproximadamente de 0,2 a 4,0 . Devido ao seu pequeno comprimento de onda ( ) são denominadas de radiações de ondas curtas. A cada comprimento de onda , existe associado uma quantidade de energia, cujo somatório nos fornece a energia total do espectro que tem como pico de emissão energética o correspondente a 0,49 . É classificado em 3 faixas de comprimento de onda , as quais são : a faixa de radiação ultra-violeta (UV) , visível (fotossíntese) e o infravermelho (IV) , os quais correspondem respectivamente a comprimentos de onda ( ) menores de 0,4 ; 0,4 a 0,7 e maiores do que 0,7 ; e que representa em média, respectivamente a 4% , 44% e 52% da radiação solar global respectivamente ( ver figura 1 ) . 3. Constante Solar A quantidade de energia radiante que atinge uma superfície unitária por unidade de tempo, coletada perpendicularmente aos raios solares, na ausência da atmosfera e a uma distância do sol igual a distância média terra-sol , é denominada de constante solar. Este valor é de aproximadamente de 2,0 cal / cm 2 . min. 4. Balanço de Energia nos Sistemas Agrícolas Podemos conceituar o balanço de radiação de uma superfície como sendo a contabilidade dos fluxos de energia que incidem e emergem dessa superfície. Os fluxos que fazem parte do balanço de radiação são constituídas de radiação de onda curta e radiação de onda longa. A radiação de onda curta é proveniente do espectro 31 solar e na sua totalidade situa-se entre 0,2 a 4,0 de comprimento de onda; enquanto que a radiação de onda longa é proveniente da emissão dos corpos terrestres e se situa na faixa de 4,0 a 100 de comprimento de onda. Por estarem a uma temperatura superior a 0 K , tanto a superfície vegetada como o solo estão continuamente emitindo radiação em uma faixa de comprimento de onda entre 4,0 a 100 ( faixa de ondas longas ). 4.1. Balanço de Ondas Curtas Em conformidade ao local da superfície terrestre, incide em uma superfície horizontal no topo da atmosfera, uma quantidade diária Qo de radiação solar, dependente da latitude do local ( ) e da declinação do sol ( ) . O fluxo radiante ao atravessar atmosfera é fortemente atenuado pelos fenômenos seletivos de absorção, difusão e reflexão. A absorção deve-se principalmente ao ozônio , vapor d’ àgua e gás carbônico, enquanto que o processo de difusão é devido a todos os constituintes da atmosfera. Portanto, parte da radiação solar , é absorvida pela atmosfera, uma parte é difundida, outra é refletida e finalmente uma parte atinge a superfície da terra sem interagir com a atmosfera. Do total de radiação solar difundida pela atmosfera, uma parcela atinge a superfície terrestre, denominada de Qc. Assim sendo, a densidade de fluxo de radiação que atinge a superfície terrestre é constituída portanto da radiação solar direta (Qd) e difusa (Qc) e constitui a radiação solar global (Qg) . Então: Qg = Qd + Qc ....................................... ( 1) Uma parte da radiação solar global é absorvida pela superfície, constituindo-se na radiação absorvida Qoc , e o restante refletido, dando origem a radiação solar refletida (Qr). A radiação solar absorvida (Qoc) vem a ser a contabilidade da radiação ( em ondas curtas ) incidente e emergente na mesma. Então : Qoc = Qg - Qr ...................................... ( 2) A radiação solar refletida ( Qr) é uma fração da radiação global ( Qg) multiplicada pelo fator denominado de albedo ou coeficiente de reflexão, variável de acordo com a superfície vegetada. 32 Assim : Qr = Qg x Q r .................................( 3 ) onde r é o albedo , poder refletor ou coeficiente de reflexão. De ( 2 ) e ( 3 ) , temos : Qoc = Qg - Qr Qoc = Qg - Qg x r Qoc = Qg ( 1 - r ) ................................( 4 ) 4.2. Balanço de Ondas Longas ( Qol ) Partindo da superfície terrestre em direção a atmosfera, há um fluxo de energia, constituindo a radiação terrestre ( Qs) , na forma de ondas longas. Na mesma direção , porém em sentido contrário há um fluxo de energia proveniente da atmosfera, denominada de contra-irradiação ( Qcr ) , que é totalmente absorvida pela superfície terrestre. A contabilidade destes fluxos de energia em forma de ondas longas, vem a ser o balanço de ondas longas ( Qol 0 ; também denominada de emissão efetiva terrestre. Assim : Qol = Qcr - Qs .............................. ( 5) A estimativa de balanço de ondas longas pode ser utilizado com o auxílio da seguinte expressão : Qol = 1440 x x Ta 4 x ( 0,56 - 0,09 x ea ) x ( 0,1 + 0,9 x n / N ) ......................... ( 6 ) Onde : = constante de Stefan-Boltzmann = 0,827 x 10 -10 x cal x cm -2 x min -1 x K -4 Ta = temperatura média do ar em K ea = pressão parcial de vapor em mmHg n/ n = razão de insolação. 33 Distribuição Espectral da Radiação Solar no topo da atmosfera Fonte: Tubelis et al. (1980) Componentes do Balanço de Radiação na superfície terrestre Fonte: Tubelis et al. (1980) 34 4.3. Balanço de Radiação ou Saldo de Radiação ou Radiação Líquida (RL) A diferença entre o balanço de ondas curtas ( Qoc) e o balanço de ondas longas (Qol) denominamos de Balanço de Radiação ou Saldo de Radiação ou ainda Radiação Líquida (RL) e representa a energia disponível ao meio ambiente para os processo de aquecimento do ar e do solo, evapotranspiração, fotossíntese e sínteses biológicas. Assim : RL = Qoc - Qol ............................( 7 ) A estimativa da radiaçãolíquida disponível segundo Brunt ( 1932) pode ser feita pela seguinte expressão : RL = Qg ( 1 - r) - 1440 x x Ta 4 x ( 0,56 - 0,09 x ea ) x ( 0,1 + 0,9 x n / N ) .....( 8) 4.4. Unidades de Medida de Radiação As unidades empregadas no estudo da Radiação Solar são cal/cm 2 x dia ou langley /dia, ou ainda J/cm 2 x dia além do MJ/ m² x dia e o W/ m². A relação de equivalência entre estas unidades pode ser expressa desta forma: 1,0 MJ/ m²xdia = 23,89 cal/cm 2 x dia 1,0 cal/cm 2 x min =0,69758 Kw/m²= 697,58 W/m² Em termos de RFA (radiação fotossintéticamente ativa) , temos que: 1,0 Einstein = 1,0 mol fótons = 1,0 E 1,0 MJ/ m²xdia= 53,24 µE /m²x s A luz solar podemos considerar ainda: 1,0 Klux = 10 W/m² 5. Instrumental para o Balanço de Radiação 5.1. Piranômetro Eppley Esse aparelho permite a medida da radiação solar global em cal / cm 2 x dia. É instalado em uma superfície horizontal e possibilita a informação da energia solar que incidiu naquele ponto. Sua sensibilidade é compatível com todo o espectro solar, tanto em termos de radiação solar global (Qg) , como sòmente de radiação difusa (Qc). Permite também a medida da radiação solar refletida (Qr) pela colocação dos elementos sensores 35 junto à superfície do solo ( piranômetro invertido ). Na sua construção são utilizados termo- pares que podem estar situados na mesma face que recebe a radiação solar, sendo as junções pintadas em preto fosco ( sendo então denominada de junção quente ) e branco brilhante ( sendo a junção fria, portanto ). Podem no entanto , também serem colocados em diferentes faces, sendo que a face superior , que recebe a radiação solar, pintada de preto fosco, constituindo o conjunto de junções quentes. A face inferior é pintada de branco brilhante, constituindo, portanto as junções frias. Em qualquer dos métodos acima citados, a diferença de potencial estabelecida entre as junções quentes e frias, é função da diferença de temperatura entre elas; que é dada pelas características de absorbância, em relação a radiação global. Essas junções, que compõe o elemento sensível, ficam contidas em uma ampola de vidro, com atmosfera rarefeita e inerte. O vidro da referida ampola, somente é transposto pelas ondas curtas ( 220 - 300 nanômetros ). A sua sensibilidade é função das propriedades das junções, do seu número e das características do revestimento , principalmente do preto fosco. 5.2. Radiômetro Líquido Este aparelho mede a energia radiante líquida disponível naquele nível onde se encontra. As cúpulas são de polietileno os quais são transpostos por todos os comprimentos de onda ( ) , seja do espectro solar , seja da emissão da cultura. A diferença entre as energias radiantes incidentes na parte superior e inferior, resulta na radiação líquida disponível naquele nível. 5.3. Pyrgeômetro ou Radiômetro Eppley Com este aparelho podemos medir o balanço de ondas longas ( Qol ) . É um instrumento de alto custo e cuidado no manuseio, sendo somente utilizado em centros de estudo e pesquisas. Na prática, o balanço de ondas longas ( Qol) é obtido pela diferença entre a Radiação Líquida obtido pelo radiômetro líquido e o balanço de ondas curtas (Qoc) obtidos pelo albedômetro ( piranômetro Eppley invertido ). 36 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA BALANÇO DE ENERGIA EM ARROZ DE TERRAS ALTAS ESTUDO DIRIGIDO 1) Calcular o balanço de energia em uma cultura de arroz no dia 13/04/90 , no município de Goiânia-GO (lat. 16° 41’S) , quando ocorreram as seguintes condições atmosféricas médias: a) temperatura média do ar = 22° C b) pressão parcial de vapor d’ àgua (ea) = 14,02 mmHg c) número de horas de insolação (n) = 7,1 horas d) radiação solar global (Qg) = 447,6 cal / cm 2 x dia São ainda fornecidos os seguintes dados: e) albedo médio para a cultura do arroz ( r ) = 0,20 f) emissão da superfície do solo (1440 x x Ta 4 ) = 879,70 cal/cm 2 x dia g) fotoperíodo máximo (N) = 11,4 horas SOLUÇÃO: A) Cálculo da radiação solar global absorvida ou disponível (Balanço de Ondas Curtas,Qoc) Qoc = Qg - Qr onde: Qg = radiação solar global em ly/dia Qr = radiação solar refletida em ly/dia a) A radiação solar refletida (Qr) é Qr = Qg x r , onde r é o albedo médio para a cultura . Assim, Qoc = Qg – Qg x r ly/dia b) Cálculo do balanço de ondas curtas (Qoc) Qoc = Qg (1 – r) => Qoc = ly/dia 37 B) Cálculo de emissão efetiva terrestre (Balanço de Ondas Longas, Qol) Qol = Qcr - Qs Qol = 1440 x x Ta 4 x ( 0,56 - 0,09 x ea ) x ( 0,1 + 0,9 x n/ N) emissão da superfície do solo (Qs) emissão atmosférica (Qcr) a) Emissão da superfície do solo (Qs) = 879,70 ly/dia b) Cálculo do Balanço de Ondas Longas(Qol) Qol = 1440 x x Ta 4 x (0,56 - 0,09 x ea) x ( 0,1 + 0,9 x n/ N ) Qol = => Qol = ly/dia C) Cálculo do Balanço de Radiação ( ou saldo de radiação ou ainda Radiação Líquida, RL) RL = Qoc - Qol RL = ly/dia INTERPRETAÇÃO Este resultado significa que neste dia, de acordo com os parâmetros meteorológicos observados, esteve disponível para os processos de evapotranspiração, aquecimento do ar e do solo e fotossíntese para a cultura do arroz _____________________________cal/cm 2 x dia. D) Estimar a quantidade de energia disponível para os processos de aquecimento do ar e do solo e assimilação fotossintética, sabendo-se que em média 24% e 1% do balanço de radiação (RL) são consumidos nos referidos processos. A = cal/cm 2 .dia e F= cal/cm 2 .dia. E) Estimar a evapotranspiração real (ETr) da cultura, sabendo-se que 75% do balanço de radiação (RL) foi consumido neste processo. Sabemos que : 1 mm ev. equiv . = 59 cal / cm 2 x dia Então : ETr = 0,75 x RL / 59 => ETr = mm / dia 38 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA BALANÇO DE ENERGIA EM FEIJÃO IRRIGADO ESTUDO DIRIGIDO 1) Calcular o balanço de radiação de uma cultura de feijão no dia 07/09/90 , no município de Goiânia-GO (lat. 16° 41’S) , quando ocorreram as seguintes condições atmosféricas médias: a) temperatura média do ar = 25,8° C b) pressão parcial de vapor d’ àgua (ea) = 10,09 mmHg c) número de horas de insolação (n) = 9,0 horas d) radiação solar global (Qg) = 600,71 cal / cm 2 x dia São ainda fornecidos os seguintes dados: e) albedo médio para a cultura do arroz ( r ) = 0,24 f) emissão da superfície do solo (1440 x x Ta 4 ) = 94 9,27 cal/cm 2 x dia g) fotoperíodo máximo (N) = 12,0 horas SOLUÇÃO:A) Cálculo da radiação solar global absorvida ou disponível (Balanço de Ondas Curtas,Qoc) Qoc = Qg - Qr onde: Qg = radiação solar global em ly/dia Qr = radiação solar refletida em ly/dia a) Cálculo da radiação solar refletida (Qr) Qr = Qg x r => Qr = ly/dia b) Cálculo do balanço de ondas curtas (Qoc) Qoc = Qg - Qr => Qoc = ly/dia 39 B) Cálculo de emissão efetiva terrestre (Balanço de Ondas Longas, Qol) Qol = Qcr - Qs Qol = 1440 x x Ta 4 x ( 0,56 - 0,09 x ea ) x ( 0,1 + 0,9 x n/ N) emissão da superfície do solo (Qs) emissão atmosférica (Qcr) a) Emissão da superfície do solo (Qs) = 879,70 ly/dia b) Cálculo do Balanço de Ondas Longas(Qol) Qol = 1440 x x Ta 4 x (0,56 - 0,09 x ea) x ( 0,1 + 0,9 x n/ N ) Qol = => Qol = ly/dia C) Cálculo do Balanço de Radiação ( ou saldo de radiação ou ainda Radiação Líquida, RL) RL = Qoc - Qol RL = ly/dia INTERPRETAÇÃO Este resultado significa que neste dia, de acordo com os parâmetros meteorológicos observados, esteve disponível para os processos de evapotranspiração, aquecimento do ar e do solo e fotossíntese para a cultura do feijão _____________________________cal/cm 2 x dia. D) Estimar a quantidade de energia disponível para os processos de aquecimento do ar e do solo e assimilação fotossintética, sabendo-se que em média 24% e 1% do balanço de radiação (RL) são consumidos nos referidos processos. A = __________cal/cm 2 .dia e F= _______________ cal/cm 2 .dia. E) Estimar a evapotranspiração real (ETr) da cultura, sabendo-se que 75% do balanço de radiação (RL) foi consumido neste processo. Sabemos que : 1 mm ev. equiv . = 59 cal / cm 2 x dia Então : ETr = 0,75 x RL / 59 => ETr = mm / dia 40 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA ESTIMATIVA DO RENDIMENTO FOTOSSINTÉTICO AGRÍCOLA ESTUDO DIRIGIDO 2 ) Considerando que uma cultura do milho sintetizou efetivamente de outubro a fevereiro, e obteve-se 4500 Kg/há com 11 % de umidade, determinar qual a % de radiação solar fixada em produção agrícola ( rendimento fotossintético agrícola, % f) , nas seguintes condições: A ) % f = Energia fixada em grãos ( cal / ha) x 100 ____________________________________________ Radiação Solar global disponível ( Qoc , cal / ha) B ) % f ’ = Energia fixada em grãos ( cal / ha) x 100 _______________________________ Radiação Líquida Disponível ( RL, cal / ha) São ainda fornecidos os seguintes dados: VALORES MÉDIOS MENSAIS DIÁRIOS Meses Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Qoc (cal/cm².dia) 378 427 415 399 390 RL (cal/cm².dia 265 310 315 311 298 3) Estimar o Rendimento Fotossintético Agrícola Global ( % fg) , com os referidos dados, na seguinte forma: A) % fg = Energia fixada pela MST (cal/ha) / Qoc (cal / ha ) x 100 B) % f ’ g = Energia fixada pela MST (cal/ha) / RL (cal / ha ) x 100 41 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA TEMPERATURA DO AR E DO SOLO 1. Temperatura do Ar e Plantas Cultivadas A - Condiciona o nível de reações físico-químicas das plantas Produção de biomassa, Respiração, Translocação de nutrientes, Duração do ciclo vegetativo B - Condiciona o conteúdo de vapor de àgua no ar Evaporação e Evapotranspiração C - Temperatura do Solo e a taxa de decomposição da matéria orgânica D - Desenvolvimento de pragas e doenças 2. Conceitos Básicos a) Temperatura instantânea , refere-se apenas ao momento em que é observada. b) Amplitude térmica do dia , é a diferença entre as temperaturas máxima e mínima ( temperaturas extremas) c) Temperatura Máxima Absoluta, é a mais elevada temperatura ocorrida no período ( por qüinqüídios , por uma semana por exemplo) d) Temperatura Mínima Absoluta é a mais baixa temperatura observada no período. e) Amplitude térmica absoluta é a diferença entre a temperatura máxima e mínima absolutas do período. 3. Medição da Temperatura do Ar - Termometria 3.1. Abrigo Meteorológico ou Termométrico Finalidade : Serve para proteger os equipamentos de medição de temperatura e umidade do ar das radiações solar global, do céu (difusa), da terra e dos objetos próximos, permitindo, porém , a livre passagem do ar, tendo, por isso, as paredes constituídas por venezianas e pintadas de branco. 42 Tipos de Abrigo Meteorológico { - Morize Delgado ( padrão ) - Mexicano - Microclimático - Compacto - tipo Gill 3.2. Instrumental 3.2.1 . Termômetro de Máxima , modelo Negretti, fabricação Robitsch Fuess ( R. Fuess) Finalidade : determinar a temperatura máxima do ar de um dia à sombra no abrigo meteorológico ou termométrico. 3.2.2 . Termômetro de Mínima , modelo Rutherford , fabricação R. Fuess Finalidade: determinar a temperatura mínima do ar de um dia à sombra no abrigo meteorológico ou termométrico. 3.2.3 . Termógrafo Tz - 16 , fabricação polonesa Finalidade : Registrar continuamente a temperatura do ar à sombra, no abrigo meteorológico ou termométrico. Elemento sensor ou sensível: Placa bimetálica constituída da justaposição de bronze e invar Bronze - liga metálica de cobre e estanho Invar - liga metálica de ferro , níquel e manganês 4. Determinação da Temperatura Média Diária a) Padrão Americano ( Agronômico ) : Tmédia = ( Tmáx + Tmín) / 2 b) Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo : Tmédia = ( T 7h + T14h + 2 T21h ) / 4 c) Instituto Nacional de Meteorologia : T média = (T 9h + 2 T 21h + Tmáx + Tmín) / 5 43 5. Estimativa da Temperatura Média Normal Mensal e Anual do Ar através de Equações de Regressão Linear Múltipla A equação é do tipo: Y = a + b x1 + c x2 , onde : Y = Valor normal mensal ou anual da temperatura do ar em ° C; x1 = Altitude em metros ; x2 = Latitude ou Longitude em minutos. a , b e c = parâmetros estimados estatísticamente. coeficiente b da equação representa : b = T / Z coeficiente c da equação representa : c = T / Exercício : a) Estimar a temperatura média mensal normal domês de julho para o município de Goiânia - GO ( Latitude = 1641 Sul, Longitude = 4915W.Grw. e Altitude = 741 m). b) Idem temperatura média anual normal Avaliação da Temperatura Média Mensal de um local quando se conhece a temperatura média mensal de uma localidade próxima Modelo Matemático T2 = T1 + b ( h2 - h1) + c ( 2 - 1 ) , onde : h2 e h1 = altitude em metros 2 e 1 = latitude em minutos Exemplo: A temperatura média do ar em outubro em Botucatu-SP (Latitude= 22 52 Sul , Longitude = 48 27 W.Grw. e Altitude = 815 metros ) foi de 20,5 C . Estimar a temperatura média desse mês em São Manuel - SP ( Latitude = 22 45 Sul , Longitude = 48 34 W.Grw. e Altitude = 740 metros) . 44 6. GRAUS – DIAS ou UNIDADES TÉRMICAS Reflete o acúmulo diário de energia que se situe acima da condição mínima e abaixo da máxima exigida pela planta. A sua estimativa permite a organização de um cronograma para planejar antecipadamente os momentos em que deverão ser realizados os tratos culturais, a adubação e a programação da colheita, práticas de indiscutível valor, tanto no aspecto agrícola como nos aspectos administrativo e financeiro. A sua estimativa pode ser realizada da seguinte forma: n GD = ( Tmédia - Tb ) e Tmédia = (Tmáx. + Tmín.) / 2 i = 1 onde : GD = graus-dias acumulados no período; Tmédia = temperatura média diária ( C); Tb = temperatura-base ( C) n = número de dias do período considerado. APLICAÇÃO PRATICA Temos a nossa disposição uma variedade de tomate longa vida que precisa de 820 graus-dias (G.D.) , para estar em condições de ser colhido. A àrea a ser plantada é suficientemente grande, e deverá haver duas colheitas. O 1 plantio será dia 20 de março. Qual será o dia da 1ª colheita, e que dia devo realizar o 2º plantio para que a 2ª colheita seja exatamente 20 dias após a primeira. A temperatura base é de 14º C. Dados: Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 T máx. 29,2 29,4 30,1 30,0 29,1 28,7 28,9 31,2 31,9 31,0 29,7 28,9 T mín. 19,7 19,7 19,5 18,5 16,0 15,0 15,0 15,0 18,1 19,5 19,6 19,7 45 COEFICIENTES ESTATÍSTICOS DA EQUAÇÃO DE REGRESSÃO MÚLTIPLA PARA ESTIMATIVA DOS VALORES NORMAIS MÉDIOS MENSAIS E ANUAL DA TEMPERATURA MÉDIA DO AR EM FUNÇÃO DA ALTITUDE ( x1 em metros ) E DA LATITUDE ( x2 em minutos ) , SEGUNDO A EQUAÇÃO Y = a + bx1 + cx2 ). ESTADOS DE GOIÁS E TOCANTINS a = 27,02 a = 31,83 JAN. b = -0,0043 JUL. b = -0,0049 c = -0,0012 c = -0,0090 a = 31,65 a = 26,48 AGO. b = -0,0061 FEV. b = -0,0046 c = -0,0057 c = -0,0002 a = 27,22 a = 33,07 MAR. b = -0,0046 SET. b = -0,0051 c = -0,0010 c = -0,0060 a = 30,03 a = 30,73 ABR. b = -0,0049 OUT. b = -0,0048 c = -0,0043 c = -0,0037 a = 32,21 a = 27,70 MAI. b = -0,0050 NOV. b = -0,0055 c = -0,0080 c = -0,0007 a = 32,13 a = 26,92 JUN. b = -0,0044 DEZ. b = -0,0056 c = -0,0096 c = -0,0002 a = 29,74 ANUAL b = -0,0049 c = - 0,0042 46 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA Aluno: _______________________________________________________ Avalie o seu conhecimento sobre o seguinte tema: TEMPERATURA DO AR E PLANTAS CULTIVADAS ( CASO DO ARROZ DE SEQUEIRO ) 1. Com o auxílio do Comunicado Técnico n° 30 de abril / 95 , intitulado “ Parâmetros Meteorológicos, Fenologia e Produtividade do Arroz de Sequeiro sob condições de Cerrado “, analise os seguintes quesitos: a) Os parâmetros meteorológicos que mais influenciam na produtividade do arroz de sequeiro segundo Yoshida (1981) são : __________________________________________________ ____________________________________________________________________________ b) A caracterização das exigências térmicas foi realizado através do método de Graus- Dias, da seguinte forma : GD = _____________ A temperatura base para o Arroz de sequeiro segundo Souza ( 1992) é de : ________. 2) Na análise comparativa das figuras 1 e 2 , em relação ao comportamento da planta de arroz e produtividade entre a 1ª e 6 ª épocas, podemos afirmar: a) as exigências térmicas para ambas as variedades são diferenciadas em decorrência do aumento do prolongamento do ciclo ocorrido no plantio fora de época; b) a soma térmica pode ser utilizada como fator preditivo para a verificação do primórdio floral; c) a alta frequência de temperaturas mínimas abaixo de 15 ° C favoreceu à diminuição do porte da planta, queda do índice de área foliar (IAF), menor número de perfilhos na fase vegetativa, prolongamento do ciclo, e queda de produção e produtividade; d) todas as alternativas acima são corretas. 3) A temperatura crítica para o crescimento e o desenvolvimento da planta de arroz de sequeiro é de aproximadamente : __________ . 4) Os dados experimentais permitem concluir que o cultivo do arroz de sequeiro fora de época, mesmo com irrigação suplementar ( por exemplo com uso de pivô central ) , não é viável econômicamente devido aos seguintes fatores : _________________________________ ________________________________________________________________________. 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA TEMPERATURA DO SOLO 1. A Temperatura do Solo e as Plantas Cultivadas A temperatura do solo, particularmente as extremas, influem na : a) germinação das sementes ; b) atividade funcional das raízes ; c) velocidade e duração do crescimento das raízes ; d) ocorrência e severidade de doenças nas plantas. 2. Medida da temperatura do solo - Geotermometria 2.1. Instrumental : Geotermômetros ou Termômetros de Solo a) Finalidade : determinar a temperatura do solo, e suas variações, em função da época do ano, em diferentes profundidades. b) Instalação : direção leste-oeste, nas profundidades de 0 , 2, 5, 10 , 20, 30 e 50 cm de profundidade. A fim de diminuir os erros determinados pela incidência direta dos raios solares, sua extremidade superior deve apontar para o Norte. c) Manejo e Conservação : Não deve ser retirado do solo, para que o contato entre o bulbo de mercúrio e o solo não seja danificado. 3. Geotermógrafos : equivalentes registradores dos geotermômetros diagrama : geotermograma 59 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL 1. Precipitação Pluvial e as Plantas Cultivadas A . Condiciona o Balanço Hídrico Disponibilidade de Àgua Necessária ao Metabolismo das Plantas (demanda de água para as plantas ) B. Condiciona a Disponibilidade, a Concentração e Distribuição de Nutrientes C. Condiciona o Manejo das Práticas Culturais Época de Plantio, Manejo de Irrigação etc. 2. Medição da Precipitação Pluvial - Pluviometria 2.1. Pluviômetros a) Finalidade: Determinar a altura ou quantidade de precipitação pluvial em mm pluviométricos. Tipos de Pluviômetros 1. Ville de Paris 2. Hervê Mangon 3. Paulista 4. Helmann-Fuess ver figuras em anexo b) Descrição Genérica: Um pluviômetro constitui-se de um recipiente com área de captação (S), através da qual é coletado um volume (V) de água, que é dada pela fórmula: h = V / S , onde: h = altura ou quantidade de precipitação pluvial em mm pluviométricos V = volume de água em litros S = área em m² Unidades de medida: L / m² ou mm pluvimétrico (OMM) Acessórios : provetas graduadas em mm pluviométricos c) Instalação: Estações Agroclimatológicas , Climatológicas , Evaporimétricas e Meteorológicas Instalado a 1,50 m de altura do solo e rigorosamente em nível. 60 d) Dados: Com o auxílio de provetas graduadas em mm pluviométricos (10 e 25 mm pluviométricos) 2.2. Pluviômetro “ Ville de Paris “ a) Finalidade : medir a quantidade de precipitação pluvial em mm pluviométricos b) Descrição : é constituído por uma área de captação de 400 cm² , um corpo (ou coletor) e um registro. A quantidade de precipitação pluvial é medida pelo escoamento da água, através de um registro, para uma proveta graduada em mm pluviométricos. c) Manejo: - verificar vazamento no registro - verificar sujeira na tela de captação d) Local de Instalação : 1,5 m do solo, livre de obstáculos. 2.3. Pluviógrafo de massa ou balança a) Finalidade: registrar a quantidade, duração e a intensidade de precipitação pluvial em mm pluviométricos. b) Descrição : a água captada é conduzida para o interior de um recipiente cilíndrico, dotado de uma bóia. À medida que a água se acumula, a bóia vai se elevando no interior do cilindro, e seu movimento é transmitido a uma pena, que o registra no diagrama. Quando a água atinge o nível máximo, ocorre a sifonação da água, o que acarretará no retorno da pena ao nível zero. c) Manutenção : - verificação da tinta e corda no mecanismo de relojoaria - troca do pluviograma (diária / semanal ) 3. INTERPRETAÇÃO DE PLUVIOGRAMAS A) Determinar os momentos de início e término, a altura , duração e intensidade da primeira chuva registrada no pluviograma em anexo: a) Momento de início e fim Momento de início : Momento de fim : b) Duração da Chuva: t = Mf - Mi c) Altura da Chuva ( h) Nível inicial : Nível final: d) Intensidade ( ) - = h / t 61 Fonte: Tubelis (1984) – Apostila do Curso de Especialização em Irrigação (ABEAS) 62 B) Determinar os momentos de início e de término, a altura duração e intensidade da 2ª Chuva registrada no referido pluviograma. a) Duração ( t ) : Mf - Mi b) Altura da Chuva ( h) : c) Intensidade da Chuva ( ) : = h / t C) Determinar os momentos de início e de término, a altura duração e intensidade da Precipitação Pluvial Total registrada no referido pluviograma. a) Duração Total ( t ) : Mf - Mi b) Altura da Chuva Total ( h) : c) Intensidade da Chuva ( ) : = h / t Dados Normais da Precipitação Pluvial em Goiânia - GO (Período : 1931/ 60) Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Anual PR (mm) 234,0 210,4 198,0 110,2 29,6 5,4 10,0 3,0 35,8 142,6 237,2 271,0 1487,2 4. EXERCÍCIOS PRÁTICOS 4.1. A quantos metros cúbico por hectare corresponde um milímetro pluviométrico ? 4.2. Qual o volume de água ( em litros) recebido em um hectare de uma precipitação pluvial de 20 mm ? 4.3. Determinar a área de captação de um pluviômetro de boca circular, cujo diâmetro é de 22.6 cm. 4.4. Com o auxílio deste pluviômetro, calcular a altura de precipitação pluvial ( em mm ) , sabendo-se que foi utilizada uma proveta graduada em cm³ , em cuja medida foi obtida 150 cm³ . Qual é o fator de correção a ser multiplicado pela leitura de proveta graduada em centímetros cúbicos para a sua pronta obtenção em mm pluviométricos? 4.5. Com o auxílio dos dados meteorológicos abaixo relativo às normais do período 1961/ 1990 , do município de Goiânia ( lat. 16 41 S) , elabore o gráfico das temperaturas médias e precipitação pluvial e caracterize oseu regime térmico-pluviométrico . Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 ANUAL T ( ° C ) 23.8 23.8 23.9 23.6 22.1 20.8 22.9 22.9 24.6 24.6 24.0 23.5 23.2 P (MM) 270 213 210 120 36 9 6 13 48 171 220 259 1575 63 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA GRÁFICO DO REGIME TÉRMICO- PLUVIOMÉTRICO LOCAL: _____________________________ PERÍODO: ____________________________ LATITUDE:___________________________ LONGITUDE:__________________________ LEGENDA: ------------TEMPERATURA( C ) _________ PRECIPITAÇÃO PLUVIAL (MM) T(C) P (MM) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 64 65 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA EVAPO(TRANSPI)RAÇÃO 1. Evaporação Potencial e as Plantas Cultivadas 2. Medição da Evaporação - Evaporimetria 2.1. Tanque de evaporação ou evaporimétrico do tipo classe “A” A) Finalidade : Determinar a evaporação potencial de uma superfície livre de água em um período qualquer. B) Acessórios : a) Anemômetro totalizador b) Poço Tranquilizador c) Termômetros de máxima e mínima , flutuantes do tipo Six-Bellani d) Micrômetro de gancho e) Tanque de Reenchimento B) Descrição ( ver figuras em anexo) Tanque de aço inoxidável ou Ferro Galvanizado n 22 com diâmetro de 1,20 m e profundidade de 25 cm sobre um estrado de madeira pintado de branco a 15 cm do solo. C ) Manejo : Nível de água no tanque deve ser mantido entre 3 e 8 cm do bordo D) Dados: Representa a evaporação natural que sofre uma superfície livre de água de grandes dimensões, sujeitas às mesmas condições climáticas. Todo o tanque é aferido por um reservatório de grandes dimensões ( 20 metros quadrados), resultando em uma constante de aferição < 1 . Assim: K = En / ECA , onde : En = Evaporação natural em mm; ECA = Evaporação no tanque classe “A” K = constante de aferição ( ou constante de proporcionalidade ) Para as nossas condições climáticas podemos assumir: K = 0,77 ( valor médio anual ) E) Para obtenção de dados diários de ECA, procedemos da seguinte forma: ECA = L1 - L2 + PR , onde : L1 = Leitura inicial do nível de água; L2 = Leitura final do nível de água e PR = Precipitação pluvial ocorrida no intervalo entre L1 e L2. 66 EXERCÍCIO PRÁTICO: Deseja-se avaliar o volume de água perdida por mês ( em metros cúbicos e litros) de um reservatório de um hectare. Para isso instalou-se um TQCA, que mediu em média 5 mm/dia de evaporação. Considere k médio anual de 0,77. Meses 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 ANUAL K médio 0,72 0,83 0,80 0,89 0,79 0,85 0,76 0,70 0,70 0,68 0,71 0,79 0,77 2.2. Evaporímetro ou Atmômetro de Piche a) Finalidade : Determinar o poder evaporativo do ar à sombra no abrigo meteorológico. Poder evaporativo do ar - é a capacidade que o ar possue de promover a evaporação de água de uma superfície úmida ou molhada apresenta quando não submetida a radiação direta do sol, mas livremente exposta ao vento. b) Descrição : Consiste numa proveta de um cm de diâmetro de vidro graduada em mm pluviométricos ou ml. É instalado no abrigo meteorológico, de boca para baixo, de modo que a escala cresce no sentido descendente. Sua boca é fechada por um papel de filtro de 1,25 polegadas ( formato circular ). A secura do ar provoca a evaporação da água do recipiente através do disco de papel absorvente, sujeito por aro preso ao tubo, este é invertido e suspenso no teto do abrigo. c) Manejo : Fazer a leitura diariamente, restituir a água, quando estiver em nível muito baixo, e trocar o disco. d) Dados : em mm de evaporação ou ml de evaporação. EXERCÍCIO PRÁTICO Na leitura do evaporímetro de Piche às 7h00m do dia 07.03.88 foi de 10,0 ml e na leitura das 15h00m foi de 17,1 ml. Nesta ocasião encheu-se até 0,4 ml. No dia 08.03.88 às 7h00m a leitura foi de 6,3 ml. Calcular a água evaporada em ml no dia 07.03.88 , e também em mm através da seguinte expressão: EAR = (16,9 + 8,46 x Epiche ) / 59 , onde Epiche é a evaporação em ml. 2.3. Bateria de Evapotranspirômetros segundo Thornthwaite-Camargo (1961) a) Finalidade : Determinar a evapotranspiração potencial (ETP) de uma cultura em um dado intervalo de tempo. A evapotranspiração potencial segundo Thornthwaite ( 1948) pode ser definida como sendo a perda de água em mm pluviométricos por uma cultura nas seguintes condições: A) a superfície do solo deve estar totalmente coberta por vegetação em fase de crescimento ativo; 67 B) o teor de umidade do solo deve estar próximo à capacidade de campo (CC). b) Descrição : ver figura em anexo c) Manejo: A quantidade de água evapotranspirada é dada pela fórmula: ETP = P + ( - D) / S P = precipitação pluvial em mm pluviométricos = Irrigação em litros D = Percolado ou Drenado em litros S = área do lisímetro em m² . d) Dados : são os obtidos pela fórmula acima em mm pluviométricos. EXERCÍCIO PRÁTICO 1. Determinar a quantidade de água evapotranspirada em um evapotranspirômetro de Thornthwaite-Camargo, no dia 07.03.88 , sabendo-se que no seu manejo, foi realizada uma irrigação de 5 litros e percolado no dia seguinte 3 litros. A área de cada lisímetro é de 1 m ² . Admita que não ocorreu precipitação pluvial. 2.4. Evapotranspirômetro de lençol freático constante O emprego do evapotranspirômetro de lençol freático constante permite a determinação das necessidades hídricas das plantas , através da medida da evapotranspiração da cultura ( ETc) e seu coeficiente de cultura Kc nas diversas fases fenológicas. As medidas são diárias , porém consideram-se para fins de manejo de água em irrigação dados médios para cinco dias (qüinqüídios), semanais ou eventualmente dez dias (decendiais). 68 69 70 71 72 73 74 75 76 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS SETOR DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA PLANILHA DE CÁLCULOS DA EVAPORAÇÃO TOTAL DIÁRIA EM MM TANQUE EVAPORIMÉTRICO DO TIPO CLASSE “A” MÊS : ABRIL DIA HORA LEITURA (MM) ENCH./R ETIRAD A DIF. PREC. ( MM) EVAP. S/ CORR. (ECA) K EVAPORAÇÃO DIÁRIA ( mm ) ( E LAGO) 01 7h00m 48,70 0,0 0,89 02 44,32 9,7 0,89 03 50,65 48,68 0,0 0,89 04 43,92 0,5 0,89 05 38,07 0,0 0,89 06 34,00 1,9 0,89 07 32,86 0,0 0,89 08 28,04 0,0 0,89 09 25,17 48,71 0,0 0,89 10 44,80 1,0 0,89 TOTAL 13,1 11 7h00m 42,70 0,89 77 ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA
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