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160274051116 CARR JUR DIRPENAL AULA08

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CARREIRA JURÍDICA 
Direito Penal – Aula 08 
Rogério Sanches 
1 
 
CRONOGRAMA DA MATÉRIA A SER ESTUDADA 
 
 
 
 
CONDUTA: ESPÉCIES 
 
I – QUANTO À VOLUNTARIEDADE 
 
 
 
CRIME DOLOSO 
 
“ Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou as-
sumiu o risco de produzi-lo;” 
 
Dolo: vontade consciente dirigida a realizar (ou 
aceitar realizar) a conduta descrita no tipo penal. 
 
ATENÇÃO: 
 
Elementos do dolo: 
 
1- Elemento volitivo: 
 
2- Elemento intelectivo: 
CUIDADO: 
 
CRIME DOLOSO: Teorias do dolo 
 
1- Teoria da vontade 
Dolo é a vontade consciente de querer praticar a 
infração penal. 
 
2- Teoria da representação 
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previ-
são do resultado como possível e, ainda assim, 
decidir prosseguir com a conduta. 
ATENÇÃO: 
 
3- Teoria do consentimento / assentimento 
Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previ-
são do resultado como possível e, ainda assim, 
decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco 
de produzir o evento. 
 
# Quais destas teorias foram adotadas pelo Brasil? 
- Teoria da vontade 
- Teoria do consentimento 
 
 
CRIME DOLOSO: Espécies de dolo 
 
1- Dolo normativo ou híbrido: adotado pela teoria 
neoclássica ou neokantista, essa espécie de dolo 
integra a culpabilidade, trazendo, a par dos elemen-
tos consciência e vontade, também a consciência 
atual da ilicitude, elemento normativo que o diferen-
cia do dolo natural. 
 
2- Dolo natural ou neutro: é o dolo componente da 
conduta, adotado pela teoria finalista. O dolo pres-
supõe apenas consciência e vontade. 
 
 
3- Dolo direto / determinado / imediato / incondicio-
nado 
Configura-se quando o agente prevê um resultado, 
dirigindo sua conduta na busca de realizar esse 
evento. 
 
4- Dolo indeterminado / indireto: o agente, com sua 
conduta não busca resultado certo e determinado. 
4.1- Dolo alternativo 
- O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo 
a sua conduta para realizar qualquer deles. 
- Tem a mesma intensidade de vontade de realizar 
os resultados previstos. 
 
Atenção! A doutrina divide o dolo alternativo em 
duas espécies: 
 
a) Dolo alternativo objetivo: 
b) Dolo alternativo subjetivo: 
 
 4.2- Dolo eventual 
 
 
 
 
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- O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo 
a sua conduta para realizar um deles, assumindo o 
risco de realizar o outro. 
- A intensidade da vontade em relação aos resulta-
dos previstos é diferente. 
 
5- Dolo cumulativo 
O agente pretende alcançar 2 resultados em se-
quência 
Obs: 
Ex.: 
 
6- Dolo de dano: a vontade do agente é causar efe-
tiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
Ex: 
 
7- Dolo de perigo: o agente atua com a intenção de 
expor a risco o bem jurídico tutelado. 
Ex: 
 
8- Dolo genérico: o agente atua com vontade de 
realizar a conduta descrita no tipo penal sem um fim 
específico. 
 
9- Dolo específico: o agente atua com vontade de 
realizar a conduta descrita no tipo penal com um fim 
específico. 
Ex.: 
OBS.: 
 
10- Dolo geral / erro sucessivo 
 
11- Dolo de 1º grau: é o dolo direto. 
 
12- Dolo de 2º grau: é também espécie de dolo dire-
to. 
- No dolo de 2º grau, a vontade do agente se dirige 
aos meios utilizados para alcançar determinado 
resultado. 
- Abrange os efeitos colaterais do crime, de verifica-
ção praticamente certa. 
- Obs: 
 
CRIME DOLOSO:Espécies de dolo 
 
 
 
DOLO DE 2º. GRAU E DOLO EVENTUAL: DIFE-
RENÇAS 
 
 
 
 
MP/GO: Explique dolo de 3º. grau 
 
13- Dolo de propósito 
- A vontade é refletida, pensada. 
Obs: 
 
14- Dolo de ímpeto: caracterizado por ser repentino, 
sem intervalo entre a fase da cogitação e da execu-
ção. 
Obs: 
 
CRIME CULPOSO 
 
“Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resulta-
do por imprudência, negligência ou imperícia.” 
 
 Conceito: O crime culposo consiste numa conduta 
voluntária que realiza um evento ilícito não querido 
ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível 
(culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto 
(culpa consciente) e que poderia ser evitado se 
empregasse a cautela necessária. 
 
CP MILITAR 
“Art. 33. Diz-se o crime: 
II - culposo, quando o agente, deixando de empre-
gar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou 
especial, a que estava obrigado em face das cir-
cunstâncias, não prevê o resultado que podia prever 
ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se 
realizaria ou que poderia evitá-lo.” 
 
Elementos do crime culposo: 
 
1- Conduta humana voluntária 
2- Violação de um dever de cuidado objetivo 
3- Resultado naturalístico involuntário 
4- Nexo entre conduta e resultado 
5- Resultado involuntário previsível 
6- Tipicidade 
 
Elementos do crime culposo: 
 
1- Conduta humana voluntária 
 
 
 
 
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Ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer, 
causando um resultado involuntário. 
 
2- Violação de um dever de cuidado objetivo 
O agente na culpa viola seu dever de diligência 
(regra básica para o convívio social). 
O comportamento do agente não atende o que es-
perado pela lei e pela sociedade. 
# Como apurar se houve ou não infração do dever 
de diligência? 
 
Formas de violação do dever de diligência: 
a) Imprudência: precipitação, afoiteza 
Obs: 
Ex.: 
b) Negligência: ausência de precaução 
Obs: 
Ex.: 
c) Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercí-
cio de arte ou profissão 
Ex.: 
 
ATENÇÃO! Na denúncia, o Ministério Público deve 
apontar a forma de violação do dever de diligência, 
descrevendo no que consiste. 
Ex.1: “Fulano matou culposamente Beltrano” 
Ex.2: “Fulano, com manifesta imprudência, matou 
Beltrano” 
Ex.3: “Fulano, dirigindo em alta velocidade em dia 
de chuva, nisso, aliás, consistiu sua imprudência, 
matou Beltrano” 
 
# PROBLEMA: MP denuncia Fulano por crime cul-
poso, indicando ter havido imprudência. Durante a 
instrução, comprova-se a culpa, porém decorrente 
de negligência. O juiz pode condenar Fulano ou 
deve enviar os autos para o MP aditar a inicial? 
 
3- Resultado naturalístico involuntário 
 
Em regra, o crime culposo é material (exige modifi-
cação no mundo exterior). 
 
ATENÇÃO: 
 
LEI Nº 11.343/06 (ART. 38 ) 
 
“Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, 
drogas, sem que delas necessite o paciente, ou 
fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, 
e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) 
dias-multa. 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação 
ao Conselho Federal da categoria profissional a que 
pertença o agente.” 
 
4- Nexo causal entre conduta e resultado 
 
5- Resultado involuntário previsível 
Possibilidade de prever o perigo advindo da condu-
ta. 
 
CUIDADO: 
 
6- Tipicidade 
Art. 18, parágrafo único, CP. 
 - Se o tipo penal quer punir a forma culposa, deve 
ser expresso. 
- No silêncio, o tipo penal só é punido a título de 
dolo. 
- Princípio da excepcionalidade do crime culposo. 
 
TIPICIDADE 
 
“Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resulta-
do por imprudência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, 
ninguém pode ser punido por fato previsto como 
crime, senão quando o pratica dolosamente.” 
 
EM RESUMO: ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA 
CULPA 
 
1- Conduta humana voluntária 
2- Violação do dever de cuidado objetivo 
3- Resultado involuntário4- Nexo causal 
5- Previsibilidade 
6- Tipicidade 
 
# E a previsibilidade subjetiva? 
 
ESPÉCIES DE CULPA: 
 
1- Culpa consciente (com previsão / “ex lascivia”) 
O agente prevê o resultado, mas espera que ele 
não ocorra, supondo poder evitá-lo com suas habili-
dades ou com a sorte. 
Obs: 
 
2- Culpa inconsciente (sem previsão / “ex ignoran-
tia”) 
O agente não prevê o resultado que, entretanto, era 
previsível. 
Obs: 
 
3- Culpa própria (propriamente dita) 
O agente não quer e não assume o risco de produ-
zir o resultado, mas acaba lhe dando causa por 
imprudência, negligência ou imperícia. 
OBS.: 
 
4- Culpa imprópria (por equiparação / assimilação / 
extensão) 
 
 
 
 
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É aquela em que o agente, por erro evitável, imagi-
na certa situação de fato que, se presente, excluiria 
a ilicitude (descriminante putativa). Provoca intenci-
onalmente determinado resultado típico, mas res-
ponde por culpa, por razões de política criminal (art. 
20, § 1º, 2ª parte CP). 
Obs1: 
Obs2: 
 
CULPA IMPRÓPRIA 
 (art. 20, § 1º, 2ª parte C.P.) 
 
“Descriminantes putativas 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente 
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de 
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não 
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e 
o fato é punível como crime culposo.” 
 
5- Culpa presumida (“in re ipsa”) 
Modalidade de culpa admitida pela legislação penal 
anterior ao Código de 1940, consistente na simples 
inobservância de uma disposição regulamentar. 
Atenção: 
 
Exclusão da culpa 
 
a) caso fortuito e força maior: se inserem entre os 
fatos imprevisíveis, que não se submetem à vontade 
de ninguém. 
Conclusão: 
b) princípio da confiança: o dever objetivo de cuida-
do se estabelece sobre todos os indivíduos e, por 
isso, pode-se confiar que todos procedam de forma 
a permitir a pacífica convivência em sociedade. 
Dessa forma, se alguém age nos limites do dever de 
cuidado, confiando que os demais procedam da 
mesma forma, não responde por eventual resultado 
lesivo involuntário em que se veja envolvido. Ex.: 
c) risco tolerado: o comportamento humano, no 
geral, atrai certa carga de risco que, se não tolera-
da, impossibilitaria a prática de atividades cotidianas 
básicas e tornaria proibitivo o desenvolvimento pes-
soal e o progresso científico e tecnológico. Quanto 
mais essenciais forem determinados comportamen-
tos, maior deverá ser a tolerância em relação aos 
riscos que trazem às relações humanas, afastando-
se, consequentemente, qualquer reprovação que 
pudesse limitar a sua adoção. 
Ex: 
 
CRIME PRETERDOLOSO 
 
“Agravação pelo resultado 
 Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a 
pena, só responde o agente que o houver causado 
ao menos culposamente.” 
 
Lembrando: temos várias espécies de crimes 
agravados (qualificados) pelo resultado. 
 
a) Crime doloso agravado/qualificado pelo dolo 
(ex.: homicídio qualificado) 
b) Crime culposo agravado/qualificado pela culpa 
(ex.: incêndio culposo qualificado pela morte culpo-
sa) 
c) Crime culposo agravado/qualificado pelo dolo 
(ex.: homicídio culposo qualificado pela omissão de 
socorro) 
d) Crime doloso agravado/qualificado pela culpa 
(ex.: Lesão corporal seguida de morte) 
 
No crime preterdoloso, o agente pratica delito distin-
to do que havia projetado cometer, advindo da con-
duta dolosa resultado culposo mais grave do que o 
projetado. 
Obs: 
 
ELEMENTOS: 
 
a) Conduta dolosa visando determinado resultado 
b) Provocação de resultado culposo mais grave que 
o desejado 
c) Nexo causal entre conduta e resultado 
d) Tipicidade: não se pune crime preterdoloso sem 
previsão legal 
 
CRIME PRETERDOLOSO - OBSERVAÇÕES 
 
ATENÇÃO! O resultado deve ser culposo – se fruto 
de caso fortuito ou força maior, não pode ser impu-
tado ao agente (sob pena de responsabilidade obje-
tiva).

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