Buscar

REVISÃO PROVA PEDRO ENRICO DIREITO PENAL PR1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Penal
Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade surgiu no anseio de estabelecer na sociedade regras permanentes e válidas, que pudessem proteger os indivíduos de uma conduta arbitrária e imprevisível por parte dos governantes.
O princípio é trazido na Constituição Federal (CF), em seu artigo 5o , inciso XXXIX – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. (quase igual ao art. 1o do Código Penal – CP).
De acordo com o Rogério Greco, o princípio da legalidade é, sem dúvida, o mais importante princípio do Direito Penal. Tudo o que não é expressamente proibido é lícito diante do Direito Penal. Von Liszt dizia, por isso, ser o Código Penal a Carta Magna do delinqüente.
Princípio da Intervenção Mínima
É um princípio limitador do poder de punir do Estado. O poder punitivo do Estado deve estar regido e limitado pelo princípio da intervenção mínima. O Direito Penal somente deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes. As perturbações mais leves do ordenamento jurídico são objeto de outros ramos do Direito. 
O princípio da intervenção mínima, ou ultima ratio, assim como possui o condão de identificar os bens jurídicos mais relevantes, merecedores de proteção pelo Direito Penal, também é o responsável pelo movimento oposto, ou seja, identificar quais os bens jurídicos carecedores de importância à luz do Direito Penal. A esse fenômeno dá-se o nome de DESCRIMINALIZAÇÃO. Exemplos: DESCRIMINALIZAÇÃO – crime de adultério, emissão de cheque sem fundos (??). CRIMINALIZAÇÃO – crime de assédio sexual.
Finalidade do Direito Penal
A finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos.
Não se admite, portanto, a criação de qualquer tipo penal incriminador onde não se consiga apontar, com precisão, o bem jurídico que por intermédio dele pretende-se proteger.
Tempo e lugar do Crime
Tempo do crime é o momento em que se considera o crime praticado.
Várias teorias procuram identifica-lo: 
a) teoria da atividade – tempo do crime é o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
b) teoria do resultado – o tempo do crime é o da ocorrência do resultado, não importando o tempo da conduta comissiva ou omissiva 
c) teoria mista ou da ubiqüidade – considera os dois fatores. O tempo do crime será o da ação ou imissão, bem como o do momento do resultado. 
O artigo 4o do Código Penal dispõe o seguinte: Art. 4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Disso podemos concluir que o nosso Código Penal adotou a teoria da ATIVIDADE para explicar o tempo do crime.
Seleção do bem jurídico
A política criminal é quem seleciona o bem jurídico
Princípio da Consunção 
Pode-se aplicar o princípio da consunção: 
a) quando um crime é meio necessário ou fase normal de preparação ou de execução de outro crime (progressão criminosa e crime progressivo) – a consumação absorve a tentativa e esta absorve o incriminado ato preparatório; o crime de lesão absorve o correspondente crime de perigo; o homicídio, a lesão corporal; o furto em casa habitada, a violação de domicílio. 
b) nos casos de antefato e pós-fato impuníveis ANTEFATO IMPUNÍVEL (não punível) – situação antecedente praticada pelo agente a fim de conseguir levar a efeito o crime por ele pretendido inicialmente e que, sem aquele, não seria possível. Ex: para praticar estelionato com um cheque que o sujeito ativo encontrou na rua é necessário que cometa um delito de falso, ou seja: que o preencha e o assine. Súmula 17 – STJ – “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade ofensiva, é por este absorvido”. PÓS-FATO IMPUNÍVEL (não punível) – é um exaurimento do crime principal praticado pelo agente e, portanto, por ele não pode ser punido. Ex.: a venda pelo ladrão de coisa furtada como própria não constitui estelionato. Se o agente falsifica moeda e depois a introduz em circulação pratica apenas o crime de moeda falsa.
Contagem de prazo
No artigo 798, §1o , do CPP: Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. § 1º. Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. 
Já no artigo 10, do Código Penal, vem a seguinte redação: 
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
Nítida, portanto, é a diferença entre a contagem dos prazos processuais (do CPP) e materiais (do CP). O prazo penal e o prazo processual penal são contados de forma diferente. 
PRAZO PROCESSUAL PENAL – diz respeito ao normal andamento do processo; 
PRAZO PENAL – diz respeito diretamente ao direito de liberdade dos cidadãos. 
Prevalece na doutrina o entendimento de que determinados prazos, embora processuais, sejam contados como se fossem materiais quando ligados diretamente ao direito de liberdade do cidadão. TRADUZINDO: SE O RÉU OU INDICIADO ESTIVER PRESO, APLICA-SE A ALGUNS PRAZOS PROCESSUAIS A CONTAGEM DO PRAZO PENAL.
Conceito de Crime
O legislador não conceituou o crime. O conceito hoje apresentado, portando, é essencialmente jurídico. 
O crime pode apresentar três conceitos diferentes: 
1. conceito formal; 
2. conceito material; 
3. conceito analítico. 
CONCEITO FORMAL – crime é todo o fato humano proibido pela lei penal. 
CONCEITO MATERIAL – todo o fato humano lesivo de um interesse capaz de comprometer as condições de existência, de conservação e de desenvolvimento da sociedade. É a conduta que viola os bens jurídicos mais importantes. 
CONCEITO ANALÍTICO – crime é ação típica (tipicidade), antijurídica ou ilícita (ilicitude) e culpável (culpabilidade). 
Ao invés de considerarmos o crime como sendo AÇÃO típica, consideremos como sendo na verdade um FATO típico, que englobará: 
a) a conduta do agente, 
b) o resultado dela advindo e 
c) o nexo de causalidade entre um e outro.
O crime é portanto, todo fato típico, ilícito e culpável. 
Para uma visão finalista (seja lá o que for isso), o fato típico é composto de quatro elementos: 
a) conduta (dolosa/culposa, omissiva/comissiva) 
b) resultado (nos crimes materiais) 
c) nexo de causalidade entre a conduta e o resultado 
d) tipicidade (formal e conglobante) 
A ilicitude, por sua vez, é a relação de contrariedade, de antagonismo, que se verifica entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. A licitude é encontrada por exclusão, ou seja, a ação só será lícita se o agente tiver atuado sob o amparo de uma das quatro causas excludentes da ilicitude do Código Penal (artigo 23): 
1. legítima defesa 
2. estado de necessidade 
3. estrito cumprimento de dever legal 
4. exercício regular de direito
Conduta
Fato típico, conforme ressaltado, constitui-se de: 
- conduta (dolosa/culposa, comissiva/omissiva); 
- resultado (nos crimes materiais); 
- nexo de causalidade entre um e outro; 
- tipicidade (formal e conglobante). 
Conduta é ação humana por excelência, entretanto, a CF expressamente permitiu a punição penal da pessoa jurídica por ter ela própria praticado uma atividade lesiva ao meio ambiente.
A conduta pode ser de dois tipos: dolosa ou culposa. DOLOSA – ocorre quando o agente quer diretamente o resultado ou assume o risco de produzi-lo; CULPOSA – ocorre quando o agente dá causa ao resultado em virtude de sua imprudência, imperícia ou negligência. 
Via de regra, os crimes só podem ser dolosos, sendo culposos apenas quando houver previsão legal expressa nesse sentido. Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Tipo penal e Elementares
Tipo penal é um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes” Quando um fato do mundo natural se coaduna perfeitamente com a descrição legal realizadapelo tipo surge a TIPICIDADE
ELEMENTARES 
Elementares são figuras essenciais da conduta tipificada, sem as quais pode ocorrer duas formas de atipicidade: uma absoluta e outra relativa. 
ATIPICIDADE ABSOLUTA – ocorre quando, pela falta da elementar, o fato se torna um indiferente penal. Ex.: se o sujeito furta coisa própria, pensando ser de outrem, não pratica furto, por lhe faltar a elementar “coisa alheia móvel”, prevista no tipo. 
ATIPICIDADE RELATIVA – ocorre quando, pela ausência da elementar, ocorre desclassificação do fato para uma outra figura típica. Ex.: se a mãe, logo após o parto, mata o filho sem estar sob a influência do estado puerperal, não poderá responder por infanticídio (art. 123), mas responderá por homicídio (art. 121). 
Portanto: Atipicidade absoluta – indiferente penal; 
Atipicidade relativa – desclassificação do crime.
ELEMENTOS QUE INTEGRAM O TIPO
Os ELEMENTOS OBJETIVOS descrevem a ação, o objeto da ação, o resultado (se for o caso), as circunstâncias externas do fato, a pessoa do autor e o sujeito passivo (se for o caso). O objetivo dos elementos subjetivos é fazer com que o agente tome conhecimento de todos os dados necessários à caracterização da infração penal. 
Os ELEMENTOS OBJETIVOS podem ser normativos ou descritivos. Elementos objetivos descritivos – têm a finalidade de traduzir o tipo penal, ou seja, evidenciar o que pode ser facilmente constatado pelo intérprete. Elementos objetivos normativos – são criados e traduzidos por uma norma ou que, para sua devida compreensão, carecem de valoração por parte do intérprete. Ex.: conceitos como mulher honesta, sem justa causa, decoro. 
Os ELEMENTOS SUBJETIVOS dizem respeito à vontade do agente. Quer dizer elemento anímico (ânimo). O dolo é, por excelência, o elemento subjetivo do tipo. Existe também a culpa e outros elementos explícitos no corpo do tipo penal. Ex.: artigo 159, do CP: Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
ELEMENTOS ESPECÍFICOS DOS TIPOS PENAIS
São elementos encontrados em todos os tipos penais: 
- núcleo; 
- sujeito ativo; 
- sujeito passivo; 
- objeto material.
A) NÚCLEO DO TIPO – é o verbo que descreve a conduta proibida pela lei penal.
B) SUJEITO ATIVO – é aquele que pode praticar a conduta delituosa descrita no tipo.
C) SUJEITO PASSIVO – pode ser formal ou material. 
SUJEITO PASSIVO FORMAL – é sempre o Estado, que sofre danos toda vez que suas leis são desobedecidas. 
SUJEITO PASSIVO MATERIAL – é o titular do bem jurídico tutelado sobre o qual recai a conduta criminosa. Em alguns casos, pode ser o Estado. Ex.: crimes contra a Administração Pública.
D) OBJETO MATERIAL – é a pessoa ou a coisa contra a qual recai a conduta delituosa do agente
Tipicidade
Tipicidade é a perfeita subsunção da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, a um tipo penal incriminador. É a adequação de um fato cometido à descrição que dele se faz na lei penal. Mas essa perfeita adequação faz surgir o que chamamos tipicidade FORMAL, ou tipicidade LEGAL.
Tipo Doloso
Dolo é a vontade livre e consciente de realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador.
O parágrafo único do artigo 18 do CP dispõe que: Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Pode-se perceber que a regra é que todo crime seja doloso, só podendo ser punido o crime culposo quando houver previsão legal expressa. O dolo é a regra, a culpa, a exceção.
O dolo possui 4 teorias que o explicam:
 a) teoria da vontade; 
b) teoria do assentimento; 
c) teoria da representação; 
d) teoria da probabilidade.
TEORIA DA VONTADE – o dolo é apenas a vontade livre e consciente de querer praticar a infração penal, de querer levar a efeito a conduta prevista no tipo incriminador. 
TEORIA DO ASSENTIMENTO – aqui, o agente não quer o resultado diretamente, mas o entende possível e o aceita. Atua com dolo aquele que, antevendo como possível o resultado lesivo com a prática de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de vir a produzi-lo. 
TEORIA DA REPRESENTAÇÃO – não se deve perquirir se o agente havia assumido o risco de produzir o resultado, ou se, prevendo ser possível sua ocorrência, acreditava sinceramente na sua não-ocorrência. Basta que o agente tenha previsto o resultado como possível para se configurar o dolo. Assim, para essa teoria não haveria diferença entre o dolo eventual (indiferença quanto ao resultado) e a culpa consciente (confiança da não-ocorrência do resultado). 
TEORIA DA PROBABILIDADE – essa teoria trabalha com dados estatísticos, ou seja, caso houvesse uma grande probabilidade de ocorrência do resultado, estaríamos diante do dolo eventual. Se o resultado não fosse provável, mas fosse possível (= menos provável), estaríamos diante da culpa consciente. 
ESPÉCIES DE DOLO
DOLO DIRETO 
de primeiro grau
 ii) de segundo grau
DOLO INDIRETO
 i) alternativo
 (1) objetivo
 (2) subjetivo 
ii) eventual
DOLO DIRETO – ocorre quando o agente quer, efetivamente, cometer a conduta descrita no tipo. É o dolo por excelência, pois quando falamos em dolo, o primeiro que nos vem à cabeça é o direto. 
Dolo direto de primeiro grau – é o dolo em relação ao fim proposto e aos meios escolhidos. 
Dolo direto de segundo grau – é o dolo em relação aos efeitos colaterais, representados como necessários. 
Ex.: se A quer matar B e desfere-lhe um tiro na cabeça, o dolo é direto de primeiro grau, visto não existirem efeitos colaterais necessários à consecução da vontade do agente. Se A quer matar B e para isso coloca uma bomba no avião em que B viajaria, o dolo, quanto a B, é direto de primeiro grau, e quanto aos demais que morrerão na explosão do avião, é direto de segundo grau. 
DOLO INDIRETO – é o dolo da segunda parte do inciso I do artigo 18, do CP. Ocorre quando o agente atua sem a vontade de efetivamente causar o resultado danoso, mas assume o risco de faze-lo. 
Dolo indireto alternativo – ocorre quando a vontade do agente se encontra direcionada, de maneira alternativa, seja em relação ao resultado ou em relação à pessoa contra qual o crime é cometido. 
Se a alternatividade disser respeito ao resultado, o dolo indireto alternativo será objetivo. Ex.: o sujeito atira no outro PARA MATAR OU FERIR. 
Se a alternatividade disser respeito à pessoa contra a qual o agente dirige sua conduta, o dolo indireto alternativo será subjetivo. Ex.: o sujeito atira PARA MATAR, mas quer matar tanto A quanto B, que estão lado a lado. 
Observe que no dolo indireto alternativo, seja na forma objetiva ou subjetiva, possui uma parte de dolo direto e outra parte de dolo eventual. No primeiro caso, o dolo direto era sobre a pessoa do 52 ofendido, e o eventual dizia respeito ao resultado (matar ou ferir). No segundo, o direto era sobre o resultado (morte) e o eventual era sobre a pessoa (A ou B). 
Dolo eventual – embora o agente não queira diretamente praticar o delito, não se abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito. O autor entende ser extremamente provável que o resultado danoso ocorra, mas age de forma indiferente quanto a isso, assumindo o risco de sua produção.
Tipo Culposo
O delito culposo possui vários elementos: 
a) conduta humana voluntária, seja ela comissiva ou omissiva; 
b) inobservância de um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia); 
c) resultado lesivo não querido nem assumido pelo agente; 
d) nexo de causalidade entre a conduta do agente que deixa de observar o seu dever de cuidado e o resultado lesivo dela advindo; 
e) previsibilidade; 
f) tipicidade. 
Art. 18. Diz-se o crime: II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode serpunido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
IMPRUDÊNCIA, IMPERÍCIA E NEGLIGÊNCIA 
Pelo fato de haver em todo delito culposo uma inobservância a um dever geral de cuidado, parte da Doutrina refere-se aos delitos culposos como “direito penal da negligência”. 
IMPRUDÊNCIA – conduta positiva, praticada sem os cuidados necessários, que causa resultado lesivo previsível ao agente. É a prática de um ato perigoso sem os cuidados que o caso requer. É exteriorizada em um fazer. 
NEGLIGÊNCIA – é uma conduta negativa, uma omissão. É deixar de fazer o que a diligência normal impunha. IMPERÍCIA – é uma inaptidão, momentânea ou não, de o agente praticar exercer uma arte ou profissão. A imperícia deve necessariamente estar ligada a uma atividade profissional do agente.
DIFERENÇA ENTRE CULPA CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL 
CULPA CONSCIENTE – o agente, embora preveja o resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente, que esse resultado não venha a ocorrer. 
DOLO EVENTUAL – embora o agente não queira diretamente o resultado, assume o risco de vir a produzi-lo. 
Enquanto na culpa consciente o agente efetivamente não quer produzir o resultado, no dolo eventual, embora também não queira produzi-lo, não se importa com sua ocorrência ou não. 
Palavras-chave: 
- culpa consciente: SUPERCONFIANÇA; 
- dolo eventual: INDIFERENÇA. 
Na dúvida entre a ocorrência do crime culposo (culpa consciente) ou doloso (dolo eventual), devese preferir sempre o culposo, visto que, além do Princípio Geral do Direito Penal in dubio pro reo, é adotada no Brasil a TEORIA VOLITIVA e a do ASSENTIMENTO, e não a da representação.
CONDUTAS COMISSIVAS E OMISSIVAS
A conduta pode se traduzir por meio de uma ação (conduta comissiva ou positiva) ou de uma omissão (conduta omissiva ou negativa). Enquanto nos crimes comissivos o agente direciona sua conduta a uma finalidade ilícita, nos crimes omissivos há uma abstenção de uma atividade que era imposta pela lei ao agente. A omissão, segundo RENÉ ARIEL DOTTI, é a abstenção da atividade juridicamente exigida. Constitui uma atitude psicológica e física de não-atendimento da ação esperada, que devia e podia ser praticada. 
O conceito é, portanto, puramente normativo. 
Os crimes omissivos podem ser próprios (puros ou simples) ou impróprios (comissivos por omissão ou omissivos qualificados): 
CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS – são objetivamente descritos no tipo com uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico (são portanto delitos formais). São delitos nos quais existe o chamado dever genérico de proteção. 
CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS – somente as pessoas referidas no §2o do artigo 13, do CP, podem praticá-los, pois existe o chamado dever especial de proteção. Nesses crimes, o agente deve encontrar-se numa posição de garante ou garantidor, que pode ocorrer de três formas distintas: - deve ter a obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância; - de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; - com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
AUSÊNCIA DE CONDUTA
Tendo como norte a concepção finalista da ação, esta será sempre uma ação final, dirigida à produção de um resultado. Logo, se não houver vontade dirigida à produção de um resultado qualquer, não haverá conduta. Ocorre nos casos de:
a) força irresistível (seja proveniente da natureza ou da ação de um terceiro); 
b) movimentos reflexos (só excluem a conduta quando absolutamente imprevisíveis); 
c) estados de inconsciência.
No caso de crime praticado em embriaguez completa, esta só excluirá a conduta se proveniente de caso fortuito ou de força maior. Caso provier de embriaguez culposa ou dolosa, seja ou não com a intenção de praticar um delito, prevalece a teoria da actio libera in causa, ou seja, tendo em vista que a ação foi livre na causa, o agente deve ser responsabilizado pelos resultados dela decorrentes.
TEORIA DE BINDING
Ao analisarmos os artigos da parte especial do Código Penal, percebemos que o legislador usa um meio interessante para proibir determinadas condutas. Ao invés de estabelecer proibições, descreveu condutas que, se praticadas, nos levará a uma condenação correspondente à pena prevista para aquela infração penal. Ex.: art. 121 – o legislador não dispôs “é proibido matar”, mas descreveu a conduta: “matar alguém”. Luiz Regis Prado diz que a lei penal modernamente não contém ordem direta, mas sim vedação indireta, abstraída da norma descritiva do comportamento humano pressuposto da conseqüência jurídica. Partindo dessa observação, BINDIG concluiu que, na verdade, quando o criminoso praticava a conduta descrita no núcleo do tipo (verbo), a rigor não infringia a lei. Seu comportamento se amoldava perfeitamente ao tipo penal incriminador. O que ele infringia era a NORMA PENAL implicitamente contida na lei. Para o autor, a lei teria caráter descritivo da conduta proibida ou imposta, tendo a norma, por sua vez, caráter proibitivo.
Anomia
ANOMIA – pode se compreendida de duas formas diferentes: 
a) em razão da pura e simples ausência de normas; 
b) em razão do demérito das normas existentes diante da sociedade, que continua a praticar as condutas por ela proibidas como se tais normas não existissem. 
Neste caso, paradoxalmente, a “inflação legislativa”, ou seja, o número excessivo de normas, pode nos conduzir à situação de anomia. Melhor dizendo, quanto mais normas, maior a sensação de ausência de leis, em face do sentimento de impunidade.
 ANTINOMIA – é a “situação que se verifica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico e tendo o mesmo âmbito de validade”. 
NORBERTO BOBBIO. BOBBIO sugere três critérios para solucionar a antinomia entre as normas: 
a) critério cronológico – a lei posterior revoga a lei anterior; 
b) critério hierárquico – norma hierarquicamente superior prevalece sobre norma hierarquicamente inferior. c) critério da especialidade – a lei especial afasta a aplicação da lei geral.
Aplicação da Lei Penal
Não é a simples publicação de uma lei penal que a faz obrigatória a todos. Para que se incrimine alguém, é necessário que a prática do fato penalmente descrito tenha sido após a VIGÊNCIA da lei. Assim, a lei penal que contenha tipos penais incriminadores que agravem a situação do agente só pode ser aplicada após sua entrada em vigor. 	
Diferente ocorre com a lex mitior. Nesse caso, existe a possibilidade de se aplicar a lei mesmo antes de sua entrada em vigor. 
De acordo com o artigo 2o do Código Penal determina que lei posterior que de qualquer forma favorecer o agente deverá retroagir, ainda que o fato já tenha sido decidido por sentença condenatória transitada em julgado. Se a lei que favorece o agente deve ser aplicada obrigatoriamente de forma retroativa, pra que aguardar sua vacatio legis? Maior vantagem é aplicá-la desde sua publicação.
Normal Penal
O princípio da reserva legal, no plano penal, diz que não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal. Daí podemos concluir que na vida social o particular está livre para fazer tudo o que quiser, desde que sua conduta não seja prevista na legislação como infração penal. Embora a conduta do agente possa ser até socialmente reprovável, se não houver tipo penal incriminador proibindo-a, não poderá sofrer qualquer sanção ao praticá-la. Pode haver até uma sanção da própria sociedade, uma sanção moral, mas não é isso que nos importa.
Para BOBBIO, normas penais são aquelas “cuja execução é garantida por uma sanção externa e institucionalizada”.

Continue navegando