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TRIAGEM DAS DROGAS

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toxicologia
- 1 -
Triagem das drogas de abuso
 Canabinóides, Cocaína, Anfetaminas e Opióides
1. INTRODUÇÃO
Triagem para pesquisa das drogas de abuso e de seus metabólitos na urina,
tem grande utilidade na implantação dos programas de controle e prevenção do
uso drogas. Há cerca de 30 anos, estes programas têm sido aplicados em
indústrias, forças armadas, trabalhadores do transporte, atletas, na investigação
de acidentes e no tratamento de dependentes químicos (1).
2. CADEIA DE CUSTÓDIA
A cadeia de custódia é um fator crítico na validação de um programa de
triagem. Trata-se de um registro escrito de todas as pessoas que tiveram acesso à
amostra, desde o paciente até o armazenamento da amostra, bem como das
condições desta (vide figura 1). Preserva a integridade da amostra, através do
controle nominal das pessoas que têm acesso direto à amostra, antes, durante e
após o teste (1,2).
3. COLETA DA AMOSTRA
A validade do resultado depende da integridade da amostra. A supervisão
da coleta, que deve ser assistida, é condição fundamental para a execução do
teste, sem a qual não é possível a realização da triagem. Este cuidado evita
possíveis adulterações durante a coleta (ex.: adição de substâncias ao espécime;
diluição da amostra com água)(1,2).
Na suspeita de adulteração, a observação da cor, o cheiro, a medida do pH,
da densidade e creatinina urinárias podem identificar amostras adulteradas ou
diluídas (2). A temperatura da amostra é importante na identificação das tentativas
de troca de amostras, devendo estar entre 32 e 38 ºC dentro de 4 minutos após a
coleta da urina (1,3,4).
Quadro 1: Características de amostras adulteradas ou diluídas (2,5).
Amostra substituída Espécime pode não ser derivado do
doador.
Creatinina urinária < 5 mg/dl
Densidade <1.001 ou > 1.020
Amostra diluída Espécime diluído por ingestão de
grandes quantidades de água ou pela
adição de líquidos diretamente na
amostra.
Creatinina < 20 mg/dl
Densidade <1.003
Amostra adulterada Adição de substâncias visando
adulteração e conseqüente inativação
da droga ou interferências nos ensaios.
PH < 3 ou > 11
 
 toxicologia
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Figura 1
 
 toxicologia
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4. ASPECTOS ANALÍTICOS
Na triagem das drogas de abuso são usados imunoensaios que apresentam
alta sensibilidade. Estes testes iniciais fornecem resultados qualitativos
preliminares, entretanto, resultados falso-positivos podem ser produzidos por
reações cruzadas com substâncias de estrutura química similar presentes no
espécime. Dessa forma, métodos cromatográficos altamente específicos, como a
cromatografia gasosa, cromatografia líquida de alta performance (HPLC),
cromatografia gasosa/espectrometria de massa (GC/MS) são utilizados como
métodos confirmatórios. A GC/MS é considerada o método mais conclusivo para
se confirmar a presença de todas as drogas de abuso na urina (1,6).
IMPORTANTE
Todos os resultados positivos nos testes de triagem das drogas de abuso
(imunoensaios) devem ser confirmados com métodos cromatográficos (ex.:
GC/MS, HPLC) (1,2).
5. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS.
Para interpretação dos resultados é fundamental o conhecimento das
características farmacológicas das drogas pesquisadas, da freqüência e dose
consumida, além das características do indivíduo que podem interferir nos
resultados da triagem.
5.1. CANABINÓIDES
O Delta-9-tetrahidrocanabinol (∆9-THC) é o ingrediente psicoativo primário
presente na planta Cannabis sativa, consumida como droga de abuso na forma de
maconha e haxixe. Normalmente é consumida como cigarro, mas ocasionalmente
é ingerida (8,9).
O ∆9-THC é absorvido em minutos e rapidamente transformado no fígado
(citocromo P450) em diversos metabólitos, sendo o 11-nor-∆9-THC-9-carboxílico
(9-carboxi-THC) o principal derivado. Praticamente nenhuma quantidade de ∆9-
THC é excretada na urina, sendo armazenado no tecido gorduroso. A
concentração do 9-carboxi-THC na urina é influenciada pela dose de ∆9-THC
absorvida, freqüência do uso, tempo de coleta após a última exposição,
concentração de ∆9-THC armazenado no tecido gorduroso e quantidade de
líquidos ingerida antes da coleta (1,9).
O imunoensaio utilizado no teste de triagem detecta o principal metabólito
(9-carboxi-THC) na urina, com possibilidade de reação cruzada com outros
metabólitos e seus conjugados glicuronídeos excretados na urina. Os métodos
cromatográficos usados como testes confirmatórios (HPLC, GC/MS) podem
separar especificamente os metabólitos, sendo a GC/MS o método confirmatório
mais fidedigno (9).
No uso ocasional (menos que duas vezes por semana) amostras geralmente
são positivas por 1 a 3 dias após o consumo. Nos pacientes com uso crônico
diário (duas ou três vezes por semana) espera-se encontrar amostras de urina
positivas continuamente. Em usuários pesados, resultados podem permanecer
 
 toxicologia
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positivos por meses devido à lenta liberação do ∆9-THC tecidual, entretanto, a
maioria dos usuários crônicos ficam negativos após quatro semanas de
abstinência. Uma vez que o imunoensaio de triagem fornece resultado qualitativo,
não é possível a distinção entre continuidade do uso ou liberação do THC
acumulado em usuários crônicos (9,10,11). Estudo realizado em usuários crônicos
pesados com o imunoensaio EMIT foi capaz de detectar maconha por 4 a 77 dias
(média de 31 dias), enquanto em usuários crônicos leves foi detectável por 3 a 29
dias (média de 13 dias)(12). O pico das concentrações urinárias após uso da
maconha ocorre em 7,7 a 13,9 horas, sendo dependente da concentração da droga
e características individuais no usuário (12,13,14).
5.2. COCAÍNA
A cocaína (metilbenzoilecgonina) é um alcalóide estimulante do sistema
nervoso central (SNC) preparado com extrato da planta Erythroxylon coca que é
usada de várias formas: aspirada, inalada ou por via endovenosa. A base de coca
preparada para fumar, chamada de crack, é extremamente causadora de
dependência (15).
Por via intra-nasal, 80% da droga é absorvida e seu pico plasmático é
alcançado em 30 a 40 minutos. A meia-vida é de 5 horas e independente da via de
administração (1). A cocaína é extensamente metabolizada no fígado e pelas
esterases plasmáticas e apenas 1% da dose é excretada inalterada na urina. A
benzoilecgonina é o principal metabólito encontrado na urina (40%) (15,16,17).
O imunoensaio utilizado no teste de triagem detecta a benzoilecgonina 4
horas após a inalação, possibilitando sua detecção por 24 a 48 horas, e
fornecendo resultados qualitativos. Os métodos cromatográficos usados como
testes confirmatórios (HPLC, GC/MS) podem separar especificamente os
metabólitos, sendo a GC/MS o método confirmatório mais fidedigno (1,16).
5.3. ANFETAMINAS
O termo anfetaminas engloba várias drogas, sendo a anfetamina e a
metanfetamina (derivado n-metil da anfetamina) estimulantes do SNC,
usualmente usados por via oral, intravenosa ou por aspiração. Estas drogas
elevam a freqüência cardíaca, a pressão arterial, diminuem o apetite, gerando
hiperatividade, ansiedade e dependência (1,18).
A quantidade de anfetamina excretada na urina varia com o pH, sendo
menor em pH alcalino e maior em pH ácido. Em 24 horas, cerca de 79% da dose é
excretada na urina ácida e cerca de 45% em urina alcalina. A metanfetamina é
excretada inalterada na urina (44%) com uma pequena fração de anfetamina
(6%)(18).
O imunoensaio utilizado no teste de triagem detecta a anfetamina e
metanfetamina na urina, fornecendo resultados qualitativos (1). Os métodos
cromatográficos usados como testes confirmatórios (HPLC, GC/MS) podem
separar especificamente os metabólitos, sendo a GC/MS o método confirmatório
mais fidedigno (1).
 
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Resultados dos testes de triagem se tornam positivos dentro de 3 horas
após o uso de anfetamina oumetanfetamina, e indicam uso de anfetaminas nas
24 a 48 horas prévias (1).
Descongestionantes nasais contendo efedrina, fenilpropanolamina, e
outras drogas lícitas fenfluramina, mefetermina, fenmetrazina e fentermina,
clorpromazina, metoxifenamina, quinacrina, ranitidina, isometeptina e procaína
também podem produzir resultados positivos nos testes de triagem de
anfetaminas (1,18).
5.4. OPIÁCEOS
A morfina, codeína e derivados semi-sintéticos da morfina pertencem à
classe de drogas chamadas opiáceos. A morfina e a codeína (metil-morfina) são
alcalóides naturais do ópio, retirados da papoula (Papaver somniferum).
Apresentam ação sobre o SNC com amplo uso terapêutico como analgésicos
potentes e inibidores de tosse. A heroína é um derivados semi-sintético da
morfina, de maior potência, usado apenas como droga de abuso (19,20).
A morfina é rapidamente absorvida, apresentando pico plasmático 15 a 60
minutos após dose oral, e 15 minutos após dose parenteral. É metabolizada em
grande parte, sendo apenas 2 % a 12% dela excretada inalterada na urina. Cerca
de 60% a 80% dos seus metabólitos conjugados são excretados na urina. O
metabólito mais importante é a morfina-3-glicuronídeo que é excretado na urina
por 48 horas. A meia-vida da morfina é de 1,7 a 4,5 horas (19,20).
A heroína é rapidamente quebrada a monoacetilmorfina, que é então
metabolizado para morfina. A heroína e a monoacetilmorfina desaparecem
rapidamente do sangue (meia-vida = 3 minutos). A excreção urinária é realizada
na forma de morfina inalterada (7%) e glicuronídeos conjugados da morfina (50%
a 60%) (1,19).
A codeína é rapidamente absorvida pela via oral e concentrações máximas
ocorrem 1 hora após a ingestão. É metabolizada extensamente a um conjugado
primário, o 6-codeína-glicuronídeo, enquanto 10 a 15% é desmetilada para a
forma de morfina e norcodeína (1).
O imunoensaio utilizado no teste de triagem detecta codeína e morfina nas
formas livres e conjugadas mas não é capaz de diferenciá-las, fornecendo
resultado qualitativo. Outros narcóticos detectados pelo imunoensaio incluem
dihidrocodeína, dihidromorfina e hidromorfina, meperidina e antagonistas de
narcóticos (nalorfina). Resultados falso-positivos determinados pelo uso de
ofloxacin são descritos. A morfina decorrente do uso de heroína pode ser
detectada por 2 a 4 dias após a última dose. Os métodos cromatográficos (HPLC,
GC/MS) utilizados para confirmação dos resultados positivos podem diferenciar
os metabólitos, sendo a GC/MS o método confirmatório mais fidedigno (1).
Geralmente resultados positivos são obtidos por 48 a 72 horas após uso de
opióides (20).
Recentemente, o órgão norte-americano Substance Abuse and Mental
Health Services Administration (SAMHSA) recomendou elevação do valor de corte
dos testes de triagem para opiáceos devido à possibilidade de resultados positivos
determinados pela ingestão de sementes de papoulas em alimentos (19).
 
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O Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini realiza em urina recente:
 Teste de Triagem para:
Cocaína qualitativo (Nível de Decisão: 300 nanog/ml).
 Canabinóides qualitativo (Nível de Decisão: 50 nanog/ml).
 Anfetaminas qualitativo (Nível de Decisão: 1000 nanog/ml).
 Opiáceos qualitativo (Nível de Decisão: 2000 nanog/ml).
Observações:
 Nível de decisão é o valor a partir do qual o teste triagem é considerado positivo,
definido cientificamente e legalmente pelo SAMHSA - 1998.
 É indispensável o preenchimento do questionário da cadeia de custódia.
6. REFERÊNCIAS
1. Hawks RL, Chiang CN. Urine testing for drugs of abuse. NIDA. Research Monograph 73. 1986.
2. Substance Abuse and Mental Health Administration. Mandatory Guidelines for Federal
Workplace drug Testing Programs. 9/5/2001.
3. Casavant MJ. Urine drug screening in adolescents. Pediatr Clin North Am. 2002; 49: 317-27.
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5. Wu AHB. Urine adulteration before testing for drugs of abuse. The Clinical Toxicology Laboratory.
2001. 157-171.
6. George S, Braithwaite RA. Use of on-site testing for drugs of abuse. Clin Chem. 2002; 48: 1639-46.
7. Ferrara SD, Tedeschi L, Frison G, et al. Drug-of-abuse in urine: statistical approach and experimental
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Assessoria Científica
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