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FACULDADE DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENHENHARIA SANITÁRIA E DO MEIO AMBIENTE DISCIPLINA: SANEAMENTO GERAL PROFESSORA: CAMILLE MANNARINO AULA: TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS Tratamento de Resíduos O tratamento de resíduos sólidos é uma etapa intermediária do sistema de limpeza urbana. Inexiste em grande parte dos municípios brasileiros os resíduos, quando coletados, são transportados diretamente às áreas de destino final, em sua maioria lixões. A necessidade de tratamento de resíduos surge mais intensamente nas grandes metrópoles devido a questões como: escassez de áreas para a destinação final do lixo; disputa pelo uso das áreas remanescentes com as populações da periferia; necessidade de ampliar a vida útil dos aterros em operação; disposição inadequada de resíduos perigosos. Tratamento de Resíduos Além destas questões mais imediatas, a discussão mundial sobre sustentabilidade do planeta tem apontado a valorização dos componentes dos resíduos como uma das formas de promover a conservação de recursos naturais. Assim, o tratamento de resíduos deve: Reduzir a quantidade de resíduos a ser enviada para disposição final; Inertizar resíduos perigosos; Recuperar “recursos” existentes nos resíduos. Tratamento de Resíduos - Reciclagem Separação de materiais propiciando a sua reintegração no processo industrial, tornando-se matéria-prima na confecção de novos bens Benefícios supostos - diminuição do volume de resíduos a ser aterrado, preservação dos recursos naturais, economia de energia, diminuição da poluição da água e do ar, geração de empregos nas indústrias recicladoras são reais??? Necessidade de mercado para os produtos reciclados Nem todos os materiais são técnica e economicamente recicláveis Segregação dos materiais na origem (coleta seletiva) e após a coleta (usinas de triagem) Tratamento de Resíduos - Reciclagem Coleta Seletiva Segregação nas fontes geradoras Coletas em dias diferenciados – custos elevados Postos de entrega voluntária Material não contaminado Necessidade de centros de triagem - separação dos recicláveis por tipo Usinas de Triagem Segregação de materiais após a coleta convencional Processos mecânicos e manuais na separação dos recicláveis Separação dos resíduos orgânicos para a produção de composto Altos custos de implantação e operação Qualidade questionável dos materiais Pesquisa CICLOSOFT 2010 - CEMPRE 443 municípios brasileiros operam programas de coleta seletiva (cerca de 8% do total) Pesquisa CICLOSOFT 2010 - CEMPRE A concentração dos programas municipais de coleta seletiva permanece nas regiões Sudeste e Sul do País. Do total de municípios brasileiros que realizam esse serviço, 86% está situado nessas regiões. Distribuição dos municípios com Coleta Seletiva por Regiões: Norte (05); Centro- Oeste (13); Nordeste (45); Sul (159); Sudeste (221). Pesquisa CICLOSOFT 2010 - CEMPRE O custo médio da coleta seletiva nas grandes cidades calculado foi de US$ 204,00 ( R$ 367). Considera-se o valor médio da Coleta Regular de Lixo US$ 47,22 ( R$ 85). O custo da coleta seletiva é 4 vezes maior do que o custo da coleta convencional. Pesquisa CICLOSOFT 2010 - CEMPRE Aparas de papel/papelão são os tipos de materiais recicláveis mais coletados por sistemas municipais de coleta seletiva (em peso), seguidos dos plásticos em geral, vidros, metais e embalagens longa vida. A porcentagem de rejeito ainda é grande, o que reforça a idéia de que é preciso tanto melhorar o serviço de coleta como conscientizar a população para separar o lixo corretamente em suas casas. Fonte: site COMLURB Coleta Seletiva Mesmo contribuindo para amenizar a poluição e recuperar materiais, a reciclagem pode não reduzir os fluxos de matéria – garrafas plásticas podem ser transformadas em tubulações, mas matéria-prima virgem ainda terá que ser explorada para produção de novas garrafas. Este processo pode, inclusive, desencadear um efeito inverso, qual seja, o de aumentar a circulação de matérias (Coleta Seletiva – Instituto Pólis – E. Grimberg & P. Blauth). A questão dos efluentes industriais, a alteração provocada nos mesmos pela utilização de material reciclável da coleta seletiva (e da catação) é pouco discutida e pouco visível no país. Unidades de Triagem e Compostagem As Unidades de Triagem e Compostagem (pós coleta convencional) deixaram de existir nos países desenvolvidos devido aos altos custos operacionais e, principalmente, pela má qualidade dos produtos obtidos. No Brasil, há muitas unidades desse tipo de usinas fechadas. Ainda assim, as mesmas encontram defensores e municípios continuam a considerá-las como alternativas para destino dos resíduos municipais. As unidades de triagem não eliminam a necessidade de um aterro para disposição dos resíduos restantes. Unidades de Triagem e Compostagem Qual é a situação nos países desenvolvidos? Coleta diferenciada na fonte de recicláveis e de matéria orgânica. A meta para a União Européia, de acordo com a Diretiva de Aterros (1999/31/CE), é: até 2016, apenas 35% do quantitativo dos resíduos urbanos biodegradáveis que eram produzidos no ano 1995, poderá ser disposto em aterros sanitários. Tratamento de Resíduos - Compostagem Processo biológico, aeróbio e controlado de tratamento e estabilização de resíduos orgânicos para a produção de húmus - composto, que tem como aplicação mais importante o poder ser corretivo orgânico dos solos. Compostagem é o processo de decomposição biológica da matéria orgânica contida em resíduos animais ou vegetais. É feita por muitas espécies de microorganismos e animais invertebrados que em presença de umidade e oxigênio, se alimentam dessa matéria e propiciam que seus elementos químicos e nutrientes voltem à terra. Essa decomposição envolve processos físicos e químicos. Os processos físicos são realizados por invertebrados como ácaros, centopéias, besouros, minhocas, lesmas e caracóis que transformam os resíduos em pequenas partículas. Já os processos químicos, incluem a ação de bactérias, fungos e alguns protozoários que degradam os resíduos em partículas menores, dióxido de carbono e água. Tratamento de Resíduos - Compostagem Matéria orgânica é disposta em composteiras, leiras (com reviramento periódico ou estáticas com insuflação de ar) ou em sistema fechado com injeção de ar Controle da temperatura - 45 a 65oC Reviramento regular/injeção de ar - promover aeração, evitar proliferação de moscas e mau cheiro Tempo do processo - 3 a 4 meses Aproveitamento agrícola da matéria orgânica - necessidade de mercado Qualidade do composto questionável - teores de matéria orgânica e N abaixo dos recomendados; presença de metais pesados Necessidade de coleta diferenciada da matéria orgânica Alto investimento inicial em equipamentos COMPOSTAGEM - PARÂMETROS FISICO-QUÍMICOS Aeração Temperatura Umidade Relação C/N pH É fundamental na fase de degradação rápida Ar com pelo menos 50% do oxigênio inicial deve alcançar todas as partes da leira. Termofílica: 45º a 65º C Mesofílica: 25º a 45º C Temperatura não deve subir acima de 65º C pois reduz a atividade biológica Controle de patógenos: temperatura entre 60º e 70º C (24 horas)Teor Ótimo: 50 % a 60% Inicial: 30 Final: entre 10 e 20 Inicial: 5,5 a 6,0 Final: 7,5 a 9,0 Para minimizar a perda de N na forma de gas amonio pH < 8,5 Estrutura: quanto mais fina a granulometria maior é a área exposta à atividade microbiana o que promove o aumento das reações bioquímicas visto que aumenta a área superficial em contato com o oxigênio. Fatores que Influenciam no Processo de Degradação da Matéria Orgânica O composto estará pronto para ser usado quando apresentar as seguintes características: Coloração preta ou marrom café; Consistência granulada, homogênea e sem distinção de restos; Cheiro de terra; Temperatura ambiente mesmo se for revolvido; Volume reduzido à metade ou a um terço do original. Métodos de Compostagem COMPOSTEIRAS: A composteira é um reservatório que pode ter diferentes formas: barril, tonel ou algum recipiente confeccionado de tijolo, de madeira, tela de arame, etc. Este reservatório geralmente é aberto no fundo e pode ser tampado em cima para proteger o composto do excesso de chuva (umidade). As composteiras são utilizadas em caso de pouco espaço disponível ou quando a quantidade de material é insuficiente para a formação de uma leira. As composteiras podem ser de diversos tamanhos e formas, mas o importante é que permitam a circulação de ar e comportem um volume de resíduos não inferior a um metro cúbico. É importante equilibrar a quantidade de matéria seca com a umidade dos resíduos, o que evita a produção de lixiviado. Composteira - Passo a passo Fonte: USP Recicla – site internet Métodos de Compostagem LEIRAS: A leira é um monte em formato de pirâmide que não deve ultrapassar 1,5m de altura. Pode ter até 2m de largura na base e 5m de comprimento. É a forma mais simples e barata de se produzir composto. O processo de maturação e cura pode durar de três meses a dois anos, dependendo do material, com temperatura equivalente à do meio ambiente. Recomendações de construção e operação: À medida que se eleva, a leira deve ir diminuindo em sua largura, tomando a forma de pirâmide, em cujas paredes a água da chuva poderá escorrer; Revirar a leira, de 3 em 3 dias durante 15 dias (nesse período a temperatura pode chegar a 70°C), depois de 2 em 2 semanas do 16º dia até o quarto mês e por fim, uma vez no 5º e outra no 6º mês. Após alguns dias, observar se o núcleo da leira está aquecido, caso contrário ela pode estar muito molhada ou seca, compactada demais ou muito pequena. Fonte: HANDBOOK OF SOLID WASTE MANAGEMENT, 2004 LEIRA COM REVOLVIMENTO MECANIZADO Fonte: HANDBOOK OF SOLID WASTE MANAGEMENT, 2004 Métodos de Compostagem SISTEMA FECHADO COM INJEÇÃO DE AR Fonte: HANDBOOK OF SOLID WASTE MANAGEMENT, 2004 SISTEMA FECHADO COM ROTAÇÃO HORIZONTAL+ LEIRAS AERADAS O tempo de residência no sistema de rotação horizontal é de 1 a 6 dias. A estabilização dos resíduos orgânicos é completada em leiras aeradas por um período que varia de 1 a 6 meses. Tratamento de Resíduos - Incineração Utiliza a decomposição térmica (>800oC), via oxidação, tornando o resíduo, tóxico ou não, menos volumoso ou eliminando-o totalmente Queima de resíduos domiciliares e patogênicos Tratamento de resíduos perigosos: solventes, óleos não passíveis de recuperação, agrotóxicos halogenados, produtos farmacêuticos Resíduos podem ser: sólidos, líquidos, pastosos Necessidade de equipamentos de controle de poluição do ar e dos efluentes $ $ $ Incineração Caracterização do Resíduo Quantidade, estado físico, poder calorífico, viscosidade, porcentagem de sólidos, densidade, corrosividade, composição química Processo de Incineração Preparo do resíduo para queima Combustão do resíduo (fase onde torna-se não tóxico) Tratamento dos gases de saída Tratamento dos efluentes líquidos Acondicionamento e disposição final dos resíduos sólidos gerados no processo de queima e nos equipamentos de controle de poluição do ar Tipos de Incineradores Fornos Rotativos Cilíndricos Revestidos material refratário Ligeira inclinação Tempo de residência controlado pela rotação Gases da fração volátil são queimados em câmara secundária Resíduos líquidos podem ser queimados simultaneamente ou não com resíduos sólidos Tipos de Incineradores Fornos Rotativos 650oC – 1000oC 1100oC – 1400oC (destruição dos VOC’s) Fornos de Câmara Fixa Horizontais ou verticais Revestidos material refratário Utilizados para sólidos ou líquidos Tipos de Incineradores Tipos de Incineradores Incineradores de Leito Móvel O leito de incineração é formados por degraus posicionados sequencialmente, formando uma grelha. Os degraus possuem movimento de vaivém, o que conduz os resíduos. Os resíduos passam por uma etapa de secagem, seguida por etapas de queima dos resíduos e dos gases. Sopradores fornecem ar sob e sobre os resíduos. O descarte de cinzas é contínuo. Não é indicado para resíduos líquidos ou lodos. É o mais usado para resíduos sólidos urbanos. Tipos de Incineradores Incineradores de Leito Móvel Fonte: Municipal Waste Treatment Plants – Swiss Reinsurance Company Tipos de Incineradores Incineradores de Leito Móvel Fonte: Municipal Waste Treatment Plants – Swiss Reinsurance Company A incineração pode produzir: Poluição atmosférica Água residuária contaminada Cinzas contaminadas Poluição Atmosférica : material particulado ou poeiras gases ácidos: HCL – cloreto de hidrogênio HF - fluoreto de hidrogênio SO2 ; NOx Metais pesados: Hg, Cd, Pb Monóxido de carbono Dioxinas, furanos e di-fenilas policloradas Incineração 1 – Forno rotativo 9 – Torre de recirculação 2 - Resíduos líquidos 10 – Trocadores de calor 3 – Câmara de pós combustão 11 - Lavador Venturi 4 – Transportador de escória 12 – Separador ciclônico 5 – Pré-resfriador 13 – Exaustor 6 – Ciclones 14 – Chaminé 7 – Lavador ácido 15 – Forno estático 8 – Lavador alcalino INCINERADOR HAZTEC Queima Tratamento de gases OBS. Esse incinerador opera em Belford Roxo (antigo incinerador da TRIBEL). NBR 11175 – INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS PERIGOSOS- PADRÕES DE DESEMPENHO 1. Resíduo: deve ser compatível com o equipamento 2. Equipamento a) Excesso de ar b) Temperatura mínima dos gases na saída da pós combustão: 1200ºC c) Tempo mínimo de residência: 2 s a 1200 ºC d) Temperatura de saída da primeira câmara de combustão: 1000 ºC e) Tempo mínimo de residência dos sólidos: - Incinerador de forno rotativo: 30 minutos - Incinerador de câmara fixa: 60 minutos f) Teor de O2 (mínimo) na chaminé: 7% Incineração Procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos - Resolução CONAMA nº 316/2002 Material Particulado 70mg/Nm3 SOx (medido como SO2) 280mg/Nm3 NOx (medido como NO2) 560mg/Nm3 CO 100ppm/Nm3 HCl 80mg/Nm3 HF 5mg/Nm3 Dioxinas e Furanos: expressos em TEQ (total de toxicidade equivalente) da 2,3,7,8 TCDD 0,5ng/Nm3 Cd, Hg, Tl 0,28mg/Nm3 As, Co, Ni, Se, Te 1,4mg/Nm3 Sb, Pb, Cr, CN, Cu, Sn, F, Mn, Pt, Pd, Rh, V 7,0mg/Nm3 OBS. Nm3 normal metro cúbico medição em temperatura (20oC) e pressão (1atm) padronizadas pois o volumedos gases se altera com esses parâmetros Dioxinas e Furanos Subprodutos de alguns processos industriais e da queima de organoclorados. Faixa de temperatura crítica (200 – 400ºC) Substâncias altamente tóxicas. A mais perigosa: 2,3,7,8 TCDD. Classificadas como “POP” (poluente orgânico prioritário) – Convenção de Estocolmo. Bioacumulativas. Lesões dérmicas, câncer, malformações. Comentários Custos de Implantação: US$ 200.000 a US$ 250.000 por tonelada instalada Custos Operacionais: US$ 100 – 150 / tonelada Na Europa (e de forma geral) todos os novos incineradores têm recuperação de energia – energia recuperada dos gases quentes. Incineração Incinerador com Recuperação Energética Tratamento de Resíduos A implantação de uma fase de tratamento não representa uma solução final para o problema da destinação final de lixo já que os processos de tratamento também geram resíduos, que precisam ser dispostos.
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