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Aplicabilidade e eficácia dos Direitos e Garantias Fundamentais

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Aplicabilidade e eficácia dos Direitos e Garantias Fundamentais
Aspectos gerais da aplicabilidade e eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Aspectos gerais da aplicabilidade
Conforme institui o artigo 5º, §1º, da Constituição Federal, as normas que definem os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Contudo, a aplicabilidade e eficácia de tais normas poderão ser definidas de forma diversa pelo constituinte originário.
Como exemplo desta exceção, podemos destacar o inciso XIII, do artigo 5º, da Constituição Federal, o qual prevê que "é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer". Sendo assim, a aplicabilidade da norma e sua eficácia estão dependendo do que estabelece a lei a respeito.
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais
Diz-se eficácia horizontal dos direitos fundamentais quando analisados pela eficácia privada, ou seja, entre particulares. A doutrina também denomina como eficácia externa e surge como contraste à eficácia vertical estabelecida entre o Estado e o particular. Há diversos direitos fundamentais que serão de difícil análise quando se trata da eficácia horizontal, como por exemplo, o princípio da isonomia em uma entrevista de emprego, no entanto, há situações que serão facilmente solucionadas, a exemplo de ato que infrinja o princípio da dignidade humana.
Há duas teorias no tocante à eficácia, sendo elas a teoria da eficácia indireta (mediata) ou da eficácia direta (imediata). A primeira prevê que os direitos não são aplicados diretamente, devendo respeitar a dimensão proibitiva e a dimensão positiva. A dimensão proibitiva dispõe que o legislador não pode criar normas que desrespeite os direitos fundamentais, enquanto a dimensão positiva dispõe que o legislador, sempre que necessário, deverá implementar os direitos fundamentais.
A teoria da eficácia direta ou imediata, por sua vez, determina que os direitos podem ser aplicados independente  da intermediação legislativa para sua materialização.
Por fim, cabe salientar que o ilustre doutrinador Pedro Lenza, em seu manual esquematizado, elenca precedentes julgados pelo Judiciário ao entender ser razoável a aplicação dos direitos fundamentais às relações privadas, quais sejam:
RE 160.222-8 – declarou constituir ‘constrangimento ilegal’ a revista íntima em mulheres nas fábricas de lingerie;
RE 158.215-4 – declarou estar violado o princípio do devido processo legal e ampla defesa quando ocorrer a exclusão de associado de cooperativa sem direito à defesa;
RE 161.243-6 – discriminação de empregado brasileiro em relação ao francês na empresa ‘Air France’, mesmo realizando atividades idênticas. Determinação de observância do princípio da isonomia;
RE 175.161-4 – dispõe sobre o contrato de consórcio que prevê devolução nominal de valor já pago em caso de desistência, acarretando a violação ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade;
HC 12.547/STJ – dispõe sobre a prisão civil em contrato de alienação fiduciária decorrente de aumento abundante do valor contratado de R$ 18.700,00 para R$ 86.858,24. Demonstrando a violação ao princípio da dignidade da pessoa humana.
REsp 249.321 – dispõe sobre a cláusula de indenização tarifada em caso de responsabilidade civil do transportador aéreo, que acarreta a violação ao princípio da dignidade da pessoa humana;
RE 201.819 – dispõe sobre a exclusão de membro de sociedade sem a possibilidade de sua defesa, ferindo por isso, os princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa.
Referência bibliográfica
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2008.

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