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Demócrito

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Demócrito (460 - 371 a.C.) 
 
Para Demócrito é impossível o não ser. O ser é pleno, o não ser é o vazio. 
As coisas nascem quando se juntam e a morte é a separação das coisas. O que 
origina as coisas reais é um infinito número de corpos que são invisíveis porque 
tem um volume muito pequeno. Esses corpos são os átomos que em grego 
significa não divisível. Eles não são divisíveis porque se fossem divisíveis ao 
infinito eles iriam se dissolver no vazio. Os átomos são naturalmente 
indestrutíveis, não criados e imutáveis. Os átomos não se diferenciam quanto à 
qualidade, todos eles são igualmente um ser completo, o que os diferencia é a 
forma ou a figura geométrica que eles assumem. São diversos entre si como as 
letras do alfabeto, mas podem formar diversas palavras e discursos através das 
suas combinações. 
 
O átomo tem uma forma originária e única. A forma do átomo também é 
indivisível. O que diferencia um átomo dos outros é a sua figura, a sua posição 
e a sua organização. Esses três elementos que distinguem um átomo do outro 
podem assumir variações infinitas. Os nossos sentidos não conseguem perceber 
o átomo, mas a nossa inteligência consegue conhece-los. Eles são eternamente 
contínuos o por isso diferente dos outros corpos que são a junção de diferentes 
e diversos átomos. A qualidade de todos os corpos depende da forma e da 
ordem dos átomos que os compõem. 
 
Os átomos possuem qualidades próprias como movimento, número, dureza e 
forma, mas cor, sabor, odor, calor e frio são aparências que provocam sensações 
em nossos sentidos mas não pertencem aos átomos. Os átomos provocam 
essas qualidades objetivas devido à suas combinações. 
 
Os átomos são espontaneamente animados, eles se chocam ou se ricocheteiam 
entre si, gerando o nascimento a morte ou a mudança das coisas. As leis que 
regem o movimento dos átomos são imutáveis. O movimento dos átomos é 
giratório e eles ao girar chocam-se em todas as direções produzindo um vértice, 
nesse movimento as partes mais pesadas vão para o centro e as mais leves vão 
para a periferia. No movimento vertical os átomos mais pesados descem 
empurrando os átomos mais leves para cima. Através desse movimento são 
gerados infinitos mundos que se criam e se dissolvem também infinitamente. 
 
O conhecimento também é explicado através desse movimento. A imagem que 
emana do átomo produz nas pessoas uma sensação, essas sensações são 
percebidas através do tato que é gerado pelo contato dos átomos com o corpo 
das pessoas. Mas mesmo com essas possibilidades para Demócrito nosso 
conhecimento ainda é limitado. Além de limitado o conhecimento modifica de 
pessoa para pessoa e vai depender também das circunstâncias. Esse 
conhecimento não nos dá um critério incontestável para definirmos a verdade e 
a falsidade. Podemos chegar a um conhecimento mais aprofundado dessa 
realidade utilizando o conhecimento racional que é uma ferramenta mais 
sensível que possuímos. Através do conhecimento racional pode ser distinguida 
a aparência da realidade. 
 
A Ética 
A concepção de ética em Demócrito não tem relação com as suas concepções 
físicas. Para ele o mais nobre bem que o homem pode alcançar é a felicidade. 
Essa felicidade não está no possuir as coisas, na riqueza. A felicidade mora 
somente na alma. A justiça e a razão é que nos tornam felizes. Somente através 
da razão vamos conseguir superar o medo da morte. Os excessos perturbam a 
alma do homem pois geram nele movimentos muito fortes. Os excessos geram 
movimentos de um extremo ao outro criando a inconstância e o 
descontentamento no homem. A alegria espiritual não está ligada ao prazer que 
não é em si mesmo um bem. O que é realmente necessário vai vir do belo. 
Devemos respeitar a nós mesmos antes de qualquer coisa. 
 
Demócrito condenava o matrimônio porque este se fundamenta nas relações 
sexuais e as relações sexuais reduzem o domínio que o homem tem de si 
mesmo. Condenava o casamento também porque a educação dos filhos diminui 
a dedicação ao trabalho. 
 
Sentenças: 
- Fama e riqueza sem inteligência não são posses seguras. 
- A palavra é uma sombra das ações. 
- O homem é um pequeno mundo. 
- Para mim um homem vale tanto quanto uma multidão e uma multidão tanto 
quanto um homem. 
- É sinal de alma elevada suportar os excessos dos outros. 
- Quem cede diante do dinheiro não será jamais um homem justo. 
- O ignorante pensa sempre que não tem o que ele não conheça. 
- Tudo que existe no universo é fruto do acaso e da necessidade. 
- Não por medo, mas por obrigação, temos que nos distanciar dos erros. 
- É adequado cedermos diante da lei, diante do governante e diante do mais 
sábio. 
- Para persuadirmos muitas vezes a palavra é mais funcional do que o ouro. 
- Muitos dos que cometem as ações mais vergonhosas argumentam com as 
melhores razões. 
- Em matéria de virtude é necessário esforçar-se por fatos e atitudes e não por 
palavras. 
- A quem tem um jeito de ser ordenado a sua vida resulta ser ordenada. 
- É arrogância querer falar de tudo e não querer ouvir nada. 
- Viver não vale a pena para quem não tem um bom amigo. 
- A música é a mais jovem das artes, porque não é feita por necessidade, mas 
surge do supérfluo. 
- O melhor para o homem é passar a vida o mais contente e o menos aflito 
possível. Isso seria possível se os prazeres não se baseassem em coisas 
passageiras. 
- Os homens em sua fuga da morte a vai perseguindo. 
- Uma vida sem festas é um longo caminho sem repouso. 
- Discreto é aquele que não se aflige com o que não tem, mas se alegra com o 
que tem. 
- Nada existe além de átomos e do vazio. 
- O animal é tão ou mais sábio do que o homem: conhece a medida da sua 
necessidade enquanto o homem a ignora 
 
 
Demócrito

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