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Aula 3 Empresarial Regime Jurídico da Livre Iniciativa

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Regime Jurídico da Livre Iniciativa
Estudar o regime jurídico é conhecer o conjunto de normas e regras expressas nas leis atinentes a um assunto específico dentro do ordenamento jurídico de um país. O regime jurídico, fundamentalmente, envolve preceitos inseridos na ordem constitucional e na infraconstitucional.
Para a língua portuguesa, regime é uma palavra de múltiplo significado e dentro do direito podem ser ressaltados: ação ou maneira de reger, de dirigir, de governar; regimento ou conjunto de normas; sistema político, forma de governo atuante na orientação dos destinos de um país; modo de condução da vida, da existência, modo de exercer uma atividade ou um conjunto delas; regência; conjunto de imposições jurídicas e fiscais que regem certos produtos.
 Do latim regimen, de regere (reger, dirigir, governar), exprime a ação de conduzir ou de governar. No sentido jurídico, regime importa no sistema ou no modo regular, por que as coisas, instituições ou pessoas se devam conduzir.
Regime jurídico é o conjunto de normas positivadas em leis.
Pressupostos constitucionais do regime jurídico-comercial.
De acordo com as lições de Fábio Ulhoa Coelho, os pressupostos ou antecedentes de natureza constitucional do regime jurídico-comercial são aqueles postos nos artigos 170 e 173 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
O artigo 170, encabeçando o título VII denominado “Da Ordem Econômica e Financeira” e seu capítulo 1 “Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica”, determina que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tenha por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social e observados os princípios da soberania nacional; da propriedade privada; da função social da propriedade; da livre concorrência; da defesa do consumidor; da defesa do meio ambiente, da redução das desigualdades regionais e sociais; da busca do pleno emprego e do tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Finalmente, assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Por sua vez, o artigo 173 determina que ressalvados os casos previstos na Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei
O termo ressalvado tem o sentido de restrição ou reserva e exprime limitação, exceção ou exclusão para que se restrinjam obrigações ou para que se reservem direitos. A ressalva, pois, tem a função de salvar o engano, o equívoco ou o erro, que se tenha emanado ou corrigido.
Desta forma, com exceção dos casos previstos no texto constitucional, o Estado só poderá explorar diretamente qualquer atividade econômica quando for necessária por incontestável ou indiscutível imposição por necessidade absoluta de segurança nacional ou de interesse coletivo importante e pertinente.
Segurança nacional é aquilo que tem a ver com a manutenção da integridade da nação sob os seus mais importantes aspectos e interesse coletivo pode ser compreendido por interesse de um grupo de pessoas reunido sob a forma de uma coletividade. Sem querer criticar o texto constitucional, seguindo imperativo de contribuição, entendemos que a expressão melhor colocada seria a expressão interesse público por ser mais abrangente e incluir toda a nação.
A lei deve estabelecer o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas (civil ou comercial), inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.
A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Ressalta Coelho que a Constituição Federal possibilitou a previsão de um regime jurídico pertinente às obrigações do empreendedor privado. Este regime específico para a exploração econômica pela iniciativa privada é, assim, necessário dentro do nosso modo de produção capitalista.
Além disto, é pressuposto jurídico do regime jurídico-comercial que a Constituição adote os princípios liberais ou neoliberais para regrar a ordem econômica. Há de haver livre iniciativa e livre competição como condição da existência do próprio direito comercial. As leis, em seguida, reprimirão os abusos do poder econômico e a concorrência desleal.
Proteção da ordem econômica e da concorrência
O legislador infraconstitucional criou ferramentas para proteger a liberdade de competição e de iniciativa. Em suma, são elas a proibição de práticas empresariais incompatíveis com o regime, quais sejam, a infração à ordem econômica e a concorrência desleal.
Infrações contra a ordem econômica
Para a Lei nº 12.529/2011 – Lei da Defesa da Concorrência, artigo 36, são infrações à ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, ainda que não sejam alcançados, que tenham por objeto ou possam: limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; dominar mercado relevante de bens ou serviços; aumentar arbitrariamente os lucros; exercer de forma abusiva posição dominante. 
As condutas a seguir, além de outras, que configurarem a hipótese prevista no caput do artigo 36 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica: I - acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer forma: a) os preços de bens ou serviços ofertados individualmente; b) a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou limitada de bens ou a prestação de um número, volume ou frequência restrita ou limitada de serviços; c) a divisão de partes ou segmentos de um mercado atual ou potencial de bens ou serviços, mediante, dentre outros, a distribuição de clientes, fornecedores, regiões ou períodos; d) preços, condições, vantagens ou abstenção em licitação pública; II - promover, obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes; III - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; IV - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços; V - impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo, matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem como aos canais de distribuição; VI - exigir ou conceder exclusividade para divulgação de publicidade nos meios de comunicação de massa; VII - utilizar meios enganosos para provocar a oscilação de preços de terceiros; VIII - regular mercados de bens ou serviços, estabelecendo acordos para limitar ou controlar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, a produção de bens ou prestação de serviços, ou para dificultar investimentos destinados à produçãode bens ou serviços ou à sua distribuição; IX - impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes preços de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros; X - discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou de condições operacionais de venda ou prestação de serviços; XI - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento normais aos usos e costumes comerciais; XII - dificultar ou romper a continuidade ou desenvolvimento de relações comerciais de prazo indeterminado em razão de recusa da outra parte em submeter-se a cláusulas e condições comerciais injustificáveis ou anticoncorrenciais; XIII - destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas, produtos intermediários ou acabados, assim como destruir, inutilizar ou dificultar a operação de equipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los ou transportá-los; XIV - açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia; XV - vender mercadoria ou prestar serviços injustificadamente abaixo do preço de custo; XVI - reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantir a cobertura dos custos de produção; XVII - cessar parcial ou totalmente as atividades da empresa sem justa causa comprovada; XVIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem; e XIX - exercer ou explorar abusivamente direitos de propriedade industrial, intelectual, tecnologia ou marca. 
Fábio Ulhoa Coelho ressalta que apenas serão infrações contra a ordem econômica as práticas empresariais elencadas no artigo 36, §3º da mesma Lei 12.529, se caracterizado o exercício do poder econômico por meio de condutas para limitar, falsear ou prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa, dominar mercado relevante de bens ou serviços ou aumentar os lucros de modo arbitrário.
Finalmente, observa o autor que para a caracterização de uma infração contra a ordem econômica é suficiente que se prove que a ação praticada produziria ou poderia produzir os efeitos abusivos previstos legalmente, sem se importar com a vontade ou com a intenção do empresário.
Concorrência desleal.
A proteção à concorrência desleal é realizada sobre as ordens civil e penal. A repressão civil observará a obrigação do concorrente desleal de indenizar o empresário prejudicado em razão de ter descumprido obrigação contratual entre os mesmos.
Na esfera criminal deverá ser observada a norma expressa no artigo 195 da Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/1996).
Segundo o texto legal, comete crime de concorrência desleal quem I - publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter vantagem; II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação, com o fim de obter vantagem; III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem; IV - usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou estabelecimentos; V - usa, indevidamente, nome comercial, título de estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou oferece à venda ou tem em estoque produto com essas referências; VI - substitui, pelo seu próprio nome ou razão social, em produto de outrem, o nome ou razão social deste, sem o seu consentimento; VII - atribui-se, como meio de propaganda, recompensa ou distinção que não obteve; VIII - vende ou expõe ou oferece à venda, em recipiente ou invólucro de outrem, produto adulterado ou falsificado, ou dele se utiliza para negociar com produto da mesma espécie, embora não adulterado ou falsificado, se o fato não constitui crime mais grave; IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem; X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de empregado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador; XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término do contrato; XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; ou XIII - vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser objeto de patente depositada, ou concedida, ou de desenho industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel comercial, como depositado ou patenteado, ou registrado, sem o ser; XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades governamentais como condição para aprovar a comercialização de produtos.
Para todos estes crimes, a pena prevista é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Inclui-se nas hipóteses a que se referem os incisos XI e XII o empregador, sócio ou administrador da empresa, que incorrer nas tipificações estabelecidas nos mencionados dispositivos.
O disposto no inciso XIV não se aplica quanto à divulgação por órgão governamental competente para autorizar a comercialização de produto, quando necessário para proteger o público.

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