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REVISÃO – HEMATOLOGIA Anemia Ferropriva Perfil epidemiológico Considerada a mais comum das carências nutricionais, com maior prevalência em mulheres e crianças. A deficiência de ferro ocorre quando a quantidade absorvida não é capaz de suprir a necessidade do organismo e/ou de repor a perda sanguínea adicional. Segundo estimativas da OMS, a anemia afeta cerca de 30% da população mundial, e pelo menos metade desta prevalência global pode ser atribuída à deficiência de ferro. Alguns fatores influenciam diretamente no balanço desse componente: Fatores Fisiológicos – Quando há aumento da necessidade. » Em situações como gestação, parto, puerpério, crescimento/desenvolvimento. Fatores Nutricionais – Quando a dieta não se faz de modo balanceado, diminuindo a quantidade de ferro Heme: absorvido entre 20/30% do total de ferro ingerido (1/7% no ferro de origem vegetal). » O uso de antiácidos, fitatos (cereais integrais), fosfatos (refrigerantes, doces, bolachas, etc.) e oxalatos (cacau, pimenta, gérmen de trigo, etc.) também pode provocar a má absorção do ferro. Fatores Patológicos – Quando existem processos de perda sanguínea ou deficiência de absorção. » O sangramento de modo geral, que pode ser oriundo de trauma ou acidente. Sangramento urogenital, mais recorrente nos casos de menorragia. Sangramento gastrointestinal, cuja associação existe na esofagite, nas varizes de esôfago, hérnia de hiato, úlcera, tumor, angiodisplasia, telangiectasia, gastrite atrófica (helicobacter pylori), doença celíaca; entre outros. Parasitoses – Infecção por necator americanus, ascaris, duodenale, schistossoma mansoni, tchichuris trichiura. Outros eventos responsáveis por culminar com o problema é a ingestão de aspirina, anti-inflamatórios, anticoagulantes; procedimentos cirúrgicos em si e também gastrectomia, gastroplastia, hemodiálise, flebotomia, doação de sangue, sangramentos pelo trato respiratório e hemólise intravascular e hemoglobinúria. Por ser de instalação insidiosa, os pacientes se adaptam à anemia, o que delonga a busca ao médico. 16% procuram o médico por conta de manifestações da doença de base, 21% por achados de exame solicitado na investigação e cerca de 66% por sinais da própria anemia (cansaço, astenia, dispneia). Alterações Clínicas - Celular Na anemia Ferropriva a morfologia das hemácias pode se alterar, apresentando poiquilocitose (codócitos e eliptócitos). Geralmente o hemograma apresenta anemia microcítica (VCM <70) hipocrômica (CHCM <30), HCM diminuído e a bioquímica com Ferritina baixa (<10ng%), Ferro sérico diminuído (<30mcg%) e TIBC alta. No Mielograma, observa-se hiperplasia do setor eritróide. Por vezes utiliza-se coloração específica para quantificação de ferro (gold standard). - Molecular Relacionado à capacidade de ligação do ferro, ao estoque de Ferritina, ao transporte da Transferrina e aos níveis de rTF. - Fenotípica Alguns sintomas estão relacionados com cansaço, tontura, palidez cutâneo- mucosa, Coiloníquia, síndrome de Pica, fadiga. Em alguns casos pode ocorrer esplenomegalia (10%) e trombocitose (50%). - Genética Não existe predisposição genética para a anemia Ferropriva visto que é um sintoma associado ao baixo estoque do Ferro. Existe, porém, a associação desse problema com relação a outras patologias ou a possível predisposição através delas. Fisiopatogenia O Ferro pode ser encontrado no Heme da Hemoglobina, associados à transferrina e em compartimentos armazenadores (Ferritina/Hemossiderina). Assim que há a ingestão de ferro, a absorção (Fe2+ ou Fe3+) ocorre no duodeno e no jejuno proximal. Após a absorção, o ferro é transportado para o plasma – sempre ligado à Transferrina, sendo direcionados aos compartimentos específicos, como exemplo na medula óssea – para posterior produção de hemoglobina, ou onde será armazenada na forma de Ferritina; o sistema reticulo endotelial (baço, MO, fígado). E eliminação do ferro se dá, basicamente, por perda sanguínea e pela descamação intestinal. Os macrófagos são responsáveis pela retirada das células senescentes no organismo (hemácias mais velhas), e o ferro captado será armazenado na Ferritina dessas células macrofágicas. O ferro, ao chegar na mucosa intestinal (duodeno e jejuno), será absorvido. A absorção do íon férrico é observada apenas in vitro, por isso, a Dcytb (redutase citocromo b duodenal) é uma enzima ativada pelo pH gástrico e por proteínas da carne que consegue converter esse íon férrico em íon ferroso, promovendo a absorção do ferro através do transportador DMT-1, que favorecerá a entrada do ferro na célula intestinal. No lúmen celular, o ferro será combinado à apoproteína Ferritina. De acordo com a demanda de ferro do organismo, ocorre a mobilização desse ferro por uma Ferroportina que permitirá que o ferro contido na célula seja mandado para o plasma. O ferro só circula no plasma em associação com a Transferrina. A Hepcidina promoverá o controle de saída do ferro, pela Ferroportina. Quando há pouco aporte de ferro, pode ocorrer acúmulo de Ferritina na célula intestinal, que, através do turn over celular, sofrerá descamação e perda. DESTINO DO FERRO NA MO: determinado pela demanda do organismo Ser armazenado nos macrófagos na forma de Ferritina Produção do Heme, e por consequência da hemoglobina DEGRADAÇÃO DAS HEMÁCIAS NO BAÇO Realizado por macrófagos dos sinusóides esplênicos O ferro reciclado será armazenado na Ferritina/Hemossiderina ou retorna ao plasma ligado à Transferrina ELIMINAÇÃO DO FERRO NO ORGANISMO Descamação da mucosa intestinal/anexos da pele Perda sanguínea Alguns sintomas são fadiga, astenia, palpitações, irritabilidade, cefaleia, síndrome de Pica, disfagia. Alguns sinais podem ser palidez cutâneo-mucosa, Coiloníquia, glossite, escleras azuladas, Quelite angular, esplenomegalia, sopro sistólico, insuficiência cardíaca de alto débito. A acloridría torna-se um problema na absorção de ferro, já que a conversão de íon férrico em ferroso se dá através pH gástrico, associado à presença do ácido clorídrico. A redução da concentração de hemoglobina sanguínea compromete o transporte de oxigênio para os tecidos, reduzindo a capacidade de trabalho e o desempenho físico em indivíduos anêmicos. Tratamento O tratamento dessa anemia consiste em orientação nutricional, suplementação e administração oral ou parenteral de composto com ferro, e, eventualmente, transfusão de hemácias (em casos de grave hipóxia tecidual). Também pode ocorrer a suplementação preventiva em grupos específicos ou vulneráveis (gestantes, lactantes e escolares). Diagnóstico diferencial: Correlacionar com ADC, beta-talassemia menor, anemia Sideroblástica (adquirida e hereditária). Anemia de Doença Crônica Perfil epidemiológico Atingindo mais frequentemente indivíduos hospitalizados (geralmente acima dos 65 anos), a ADC é caracterizada pelo desenvolvimento da anemia em pacientes que apresentam doenças infecciosas crônicas, inflamatórias ou neoplásicas. É importante ressaltar que, por definição só é possível classificar a ADC desde que outras causas de anemia não façam parte dessa síndrome – apesar de em alguns casos esse problema coexistir. Alterações Clínicas - Celular Durante algum processo infeccioso o sistema mononuclear fagocitário é estimulado, esse estado hiper-reativo leva à destruição precoce dos eritrócitos circulantes e, por conseguinte, à diminuição da sobrevida das hemácias. Além disso, apesar da diminuição dos níveis de Ferro Sérico e Saturação de Transferrina – em alguns casosnormais, a ADC é marcada por sua característica normocrômica/normocítica na grande maioria dos casos. - Molecular A baixa secreção de EPO diminui a resposta medular e, consequentemente, eritropoese ineficaz. Ocorrem distúrbios do metabolismo do ferro. Bloqueio da proliferação dos precursores eritróides e sobrevida diminuída das hemácias. - Fenotípica As expressões de características das doenças são variadas e determinadas pela doença de base. Assim, febre, calafrios, dores articulares e emagrecimento são comumente relacionados, dificultando a identificação da doença de base. Fisiopatogenia Acredita-se que a ADC seja uma doença imunoinduzida, ou seja, citocinas e células do sistema Retículo-Endotelial principiariam as manifestações. Tratamento Não há tratamento específico para a ADC, o foco da terapia precisa ser a doença de base. Em determinados casos, utiliza-se a EPO recombinante humana. Anemia Megaloblástica Perfil epidemiológico Acredita-se que cerca de 20% da população em geral é prevalente na deficiência de vitamina B12. Alterações Clínicas - Celular Também denominada de megaloblastose: anemias caracterizadas por megaloblastos (precursores eritropoeticos grandes). Em razão de se encontrar células não funcionantes, na grande maioria das vezes ocorre a destruição até mesmo de precursores eritróides, na MO (controle de qualidade). Causada por defeito na síntese de DNA, afetando células da renovação rápida, (nas quais se incluem os precursores hematopoéticos e células do epitélio gastrointestinal). Como consequência, observa-se desequilíbrio entre crescimento e divisão celular: assincronismo de maturação núcleo- citoplasmático. A anemia é macrocítica (VCM 100-150fl), com contagem de Reticulócitos baixa e RDW alterado. - Molecular A absorção química do Folato e da Vitamina B12 são utilizados para síntese do DNA. Dentro de uma célula, a enzima metionil sintetase é dependente de B12, tendo como cofator a cobalamina. Essa enzima vai fazer com que o radical metil do tetrahidrofolato seja ligado a uma homocisteína; transformando-a em metionina. Em razão da retirada do radical (metil), o tetrahidrofolato (ácido folínico) será doador de radicais metil para enzimas denominadas timidilato-sintetase (uma das enzimas responsáveis pela formação de bases nitrogenadas – timidina, por exemplo). As bases nitrogenadas, ao serem formadas, vão compor a estrutura do DNA. A ausência de vitamina B12 vai provocar uma hiperhomocisteínemia, e, em consequência disso, ocorre aumento da lesão do endotélio (fator de risco cardiovascular): podendo acarretar trombose e aterosclerose. FH4 (tetrahidrofolato) é doador de metil na formação de bases nitrogenadas. FH4 é convertida em FH2, que deve ser reconvertido em FH4 através da enzima dihidrofolato redutase. A cobalamina é cofator de uma enzima chamada metilmalonilmutase (presente na mitocôndria das células – ciclo de Krebs). O metilmalonil CoA é convertido em succinil CoA, e essa enzima, tem como cofator, a cobalamina – assim, sem a cobalamina, não há a conversão proposta e ocorre acúmulo do metilmalonato. O metilmalonil associado à não formação de metionina, culmina na formação de má qualidade da bainha de mielina (envolve os axônios neuronais, realizando a transmissão de impulsos nervosos), gerando déficits neurológicos; consequência da ausência de vitamina B12. - Fenotípica As manifestações podem ser glossite (língua avermelhada, despapilada e, por vezes dolorosa), quelite angular (característica de anemia carencial), sintomas de dispepsia (associados com gastrite), dor precordial, astenia. Fisiopatogenia Anemia hipoproliferativa que cursa com macrocitose (VCM elevado). Ocorre síntese defeituosa do DNA, ou seja, existe uma assincronia núcleo X citoplasma – a divisão celular é um pouco lenta do que o crescimento do citoplasma: quando o eritroblasto começa a formar hemoglobina, esta passa a se acumular no citoplasma, de maneira crescente, porém, a síntese do DNA – para posterior divisão celular não acompanha, gerando assim, hemácias maiores. As causas principais ocorrem em razão da deficiência de vitamina B12 e ácido fólico (Folato). FOLATO: Fonte dietética encontrada em vegetais verdes frescos, fígado, aveia e algumas frutas (banana, melão). A necessidade diária mínima é de 50-200 mcg (podendo aumentar). Sua absorção ocorre no duodeno e jejuno proximal. Na forma de poliglutamato (polímero de Folato), é convertida em mono ou diglutamato – formas que serão absorvidas pelo epitélio intestinal. Sua circulação no plasma é como metiltetrahidrofolato (Metil-FH4). A deficiência de Folato pode ocorrer em razão de ingesta inadequada, aumento das necessidades, má absorção, inibidores da dihidrofolato redutase, drogas, desordens metabólicas, etiologia desconhecida (síndrome de Di Guglielmo – eritroleucemia). B12: Fonte dietética oriunda de alimentos de origem animal (carne, ovos, laticínios), com necessidade de ingesta diária de 2,5 mcg. A quantidade corporal de B12 no fígado é de 2000-4000mcg, em razão disso, seus estoques são duráveis (3 ou mais anos). A absorção da B12, ao chegarão estômago, sofre ação da acidez gástrica e de uma enzima chamada pepsina (separa a B12 do alimento que a contém). A B12 se liga ao ligador R (presente na saliva), encaminhando-se para o duodeno onde são encontradas as proteases do pâncreas que destroem a ligação do ligante R e a vitamina B12 - deixando-a livre. O fator intrínseco (produzido pelo estômago, segue pelo suco gástrico até encontrar a vitamina), por sua vez, vai se ligar à B12 (anteriormente desligada do ligante), formando o complexo vitamina B12 + fator intrínseco que, ao chegar no íleo proximal, são encontradas células com receptores do fator intrínseco; promovendo a absorção desse complexo. Ao ultrapassar a membrana basolateral para o plasma, a transcobalamina será a proteína que promoverá o transporte da vitamina pelo organismo. A má absorção de vitamina B12 pode ocorrer em razão de prejuízo na metabolização do alimento, produção inadequada de fator intrínseco, desordens do íleo terminal, competição pela cobalamina, drogas, entre outros. Na deficiência de B12, os pacientes podem ser acometidos por neuropatia periférica (parestesias), distúrbio da sensibilidade profunda (proprioceptiva e vibratória) + síndrome piramidal de membros inferiores – síndrome dos sistemas combinados, distúrbio da marcha (ataxia, perda da propriocepção), déficits cognitivos, demência, psicoses. Anemia Perniciosa Atingindo 0,25-0,5 casos/1000 pessoas na sétima década de vida, com relatos de maior incidência em brancos descendentes de escandinavos e descendentes do noroeste europeu - menor frequência em asiáticos e africanos. Sua incidência tem um aumento após os 40 anos, sendo crescente em populações idosas. É causada pela falha na produção de Fator Intrínseco pelas células parietais do estômago. Como é uma doença autoimune, existem anticorpos que agem contra o Fator Intrínseco ou contra as próprias células parietais do estômago. As manifestações hematológicas dessa anemia compreendem palpitações, astenia, cefaleia, irritabilidade, intolerância a exercícios, palidez cutâneo mucosa. Podem ocorrer sangramentos decorrente de trombocitopenia (Petéquias, equimoses, sangramento mucoso), além de icterícia leve a moderada (decorrente da Eritropoese ineficaz com aumento da hemólise e elevação da bilirrubina indireta). Tratamento Como ocorre com a maioria dos pacientes, a reposição parenteral é recomendada. Assim, depoisde 100 e 1000 unidades por dia durante uma semana, seguido da mesma dose por semana durante 2 meses. A terapia da manutenção é feita com a mesma dose mensalmente. Terapia oral também pode ser empregada. Anemia Aplástica Perfil epidemiológico Considerada uma aplasia de medula, ou seja, não existe – ao primeiro momento – informações sobre os progenitores hematopoiéticos. Existe ou, diversos graus de citopenias, ou uma pancitopenia, porém, se tornou mais convencional classificar como anemia aplástica. É caracterizada pela acentuada redução ou ausência de células eritróides, mielóides e megacariocíticas na MO, com resultante pancitopenia. Podem ser adquiridas ou hereditárias, com incidência mais frequente em indivíduos de 10/25 anos, ou maiores de 60 anos, e, a incidência anual nos países ocidentais e baixa; 2 a 4 casos por milhão. Pode compreender a Anemia de Fanconi, a Disceratose congênita; entre outras etiologias (ex. Blackfan Diamond). A anemia Aplástica pode ser Adquirida: Correspondendo em 70 a 80% dos casos (idiopática) Infecção viral: Com origem na hepatite A, não B e não C, EBV, HIV; entre outros Reação Idiossincrática: Cloranfenicol, Sais de ouro, drogas anticonvulsivantes, antidiabetes, químicos (pesticidas) Dose dependente: Radiação, drogas ionizantes, benzeno Desordens autoimunes: Fasciite Eosinofílica, LES, Doença do enxerto contra o hospedeiro Outras causas: HPN, gravidez, Timoma, carcinoma tímica Alterações Clínicas - Celular Pancitopenia, reticulocitopenia, hemácias normo/normo (podendo ser levemente macrocíticas), ausência de células anormais. MO hipocelular, ausência de fibrose ou infiltração neoplásica. Células hematopoiéticas residuais com morfologia normal, exclusão de síndrome hematofagocítica como causa de pancitopenia. - Molecular Imunofenotipagem de marcadores eritrocitários: ausência de CD55 e CD59 – encontrados na HPN. - Fenotípica Sinais e sintomas de anemia (fadiga, sonolência, palidez cutâneo-mucosa, complicações cardiovasculares), sinais e sintomas de trombocitopenia (petéquias, equimoses, sangramentos digestivos, menorragias, etc.), neutropenia febril ao longo da evolução da doença (podendo culminar em infecção), ausências de hepatoesplenomegalia e linfadenomegalia. - Genética Citogenética normal: excluir Mielodisplasia hipoplásica. Fisiopatogenia Ocorre dano (agressão ambiental, vírus, drogas, idiopático, etc.) na stem-cell gerando uma estrutura fenotipicamente diferente. O linfócito T passa a reconhecer essa célula como antígeno, atacando-a, ou seja, criando uma resposta imunológica contra essa célula. A destruição da célula tronco faz com que o ciclo celular não prossiga, sendo este o mecanismo principal para o desencadeamento da aplasia. Avaliação de Anemia de Fanconi: Em pacientes com diagnóstico de anemia aplástica, é feita análise para anemia de Fanconi (hereditária); doença que apresenta instabilidade cromossômica (algumas substâncias começam a ‘quebrar’ o DNA), culminando na síntese defeituosa de várias células. Presença do aumento na quebra cromossomial em culturas de linfócitos na presença de agentes ligadores de DNA (DEB - Diepoxibutano). Sintomas da Anemia de Fanconi são: alterações ósseas, baixa estatura, manchas de ‘café com leite’ na pele, anomalias renais, microcefalia, retardo mental. Pode ser classificada em: 1. Moderada: Celularidade menor que 30%, ausência de pancitopenia grave, e, no mínimo com 2 a 3 critérios como – Hb: <10d/dL, Plq. <100.000, neutrófilos <1.500/mcl. 2. Grave: Celularidade menor que 25%, ou, celularidade de 25-50% com menos de 30% de células hematopoéticas residuais com 2 das seguintes alterações: Neutrófilos <500/mcl ou Plq. <20.000 3. Muito grave: Critérios para anemia aplástica grave + Neutropenia <200/mcl. Tratamento A princípio, faz-se necessário avaliar o que causa a Aplasia, retirando os elementos ou agentes potencialmente responsáveis pelo caso. Em alguns casos, aguardar certo tempo para que a medula se recupere; quando isso não ocorre, é valido imunossuprimir, biopsiar e avaliar os procedimentos seguintes. A terapia de suporte é realizada utilizando antibióticos e transfusões de imunocomponentes (o último deve ser realizado com cautela para que, em caso de TMO, diminuam-se os riscos de rejeição). A terapia definitiva específica pode ser o TMO alogênico ou a imunossupressão. 1. TMO alogênico: A taxa de cura varia de 60-70% (apesar de complicações como doença do enxerto versus hospedeiro - GVHD). A rejeição do enxerto ainda é um problema em torno de 5-15% dos pacientes, principalmente os que foram submetidos à inúmeras transfusões. A mortalidade relacionada ao tratamento varia de acordo com a idade. 2. Imunossupressão: Utiliza-se combinação da globulina antitimócito (ATG) + Ciclosporina + corticoide – com ou sem G-CSF. A taxa de resposta (definida como independência transfusional) é em torno de 60/70% em 6 meses nos pacientes com anemia aplástica grave. O risco de recaída é em torno de 30/40% com dependência de ciclosporina de manutenção em cerca de 26/62% dos pacientes. Anemia Falciforme Perfil epidemiológico A mutação, originária da África, tornou-se comum porque os heterozigotos são relativamente resistentes à malária, conferindo vantagem seletiva à característica da célula falciforme, que resulta em sua maior frequência em países sujeitos à malária. A região mais prevalente é a África Equatorial, atingindo cerca de 10 a 25% da população. A partir da África Ocidental, o gene se espalhou para toda a Europa, grandes regiões da Ásia e chegou às Américas pelo tráfico de escravos. No Brasil, se distribui heterogeneamente, acometendo negros e pardos. Alterações Clínicas - Celular A apresentação do sangue periférico demonstra hemácias falciformes, e, por vezes, eritroblastos, codócitos. Anemia normocrômica normocíticas (Microcíticas em casos de associação com anemia Ferropriva ou se α – Talassemia ou Sβ – Talassemia). Como o grau de inflamação nesses pacientes é um pouco maior, apresenta leucocitose e trombocitose (exceto Hb SC ou Sβ+ Talassemia). O padrão hemolítico é caracterizado por elevação de bilirrubina às custas da indireta, LDH elevado, Haptoglobina baixa (responsável por ligar ferro livre no sangue, o ferro tem potencial oxidativo considerável, e a haptoglobina promove a quelação do ferro livre, excretando-o na urina, assim: quanto mais destruição de hemácia, mais liberação de ferro ocorre e mais consumo de Haptoglobina ocorre), reticulocitose. - Molecular O diagnóstico da doença é realizado através da eletroforese de hemoglobina, apresentando: Anemia falciforme (SS) e Sβ0 – Talassemia: apresenta quase 100% de HbS. Hb SC: é observado 50% de HbS e 50% de HbC Traço falcêmico (AS): o nível de HbS é <50%, sem anemia e sem microcitose. Sβ0 – Talassemia: Apresenta HbA entre 5-30%, com anemia e microcitose As variantes clínicas: Traço falcêmico (AS) 1 alelo do gene β globina βA (60%) e outro βs (40%) Geralmente não apresenta manifestação hematológica, com manifestações clínicas raras (infarto esplênico em altas altitudes, hipostenúria, hematúria e ITU). Pode existir associação com carcinoma medular renal, rabdomiólose com exercícios físicos extenuantes (vasoclusão induzida pelo exercício). Em razão de não haver manifestação clinica aparente na maioria dos casos, é importante realizar aconselhamento genético. HemoglobinopatiaSC HbC não participa da polimerização com HbS, porém, promove alterações de membrana e desidratação da hemácia (que culmina com elevação da HbS e consequente aumento de polimerização). A meia vida da hemácia é maior do que em SS, diminuindo também a intensidade da anemia e reticulocitose se comparada a homozigose, além de metade das crises álgicas e maior expectativa de vida. No entanto há maior risco de retinopatia e associação com carcinoma renal. Apresenta célula em alvo e drepanócitos. Apresenta esplenomegalia e risco de infecção por pneumococo e Haemophyllus. Sβ Talassemia - Sβ+ Talassemia: HbA em pequenas quantidades - Sβ0 Talassemia: HbA ausente As hemácias apresentam-se hipocrômicas, com drepanócitos na Sβ0 Talassemia (maior quantidade de HbS e menor quantidade de HbA, com a gravidade da doença relacionada à quantidade de HbA e HbS. Anemia falciforme com α-talassemia coexistente Anemia mais leve de acordo com o número de cadeias α com deleção, com menor incidência de hemólise após os 7 meses de idade, além de menos reticulocitose e menos hemácias em foice; porém, mais hipocromia e mais microcitose (em razão da Talassemia α). - Fenotípica As manifestações clínicas da doença são decorrentes dos eventos de vasoclusão em diversos órgãos, variando entre as síndromes clínicas e também entre indivíduos com a mesma síndrome. A anemia é crônica com períodos de exacerbação: 1. Crises aplásticas: Com baixa de hemoglobina, Reticulócitos e precursores eritróides. Geralmente as crises aplásticas duram alguns dias, por vezes, através de suporte transfusional e ocorrem em razão de infecção por Parvovírus B19, salmonela, streptococos pineumoniae, estreptococos, EBV, entre outros. 2. Sequestro esplênico agudo: Manifestação principalmente em crianças, onde há uma piora rápida da anemia. A reticulocitose ocorre em decorrência do funcionamento da medula que tenta repor hemácias, e a esplenomegalia é consideravelmente dolorosa, já que parte das crises oclusivas ocorrem nos sinusóides esplênicos do baço – a incidência e recorrência pode favorecer a Esplenectomia. Pode acompanhar infecções virais. 3. Sequestro hepático agudo 4. Necrose da MO: Apresenta dor óssea, reticulocitopenia e resposta leucoeritroblástica. 5. Hiperemólise: Exacerbação aguda da anemia com reticulocitose e aumento de bilirrubina, e algumas das razões disso ocorrer é por conta da deficiência de G6PD e de hemólise imune. 6. Reações hemolíticas transfusionais tardias (bystander): Apresenta sintomas de crises álgicas, reticulocitopenia importante, piora da anemia após transfusão - não transfundir – em alguns casos, corticoides podem ser utilizados. 7. IRC: Piora insidiosa da anemia, em razão da diminuição da EPO – melhora com o uso da EPO e Hidroxiuréia. 8. Deficiência de ácido fólico ou ferro: Pode ocorrer em razão da hemólise crônica, e Ferritina baixa (ferro normal pela hemólise crônica). 9. Episódios de dor aguda/crise vasoclusiva álgica: Vasoclusão de MO > infarto ósseo > dor, esse tipo de evento é a maior causa de atendimento médico em pacientes com doença falciforme. Cerca de 1/3 dos pacientes não apresentador, 1/3 tem necessidade de internação 2-6 vezes por ano e 1/3 com necessidade de internação maior que 6 vezes ao ano. Precipitados por exposição ao frio, desidratação, infecção, menstruação, uso de álcool podem ser interferentes na incidência da dor aguda. 10. Retardo de crescimento e desenvolvimento: Peso mais comprometido que a altura, puberdade tardia, maturação óssea retardada. 11. Infecções: Causa importante de morbidade e mortalidade. Pode apresentar asplenia (a partir dos 5 anos), infecção pneumocócica (vacinação e profilaxia antibiótica recomendada) – pode culminar na necessidade de esplenectomia. Casos de sepse, meningite, pneumonia, artrite séptica. 12. Infecção por Haemophylus influenzae: Secunda maior causa de infecção com manifestações de sepse, meningite e pneumonia, utilizando-se da vacinação para reduzir o risco de sepse. 13. Pneumonia por pneumococo: Heamophylus, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae e Legionella. São infectantes que necessitam de um direcionamento para o tratamento com antibióticos. 14. Osteomielite: Infecção de regiões de infarto ósseo, sendo causada mais frequente porSalmonella e Staphylococos aureus, atingindo geralmente ossos longos. 15. Existe uma incidência de ITU, provocado mais frequentemente por Escherichia coli. 16. Manifestações neurológicas: Ataque isquêmico transitório, AVE isquêmico, hemorragia cerebral, crises convulsivas, coma inexplicado, infarto ou compressão de medula espinhal, infecção de SNC (meningite), disfunção vestibular, perda auditiva sensorial. 17. Déficit cognitivo mesmo sem ocorrência de infarto cerebral. 18. Sangramento do SNC é mais comum em pacientes mais velhos. 19. Manifestações pulmonares: Considerada principal causa de óbito, com quadros de pneumonia. Síndrome torácica aguda acomete cerca de 30% dos pacientes causando 10% do total de morte: os sintomas são dispneia, dor torácica, febre, taquipneia, infiltrado pulmonar no raio X e leucocitose. Pode ser precedido de febre em crianças e crises álgicas vasoclusivas em adultos, além disso, a STA pode ser em decorrência de embolia gordurosa. 20. Hipertensão arterial pulmonar ocorre geralmente em adultos com prognóstico ruim, sendo mais frequente quando há histórico de síndrome torácica aguda prévia. 21. Doenças pulmonares obstrutivas e restritivas. 22. Complicação biliar mais comuns é a colelitíase em decorrência de hemólise crônica (que culmina na excessiva produção de bilirrubina e formação de cálculo). 23. Crise hepatocelular aguda pode existir em decorrência de isquemia hepática, hepatomegalia dolorosa, piora de icterícia e febre. Com o tratamento de suporte a resolução do problema pode se dar em 3 a 14 dias, porém, pode evoluir para insuficiência hepática – característica de prognóstico ruim. 24. Crise de sequestro hepático agudo promove Hepatomegalia aguda, com queda muito rápida de hemoglobina, existindo sequestro de hemácias afoiçadas no fígado. 25. Colestase intra-hepática falciforme promove hiperbilirrubinemia grave assintomática. 26. Hepatomegalia e disfunção hepática crônica decorre de sequestro intra-hepático de hemácias afoiçadas, com infecções relacionadas à transfusão (HBC, HCV, sobrecarga de ferro, além de hepatopatia autoimune), hemossiderose e hepatopatia autoimune. 27. Complicações ginecológicas e obstétricas são mais frequente em pacientes com anemia falciforme, compreendendo menarca tardia, cistos ovarianos, dismenorreia, infecção pélvica, doença fibrocística mamária. 28. Risco gestacional em todo caso de Anemia falciforme. Para o feto: abortamento espontâneo, restrição e retardo de crescimento intrauterino, baixo peso e morte. Para a mãe: ocorre aumento das crises álgicas, piora da anemia por falta de Folato ou ferro (pela própria gravidez), aumento de infecções (ITU, pneumonia, endometrite), preeclampsia e morte. 29. Complicações renais podem ocasionar hematúria advindo de microtrombos nos capilares peritubulares da medula renal ou necrose da papila franca. A necrose de papila renal é diagnosticada, por vezes, de maneira incidental – por ser assintomático, através de EAS e exame de imagem, podendo causar ITU ou obstrução ureteral. A hipostenúria (incapacidade de concentração urinária – densidade muito baixa) é uma alteração precoce (podendo acometer indivíduos AS – traço falciforme) decorrente de microinfartos na vasa recta (vaso reto descendente) por afoiçamento.Hipovolemia e desidratação são consequências desse problema. 30. Proteinúria em 20 a 30% dos pacientes, cujo quadro pode evoluir para síndrome nefrótica e até mesmo insuficiência renal. 31. Acidose tubular renal com acidose metabólica hiperclorêmica e hipercalemia. 32. Carcinoma medular renal pode ocorrer em indivíduos AS, culminando com hematúria macroscópica, emagrecimento, dor abdominal ou em flanco, além de emagrecimento. 33. Priaprismo é compreendido por mecanismo isquêmico de ereções com duração de horas, podendo levar à fibrose e impotência. 34. Manifestações oculares ocorrem devido à retina muito vulnerável à vasoclusão, com possibilidade de hemorragias superficiais ou mais profundas, neovascularização (alterações retinianas como pacientes diabéticos) e até mesmo descolamento de retina. Pode ocorrer a oclusão da artéria retiniana, isquemia de câmara anterior e o tratamento de retinopatia periférica é realizado com fotocoagulação à laser. 35. Manifestações ósseas são destacadas pela síndrome mão-pé (dactilite em crianças por infartos ósseos) – podendo ser a primeira manifestação de anemia falciforme em crianças pequenas. Podem ocorrer deformidades vertebrais em forma de “boca de peixe”, osteonecrose com necrose asséptica da cabeça do fêmur, osteomielite. 36. Manifestações dermatológicas são clássicas e frequentes como úlceras em pernas (vasoclusão com necrose de microvasculatura cutânea), ocorrendo geralmente próximo aos maléolos mediais e laterais. O tratamento é realizado com desbridamento seguido de botas Unna impregnadas com óxido de zinco (transfusões são, por vezes, necessárias). É importante que o paciente evite traumas. Esse tipo de problema não ocorre em pacientes HB SC, Sβ+ Talassemia e Sβ0 Talassemia. 37. Manifestações cardíacas podem ser desencadeadas através de cardiomegalia, regurgitação mitral e tricúspide (leve à moderada). O paciente pode ter hipertensão pulmonar com consequente hipertrofia do ventrículo direito. A insuficiência cardíaca crônica pode piorar e se descompensar em pacientes com sobrecarga de volume, hipoxemia, infecção, exacerbação de anemia ou hipertensão. Ocorre piora de dilatação do VE em pacientes com idade mais avançada – essa característica ocorre menos vezes ou em menor intensidade quando os níveis de Hb estão elevados. - Genética Ocorre uma mutação genética (no cromossomo 11) que desencadeia a troca do nucleotídeo Timina pela Adenina, consequentemente, codificando o aminoácido Valina ao invés de Ácido Glutâmico. Fisiopatogenia A hemoglobina é responsável por carregar o oxigênio no corpo, como é transportada pela hemácia, consegue permanecer preservada durante 120 dias. Sua estrutura compreende: Tetrâmero com 2 pares de cadeias de globina (2 cadeias α e 2 cadeias não α): a formação de dímeros de cadeia α + não α (β, γ ou δ) com interação (atração) de cargas: ora positivas/ora negativas; Grupamento Heme: composto por protoporfirinas + ferro (exatamente onde o Ferro irá se ligar). A produção de hemoglobina varia de acordo com o desenvolvimento, compreendendo: HbA: 2 cadeias α e 2 cadeias β HbA2: 2 cadeias α e 2 cadeias δ HbF: 2 cadeias α e 2 cadeias γ No período neonatal é possível observar a produção predominante de cadeias γ sobre cadeias β, com maior produção de HbF. Na vida adulta, a produção de cadeias γ é muito pequena, com produção abundante de cadeia β. Ocorre maior produção de HbA (95%) e pouca produção de HbF (2,5%), além de HbA2 (2,5%). A anemia falciforme ocorre em razão da troca da Adenina por Timina no 6º códon do gene da Beta globina, culminando na inversão do ácido glutâmico pela valina, modificando a estrutura da hemoglobina. O gene βs (responsável pela produção de cadeias β) pode ter como alelo βA (alelo normal), βC, β0 (quando não há nenhuma produção de cadeias β) e β+ (quando há produção reduzida de cadeia β) Talassemia, além de persistência da HbF. Quaisquer associações culminam em síndromes clínicas distintas. Diferenças de carga nas diferentes cadeias β: Probabilidade de formação de tetrâmeros de Hb: βA > βs > βC – com maior quantidade em HbS em pacientes SC do que AS. A frequência do gene βs acompanha a distribuição da malária endêmica no velho mundo; em heterozigose, esse gene confere vantagem adaptativa, em razão da maior destruição esplênica das hemácias afoiçadas infectadas por Plasmodium. A distribuição do gene βs deu-se em razão do tráfico de escravos. HbS: Possui menor solubilidade, quando concentrada; além disso, quando desoxigenada, sofre polimerização, culminando no afoiçamento das hemácias. A deformabilidade da célula é reduzida, gerando eventos de oclusão da microvasculatura. HbF: Inibe a polimerização (menores de 6 meses são assintomáticos: na vida neonatal, existe maior expressão de cadeia γ do que de cadeia β (o que naturalmente muda conforme o tempo). Com os efeitos de repetição do afoiçamento pode existir lesões de membrana, as células passar a um estado irreversível de afoiçamento – ficando mais rígida e com meia vida reduzida: classificando o quando de anemia hemolítica crônica. Outros mecanismos envolvidos na fisiopatologia da doença compreendem a adesividade da célula falciforme à superfície do endotélio vascular, levando à lesão endotelial, inflamação (aumento de citocinas inflamatórias – elevação de leucócitos como valor basal), vasorregulação (nível de óxido nítrico mais baixo), ativação da coagulação (papel no AVE e hipertensão pulmonar). Tratamento É fundamental que o paciente seja rotineiramente acompanhado com o objetivo de prevenção, detecção e tratamento de complicações; com conhecimento prévio das condições basais do paciente. Acompanhar a vacinação do paciente, além de uso de penicilina oral profilática (até os 5 anos). Avaliar frequentemente o baço, além do fluxo sanguíneo cerebral (Doppler – para avaliar possíveis AVE). Com relação às infecções é importante estar atento a febre alta. Realização de culturas, RX tórax e punção lombar (em suspeita de meningite). A terapia transfusional pode ser episódica simples, ou um programa de troca sanguínea crônica (é retirado do paciente um pouco de sangue, dando soro e após, transfundir o sangue sem HbS – objetivando menor viscosidade e menor concentração de ferro). O objetivo é deter a HbS em 30% (ou 50% em indício de pioras). A transfusão episódica simples ocorre quando se objetiva a reposição de sangue e volume em crises aplásticas ou de sequestro esplênico. - É importante que a transfusão ocorra com filtro (redução da quantidade de leucócitos na bolsa) e fenotipado (avaliar a expressão de antígeno na hemácia do paciente e tentar transfundir o sangue mais compatível possível): menor risco de aloimunização. As crises álgicas vasoclusivas são a maior procura de atendimento médico em anemia falciforme, sendo importante detectar a causa da crise e trata-la paralelamente: infecção, crise torácica aguda, frio, colecistite, aumento esplênico, priaprismo, eventos neurológicos. Nos casos de síndrome torácica aguda é necessário hidratação venosa e antibióticos, além de suporte de terapia intensiva nos casos mais graves. Em sequestro esplênico, faz-se necessário hidratação venosa, transfusão de hemácias. AVE: isquêmico por trombose – troca sanguínea - Antiinflamatórios não esteroides, opióides, hidratação venosa (em razão da desidratação por incapacidade de concentração urinária). Hidroxiuréia: Os mecanismos de ação compreendem aumento de HbF, óxido nítrico; redução de Reticulócitos e hemácias falcêmicas jovens e de baixa intensidade(com redução da adesividade eritrocitária), além de redução da inflamação por redução do número de leucócitos. Reduz a incidência de síndrome torácica aguda, crises álgicas e necessidade transfusional. Transplante alogênico de MO: única modalidade capaz de curar, sendo o processo considerado apenas em casos muito graves e, ainda, avaliando comorbidades. Talassemias Perfil epidemiológico Ocorre com mais frequência em populações de origem mediterrânea, do Oriente Médio e trans-Cáucaso, Índia e Extemo Oriente. Alterações Clínicas A manifestação clínica depende da forma clínica. Existem classificações de Talassemia Maior, Menor e Intermediária (Talassemia β). Na Talassemia α, o que expressa sintomas é a doença HbH (1 gene α ativo), podendo apresentar- se como Talassemia Maior ou Intermediária. Talassemia Maior Forma mais grave da doença, dependendo de transfusão. As manifestações aparecem no primeiro ano de vida (desaparecem com tratamento): Menor aumento de peso Diarréia Irritabilidade Episódios de febre Apatia Palidez Talassemia Menor Pacientes assintomáticos Anemia leve (piores em): - Infância - Gravides - Infecções ou processos inflamatórios. Talassemia Intermediária Sintomas com anemia estável com Hb 7-11 g/dL sem necessidade de transfusões regulares. São menos sintomáticos que pacientes com Talassemia Maior. Existe uma combinação de defeitos genéticos onde há redução de produção de cadeias β, mas de modo menos grave que na Talassemia Maior (ou efeito adicional que reduz produção de cadeias α). As manifestações clínicas predominantes são: Volumosa esplenomegalia Redução de massa muscular Úlceras crônicas nas pernas Alterações faciais Sintomas compressivos por grandes massas de tecido hematopoético extramedular Piora da anemia com infecções ou deficiência de Folato - Celular Aparecimento de hemácias hipocrômicas e microcíticas, Anisocitose, poiquilocitose, codócitos, esquizócitos e pontilhado basofílico; e um grau variado de eritroblastose. - Molecular Existe desequilíbrio de síntese de cadeias de globina: Na Talassemia β existem cadeias α em excesso (porque existem menos cadeias β): As cadeias α vão se precipitar, formando alguns agregados em eritroblastos, levando a: 1. Lesão de membrana 2. Interferência mecânica na célula 3. Comprometimento da divisão celular 4. Comprometimento do metabolismo celular A consequência desses fatores culmina na morte do eritroblasto, e, consequentemente, em Eritropoese ineficaz (as hemácias são destruídas já na MO). Na Talassemia α, o que está em excesso é a cadeia β: Cadeias β e cadeias γ são mais solúveis que a cadeia α. As cadeias β em excesso podem formar tetrâmeros apenas com cadeias β (β4 = HbH), ou ainda, no período neonatal serem produzidas cadeias γ (γ4 = Hb Bart): apesar de mais solúveis, esses rearranjos são mais instáveis (não tem capacidade de oxigenação e precipitação na hemácia, reduzindo a meia- vida da hemácia = anemia hemolítica). - Fenotípica Anemia apresenta-se com: Intensidade variável Mecanismos Sobrevida diminuída das hemácias Eritropoese ineficaz (destruição medular) Esplenomegalia: aumento de hemólise e hemodiluição Deficiência de ácido fólico (alto turn over celular) Menor crescimento pôndero-estatural Hipóxia tecidual Grande consumo metabólico pela hiperplasia eritróide (ocorre um direcionamento de nutrientes para produção de hemácias). Redução de massa muscular Defeito na maturidade sexual Menor crescimento somático (necessidade de massa corporal crítica para desencadear a puberdade) Aumento de ferro na hipófise e nas gônadas (redução de hormônios) Hiperplasia eritróide Desvio de grande fração do débito cardíaco (para suprir a medula óssea) > expansão do volume circulante e anemia diluicional Desvio de nutrientes para a MO, em detrimento de outros tecidos Aumento da absorção intestinal do ferro Alterações ósseas Decorrentes de expansão da MO devido à anemia Observa-se proeminência da região frontal e malares, depressão na ponta do nariz e horizontalização dos orifícios nasais, hipertrofia dos maxilares, maior exposição de dentes e gengivas superiores. Aumento de fraturas ósseas Redução do osso compacto cortical e reabsorção das trabéculas No crânio são observados aumento do espaço diplóico estrias perpendiculares e desaparecimento da tábula externa Ossos longos e ossos das mãos e pés Redução da cortical Rarefação óssea Aparecimento de cistos Aumento de ferro pode contribuir para a osteopatia da Talassemia Hipoparatireoidismo > osteoporose Diminuição da vitamina C > escorbuto Artralgia de grandes articulações Esplenomegalia Por destruição aumentada das hemácias anormais Eritropoiese extramedular no baço Hiperesplenismo > pancitopenia Aumento de Ferro Aumento da absorção intestinal do ferro Transfusões (principal) Alterações Endócrinas Atraso de crescimento e puberdade Diabetes Mellitus (deposição de ferro no pâncreas) Hipoparatireoidismo Alterações cardíacas Pericardite Insuficiência Cardíaca Arritmias (por deposição de ferro em tecido intracardíaco) Alterações Hepáticas Cirrose Hepática - Genética Os genes da globina α encontram-se duplicados no homem. As α-talassemias são, essencialmente, consequência da deleção de um ou mais genes α. Como existem dois genes α por cromossomo, a0-talassemia corresponde à perda de dois genes α em um mesmo cromossomo, enquanto as deleções que removem apenas um gene α por cromossomo são responsáveis pelo fenótipo de α+- talassemia. O gene que codifica a síntese de globina β situa-se no braço curto do cromossomo 11. Na β-talassemia homozigota, a síntese de cadeias β está ausente (β0-talassemia) ou diminuída (β+-talassemia). Quando ocorre o bloqueio total ou parcial da síntese de cadeias β, as cadeias α são sintetizadas de forma inadequada, acumulando-se nos eritrócitos durante a eritropoese. Fisiopatogenia As Talassemias compreendem a redução ou ausência de cadeias de globina na hemoglobina: 1 par de genes de cadeia β (1 gene β no cromossomo 11) - β0: síntese de cadeias β ausente - β+: síntese de cadeias β reduzida 2 pares de genes de cadeia α (2 genes α vizinhos e funcionantes no cromossomo 16): uma pessoa normal possui 4 gens de cadeia α ativos (o que vai designar o estágio clínico do paciente é o número de genes α): - Portador silencioso (3 genes ativos) - Traço α-talassêmico (2 genes ativos) - Doença da HbH (1 gene ativo) - Hidropsia Fetal (0 genes ativos – homozigose α0-talassemia) O diagnóstico de pacientes com β-Talassemia Maior é alcançado através de achados clínicos e histórico familiar nos pais, avaliação de anemia (geralmente Hb < 9g/dL) Hipocrômica – Microcítica. Avaliação de anisopoiquilocitose intensa, esquizócitos, hemácias e eritroblastos com granulação basofílicas, hemácias em alvo, desvio à esquerda dos granulócitos. Em caso de Hiperesplenismo, são observados leucopenia e trombocitopenia. Na eletroforese de Hb ocorre ausência de HbA, aumento de HbF e HbA2 variável. O diagnóstico de pacientes com β-Talassemia Menor, em casos clássicos, é observada anemia leve (10,5-13g/dL) mas que pode ser intensa na infância, microcitose e hipocromia com ferro sérico normal. A eletroforese de hemoglobina confereaumento de HbA2 (3,5 a 6%) e níveis de HbF normais ou ligeiramente elevados (<5%). Os marcadores de hemólise encontram-se alterados: LDH alterada, Haptoglobina reduzida, bilirrubina elevada às custas da indireta, reticulocitose (na tentativa de compensar a destruição crônica das hemácias). O diagnóstico de α-Talassemia é compreendido através da presença ou não dos genes. Assim, quando não há nenhum gene funcionante, o paciente vai ser diagnosticado com hidropsia fetal, com características de morte intrauterina ou horas após o nascimento, grande hepatoesplenomegalia, edema = incompatível com a vida. O diagnóstico da HbH é avaliado através de apenas um gene α globina ativo(dos 4 existentes normalmente). No período neonatal há predominância de HbF, com 10-20% Hb de Bart (γ4) e pouca HbH. Na vida adulta ocorre o predomínio de HbA, com 5-30% HbH (β4). O quadro clínico compreende anemia hemolítica crônica de intensidade variável, esplenomegalia e alterações ósseas – podem estar presentes na Talassemia Maior ou Intermediária. Alterações laboratoriais detém hipocromia e poiquilocitose. O diagnóstico do Traço α-Talassêmico é estabelecido a partir da avaliação de dois genes de cadeia α ativos, podendo, por vezes, demonstrarem-se assintomáticos. O sangue periférico apresenta microcitose e hipocromia. No período neonatal são encontrados cerca de 5-10% Hb de Bart, e, na vida adulta, os achados são de hipocromia, ferro sérico normal, e, muitas vezes, necessitando de métodos moleculares. O diagnóstico do portador silencioso é, muitas vezes, bastante difícil de ser determinado, já que na vida adulta apresenta ligeira hipocromia ou sangue periférico normal. São encontrados três genes de cadeia α ativos, no período neonatal estão presentes cerca de 1-2% Hb de Bart. Associação com outras hemoglobinopatias pode compreender a associação com HbS, caracterizando uma doença de menor gravidade. Quando há associação com homozigotos para β-Talassemia, o diagnóstico da doença é menos grave (comportando-se como Talassemia intermediária). Tratamento O tratamento é basicamente transfusional, o programa regular de transfusão é a principal medida terapêutica no paciente com Talassemia (α ou β). Antes de iniciar o programa de transfusão regular, é importante observar o paciente (semanas ou meses), avaliando a necessidade de reposição de Folato (o paciente pode estar piorando da anemia em razão de Folato), além de manejar profilaxias para que o paciente não decaia em infecção. Hb > 8g/dL: É provável que não seja Talassemia Maior (sem necessidade de transfusão regular). Hb <6,5-7 g/dL: Talassemia Maior (iniciar programa de transfusão regular). Em casos de Talassemia Intermediária, com HB <7g/dL, o programa regular deve ser seguido se houver: deformações ósseas graves, retardo no crescimento, aumento progressivo do baço e úlceras persistentes nas pernas. O acompanhamento semanal é necessário para manter Hb >10g/dL, com transfusões a cada 3/4 semanas (importante para que hiperplasia eritróide diminua). Caso não haja estabilidade do paciente, é importante avaliar a correlação com anemia hemolítica autoimune ou hiper-reatividade esplênica (observar a necessidade de Esplenectomia). *Avaliar a possibilidade de Hemocromatose secundária e prosseguir com terapia de quelação do ferro (Desferoxamina ou Deferasirox). Os efeitos favoráveis da transfusão são crescimento e atividade física, reduzindo ou extinguindo deformações ósseas, e diminuindo a esplenomegalia; cujos efeitos são mais efetivos e evidentes quando iniciados precocemente. A Esplenectomia também deve ser fator importante para avaliação do quadro, principalmente quando há trombocitopenia importante e consumo transfusional de sangue elevado. As complicações devem ser relacionadas (sepse por germes encapsulados) com profilaxias e tratamento imediato para evitar recaídas. O transplante alogênico de medula óssea é realizado apenas em casos relacionados por conta do índice de mortalidade, apenas se houver doador aparentado, e, os melhores resultados são alcançados se precocemente realizado. Anemia Hemolítica Autoimune Perfil epidemiológico A AHAI por anticorpo quente detém a incidência de 1:100.000 em adultos e 0,2:100.000 em crianças. Cerca de 50-70% são idiopáticos, com prevalência maior em indivíduos de meia idade. Na AHAI por crioaglutininas, o pico de incidência é entre 50-80 anos, muitos com neoplasias hematológicas prévias (LMC, LNH – e, por vezes, tumores sólidos). Pode estar associada à pneumonia por Mycoplasma, surgindo em pacientes mais jovens. Na Hemoglonibúria paroxística fria, esse mecanismo é historicamente associado à sífilis terciária. Atualmente mais relacionada a infecções virais em crianças (até 5 anos). Alterações Clínicas - Celular Reticulocitose, policromatofilia azurofílica, policromasia, pontilhado basofílico e microesferócitos. - Molecular Ocorre aumento de LDH, aumento de bilirrubinas às custas da indireta e redução de Haptoglobina. Coombs direto (e geralmente o indireto) positivo. - Fenotípica Cansaço aos esforços, sonolência, palpitações, cefaleia, dispneia, torpor, confusão mental (em casos mais graves). A magnitude dos sintomas é determinada pela avaliação de três fatores: 1. Quantidade e efetividade do anticorpo (gravidade da doença) 2. Velocidade de desenvolvimento da anemia 3. Presença de comorbidades (principalmente cardíacas e pulmonares) Os sintomas mais específicos nas AHAI por crioaglutininas se relacionam à aglutinação de hemácias in vivo com exposição ao frio: acrocianose (pode evoluir para úlceras cutâneas). - Genética Defeitos genéticos em relação ao ligante Fas/Fas. Fisiopatogenia A hemólise imune, caracterizada pela destruição eritróide precoce por causa da ação da resposta imunológica humoral, podendo causar anemia (caso o setor eritróide da MO não apresente hiperplasia compensatória suficiente). Existe a produção de um autoanticorpo que é direcionado contra a membrana eritrocitária levando a destruição da hemácia. São compreendidos 3 tipos de AHAI: 1. Auto IgG quentes: ligação às hemácias a 37ºC – sem aglutinação. Geralmente é idiopática, podendo ter infecção viral associada. Doenças autoimunes ou colagenoses (LES), imunodeficiências, neoplasias do sistema imune (LNH, LLC), hemotransfusão, transplante de MO alogênico prévios ou drogas também estão relacionadas ao desencadeamento dessa patologia. 2. Aglutininas frias (geralmente IgM): aglutinação eritrocitária em baixas temperaturas, às vezes, levando à hemólise. Causada por uma síndrome de crioaglutinina crônica: Gamopatia monoclonal IgM “benigna”, podendo evoluir para o aparecimento de clone maligno ou neoplasia secundária. LNH (indolentes ou agressivos), adenocarcinomas e infecções podem estar relacionadas ao desencadeamento dessa anemia. 3. Anticorpo de Donath-Landsteiner (IgG): Ligação da hemácia no frio, com ativação do complemento quando aquecido a 37ºC. IgA, IgM, IgG1 e IgG3 podem ficar complemento, promovendo a ligação e ativação do sistema, culminando em hemólise intravascular. A hemólise intravascular não ocorre com mais frequência devido ao CD55 e CD59 na superfície eritrocitária, que a previnem de ocorrer – inativando o sistema complemento. Na AHAI por anticorpo quente: Ocorre a opsonização da hemácia pelo anticorpo, essa hemácia recoberta por anticorpo é destruída (por macrófagos que detectam a parte Fc) no fígado (IgM) ou no baço (IgG)dependendo do subtipo. Nesse processo, o macrófago tira um pedaço da hemácia, alterando sua relação de superfície e volume da célula. A hemácia perde a característica bicôncava e torna-se esférica (esferócito). Como são menos instáveis e menos deformáveis, os esferócitos sofrem lise osmótica nos capilares esplênicos. Na AHAI por anticorpo frio: Um autoanticorpo IgM é ligado na membrana eritrocitária, ativando a via clássica do sistema complemento em temperaturas mais baixas. Eluído na membrana a 37ºC na temperatura visceral - a IgM acaba se soltando da superfície da hemácia. Assim, ocorre a separação da IgM, porém com ativação do complemento. Essa ativação do complemento vai até o nível de C3b na circulação periférica, onde será removida por macrófagos hepáticos com receptores para C3b. Ligação de IgM > Ativação de Complemento > Aqueceu para 37°C > IgM saí > COMPLEMENTO ATIVADO > Chega ao nível C3b > Destruição hepática O clearence hepático do macrófago hepático precisa de uma concentração alta de C3b. Existe um mecanismo de conversão da C3b em C3dg e C3d sem IgM. A meia vida eritrocitária é quase normal, considerando que o macrófago se liga com pouca avidez a C3d – culminando em hemólise menor do que há na AHAI por anticorpo quente – descrevendo um quadro clínico mais brando. Na hemoglobinúria paroxística fria (anticorpo de Donath-Landsteiner): O anticorpo é uma IgG que irá fixar complemento no frio, porém, a diferença deste para a crioaglutinina é que a ativação do complemento vai até o final, quando a célula alcança 37°C, que é a temperatura corporal. Como consequência disso, é observada a hemólise intravascular (quadro mais grave) . Anemia hemolítica relacionada a drogas: Ocorre a ligação da droga à proteína da superfície eritrocitária, sem ativação do complemento, e, por consequência, hemólise extravascular – a hemólise é destruída no baço (ex.: Penicilina). Pode ocorrer a formação de imunocomplexos, através da ligação da droga com o anticorpo, e, esses imunocomplexos ficam adsorvidos à superfície da hemácia – ativando o complemento, promovendo a saída da IgM da superfície, promovendo hemólise intra e extravascular (ex.: quinino e cefalosporinas de 3ª geração). Outro mecanismo é a indução da formação de autoanticorpo contra antígenos eritrocitários (ex.: alfa- metildopa). Outro mecanismo é a adsorção não imunológica de proteínas; a droga se liga à superfície da hemácia, provocando a adsorção séria dessas proteínas – o que raramente leva à hemólise (ex.: cefalotina); Tratamento É importante saber qual tipo de AHAI está sendo relacionada; em casos relacionados a drogas, suspender o seu uso (melhorando o quadro). É importante avaliar quadros associados para tratamento de doenças relacionadas, como colegenoses, LLC, pneumonia (Mycoplasma pneumoniae), entre outros. Existem tratamentos específicos para AHAI, caso necessário: 1. AHAI por anticorpo quente: Prednisona (primeira linha), Ciclofosfamida, Danazol, Rituximab (segunda linha), Esplenectomia, imunoglobulina intravenosa. Com relação à transfusão, é sempre válido tentar evitar ao máximo; sendo indicado quando Hb está abaixo do fisiologicamente tolerado pelo paciente. 2. AHAI por anticorpo quente: Propõe-se evitar exposição ao frio, o tratamento de suporte em casos mais leve deve ser executado. Em casos mais graves, devem ser usados alquilantes em baixas doses, Rituxmab, Interferon. Em outros casos, a plasmaférese faz-se necessária. A hemotransfusão deve ser realizada em casos mais graves (testes e a transfusão em si devem ser realizadas à temperatura corporal). Distúrbios Funcionais Plaquetários As plaquetas são fragmentos celulares oriundas dos megacariócitos (células multilobuladas da MO que se fragmentam em partículas funcionais, ou seja, as plaquetas). As plaquetas são responsáveis pela hemostasia primária, compreendendo valores de referência normais de 150.000 – 450.000/mcL ou mm³ (microlitro), com produção de cerca de 35.000 – 50.000/mcL por dia (sendo 1/3 sequestrado pelo baço - sinusóides hepáticos - e os outros 2/3 circulantes). A meia-vida da plaqueta é curta (8-10 dias) em razão da ausência de núcleo e de, consequentemente, outras funções de divisão. Os megacariócitos são células envolvidas na produção de plaquetas, provenientes da stem-cell, as células de linhagem mielóide dão origem a diversas células; inclusive ao megacariócitos primordial que, por fim, originará as plaquetas, através da Megacariopoiese. A stem-cell, ao se comprometer com a linhagem megacariocítica, começa a se dividir (fase proliferativa) na fase onde os megacariócitos primordiais passam a dividir-se, originando outros; e, também a fase de endomitose (divisão nuclear sem que haja fissão celular) – por isso a célula megacariocítica é grande. Após a maturação do megacariócitos, a célula passa a se fragmentar originando as plaquetas. A hemostasia primária é um mecanismo complexo e primeira barreira para estancar o sangue em caso de injúria. A lesão promove a liberação do colágeno, que, por sua vez, estimula a plaqueta (que tem receptor para o colágeno – Gp Ia/IIa). O colágeno irá se ligar, através da glicoproteína Gp Ia/IIa à plaqueta. Uma vez ligada, o processo de adesão plaquetário se inicia, porém, esse processo é considerado fraco, necessitando de mais uma ligação para promover uma ligação realmente efetiva. Nesse contexto, faz parte essencial, o FvW. Esse multímero, produzido pelo próprio endotélio, é clivado em partículas menores que servirão como ‘pontes’ entre o endotélio, o colágeno e a plaqueta. O FvW vai ligar o colágeno à Gp Ib e essa ligação vai ser bem mais forte do que a plaqueta e o colágeno direto; esse mecanismo é denominado adesão plaquetária. Quando há adesão efetiva, mediada pelo FvW, a plaqueta começa a mudar sua conformação, se ativando e liberando grânulos (ADP: ativa mais plaquetas/retroalimentação positiva e cálcio: age na hemostasia secundária). Além disso, essa estimulação que culmina com a mudança conformacional faz com que tenhamos produção de TxA2, esta, por sua vez, estimulará ainda mais a retroalimentação plaquetária (ativando ainda mais plaquetas). Esse processo promoverá a exposição de fosfolipídios essenciais para a reação da coagulação. Tanto a ativação plaquetária quanto a formação do agregado plaquetário, faz com que a proteína IIb/IIIa seja exposta na membrana plasmática da plaqueta sendo responsável pela ligação do fibrinogênio e FvW que estão próximos às plaquetas, formando ‘pontes’ entre as plaquetas concretizando a agregação plaquetária, culminando no trombo plaquetário – faz com que se contenha um sangramento no primeiro momento e desencadeia o processo da cascata de coagulação. TROMBOCITOPENIA Caracterizada pela baixa quantidade de plaquetas circulantes (>150.000 mcL). Os mecanismos de Trombocitopenia compreendem: 1. Pseudotrombocitopenia: Apesar de in vivo as plaquetas apresentarem- se funcionantes e em quantidade normal, em processos de análise laboratorial os valores numéricos são menores. Existem alguns processos clássicos na promoção dessa alteração, como por exemplo Clump plaquetário, aglutininas plaquetárias, satelitismo plaquetário, Paraproteinemia que fazem com que as plaquetas passem a se ‘grudar’ umas nas outras quando são realizados os exames laboratoriais, dando uma falsa contagem. Por vezes provocados por auto- anticorpos plaquetários e anticoagulantes (mais comum: EDTA). 2. Destruição acelerada: Ocorre a destruição dessas plaquetas no sangue periférico através de mecanismos imunológicos e nãoimunológicos. Por atividade imunológica compreendem a PTI (Púrpura Trombocitopênica Imunológica Primária), Neoplasias como LLC e Linfomas (induzem a produção de anticorpos antiplaquetários), Doenças imunológicas (LES, poliarterite nodosa, síndrome antifosfolipídeo), Infecções (EBV, CMV, HIV, HCV, dengue, entre outras), medicamentos – podem induzir à produção de anticorpos antiplaquetários (Heparina, Sulfas, etc.), destruição aloimune – anticorpos provenientes de outra pessoas (pós- transfusões, pós-transplantes, neonatal). Fatores não imunológicos compreendem a CIVD, PTT (Púrpura Trombocitopênica Trombótica, SHU (Síndrome Hemolítica Urêmica), Síndrome HELLP (complicação da eclampsia), Hemangioma Cavernoso – neoplasia benigna dos vasos sanguíneos, originando a formação de um tumor sanguíneo (Síndrome de Kasabach-Merrit) Gigante e Bypass Cardiopulmonar (Cardiopatia Cianótica Congênita); 3. Trombopoiese ineficaz: Alguma interferência na MO faz com que o megacariócitos não produza plaqueta adequadamente. Pode ocorrer através de Hipoplasia da stem cell, desencadeada por quimioterápicos, anemia aplástica, álcool, quadro pós viral (EBV, HCV), HIV e doenças congênitas (Trombocitopenia Amegacariocítica, Síndrome de Bernard- Soulier). Pode ocorrer também a substituição da MO, ou seja, a MO está sendo ocupada por alguma coisa, podendo ser uma Leucemia, um tumor metastático infiltrando, ou uma Mielofibrose. Outro mecanismo é a Trombopoiese ineficaz, podendo ser causada pela deficiência de vitamina B12 e/ou Folato e síndromes Mielodisplásicas; 4. Distribuição anormal: A esplenomegalia (Hiperesplenismo) promove maior sequestro plaquetário. Observa-se que, em indivíduos esplenectomizados, o número de plaquetas circulantes após plaquetaférese detém uma mediada de 90%. Em indivíduos normais, 1/3 das plaquetas são captadas pelo baço. Já em indivíduos com esplenomegalia/Hiperesplenismo, a mediana de plaquetas circulantes foi considerada baixa (35.000 mcL); 5. Diluicional: Encontra em cerca do terceiro trimestre de gestação, na transfusão de concentrado de hemácias maciças. As manifestações clínicas correlacionadas aos problemas supracitados podem ser assintomáticas, muitas vezes mesmo com uma baixa de plaquetas – porém funcionantes – nenhum problema hemostático se manifesta; até mesmo equimoses advindas de fragilidade capilar não justificam patologia. Como as plaquetas são fundamentais para a hemostasia primária, em casos de sangramentos, faz-se necessária investigação, seja por baixa quantidade de plaquetas ou pela sua disfunção. Sangramento cutâneo-mucoso: Epistaxe, Gengivorragia, bolhas hemorrágicas em mucosa oral, Petéquias, púrpuras e equimoses. Sangramentos gastrointestinais, genito-urinário (hematúria, menorragia, Metrorragia), sangramentos do sistema nervoso central, sangramentos após procedimentos invasivos. Ao diagnóstico é imprescindível realização de anamnese, avaliando uso de medicamentos, infecções virais recentes, doenças hematológicas e/ou não hematológicas, histórico de sangramento familiar, gravidez, transfusões recentes e estado nutricional. A contagem de plaquetária no citrato ou heparina é bastante relevante para diagnóstico diferencial de anticorpos anti-EDTA. Além disso, é importante avaliar a distensão sanguínea para analisar clumps plaquetários, macroplaquetas ou anormalidades morfológicas nas plaquetas. Além de alterações em outras séries (Leucoeritriblastose, invasão medular por neoplasia/tuberculose/fibrose, mielodisplasias – pseudo Pelger-Huet, neutrófilos plurisegmentados, esquizócitos – anemia microangiopática). Além disso, avaliações bioquímicas são bastante importantes para complementar o diagnóstico, como exemplo: Elevação de LDH, queda da Haptoglobina, elevação de Reticulócitos, elevação de bilirrubinas (maior na indireta), avaliar a função renal, dosar vitaminas B12 e ácido fólico, sorologias (HIV, HCV, HBV). Hepatograma, FAN, Coagulograma + US de abdômen ajudam a completar o diagnóstico. MO: O aspirado/biópsia auxilia na observação e avaliação de megacariócitos que podem estar aumentados, normais (pode estar havendo destruição de plaquetas) ou ausentes (diminuição da produção plaquetária). É válido como diagnóstico diferencial para Trombocitemia isolada no idoso (PTI x Mielodisplasia), para a verificação de infiltração medular ou até mesmo aplasia. Trombocitopenia Diluicional: Geralmente assintomática, de caráter leve. Não apresenta histórico prévio (excetuando gestações anteriores) e o feto não desencadeia PTI. Os valores normais de plaquetas retornam ao normal espontaneamente após o parto. Os valores de plaquetas são maiores que 70.000 mcL, caso estejam em cerca de abaixo de 30.000, faz-se necessário investigar, já que, nessa circunstância, pode não ser apenas diluicional. Trombocitemia induzida pela heparina II (HIT) - imunológica: *A Trombocitemia induzida pela heparina I: não imunológica, sendo até mais frequente, porém, passando, por vezes, despercebida (a heparina é capaz de promover a ativação plaquetária). Ocorrendo geralmente, 5 a 10 dias após o início do uso da heparina, cujo tempo determina o surgimento de anticorpos anti-heparina que têm ação contra a plaqueta. Alguns fatores que influenciam nessa incidência é o uso de heparina não fracionada, além de pacientes em casos cirúrgicos (danos teciduais) e, em razão da maior suscetibilidade de mulheres desencadearem patologias autoimunes, sua exposição a esse problema é maior. Existem testes imunológicos que conseguem detectar anticorpos circulantes (IgG, IgA e IgM) anti-complexo Heparina. Outro teste é capaz de avaliar a ativação plaquetária detectando anticorpos heparina dependente, capazes de ligação e ativação de receptores Fc nas plaquetas. Púrpura Trombocitopênica Trombótica / Síndrome Hemolítica Urêmica - Microangiopatia trombótica: quadro gerado por alterações endoteliais em capilares e arteríolas que levam à trombose microvascular, resultando em anemia hemolítica microangiopática e trombocitopenia. A anemia hemolítica microangiopática é considerada uma anemia intravascular com Coombs direto negativo e fragmentação de hemácias (esquizócitos) na Hematoscopia. Apresentando trombocitopenia, insuficiência renal (proteinúria e hematúria), febre (neurológica), alterações neurológicas (presente em cerca de 30% dos casos). PENTADE CLÁSSICA (Pêntade de Reynouds): 1. Anemia microangiopática 2. Trombocitopenia 3. Insuficiência renal 4. Febre 5. Alterações neurológicas ADAMTS13: Faz com que o FvW, que é produzido no endotélio, seja clivado em FvW menores, que são mais ativos. A PTT pode ser classificada em PTT idiopática (autoimune), PTT secundária, PTT congênita, SHU, SHU atípica. Púrpura Trombocitopênica Imunológica Perfil epidemiológico Patologia adquirida mediada por anticorpos, presente em adultos e crianças - servindo como diagnóstico para casos isolados de trombocitopenia (<100.000/mm³), sem qualquer doença subjacente e/ou desencadeante. Pode ter características persistente ou crônica. Possui incidência maior nas mulheres entre 30 e 60 anos. PTI aguda na infância: 4,0 – 5,3/100.000/ano PTI crônica da infância: 0,46/100.000/ano PTI crônica do adulto: 5,8 – 6,6/100.000/ano Ocorre diferenciação entre PTI em adultos e crianças. CRIANÇAS: Geralmente é aguda, porém transitória surgindo frequentemente após infecção viral ou imunização. A remissão espontânea ocorre em cerca de 90% dos casos, variando em 2-8 semanas, podendo ser refratária em 15 a 30% dos casos. Possui risco baixo de sangramento severo ou mortalidade. ADULTOS:Crônica na maioria dos pacientes, não possuindo relação direta com outras patologias. A remissão espontânea ocorre em <10% dos casos, sendo refratário em 30-50% dos casos. A taxa de mortalidade chega a 16% e os casos de hemorragia (aguda) fatal compreende 5% dos casos. Alterações Clínicas - Celular Trombocitopenia com hiperplasia compensatória de trombócitos. - Molecular Ocorre a formação de autoanticorpos dirigidos contra glicoproteínas de membrana plaquetária, principalmente contra complexos GPIIb-IIIa e GPIb-IX. As plaquetas recobertas por esses autoanticorpos ligam-se a macrófagos no SER através de receptores Fcγ. As plaquetas são, então fagocitadas, desencadeando a trombocitopenia. - Fenotípica Paciente em bom estado geral – exame físico normal, com hemograma normal (excetuando presença de sangramento e/ou trombocitopenia isolada). Pode apresentar Petéquias e equimoses Trombocitopenia leve: >100.000 plaqueras mm³ Trombocitopenia moderada: 50.000 – 100.000 plaquetas mm³ Trombocitopenia grave: <50.000 plaquetas mm³ Quanto maior a idade do paciente, maiores são as chances de sensibilidade capilar, e, com isso, sangramentos importantes ou fatais. O nível plaquetário também determina a gravidade ou risco hemorrágico. Fisiopatogenia É decorrente da destruição de plaquetas, mediada por anticorpos (autoanticorpos revestem a superfície das plaquetas, os receptores Fcγ dos macrófagos ligam-se a anticorpos na superfície das plaquetas, que logo são destruídas prematuramente – sendo fagocitadas no baço) e da produção plaquetária menos eficaz (autoanticorpos se ligam a megacariócitos na MO, sendo logo destruídos ou obtendo maturação prejudicada – juntamente com turnover diminuído). Nessa patologia, o nível de EPO é vai permanecer baixo. O soro de paciente que possui PTI, inibe o crescimento de megacariócitos em cultura, demonstrando-se a menor produção plaquetária (1980). 1. PTI PRIMÁRIA: Quando não se descobre a causa 2. PTI SECUNDÁRIA: Correlacionada a LES, doença de Graves (hipertireoidismo), síndrome de Evans, macroglobulinemia de Waldenström, LLC, LNH, HIV, HCV, entre outros. O diagnóstico diferencial deve excluir outras causas de trombocitopenia (FAN, anticoagulante lúpico, anticorpo antifosfolipídeos, sorologia para HIV, HCV, dengue, além de EDA com pesquisa para H. pylori. Quando necessário, pode ser avaliada MO. Tratamento Os objetivos principais do tratamento da PTI é a redução da produção de autoanticorpos, aumento da sobrevida plaquetária, além do aumento da produção de plaquetas. Geralmente é visado para pacientes com PTI grave que estão em risco de sangramento. Com o intuito de diminuir a produção de autoanticorpos, são utilizados corticosteroides (predinisona, predinisolona, dexametasona, metilpredinisolona), imunoglobulina, entre outros. A Esplenectomia também pode ser uma opção de tratamento, visando aumentar a sobrevida plaquetária. Leucemia Mielóide Aguda De modo geral, as leucemias se caracterizam pela proliferação de células neoplásicas na MO, com invasão do sangue periférico e outros tecidos. São distinguidas em fase aguda e crônica: AGUDA: Alta capacidade proliferativa e perda da capacidade de diferenciação; além de curso clínico agressivo. CRÔNICA: Capacidade replicativa menor; com curso clínico indolente. Perfil epidemiológico Atinge indivíduos com mediana de 68 anos. São observados cerca de 15 casos a cada 100.000 habitantes com mais de 75 anos e 1 caso a cada 100.000 habitantes com menos de 40 anos. Alterações Clínicas - Celular Pode apresentar citopenias (com necessidade de transfusões), Neutropenia febril, hiperleucocitose, leucostase (acúmulo de células imaturas em vasos), lise tumoral (eliminação de metabólitos celulares em decorrência de destruição celular: ácido úrico, LDH, fósforo) e distúrbios de coagulação. - Molecular A Imunofenotipagem é bastante utilizada para avaliar os epítopos que estão presentes na membrana/citoplasma celular que são característicos de células específicas, seja de origem linfoide ou mielóide. Na LMA, os principais marcadores característicos presentes são CD13, CD33, CD117, CD15. A citogenética é utilizada para diagnóstico, idealmente analisando 20 metáfases. A biologia molecular é utilizada para diagnóstico, prognóstico e acompanhamento de DRM, avaliação de BCR-ABL, etc. - Fenotípica Apresenta-se com palidez cutâneo-mucosa, cansaço, fraqueza, astenia, dispneia, descompensação cardíaca, Epistaxe, Gengivorragia, Petéquias, equimoses, menorragia, infecções de vários graus, sintomas B (febre, sudorese e emagrecimento), dor óssea (desconforto no esterno, bacia, etc.), sarcoma granulocítico (massa de células blásticas), poliartrite, linfadenomegalia, hepatoesplenomegalia, envolvimento do SNC (existe predileção em diferentes tipos de LA). - Genética Mutação interna no tandem do gene FLT3 (FLT3/ITD) pode ser fator predisponente do desencadeamento da LMA (FLT3: Fms-like tyrosine kinase 3, um receptor expressivo em progenitores hematopoéticos com função de diferenciação, proliferação e sobrevida das células). Fisiopatogenia Doença clonal de origem mielóide, mais comum em adultos; existindo fatores ambientais e genéticos que podem desencadear processos mutacionais que culminem na leucemia. A definição estabelecida de LMA é quando são encontrados cerca de > 20-30% de blastos no sangue periférico ou MO. Geralmente o paciente apresenta anemia, sangramento ou infecção. A classificação compreende os seguintes tipos, de acordo com a FAB (avaliação através de citologia e citoquímica): M0: leucemia indiferenciada M1: Leucemia Mielóide Aguda sem diferenciação M2: Leucemia Mielóide Aguda com diferenciação M3: Leucemia Promielocítica M4: Leucemia Mielomonocítica M5: Leucemia Monocítica M5a: Leucemia Monocítica sem diferenciação M5b: Leucemia Monocítica com diferenciação M6: Eritroleucemia M7: Leucemia Megacariocítica A classificação compreende os seguintes tipos, de acordo com a OMS (avaliação através de Imunofenotipagem, citogenética e biologia molecular): Leucemia mieloide aguda e neoplasias relacionadas Leucemia Mieloide Aguda (LMA) com anormalidades genéticas recorrentes LMA com t(8;21)(q22;q22); RUNX1-RUNX1T1 LMA com inv(16)(p13.1q22) ou t(16;16)(p13.1;q22); CBFB-MYH11 LMA com t(15;17)(q22;q12); PML-RARA LMA com t(9;11)(p22;q23); MLLT3-MLL LMA com t(6;9)(p23;q34); DEK- NUP214 LMA com inv(3)(q21q26.2) ou t(3;3)(q21;q26.2); RPN1-EVI1 LMA (megacarioblástica) com t(1;22)(p13;q13); RBM15-MKL1 Leucemia mieloide aguda relacionada a transformação de mielodisplasia Leucemia relacionada ao tratamento de neoplasias mieloides Leucemia mieloide aguda, sem outra classificação específica: LMA com diferenciação mínima LMA sem maturação LMA com maturação Leucemia mielomonocítica aguda Leucemia monoblástica/monocítica aguda Leucemia eritroide aguda Leucemia eritroide pura Eritroleucemia, eritroide/mieloide Leucemia megacarioblástica aguda Leucemia basofílica aguda Panmielose com mielofibrose aguda Sarcoma mieloide Proliferação mieloide relacionada com a Síndrome de Down Mielopoese anormal transitória Leucemia mieloide associada com a Síndrome de Down Neoplasia blástica plasmacitoide de células dendríticas Leucemias agudas de linhagens ambíguas: Leucemia aguda não diferenciada
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