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APS - UNIP TATUAPÉ LEI MARIA DA PENHA E A INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES

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INSTITUTO DE CIÊNCIA JURÍDICA 
CURSO DE DIREITO – CAMPUS TATUAPÉ 
 
 
 
 
 
 
LEI MARIA DA PENHA 
APS – ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
 
 
2º SEMESTRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2016
 
 
 
 
 
 
 
MYLENA NASCIMENTO OLIVEIRA - N875DH-3 
 
 
LEI MARIA DA PENHA 
APS – ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
 
 
Atividade prática supervisionada, trabalho 
apresentado como exigência para a 
avaliação do 2º semestre, do curso de 
Direito da Universidade Paulista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2016 
 
Sumário 
Introdução ............................................................................................................................................... 4 
1. Origem da Lei 11.340/2006 ............................................................................................................ 5 
2. Participação da ONU nos casos de violência contra a mulher ........................................................ 7 
3. A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher ........... 8 
4. A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher ....... 13 
5. Principais aspectos da Lei Maria da Penha ................................................................................... 15 
Considerações Finais ............................................................................................................................. 18 
 
4 
 
Introdução 
 
Este trabalho consiste em um estudo sobre a internacionalização dos direitos humanos, 
tendo como foco os direitos humanos da mulher brasileira com a concretização da Lei n. 
11.340, de 7 de agosto de 2006, denominada Lei Maria da Penha. 
O trabalho se desenvolve sob o eixo norteador da crítica comprometida com a efetividade 
da internacionalização dos direitos humanos da mulher e a superação das desigualdades entre 
homens e mulheres no Brasil. 
Para tal, alguns documentos serão analisados, tais como - a Convenção sobre a Eliminação 
de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (1979) e a Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção Belém do Pará – 
1994) -, que normatizam os direitos da mulher. 
5 
 
1. Origem da Lei 11.340/2006 
A Lei 11.340/06, mais conhecida com Lei Maria da Penha, ganhou essa denominação 
em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes, que por vinte anos lutou arduamente para 
ver o seu agressor preso. 
Maria da Penha é uma farmacêutica bioquímica, que foi casada com o professor 
universitário Marco Antonio Viveros. E acabou sendo vitima de um relacionamento abusivo, 
onde seu marido tentou matá-la. Em 1983 ela sofreu a primeira tentativa de homicídio, após 
diversas agressões sofridas Maria da Penha foi vitima de um tiro que atingiu a suas costas 
enquanto dormia. Viveros foi encontrado na cozinha, gritando por socorro alegando que 
tinham sido atacados por assaltantes, após quatro messes em diversos hospitais e ter passado 
por diversos procedimentos cirúrgicos, Maria da Penha ficou paraplégica e por fim retornou a 
sua casa e sofreu mais uma tentativa de homicídio: o marido tentou eletrocutá-la durante o 
banho. Neste período, as investigações apontaram que Marco Viveros foi de fato o autor do 
tiro que a deixou em uma cadeira de rodas. 
Sob a proteção de uma ordem judicial Maria da Penha conseguiu sair de casa, e apesar 
de suas limitações físicas, iniciou a sua batalha pela condenação de seu agressor. 
A primeira condenação viria somente oito anos depois do crime, em 1991. Mas 
Viveros conseguiu a liberdade. 
Inconformada Maria da Penha resolveu contar sua história em um livro intitulado 
Sobrevivi... Posso contar (1994), no qual relata todas as agressões sofridas por ela e pelas 
filhas. Por meio do livro, Maria da Penha conseguiu contato com o CEJIL-Brasil (Centro para 
a Justiça e Direito Internacional) e o CLADEM-Brasil (Comitê Latino-Americano do Caribe 
para a Defesa dos Direitos da Mulher), que juntos encaminharam, em 1998, à Comissão 
Internacional dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma 
petição contra o Estado brasileiro, relativa ao paradigmático caso de impunidade em relação à 
violência doméstica por ela sofrida (caso Maria da Penha n°12.051). Uma das punições foi a 
recomendação para que fosse criada uma legislação adequada a esse tipo de violência. E esta 
foi à sementinha para a criação da lei. Um conjunto de entidades então se reuniu para definir 
um anti-projeto de lei definindo formas de violência doméstica e familiar contra as mulheres e 
estabelecendo mecanismos para prevenir e reduzir este tipo de violência, como também 
prestar assistência às vitimas. 
6 
 
No mês de outubro de 2002, faltando apenas seis meses para a prescrição do crime, 
Marcos Viveros foi preso. Cumpriu apenas 1/3 da pena que fora condenado. 
Em setembro de 2006 a Lei 11.340/06 entra em vigor, fazendo com que a violência 
contra a mulher deixe de ser tratada como um crime de potencial menos ofensivo. A Lei 
também acaba com as penas pagas em cestas básicas ou multas, englobando além da violência 
física e sexual, também a violência psicológica, violência patrimonial e o assédio moral. 
 
7 
 
2. Participação da ONU nos casos de violência contra a mulher 
A violência contra mulheres e meninas é considerada como uma das mais graves 
violações aos direitos humanos. Seu impacto varia em consequências físicas, sexuais, mentais 
incluindo também a mais grave das consequência a morte. 
Ela afeta negativamente o bem-estar geral das mulheres e as impede de participar 
plenamente na sociedade, de maneira que além de afetar as elas, trás consequências negativas 
também para as suas famílias, para a comunidade e para o país em geral. 
Há décadas é evidenciadas mobilizações da sociedade civil e dos movimentos de mulheres 
que visando métodos de colocar fim na violência de gênero. Um número sem precedente de 
países tem leis contra a violência doméstica, agressão sexual e outras formas de violência, por 
esse fato um dos desafios que persistem é a implementação de leis limitando o acesso de 
mulheres e meninas à segurança e justiça. 
Em geral, não há iniciativas eficazes de prevenção da violência contra a mulher e, quando 
esta ocorre, muitas vezes os culpados permanecem impunes ou são condenados a penas 
brandas. 
Por esse fato a ONU Mulheres vêm desenvolvendo um trabalho de priorizar o apoio à 
Secretária de Políticas para as Mulheres para garantir a aplicação da Lei Maria da Penha, a 
mesma que foi considerada pela ONU Mulheres como os dez casos que foram capazes de 
mudar a vida das mulheres no mundo e do programa “Mulher, Viver sem Violência”, que visa 
aumentar o acesso de mulheres e meninas vítimas e sobreviventes da violência para a rede de 
prestadores de serviços em todo o país. 
Constatando – se que a principais finalidades das leis e métodos utilizados não é punir os 
homens. É prevenir e proteger as mulheres e meninas da violência doméstica e fazer com que 
as mesmas tenham uma vida livre de violência podendo alcançar todos os sonhos e objetivos 
almejados. 
 
8 
 
3. A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a 
Mulher 
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, 
de 1979, também chamada CEDAW (da sigla em inglês) ou Convenção da Mulher, é o 
primeiro tratado internacional que dispõe amplamente sobre os direitos humanos das 
mulheres. São duas as frentes propostas: promover os direitos da mulher na busca da 
igualdade de gênero e reprimirquaisquer discriminações contra as mulheres nos Estados-parte 
Adoção a qual entra em vigor no ano de 1981, foi a consequência de décadas de esforços 
internacionais, que visavam a proteção e à promoção dos direitos das mulheres em todos o 
mundo. Sucedeu de iniciativas tomadas dentro da comissão sobre a Situação da mulher 
(CSW, sigla em inglês) da organização das nações unidas (ONU), órgão criado dentro do 
sistema das nações unidas, em 1946, com o objetivo de analisar e elaborar recomendações 
para a formulação de políticas aos vários países signatários da Convenção, visando ao 
aprimoramento do status da mulher. 
Baseada em provisões da Carta das Nações Unidas – que afirma expressamente os direitos 
iguais de homens e mulheres – e na Declaração Universal dos Direitos Humanos – que 
estabelece que todos os direitos e liberdades humanos devem ser aplicados igualmente a 
homens e mulheres, sem distinção de qualquer natureza – a Comissão preparou, entre os anos 
de 1949 e 1962, uma série de tratados que incluíram: a Convenção dos Direitos Políticos das 
Mulheres (1952);a Convenção sobre a Nacionalidade de Mulheres Casadas (1957); e a 
Convenção sobre o Casamento por Consenso, Idade Mínima para Casamento e Registro de 
Casamentos (1962). Esses tratados tinham por objetivo visavam a proteção e a promoção dos 
direitos da mulher nas áreas em que esses direitos fossem considerados particularmente 
vulneráveis pela Comissão. 
Em 1965, a Comissão empenhou-se nos preparativos para o que viria a se tornar, em 
1967, a Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher. Esta Declaração 
incluía em um único instrumento legal padrões internacionais que articulavam direitos iguais 
de homens e mulheres. A Declaração, entretanto, não se efetivou como um tratado. Apesar de 
sua força moral e política, ela não estabeleceu obrigações para os Estados. 
Em 1972, a Comissão sobre a Situação da Mulher considerou a possibilidade de organizar 
um tratado que conferisse força de lei à Declaração. Essa proposta foi impulsionada pelo 
Plano Mundial de Ação, adotado pela Conferência Mundial do Ano Internacional da Mulher, 
das Nações Unidas em 1975. Esse Plano pedia uma Convenção para a Eliminação da 
9 
 
Discriminação contra a Mulher, com procedimentos efetivos para sua implementação. Este 
trabalho também foi impulsionado pela Assembleia Geral, que declarou o período 1976-1985 
a Década das Nações Unidas para a Mulher. A Convenção para a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW) foi adotada pela Assembleia Geral em 
1979. Na resolução de adoção da Convenção, a Assembleia Geral demonstrou expectativas de 
que ela entrasse em ação em curto prazo. 
Nesse sentido, tanto as Nações Unidas quanto o sistema interamericano de direitos 
humanos decidiram adotar Convenções de direitos humanos que explicitassem as 
especificidades de diferentes sujeitos de direitos, como crianças, os membros de minorias 
étnicas e as mulheres. 
Foi neste cenário que foi aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, através 
da Resolução n. 34/180, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra a mulher em 18 de dezembro de 1979, sendo adotada no âmbito do 
sistema global. 
Até 24 de novembro de 2004, essa Convenção contava com 179 Estados-partes. 
Conquanto esse dado reflita a ampla adesão dos Estados a esta Convenção, esta enfrenta a 
contradição de ser o instrumento que recebeu o maio número de reservas formuladas pelos 
Estados, dentre os tratados internacionais de direitos humanos. 
Um número significativo de reservas concentrou-se na cláusula que diz respeito à 
igualdade entre homens e mulheres na família. Tais reservas foram justificadas baseadas na 
ordem religiosa, cultural ou mesmo legal, havendo países, como Bangladesh e Egito, que 
acusaram o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher de praticar 
“imperialismo cultural e intolerância religiosa”, ao infundir a idéia de igualdade entre homens 
e mulheres, até mesmo na família. 
Isso fortalece a concepção de quanto a implementação dos direitos humanos das 
mulheres está condicionada à dicotomia entre os espaços público e privado, que, em muitas 
sociedades, limita a mulher ao espaço restritivamente doméstico do lar. 
A Convenção é baseada na dupla obrigação de eliminar a discriminação e assegurar a 
igualdade. 
A Convenção sobre a Mulher define no seu art. 1º, a discriminação contra a mulher: 
10 
 
“Para fins da presente Convenção, a expressão „discriminação contra a mulher‟ 
significará toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou 
resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, 
independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos 
direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e 
civil ou em qualquer outro campo.” 
A Convenção trata de uma ampla gama de temas relacionados ao reconhecimento da 
igualdade de direitos entre homens e mulheres nas esferas política, econômica, social e 
familiar, além de reconhecer direitos relativos à capacidade civil, à nacionalidade, à 
seguridade social, à saúde, em especial à saúde reprodutiva, à habitação e às condições de 
vida adequadas, dentre outros. 
Ao ratificar a Convenção, os Estados-partes avocam o compromisso de, gradualmente, 
eliminar todas as formas de discriminação no que tange ao gênero, assegurando a efetiva 
igualdade entre eles. 
A Convenção retrata a ótica de que capacidades e exigências que decorrem de 
diferenças biológicas entre os gêneros devem também ser aceitas e ajustadas, sem suprimir a 
titularidade das mulheres à igualdade de direitos e oportunidades. 
Para tanto, a Convenção prevê a possibilidade de adoção de “ações afirmativas”, como 
importantes medidas a serem adotadas pelos Estados para tornar mais célere o processo de 
consecução da igualdade. São medidas compensatórias que visam remediar as desvantagens 
históricas de um passado discriminatório. Tais medidas cessarão quando alcançado o seu 
objetivo. 
Para acompanhar e avaliar a execução da Convenção pelos Estados-membros e os 
avanços conquistados na sua aplicação, as Nações Unidas criaram no texto desta Convenção, 
art. 17, um Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher. Por esta 
Convenção, os Estados-partes comprometeram-se a submeter ao Secretário Geral das Nações 
Unidas, 1 ano após a entrada em vigor da Convenção, um Relatório que evidencie o modo 
pelo qual estão implementando a Convenção e quais as medidas legislativas, administrativas e 
judiciárias, seguidas para tornar efetivo o seu conteúdo. A cada 4 anos esse Relatório deverá 
ser atualizado e, mais uma vez, apresentado para exame do Comitê. É a primeira vez que os 
11 
 
Estados têm que prestar contas a organismos internacionais da forma pela qual 
defendem os direitos das mulheres, permitindo o acompanhamento e a fiscalização 
internacional. 
Nesta seara, novos procedimentos devem ser adotados para fortalecer a 
implementação da igualdade das mulheres, bem como de seus direitos humanos. A 
Convenção será reforçada por um Protocolo Opcional, uma espécie de legislação processual 
que dinamiza o texto da Convenção, estabelecendo os procedimentos necessários para a 
apresentação de denúncias. 
Importa observar que a Convenção não enfrenta a temática da violência contra a 
mulher de forma explícita, embora essa violência constitua grave discriminação. 
Em 1993, foi adotada a Declaração sobre a Eliminação da Violência Contra a Mulher, 
o primeiro documento internacional de direitos humanos focado exclusivamente na violência 
contra a mulher.Esse documento afirma que a violência contra a mulher viola e degrada os 
direitos humanos da mulher em seus aspectos fundamentais de liberdade. Tal preceito rompe 
com a equivocada dicotomia entre o espaço público e o privado relativo à proteção dos 
direitos humanitários, declarando que a ofensa desses direitos não se restringe à esfera 
pública, mas também atinge o domínio privado. A Declaração estabelece ainda o dever dos 
Estados de condenar e eliminar a violência contra a mulher, não invocando qualquer costume, 
tradição ou consideração religiosa para afastar suas obrigações concernentes à eliminação 
dessa violência. 
A proteção internacional dos direitos humanos das mulheres foi reforçada pela 
Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993 e pela Declaração e Plataforma de Ação de 
Pequim de 1995, ao dar ênfase que os direitos das mulheres são parte inalienável, integral e 
indivisível dos direitos humanos universais. Nessa ótica, não há como imaginar os direitos 
humanos sem a plena observância dos direitos das mulheres. 
Na esfera internacional, a Conferência de Viena, em 1993, reafirmou o mérito do 
reconhecimento universal do direito à igualdade relativa ao gênero, rogando pela ratificação 
universal da Convenção sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres. 
Finalmente, em 12 de março de 1999, a 43ª sessão da Comissão do Status da Mulher 
da ONU concluiu o Protocolo Opcional à Convenção sobre a Eliminação de todas as formas 
de Discriminação contra a Mulher. O Protocolo estabeleceu dois mecanismos de 
12 
 
monitoramento: a) o mecanismo da petição, que permite o encaminhamento de denúncias de 
violação de direitos enunciados na Convenção à apreciação do Comitê sobre a Eliminação da 
Discriminação contra a Mulher; e b) um procedimento investigativo, que habilita o Comitê a 
investigar a existência de grave e sistemática violação aos direitos humanos das mulheres. 
Para acionar estes mecanismos de monitoramento, é indispensável que o Estado tenha 
ratificado o Protocolo Opcional. 
O Protocolo entrou em vigor em 22 de dezembro de 2001. 
Medidas de prevenção 
A Convenção da Mulher deve ser tomada como parâmetro mínimo das ações estatais 
na promoção dos direitos humanos das mulheres e na repressão às suas violações, tanto no 
âmbito público como privado. A CEDAW é a grande Carta Magna dos direitos das mulheres 
e simboliza o resultado de inúmeros avanços – em termos de princípios, normas e políticas – 
construídos nas últimas décadas, em um grande esforço global de edificação de uma ordem 
internacional de respeito à dignidade de todo e qualquer ser humano. 
Os Estados-parte tem o dever de eliminar a discriminação contra a mulher por meio da 
adoção de medidas legais, políticas e programáticas. Essas obrigações se aplicam a todas as 
esferas da vida, a questões relacionadas ao casamento e às relações familiares e incluem o 
dever de promover todas as medidas apropriadas visando eliminar a discriminação conta a 
mulher praticada por qualquer pessoa, organização, empresa e pelo próprio Estado. 
 
13 
 
4. A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 
contra a Mulher 
Em 1993 foi adotada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU a 
Declaração sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher. Foi a partir da definição dada 
por tal instrumento ao termo “violência contra a mulher” [2] que o problema passou a ser 
tratado como específico. Segundo Flávia Piovesan[3] a definição dada por tal instrumento 
internacional à violência contra a mulher “rompe com a equivocada dicotomia entre o espaço 
público e o privado, no tocante à proteção dos direitos humanos, reconhecendo que a violação 
destes direitos não se reduz à esfera pública, mas também alcança o domínio privado”. 
A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher 
– Convenção de Belém do Pará foi editada pela Organização dos Estados Americanos – OEA 
em 1994 e ratificada pelo Estado brasileiro em 1995. Este instrumento é de grande relevância, 
na medida em que foi uma das reivindicações dos movimentos de mulheres e feminista 
durante muito tempo. 
A Convenção de Belém do Pará é o primeiro tratado internacional de proteção aos direitos 
humanos das mulheres a reconhecer expressamente a violência contra a mulher como um 
problema generalizado na sociedade. Veja o que diz parte do Preâmbulo do instrumento em 
comento: 
“A Assembleia Geral preocupada porque a violência em que vivem muitas mulheres na 
América, sem distinção de raça, classe, religião, idade ou qualquer outra condição, é uma 
situação generalizada. Convencida da necessidade de dotar o sistema interamericano de um 
instrumento internacional que contribua para solucionar o problema da violência contra a 
mulher” 
A Convenção afirma ainda, que a violência contra a mulher traduz uma grave violação aos 
direitos humanos e à ofensa à dignidade humana, constituindo-se em uma forma da 
manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres. Desse 
modo, a violência contra a mulher constitui-se em um padrão de violência específico, baseado 
no gênero, que cause, morte dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher. 
 
Os Estados Partes da presente Convenção reconhecendo que o respeito irrestrito aos 
Direitos Humanos foi consagrado na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do 
14 
 
Homem e na Declaração Universal dos Direitos Humanos e reafirmado em outros 
instrumentos internacionais e regionais; Afirmando que a violência contra a mulher constitui 
uma violação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e limita total ou 
parcialmente à mulher o reconhecimento, gozo e exercício de tais direitos e liberdades; 
Preocupados porque a violência contra a mulher é uma ofensa à dignidade humana e uma 
manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e homens; 
Recordando a Declaração sobre a Erradicação da Violência contra a Mulher, adotada pela 
Vigésima Quinta Assembleia de Delegadas da Comissão Interamericana de Mulheres, e 
afirmando que a violência contra a mulher transcende todos os setores da sociedade, 
independentemente de sua classe, raça ou grupo étnico, níveis de salário, cultura, nível 
educacional, idade ou religião, e afeta negativamente suas próprias bases; 
Convencidos de que a eliminação da violência contra a mulher é condição indispensável 
para seu desenvolvimento individual e social e sua plena igualitária participação em todas as 
esferas da vida e 
Convencidos de que a adoção de uma convenção para prevenir, punir e erradicar toda 
forma de violência contra a mulher, no âmbito da Organização dos Estados Americanos, 
constitui uma contribuição positiva para proteger os direitos da mulher e eliminar as situações 
de violência que possam afetá-las. 
15 
 
5. Principais aspectos da Lei Maria da Penha 
 A Lei Maria da Penha estabelece que todo o caso de violência doméstica e intrafamiliar é 
crime, deve ser apurado através de inquérito policial e ser remetido ao Ministério Público. 
Esses crimes são julgados nos Juizados Especializados de Violência Doméstica contra a 
Mulher, criados a partir dessa legislação, ou, nas cidades em que ainda não existem, nas Varas 
Criminais. 
A lei também tipifica as situações de violência doméstica, proíbe a aplicação de penas 
pecuniárias aos agressores, amplia a pena de um para até três anos de prisão e determina o 
encaminhamento das mulheres em situação de violência, assim como de seus dependentes, a 
programas e serviços de proteção e de assistência social. 
Em vigor desde o dia 22 de setembro de 2006, a Lei Maria da Penha dá cumprimento àConvenção para Prevenir, Punir, e Erradicar a Violência contra a Mulher, a Convenção 
de Belém do Pará, da Organização dos Estados Americanos (OEA), ratificada pelo Brasil em 
1994, e à Convenção para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a 
Mulher (Cedaw), da Organização das Nações Unidas (ONU). 
Para garantir a efetividade da Lei Maria da Penha, o Conselho Nacional de Justiça 
trabalha para divulgar e difundir a legislação entre a população e facilitar o acesso à justiça à 
mulher que sofre com a violência. Para isso, realiza esta campanha contra a violência 
doméstica, que focam a importância da mudança cultural para a erradicação da violência 
contra as mulheres. 
Entre outras iniciativas do Conselho Nacional de Justiça com a parceria de diferentes 
órgãos e entidades, destacam-se a criação do manual de rotinas e estruturação dos Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as Jornadas da Lei Maria da Penha e o 
Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid). 
 Principais inovações da Lei Maria da Penha 
 Os mecanismos da Lei: 
• Tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher. 
• Estabelece as formas da violência doméstica contra a mulher como física, psicológica, 
sexual, patrimonial e moral. 
16 
 
•Determina que a violência doméstica contra a mulher independa de sua orientação 
sexual. 
• Determina que a mulher somente possa renunciar à denúncia perante o juiz. 13 
• Ficam proibidas as penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas). 
• Retira dos juizados especiais criminais (Lei n. 9.099/95) a competência para julgar os 
crimes de violência doméstica contra a mulher. 
• Altera o Código de Processo Penal para possibilitar ao juiz a decretação da prisão 
preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher. 
 • Altera a lei de execuções penais para permitir ao juiz que determine o comparecimento 
obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação. 
• Determina a criação de juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a 
mulher com competência cível e criminal para abranger as questões de família decorrentes da 
violência contra a mulher. 
• Caso a violência doméstica seja cometida contra mulher com deficiência, a pena será 
aumentada em um terço. 
 A autoridade policial: 
• A lei prevê um capítulo específico para o atendimento pela autoridade policial para os 
casos de violência doméstica contra a mulher. 
• Permite prender o agressor em flagrante sempre que houver qualquer das formas de 
violência doméstica contra a mulher. 
• À autoridade policial compete registrar o boletim de ocorrência e instaurar o inquérito 
policial (composto pelos depoimentos da vítima, do agressor, das testemunhas e de provas 
documentais e periciais), bem como remeter o inquérito policial ao Ministério Público. 
• Pode requerer ao juiz, em quarenta e oito horas, que sejam concedidas diversas medidas 
protetivas de urgência para a mulher em situação de violência. 
 • Solicita ao juiz a decretação da prisão preventiva. 
 
 
17 
 
O processo judicial: 
• O juiz poderá conceder, no prazo de quarenta e oito horas, medidas protetivas de 
urgência (suspensão do porte de armas do agressor, afastamento do agressor do lar, 
distanciamento da vítima, dentre outras), dependendo da situação. 
• O juiz do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher terá competência 
para apreciar o crime e os casos que envolverem questões de família (pensão, separação, 
guarda de filhos etc.). 
 • O Ministério Público apresentará denúncia ao juiz e poderá propor penas de três meses a 
três anos de detenção, cabendo ao juiz a decisão e a sentença final. 
 
18 
 
Considerações Finais 
O processo de internacionalização dos direitos humanos contribuiu para a universalidade e 
indivisibilidade da noção desses direitos, registrados em tratados, conferências, convenções, 
declarações e decisões das cortes internacionais e, desse modo, teceu a atual idéia de uma 
cidadania universal. Merece destaque o papel político desempenhado pelo movimento de 
mulheres, tanto no plano externo como no plano interno, em todo o processo histórico de 
construção dos direitos humanos da mulher. 
A Conferência e as convenções internacionais aqui mencionadas - Conferência Mundial 
dos Direitos Humanos de Viena (1993); Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas 
de Discriminação Contra a Mulher (1979); e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir 
e Erradicar a Violência Contra a Mulher (1994) -, foram fundamentais para a 
internacionalização dos direitos humanos da mulher, bem como, para elaboração da Lei Maria 
da Penha. 
Embora a Lei Maria da Penha constitua um avanço histórico-jurídico e sócio-político na 
concretização da internacionalização dos direitos humanos da mulher no plano interno, a 
efetividade desses direitos em sua totalidade, ainda demanda instrumentos/mecanismos 
jurídicos e legais com aplicabilidade direta que permitam à mulher garantir a sua dignidade 
humana, bem como, a conscientização/envolvimento da sociedade brasileira para mudança da 
mentalidade/comportamentos discriminatórios contra a mulher. 
A Lei Maria da Penha (11.340/06) foi criada com o intuito de proteger as vítimas de 
agressões domésticas, bem como punir os seus agressores e realizar ações para combater essa 
prática criminosa. 
A violência contra a mulher hoje em dia conta como uma das maiores violações contra os 
Direitos Humanos. Vemos que o CEJIL-Brasil (Centro para a Justiça e Direito Internacional) 
e o CLADEM-Brasil (Comitê Latino-Americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da 
Mulher), foram muito importantes na luta de Maria da Penha, encaminhando juntos em 1998, 
à Comissão Internacional dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos 
(OEA) uma petição contra o Estado brasileiro em relação a violência domestica que a mesma 
sofreu. Com isso, tendo que ser feita uma legislação adequada para esse tipo de violência e 
assim ajudando muitas outras mulheres que sofrem por conta disso. E hoje podendo ser 
encontrada na lei 11.340/06 que a mesma segue o seu nome.

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