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COTIDIANO GUARANI APÓS O FIM DAS REDUÇÕES JESUÍTICAS

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SUMÁRIO
1-TEMA-------------------------------------------------------------------------------------04
1.2- RESUMO-----------------------------------------------------------------------------04
2. JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO------------------------------05
2.1- O GUARANI EM SEU COTIDIANO-------------------------------------------05
2.2- O LEGADO JESUÍTA E A IDENTIDADE GUARANI----------------------08
3- SÉRIE/ANO PARA O QUAL O PROJETO SE DESTINA-----------------11
4- OBJETIVOS---------------------------------------------------------------------------11
5- PROBLEMATIZAÇÃO--------------------------------------------------------------12
6- CONTEÚDOS CURRICULARES-------------------------------------------------13
7- O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO------------------------------------13
8- TEMPOS PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO-----------------------------15
9- RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS---------------------------------------15
10- AVALIAÇÃO-------------------------------------------------------------------------15
1-TEMA: 
O USO DE FONTES HISTÓRICAS E DAS TECNOLOGIAS PARA COMPREENDER O COTIDIANO GUARANI APÓS O FIM DAS REDUÇÕES JESUÍTICAS 
2- JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO
	
	Alicerçado na obra de Saint-Hilaire Viagem ao Rio Grande do Sul, procuramos retirar o Guarani de um esconderijo histórico, pois a historiografia atual não aborda muito sobre esse período, para que o aluno de Ensino Médio possa buscar a reflexão através de pesquisa histórica em fontes materiais, abundantes em nossa região, a saber as imagens sacras em miniatura do Museu Monsenhor Stanislau Wolski, e das tecnologias; vídeos na internet, reportagens e fragmentos de textos, utilizando os aparelhos multimídias disponíveis ao trabalho pedagógico.
	O fato de a história só mostrar os jesuítas e sua obra evangelizadora, mas pouco dizer sobre o índio que foi um elemento agenciado, isto é, que sofreu esta ação. La Salvia( 1987) levanta um questionamento acerca do destino, ou do que se tornou o índio depois disso, preocupação que deve ser sanada em sua visão somente pela Arqueologia, em uma pesquisa metódica, lenta e gradual. 
2.1- O GUARANI EM SEU COTIDIANO
	É oportuno retrocedermos, ao inicio da colonização, Vaifas(2001) propõe que no Brasil, desde cedo os religiosos, sobretudo, os jesuítas, destacavam a humanidade dos índios e sua disposição para cristianização. Porém muitos repetiam à farta, fossem leigos ou religiosos, que os índios não pronunciavam as letras f, l e r porque não tinham fé, nem lei, nem rei. Diante da nudez, do canibalismo e de outras manifestações denominadas feitiçaria, os Jesuítas tinham certa ressalva quanto ao sucesso da quatequização. Para os colonos, no entanto, os índios não passariam de selvagens e bárbaros, seres inferiores vistos pelos europeus quase como animais o que justificava seu apresamento.
Julio Quevedo nos remete a uma comovedora narração no final do século XVIII, que nos possibilita obter a dimensão dos problemas sociais em que se encontravam os nativos:
A fome, a desorganização politico-administrativa impeliam centenas de guarani-missioneiros que sem direção, invadiam as fazendas à procura de alimentação O medo tomava conta dos brancos, e estes íam buscar refúgio junto ao governandor do Continete do Rio Grande de São Pedro. Este põe a milícia portuguesa no mato, a fim de prear os índios( QUEVEDO. 1998. Pg.13).
	Segundo Quevedo A ordem dada pelo governador era capturar os índios, nem que fossem mortos, pois, afinal, na concepção dos brancos os índios eram bárbaros, o que por si só, justificava qualquer ação, pois eram vistos como desordeiros inimigos do gênero humano, ou seja, dos princípios sociais. Estes fatos ocorriam com frequência durante os anos finais do século XVIII, a situação paupérrima dos Guaranis após o dirigismo jesuítico, ainda persiste até hoje. 
	 Por Saint-Hilaire, os relatos sobre a vida do índio missioneiro é fruto de sua aguçada observação do meio em que percorria o que possibilita uma viagem mental que nos remete ao passado. Iremos nos deter nos capítulos XVI e XVII de Viagem ao Rio Grande do Sul, onde percorre a região missioneira,. Nos dois capítulos que iremos investigar Saint- Hilaire descreve sucintamente a vida do índio. 
Sobre a fisionomia do Guarani:
			
 Os guaranis são de estatura média; têm a pele bronzeada, cabelos pretos e muito finos; e geralmente feios. Os traços e a estrutura de seus corpos apresentam, em geral, as características da raça americana; mas o que me parece distingui-los particularmente como tribo é o comprimento do nariz e a suavidade de suas fisionomias. As mulheres têm o rosto extremamente achatado. As rugas da velhice são mais pronunciadas que em nossa raça. (Saint-Hilaire, 2002,) 
	A todo o momento durante a passagem pela nossa região o Botânico usa de comparativos entre índios, europeus e seus descendentes, carregado de preconceito étnico, seus relatos devem ser analisados e contextualizados, levando em conta se tratar de um europeu em solo estranho a seus costumes e valores.
	Antes de chegar a São Borja ás margens do Rio Butuí, onde fica atualmente o município de Itaqui, ao se deparar com índias, relata que foram banhar-se desnudas nas margens do rio e que em nenhum momento ficaram constrangidas por estarem sendo observadas, pelos empregados de Saint-Hilaire:
Não fazem outra coisa, além de andar à toa e dormir. À tarde dançaram com meus empregados e não foi difícil adivinhar de que modo o dia acabou. A castidade, que nos faz resistir aos mais violentos desejos, é de todas as virtudes aquela que mais exige a idéia obsessiva do futuro gravada em nossa alma. Como, pois, poderiam as índias serem castas, se para elas o amanhã quase não existe?( Saint-Hilaire. 2002 pg. 328)
	 Ao chegar a São Borja, o autor descreve um cenário militar, a antiga escola Jesuítica fora transformada em quartel, os Guaranis, homens em idade militar servem ao exército. O que deixa os campos e plantações ao acaso sendo que por conta do serviço não podem cultivar a terra. Saint-Hilaire ao participar de uma missa constata a precisão do cântico das crianças guaranis, e da extrema perfeição da banda do exército composta por índios, salienta que os Jesuítas como antigos legisladores se valiam da música para suavizar os costumes dos índios.
 	
Por que essa gente demonstra pela arte musical grande despendores. Como os índios não ouviam o som dos instrumentos, pelos quais eram apaixonados, senão nas cerimônias religiosas, logo adotaram a música como parte essencial do culto divino. Ela lhes fez amar as cerimônias religiosas, tornando-os cristãos tanto quanto podiam ser. Após a expulsão dos jesuítas, o gosto pelos instrumentos persistiu entre os guaranis, por assim dizer sem mestres; continuaram a aprender música que talvez tenha contribuído tanto para fazê-los soldados, como outrora cristãos. (SAINT-HILAIRE. 2002. Pg. 331).
Saint-Hilaire(2002) descreve a situação de total descaso em que a região se encontrava, após a expulsão dos jesuítas, sobre a administração portuguesa, nada houve de melhor, quando os portugueses apoderaram-se da margem esquerda do rio Uruguai. Os índios já não eram os mesmos tinham perdido quase que inteiramente os hábitos de origem jesuítica, haviam regredido a barbárie, e talvez, não se pudesse fazer mais nada para impedir sua decadência, que segundo ele, se mostrava extremamente acelerada.
 	O viajante observa e concebe o Guarani como sujeito alheio a civilização, por esta estar fundada inteiramente na ideia do futuro o que lhes é absolutamente estranha, uma vez cercados de homens, civilizados, não pode retornar a vida selvagem. Vivem em condições pior, uma vez que perderam a inocência, característica dos seusantepassados, não possuindo qualidades necessárias a vida em sociedade, são obrigados a nela permanecer. 
É verdade que, mesmo no estado atual, ele quase não desfruta conforto. Podendo partilhar com uma companheira sua choupana mal construída e pior cuidada, possuindo alguns farrapos, vendo um pedaço de carne suspenso ao seu teto, tendo sua cuia cheia de mate, será mais feliz que o mais rico e poderoso branco, rodeado de bajuladores e atraído pelas seduções. Contudo, esse mínimo conforto é suficiente para prendê-lo a uma sociedade, que tende a destruí-lo; pois, para poder matar sua fome, é preciso que ele trabalhe, que se submeta e se deixe oprimir. ( Saint-Hilarie. 2002. Pg 302).
	Segundo Paulo Rogério Melo de Oliveira seria ingenuidade aceitar prontamente a visão do viajante francês, sem uma rigorosa sessão de analise, tendo em vista que seu discurso é pautado no eurocentrismo. Trata-se de situá-lo e historicizá-lo para extrairmos o melhor, interessa saber, que não lhe passou despercebida às condições deploráveis as quais os Guaranis se encontravam no dado período. Para Oliveira, no entanto a vulgaridade a bronquice e a facilidade com que as índias se entregavam aos homens espantaram o visitante, que trazia em sua bagagem um sólido referencial sobre o comportamento feminino. (Oliveira. 1994. Pg. 111). No topo do implacável arranjo étnico estariam as francesas, mulheres brancas, educadas, e refinadas o que significaria civilidade, abaixo das francesas estão as mulheres brancas da Capitania, não tão educadas mas graciosas e brancas embora não possam se comparar as francesas. E bem abaixo as “desgraçadas”, por não serem agraciadas por Deus com a brancura e os traços europeus, estão as infelizes guaranis. (Oliveira. 1994. Pg 112).
	Oliveira ainda salienta que a pilhagem e a perda do pudor eram as alternativas de sobrevivência ditadas pela necessidade do cotidiano em meio à guerra. É possível que o fato de as índias se entregarem a prostituição em tenra idade poderia significar um teto para morar ou a garantia de alimentação, de todas as mulheres da colônia as índias eram as mais destituídas.
	Em sua passagem pela Estância Itaroquem relata que foi outrora pertencente às reduções de São Nicolau. Interessa para o projeto essa localidade por se tratar de patrimônio de nossa cidade Santo Antônio das Missões, a Estância ainda conserva o mesmo nome, e é conhecida pelos vestígios de construção jesuítica como descreve:
As construções dessa estância são consideráveis; a capela, sobretudo, muito grande. Existem aqui índios e brancos que fazem parte daqueles que atravessaram ultimamente o Uruguai; à noite, põem-se a dançar com as índias, enquanto um deles toca violão e canta, segundo o costume, com voz lamentável. (Saint-Hilaire. 2002. Pg 351). 
		
	
2.2- O LEGADO JESUÍTA E A IDENTIDADE GUARANI
 	
	“Jaqueline Ahlert “em “ O acervo de miniaturas missioneiras: Museu Estanislau Wolski” nos possibilita compreender a capacidade e talento artístico do Guarani, uma vez estimulado pelo jesuíta foi capaz de produzir imensa riqueza imagética. A origem do acervo segundo Ahlert são produto da memória oral dos moradores de Santo Antônio das Missões. 
Então os primeiros povoadores, os primeiros a ganharem sesmarias aqui nesta região chamada Rincão do Camaquã, eram umas trinta famílias, começaram a levar para casa estátuas, para protegê-las. Foram essas famílias de sesmeiros que salvaram o acervo que hoje está aqui. No museu. (MARQUES. 2006. Apud Ahlert. 2008).
	O Museu de Santo Antônio das Missões foi inaugurado no ano de 1977, essas imagens sacras, missioneiras do período Barroco, foram restauradas juntamente com o prédio do Museu. Ainda Ahlert em seu estudo sobre os Guaranis, enfatiza que era costume de utilizar imagens em miniatura, em viagens principalmente em batalhas, pelo seu volume mínimo, era fácil carregá-las por onde quer que fosse. 
	Neste sentido nos valemos de Marilda Oliveira de Oliveira, onde tenta explicar o processo de catequização como híbrido, fruto da interculturalidade, uma vez , que a própria arte estatutária missioneira é assim considerada, pois o Guarani não familiarizado com o modelo europeu, recorra a imagem nos termos familiares ,a esquemas visuais e estereótipos correntes de sua própria cultura.( OLIVEIRA. 2006. Pg. 72). 
	De encontro com esse pensamento Albiazzetti(2009) diz que na visão de Levi-Strauss, a humanidade tende a preservar sua diversidade cultural, ainda que exista o risco de imposição de umas sociedades sobre as outras. Quanto ao risco de algumas culturas tribais desaparecerem em função do contato com as sociedades maiores, afirma que nenhuma cultura desaparecerá totalmente, pois irão se misturar com outras formando uma nova cultura.
		Magalhães citado por Castelo Branco e da Silva compreende que embora o convívio entre estas culturas viesse ocorrendo por um longo período, por cerca de dois séculos, os nativos mantinham sua identidade, forçando os jesuítas a buscarem outros meios para concretizar a conversão. Os nativos encontrariam ainda, no decorrer dos anos, outros meios de manutenção ética, o que possibilitou a perpetuação de nações indígenas até os dias de hoje. 
		No entanto, as comunidades Guaranis que hoje existem foram reduzidas a uma pequena parcela da população, por conta da ganância dos colonizadores, Lugon(1977) em seu trabalho denominado República “Comunista” Cristã dos Guaranis, aborda a questão das divisões, ou ainda a ausência destas quando diz que todo solo pertencia à comunidade e era indivisível, os bens comuns, a ambição e avareza seriam vícios desconhecidos em meio aos Guaranís no período das Reduções Jesuíticas, Lugon compara a sociedade cristã com uma sociedade comunista ou ainda o mais próximo que se pode chegar,um verso latino do padre Jaime Vaniere disposto em seu livro compara a Sociedade Guarani com uma colmeia de abelhas:
Aequa pares inter sunt omnia
Tôdas as coisas são iguais entre iguais
...Homine proprium qui nil potiuntur
Et usu cuncta tenent.
Homens que nada possuem de próprio e de tudo dispõem.
	Embora os jesuítas, usassem de meios estratégicos para controlá-los, as Reduções foram o que mais perto se chegou de uma sociedade, igualitária, talvez pelos padres terem somente a concepção de que estavam salvando essa gente, condenada a costumes bárbaros. No entanto séculos se passaram e sabemos que a missão dos Jesuítas foi à única tentativa realmente sócio humanitária que tentou fixar o indígena em um espaço na sociedade, ademais, a preocupação atualmente é somente com o patrimônio oriundo das reduções, O indígena assiste passivamente sua história ser contada por descendentes de europeus. 
	 Durante o IX Simpósio Nacional de Estudos Missioneiros Juvino Pchô Sales em um desabafo, afirma que a história do povo indígena brasileiro remonta tempos milenares, e que os colonizadores com a cruz e a espada, usando o nome de Deus subjugaram muitos de seu povo:
A consequência disso tudo está aí. Estamos correndo o risco de submissão, há fome e miséria e as comunidades indígenas divididas. O Governo Brasileiro impõe uma política de dominação cultural e religiosa e utiliza os meios de comunicação dizendo que há um entendimento nacional, que estão construindo a democracia. (SALES. 1991).
	O índio Juvino recorda que as escolas em que os indígenas estudam procuram de toda maneira fazê-los crer em coisas que não são de sua realidade, a preocupação vigente é com certeza relativa ao destino dos índios missioneiros, Kaigang e Guaranis do Sul do Brasil. Correm o mesmo risco de desaparecer, não através de espada ou arma de fogo, mas segundo Pchô Sales por uma política indigenista imposta e pelas ideologias religiosas que tentam negar o seu direito de existir e de traçar o próprio caminho:
	Diante desse quadro desagregador, nós indígenas Kaigang e Guarani sofremos perdas de nossos recursos naturais, esvaziamento cultural insistente, negativa ao respeito às nossas tradições e o que é importante, o desmatamento,o empobrecimento da terra: nossa mãe.( Sales. 1991)
	Torna-se possível uma observação mais detalhada por meio do depoimento do indígena, diante de tantas contestações, acreditou ser possível desenvolver um Projeto de Ensino.
	Nossa proposta é oportunizar ao aluno de Ensino Médio, as ferramentas investigativas, somente como norteador de um processo de construção, usar as metodologias que iremos julgar aplicáveis, apresentar os fragmentos de textos do autor Saint-Hilaire e Julio Quevedo em slides, juntamente com o depoimento do índio Juvino Pchô Sales, usar vídeos produzidos pela RBS TV, que proporcionam ao aluno uma visão regional dos acontecimentos, também o vídeo da internet “República Guarani”, e visita ao museu local, Monsenhor Stanislau Wolski, no intuito de mostrar ao aluno que a história do índio missioneiro, está intimamente ligada com sua própria história. .
	Segundo Ana Paula Rocha de Andrade as tecnologias como a internet e o computador são mecanismos de comunicação, informação e expressão sendo que os educadores devem levar em conta que que as relações estão se modificando por influencia das tecnologias uma vez que:
O desenvolvimento cognitivo do ser humano está sendo mediado por dispositivos tecnológicos, onde as novas tecnologias da informação e comunicação estão ampliando o potencial humano. Observa-se que a informação se disponibiliza através de tecnologias cada vez mais inovadoras, o que demanda novas formas de se pensar, agir, conviver e principalmente aprender com e através dessas tecnologias. (ANDRADE, 2011).
	Sendo assim é apropriado que usemos a internet como ferramenta de apoio em nosso trabalho, as redes sociais, especialmente o facebook, formando um grupo com os alunos para que postem comentários, e produções textuais, aproveitando que estão totalmente familiarizados com esse mecanismo.
	Quanto às fontes históricas, a proposta é utilizar as imagens sacras em estilo Barroco existente no Museu da cidade, juntamente com as urnas funerárias, arco e flecha do período anterior a colonização. Sobre o uso de fontes históricas:
O professor ao se utilizar da fonte histórica não a utiliza como os historiadores na academia, mas com o objetivo de levar o aluno a perceber como se constitui a história, como os conteúdos históricos se contextualizam com essa fonte. A fonte torna-se então, uma ferramenta psicopedagógica que poderá certamente auxiliar o professor na difícil tarefa de estimulação do imaginário do aluno na aprendizagem da história.(XAVIER,s/d).	
	Nesse caso contando que a observação dos objetos do museu aguçará a percepção de passado, nos alunos, esperamos que a partir de comparações entre os períodos, os alunos possam perceber as mudanças e permanências após a chegada dos europeus. Ao analisar a urna funerária existente no museu, podemos informar aos alunos que este objeto era parte do ritual de morte dos Guaranis, os índios eram postos em posição fetal, para voltarem para o ventre da mãe terra. Após a chegada dos europeus os índios passaram a serem enterrados em cemitérios. 
As fontes históricas assumem um papel fundamental na prática do ensino de história, uma vez que são capazes de ajudar o aluno a fazer diferenciações, abstrações que entre outros aspectos é uma dificuldade quando tratamos de crianças e jovens em desenvolvimento cognitivo. No entanto, diversificar as fontes utilizadas em sala de aula tem sido o maior desafio dos professores na atualidade (FONSECA, 2005, p.56). 
 Concordando com Fonseca, a ideia é promover o despertar da curiosidade dos alunos acerca dos acontecimentos que refletem a simbologia embutida nos artefatos do museu. As imagens sacras missioneiras refletem a religiosidade, imposta ao índio que era politeísta. A partir das imagens que possuem geralmente a face dos santos com características indígenas, podemos levar o aluno a vários questionamentos sobre a identidade do Guarani, a mudança de suas crenças e a produção de arte através do artesanato e a música. 
3- SÉRIE/ANO PARA O QUAL O PROJETO SE DESTINA
	O Projeto se destina ao 2º ano do Ensino Médio.
4- OBJETIVOS
Ao final o aluno deverá ser capaz de:
Observar as mudanças e permanência que permearam a cultura Guarani após contato com europeus
Identificar os fatos que levaram a marginalização social dos os índios missioneiros.
Reconhecer na figura do índio o sujeito social, capaz de ser modificado e modificar a sociedade.
5- PROBLEMATIZAÇÃO
	A problematização implica em que o professor não deve reduzir à abordagem do conhecimento histórico a mera transmissão de eventos, é preciso em um primeiro momento levar em conta o conhecimento prévio do aluno, fazer uma sondagem, para conhecer os conceitos, pré-conceitos e visão geral sobre o assunto. Para dar conta da necessidade de fontes, e como iremos conduzir o processo, para que se torne mais claro o nossa intensão, disponibilizamos a aula no endereço https://www.facebook.com/groups/473976062733210/. 
	Hipoteticamente, imaginamos que os alunos conheçam bem a História das Missões, dos Sete Povos. Novo para eles deve ser a vida do Guarani após esse período. Depois de examinarmos esses conhecimentos, ou essa bagagem estudantil, inserimos o assunto. A questão que abordamos é porque os Guaranis vivem hoje as margens da sociedade, que fatos históricos contribuíram para que eles não possuam mais suas terras.
	Como eles vivem hoje, de que forma a educação chega até eles, será que esse modelo governamental da conta das necessidades de um povo que tem uma cultura distinta à nossa? Com todos esses questionamentos e material de pesquisa, as tintas estão disponíveis, basta que os alunos pintem a tela, ou seja, estabeleçam relações, construam pontes conceituais, e desenvolvam o conhecimento tendo o professor como mediador desse processo.
	A problematização irá acontecer a todo o momento que for oportuno no desenvolver do projeto, será possível levantar questionamentos, hipóteses quando ao destino dos Guaranis, se outras medidas fossem tomadas anteriormente. 
	 A partir das observações, podemos também dar ênfase a história das mulheres Guaranis, pois são elas que, sempre vemos vendendo seus produtos artesanais, ou o que é pior, na mendicância. 
	O índio Guarani, principalmente entre março e abril, expõe seus produtos por todas as cidades missioneiras, também a macela, ou para nós “marcela”, planta medicinal que tem em sua colheita a tradição de ser apanhada na sexta-feira santa. A problematização em torno dessa observação é se os rendimentos dessas atividades proporcionam ao Guarani capacidade de sustento, dessas famílias. 
	É de se esperar que os alunos tenham uma visão estereotipada dos índios missioneiros, por andarem mal trapinhos às vezes sujos, com cabelos desgrenhados. Sua cultura, no entanto deve ser vista a distância não levando em conta o referencial de nossa própria cultura. O questionamento entorno dessa observação é de que devemos novamente salvar o Guarani? Modificando seu modo de vida. Será que vivem dessa forma porque são preguiçosos, não esperando nada da vida além de sua subsistência garantida pelo governo.
	Dessa forma pretendemos extrair ou trazer a tona todo preconceito, intrínseco de forma mascarada nos alunos e em todos nós, o que levará a reflexão acerca de nossos próprios conceitos, pois, a partir de uma temática conflituosa, somos modificados e modificamos, melhoramos, crescemos, e produzimos conhecimento. 
6- CONTEÚDOS CURRICULARES
	A partir dos questionamentos levantados, iremos trabalhar a História Regional, especificamente a do Guarani. Para que o aluno entenda e se situe no tempo/espaço não deixaremos de relatar os acontecimentos mundiais, os quais desencadearam o processo de desestruturação das Missões. A colonização, Reforma Protestante e a Contrarreforma são elementos importantes, para que o aluno entenda que tanto a catequização quanto o abandono a que os Guaranis foram submetidos faz parte de um processo complexo, de divergências e decisões entre duas coroas.Interessa para o projeto dar conta dos questionamentos acerca da identidade Guarani, seu lugar na sociedade atual, para isso, devemos nos distanciar de nossa própria cultura para que possamos entendê-los, compreender seu modo de vida como manifestação cultural, modificada, mas que ainda carrega traços de uma cultura milenar. 
7- O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
	O primeiro encontro com os alunos deve ser de sondagem, observar os conhecimentos prévios, após introduzir o assunto, o aluno deve também se situar no espaço e no tempo dos acontecimentos, relacionar a vida Guarani com os acontecimentos mundiais da época.
	Para isso usaremos uma apresentação de Slides, fragmentos de Saint-Hilaire e Julio Quevedo serão de extrema valia no que tange o inicio do processo, expondo a visão de Saint-Hilaire sobre as mulheres Guaranis, intencionalmente, queremos saber dos alunos como eles próprios veem essas mulheres. E a situação de miserabilidade a qual o autor descreve a sorte dos indígenas.
A todo instante os alunos poderão interromper e fazer exposições, estabelecer comparativos, concordar ou discordar, com o que está sendo proposto.
	Em um segundo momento, sugerimos uma visita ao Museu Municipal Monsenhor Estanislau Wolski de nossa cidade, onde se encontra a coleção de miniaturas de imagens missioneiras, uma urna funerária, entre outros artefatos dos índios Guaranis antes e após o contato com os Jesuítas. O objetivo é que os alunos possam reconhecer nessas peças, o cotidiano do Guarani, as mudanças e permanências no decorrer do tempo.
	O próprio Museu é uma estrutura que imita uma construção do período missioneiro, construída com pedra Itacuru, e cercada com alpendres, é uma réplica de uma moradia das reduções jesuíticas. De volta à escola, a sugestão é que possamos a partir dos fragmentos de texto e das observações no museu compreender as modificações sofridas pelos Guaranis. Para auxiliar esse entendimento nos valemos do vídeo “República Guarani” de Sylvio Back, disponível no Site http://www.youtube.com/watch?v=dzTiANMxaBI, onde aborda a questão dos índios antes nômades, serem inseridos em povoados, e ficar restrito ao tempo do relógio, o que acarreta em uma ruptura de tempo. Back diz que os índios deveriam produzir, e a introdução do sentido de tempo iria ajudar nesse processo. 
	No próximo encontro apresentamos o video “Debate para discutir os problemas dos índios Guarani” Apresentado pelo Jornal do almoço da RBS TV, disponível no Site: http://globotv.globo.com/rbs-rs/jornal-do-almoco/v/debate-para-discutir-osproblemas-dos-indios-guarani/2520260/. 
	Esse vídeo mostra o encontro de Guaranis de varias regiões do país e a movimentação em busca de melhorias para suas comunidades, a aldeia Alvorecer em São Miguel das Missões possui 240 hectares, sendo que vivem 210 Guaranis, uma área relativamente pequena para que seja cultivada.
	Nesse momento os alunos já se encontram com uma bagagem de informações, é o momento para que grupos sejam formados, e se abra discussões, acreditamos que nesse momento questões sobre identidade, marginalização social e educação, possam ser problematizados. Possuímos dados e depoimentos, a reflexão deve girar em torno da preservação do modo de vida Guarani, que corre o risco de se perder.
	Outro vídeo relevante para o nosso projeto e sobre a participação dos índios de São Miguel das Missões no filme “O tempo e o vento”. Disponível no Site http://globotv.globo.com/rbs-rs/jornal-do-almoco/v/indios-guarani-de-sao-miguel-das-missoes-assistiram-o-filme-o-tempo-e-o-vento/2857636/. Deverá ser exposto aos alunos em um ultimo encontro como fechamento, demostrando que a cultura Guarani deve ser preservada, e foi imortalizada através da literatura e no filme de Jaime Monjardim. Os alunos deverão realizar uma atividade avaliativa, a produção de um texto que poderá ser postado em um grupo criado no facebook, pois julgamos que as redes sociais são a melhor via de acesso aos alunos.
8- TEMPO PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO
	
	O projeto deve ser realizado em quatro aulas, sendo duas por semana, em quinze dias.
9- RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS
	
	Para atender aos objetivos traçados neste projeto é necessário que haja um professor regente. Os recursos materiais são: Acesso a internet, um projetor multimídia, slides em material impresso, e agendamento de horários para a visita no Museu.
10- AVALIAÇÃO
	A avaliação consiste em uma produção textual abrangendo a seguinte orientação: 
	Elaborar um texto que contemple a vida do Guarani, o que ocorreu logo depois do termino das Reduções, relacionando com o presente, discorra sobre as mudanças em sua cultura, como vivem as mulheres, como as tribos se comportam, quais são seus anseios. Como deve ocorrer a preservação dessa etnia. O que você acha que irá acontecer com os índios missioneiros no futuro? Que medidas devem ser tomadas?
	Esta avaliação vai proporcionar que saibamos se nossos objetivos foram alcançados, pois nesse momento o aluno vai transmitir para o papel toda sua carga de conhecimento, adquirido anterior e posteriormente ao Projeto de Ensino. Poderemos avaliar se suas dúvidas foram sanadas, se realmente houve construção do conhecimento histórico. O aluno deve postar a produção textual, na página do facebook, no grupo “Reflexões, sobre a trajetória do índio Guarani” que está disponível em https://www.facebook.com/groups/473976062733210/, a qual criamos no intuito de exemplificar nossa intensão.	
	Certamente que diante da elaboração de um projeto alimentamos grande expectativa com relação ao seu sucesso, ademais sabemos que nenhum trabalho deve ser em vão, no entanto, algumas sementes não geram bons frutos, não dão o resultado esperado, talvez pelo solo não ser fértil, porém a persistência em semear novamente é que pode ser o diferencial no decorrer da vida docente. O bom professor é o que persiste na semeadura, apesar das adversidades, sabendo que no final colherá os frutos merecidos. 
REFERÊNCIAS
 AHLERT, Jacqueline. O acervo de miniaturas missioneiras: Museu Monsenhor Stanislau Wolski. Passo Fundo. 2008.
ALBIAZZETTI, Giane. Antropologia Cultural: história. São Paulo: Person Pretice Hall, 2009.
ANDRADE. Ana Paula Rocha de. O uso das Tecnologias na Educação: Computador e Internet. Acessado em> 14/05/2014. Disponível em> http://www.fe.unb.br/catedraunescoead/areas/menu/publicacoes/monografias-sobre-tics-na-educacao/o-uso-das-tecnologias-na-educacao-computador-e-internet
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Sistema de Ensino Presencial Conectado
História
ELISSANDRA CHUQUEL DE AVILA
O USO DE FONTES HISTÓRICAS E DAS TECNOLOGIAS PARA COMPREENDER O COTIDIANO GUARANI APÓS O FIM DAS REDUÇÕES JESUÍTICAS
São Luiz Gonzaga
2014
ELISSANDRA CHUQUEL DE AVILA
O USO DE FONTES HISTÓRICAS E DAS TECNOLOGIAS PARA COMPREENDER O COTIDIANO GUARANI APÓS O FIM DAS REDUÇÕES JESUÍTICAS
Projeto de História apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito obrigatório para a conclusão do curso de História..Orientador: Prof Julho Zamarin.
Tutora Eletrônica: Fabiane Luzia Menezes Santos
Tutora de Sala: Iara Borck Batista.
São Luiz Gonzaga
2014

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