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depressao causa consequencias tratamento1

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CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E TRATAMENTO 
C A S A D I T O R A V*IÍIUII Izaias Claro 
Denominada por muitos 
como "a doença do século", cm 
verdade a depressão é uma doen-
ça "de todos os tempos". Por ra-
zões várias, o homem sempre 
esteve exposto a este tipo de pro-
blema emocional-espiritual. 
O autor, espírita desde 1979. 
em virtude do permanente con-
tato com o público, deu-se con-
ta da gravidade do mal exami-
nado nesta obra e do quanto de-
veria empenhar-se no sentido de 
contribuir, de algum modo. para 
a minimização das aflições 
humanas. 
Izaias Claro é Presidente-Fun-
dador da Comunidade Espírita 
Joanna de Angelis, em Osvaldo 
Cruz/SP. que, no seu complexo, 
possui um abrigo para crianças de 
ambos os sexos, com atendimen-
to de algumas crianças especiais 
dentre os abrigados, e um Centro 
Espírita com as tarefas próprias de 
um bem organizado Centro Espí-
rita. O abrigo está construido no 
sistema de unidades-lares. inspi-
rado no excepcional trabalho de-
senvolvido pela Mansão do Ca-
minho, de Salvador/BA. dirigida 
[ k 
\ I 
I 
l Causas, consequências 
e tratamento. 
DEPRESSÃO: 
Caàsas, consequências 
e tratamento. 
Izaias Claro 
4â edição 
16.001 a 21.000 exemplares 
MARÇO - 1999 
Composto e Impresso: 
Gráfica da Casa Editora O Clarim 
(Propriedade do Centro Espírita "Amantes da Pobreza"). 
Fone: (016) 282-1066 - Fax: (016) 282-1647 
C.G.C. 52313780/0001-23 - Inscr. Est. 441002767116 
Rua Rui Barbosa, 1070 - Cx. Postal, 09 
CEP 15990-000 - Matão - SP 
e-mail: clarim.mto@netsite.com.br 
D E P R E S S Ã O : C A U S A S , C O N S E Q U Ê N C I A S 
E T R A T A M E N T O 
Dados para c a t a l o g a ç ã o na editora 
Claro, I zaias 
Depresí ão: Causas, Consequências 
e Tratai bento / Izaias Claro 
Matão/Í flP: Casa Editora 0 Clarim, agosto 1998 
I a ediçâ to - 6.000 exemplares 
Bibliografia 
I S B N 85-7357-042-3 
1. Espiritismo 2. Filosofia CDD-133.9 
índices p a r a catálogo sistemático: 
1. Espiritismo - 133.9 
2. Filosofia - atualidade - 869.9 
Impresso no Brasil 
Presita en Brazilo 
Agradecimentos: 
D o A u t o r : 
Prof . Maria Eduvirges Barboza Contieri e 
Prof\ Irene Masue Ikeda Sekine - Projeto Capa. 
Cláudio Borro - tela especialmente criada para a confecção da capa. 
Angelo Lu iz Belchior Antonini - digitação do texto. 
José Francisco Pardo de Freitas e Teresinha das Graças Rocha 
de Freitas (Teca) - conferência do texto. 
D a E d i t o r a : 
Dr. Alberto de Souza Rocha. 
Equipe de funcionários da Casa Editora O Clarim. 
ÍNDICE 
Capíti lo I : Primeiras anotações 15 
Sumá io 17 
doençfct de todos os tempos 17 
quant >s são os depressivos? 19 
quem Doderá contrair depressão? 20 
quanta tempo poderá durar uma depressão? 21 
a mulher e a depressão 23 
o que jé depressão 25 
graus (da depressão 26 
perfil comportamental do depressivo 28 
contri mição do Espiritismo e dos Bons Espíritos 30 
• Capítàlo I I : Uma síntese da Doutrina Espírita. O homem, no 
conceito £spírita 33 
Sumálio 35 
uma síntese da Doutrina Espírita 35 
o homem, no conceito espírita 41 
Capítàlo I I I : Na intimidade da casa mental 47 
Sumálio 49 
subconsciente, consciente e superconsciente 49 
subconsciente: um arquivo 51 
fixaçãi) no passado 55 
consctnte: comando atual 56 
fixaçã|) no presente 58 
somos o que pensamos ser 59 
Capítilo IV: Causas 61 
Sumáilo 63 
o própHo depressivo 63 
imaturidade psicológica 66 
9 
comportamento materialista 68 
sentimento de perda 71 
ressentimento 77 
sentimento de culpa 82 
obsessão 87 
outras causas: psico-sociais, psico-afetivas, socio-econômicas, 
enfermidades orgânicas, substâncias entorpecentes, alcoolismo e 
psicológico-espirituais 93 
• Capítulo V: Consequências 99 
Sumário 100 
comprometimento do sistema imunológico 100 
enfermidades orgânicas 101 
suicídio 103 
fator destrutivo da mente e da personalidade 105 
tragédias várias 107 
• Capítulo V I : Cura 111 
Sumário 113 
cure-se a si mesmo (o próprio depressivo) 113 
torne-se maduro emocionalmente (imaturidade psicológica) 118 
espiritualize-se (comportamento materialista) 121 
desapegue-se dos bens transitórios (sentimento de perda) 124 
perdoe sempre (ressentimento) 131 
perdoe-se e recomece (sentimento de culpa) 139 
liberte-se (obsessão) 148 
cura para as causas diversas (outras causas) ...153 
recomendações outras para a cura 159 
higienize-se mentalmente 160 
polarize o pensamento 162 
confie em Deus 165 
confie em Jesus 169 
ore fervorosamente 171 
ame sempre 173 
busque o Espiritismo 176 
encontre um Centro Espírita 178 
ampare-se na família 180 
tenha bons e estruturados amigos 182 
trabalhe e transpire também 184 
vigie sempre • 185 
compn íenda e trabalhe a dor 186 
cultive} alegria íntima 190 
seja rafcional 192 
• breve página à mulher 194 
• vinte anos depois (duas orações) 197 
Bibliografia ,200 
PREFÁCIO 
Cristo-Jesus, em Seu Indimensional Amor, veio ao encontro de 
todos nós, Seus irmãos menores, com o Divino propósito de auxiliar-
nos na ascensão espiritual que devemos realizar. 
Afável, expressou-se assim: no mundo tereis aflições..., 
prevenindo-nos quanto às lutas que seriam travadas até que 
alcançássemos o ponto culminante de nossa evolução. 
Não há exceção para esta regra: todos os que nos encontramos 
vinculados ao Orbe terreno, padecemos aflições. Isto não significa, 
porém, como se verá oportunamente, que estejamos todos no estado de 
depressão propriamente dito. 
Considerando a complexidade da vida moderna, suas lutas e 
incertezas, muito natural não se conseguir manter um estado psíquico 
positivo inalterável; compreensível que vez ou outra apresentemos 
algumas tristezas, mágoas, aborrecimentos que, num certo grau e, desde 
que passageiro este estado, não pode ser qualificado de depressão clínica. 
E , em muitas situações, sobretudo nas especialmente traumáticas, chega 
a ser normal o cair em depressão, não se podendo esperar mesmo, em 
tal conjuntura, outra reação. 
Diz o Dr. John Bowlby: a tristeza é uma reação normal e 
saudável a qualquer infortúnio. (28) 
Se chega a ser normal o cair em depressão, em algumas situações, 
isto, de modo algum, justifica que o ser permaneça indefinidamente nesse 
estado, devendo, com toda a diligência, esforçar-se por recuperar o quanto 
antes o anterior estado emocional de alegria, de segurança íntima, de 
entusiasmo... 
Há duas décadas tenho convivido intensamente com pessoas 
depressivas, sensibilizando-me profundamente com as situações por elas 
experimentadas. 
Favorecido pelo conhecimento da Doutrina Espírita, e percebendo 
o quanto esta Doutrina pode beneficiar efetivamente as criaturas em 
aflições, senti o desejo de elaborar este trabalho que, na sua singeleza, 
guarda o despretensioso objetivo de contribuir. 
12 
Induvidosamente, imensa é a cooperação da Doutrina Espírita 
também neste campo, o das enfermidades emocionais/espirituais. 
Restaurando o pensamento puro de Jesus, o Espiritismo, em 
linguagem atual, demonstra a origem, a natureza e a destinação dos 
Espíritos, demonstrando pela mediunidade bem orientada e conduzida, 
que a alma, que pré-existia em relação ao corpo em formação na cavidade 
uterina, Sobreviverá à morte, retomando ao mundo espiritual, onde se 
encontrava antes deste último mergulho no corpo. 
Com esta certeza, a Vida assume sua real dimensão, enquanto a 
criatura adquire mais profunda e verdadeira compreensão das coisas. 
Comprovando a imortalidade da alma e apresentando-a nào mais 
como uma esperança, mas como uma realidade, a Doutrina dos Espíritos 
muito contribui para a compreensão Q aceitação dinâmica do sofrimento, 
bem estruturando a criatura para o enfrentamento de todas as situações 
afligentes. 
Com o Espiritismo, constatamos que os Espíritos, aquelesque 
verdadeira e sabiamente nos amam e se devotam em nosso favor 
(portanto, os Bons), acompanham-nos, assistem-nos e nos fortalecem 
para o êxito imprescindível. E eles, amorosos sempre, valem-se de muitas 
e variadas técnicas para prodigalizar-nos o bem de que necessitamos. 
A f resento, a partir das linhas próximas, alguns estudos e reflexões 
a respeito deste tema, ainda atual: a depressão. 
Rogo, humildemente, a compreensão generosa dos doutos e 
académicos. Não é intenção minha excluir ou desconsiderar a Ciência 
Psicológica, que vem contribuindo eficazmente no trato das aflições 
humanas. Somente desejo oferecer uma modesta contribuição à luz do 
Espiritismo-Cristão. Os lapsos, assim o espero, hão de ser relevados 
pelos nossos sábios e doutos irmãos, compreendendo que abordo o tema 
especialmente pela ótica do coração, tocado pelo sincero desejo de servir 
desinteressadamente... 
Ofereço o humilde esforço aos aflitos, destinatários deste 
investimento, que é resultado de vários anos de estudos e de pesquisas 
silenciosas, no recolhimento de muitas noites e dias, e no trato com as 
superlativas dores humanas. 
13 
Alma querida! 
Guardo a convicção da singeleza do trabalho. 
Tenha a certeza de que foi pensando em você e em suas aflições, 
que me animei a realizá-lo. 
Que ele ajude de algum modo! - é a sentida oração, recompensa 
máxima a que aspira 
O AUTOR 
14 
c 
a 
PRIMEIRAS ANOTAÇÕES 
Sudário: doença de todos os tempos; quantos são os 
depressivos? Quem poderá contrair depressão? Quanto tempo 
poderá durar uma depressão? A mulher e a depressão; o que é 
depressí o? Graus da depressão; perfil comportamental do 
depressivo; contribuição do Espiritismo e dos Bons Espíritos. 
doença de todos os tempos 
A epressão é uma doença somente dos nossos tempos? 
Não. A depressão é uma doença tão antiga quanto o homem. Se 
percorrermos as páginas da história encontraremos, em todas as épocas, 
irmãos nossos apresentando um comportamento típico dos depressivos. 
À juz da reencarnação, nós poderemos ser os depressivos da 
história, dfa mergulhados em um novo corpo, para uma nova experiência, 
em buscajda libertação definitiva, como, aliás, consta expressamente da 
questão 1132 de O Livro dos Espíritos. 
Jó, um dos tantos personagens bíblicos, é dos exemplos mais 
clássicos. 
Possuindo esposa, filhos e empregados, bem como amigos e 
respeitablidade, e muitos bens materiais, como, bois, jumentos, ovelhas, 
camelos,' numa certa quadra de sua existência, perdeu-os praticamente 
a todos. j 
Além dessaperda (que pode ser uma das causas da depressão), Jó 
ainda enfrentou adversidades, enfermidades e incontáveis aflições. Conta 
a história |leste personagem que ele, tendo resistido por um certo período, 
termina por abater-se, caindo em profunda depressão, amaldiçoando a 
vida e desejando a morte, conduta esta, como se verá, em capítulo próprio 
(V: consequências), muito comum entre os portadores de tal enfermidade. 
Nd capítulo três de seu livro, versículos 20 a 22, Jó chega a 
exclamar! porque se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de 
ânimo, que esperam a morte, e ela não vem: e cavam em procura 
dela majs do que de tesouros ocultos; que de alegria saltam, e 
exultam, achando a sepultura? (1). 
Também no colégio apostólico de Jesus encontraremos dois 
personagens que apresentaram, em algumas circunstâncias, um 
17 
comportamento tipicamente depressivo. São eles: Pedro e Judas 
Iscariotes. 
Pedro, como narram as Escrituras, negou que conhecesse a pessoa 
do Mestre, quando este era julgado. 
Este apóstolo apresenta uma outra causa de depressão, qual seja, 
o sentimento de culpa em face do erro praticado, negando que conhecesse 
o Amigo. Mateus, narrando o episódio, comenta a atitude de Pedro: e, 
saindo dali, chorou amargamente, ( la ) 
Isolar-se e chorar amargamente, comumente, é típico de 
depressivo. 
Judas, por sua vez, ainda segundo as narrativas evangélicas, teria 
vendido o Amigo. Em decorrência do erro (mesma causa de Pedro), que 
o levou ao remorso, Judas apresenta uma das mais graves consequências 
da depressão: o suicídio, como narrado por Mateus, ( lb) 
Sendo uma doença de todos os tempos, a depressão está presente 
nos dias atuais, podendo-se afirmar que são muitos os depressivos 
célebres e somam-se, aos milhões, os doentes que jazem no anonimato. 
São tantos os depressivos nos tempos hodiernos, que chegam alguns a 
afirmar ser a depressão a doença do século. 
quantos são os depressivos? 
Alg 
população 
pela psicoj^ 
possui peli 
mas estatísticas referem que algo em torno de 10% da 
mundial seriam de depressivos. Outras estatísticas referem 
que pelo menos 15% da população mundial, em um momento qualquer 
de suas vicjas, poderão contrair este mal. O Espírito Joanna de Ângelis, 
rafia de Divaldo Pereira Franco, assevera que a Humanidade 
) menos 100 milhões padecendo da enfermidade de que 
estamos tràtando. 
Se Considerarmos as populações encarnada e desencarnada, 
chegaremu s a um número ainda mais grandioso. A Espiritualidade 
Superior afesevera que a Terra possui, ao todo (nos dois planos), uma 
população muito superior a vinte bilhões de espíritos. Fazendo-se uma 
projeção d is estatísticas, que envolva os encarnados e os desencarnados, 
conclui-se que o número de depressivos alcança cifras alarmantes. Isto, 
porque a alma poderá prosseguir enferma após a desencarnação (ou 
morte). 
19 
quem poderá contrair depressão? 
Pessoas de todas e quaisquer condições, em princípio, podem 
contrair tal moléstia. 
Esta enfermidade pode, assim, afetar crianças, adolescentes, 
jovens, pessoas na madureza da vida e também idosas. 
Pode, outrossim, afetar ricos e pobres, cultos e ignorantes, 
encarnados e desencarnados, brancos, negros, amarelos, em suma, filhos 
de todas as nações. 
Deste modo, pessoa alguma, em princípio, seja qual for a sua 
condição, está livre de padecer deste terrível mal. 
20 
quanto tempo poderá durar u m a depressão? 
A dfepressão pode perdurar por toda a encarnação e acompanhar 
o espírito desencarnado no seu retorno ao mundo espiritual, sendo 
possível, ainda, que o espírito desencarnado e com depressão retorne 
para uma i ova experiência na Terra, trazendo consigo a enfermidade. 
Denlonstrando que a depressão pode acompanhar o espírito por 
um longo jeríodo, vale a pena ilustrar com uma história, aqui resumida, 
narrada pjor Divaldo Pereira Franco em uma de suas notáveis 
conferências. 
Um homem, casado, veio a se apaixonar, profundamente, por uma 
jovem vendedora de ilusões, que frequentava a noite de Buenos Aires. 
Emlora devotado à esposa, por algum tempo manteve esse 
relacionan ento afetivo-sexual com a jovem, até que circunstâncias várias 
constrangdram-na à busca de lima ruptura. Com este propósito, a jovem 
enceta um* longa viagem saindo do seu próprio país. 
Todhs as noites (sempre às quartas-feiras) em que ambos se 
encontravám, por meses consecutivos, o personagem de nossa história 
ia regularmente à casa noturna, na esperança, sempre frustrada, de 
reencontrar sua amada. À medida em que o tempo passava e a jovem 
não retorndva, ele entrou em profunda depressão, adoecendo rapidamente 
e defmhando-se ao ponto de desencarnar prematuramente. 
A jc vem, posteriormente, retorna a Buenos Aires e vem a saber 
do falecimento de seu amado. Buscando uma reação e uma readaptação 
à nova situação, ela trava contato com o Espiritismo. Converte-se a esta 
Doutrina é se transforma sobremaneira, sendo adotada por um casal 
ilustre e respeitável da Argentina. 
Ancfs mais tarde, já perfeitamente reintegrada à conduta ética, ela 
vem a se ^ aixonar por um rapaz, casando-se com ele. Não muitos anos 
mais tarda, ela ganha seu primeiro filho, um lindo e triste menino. Este 
menino, ifiobstante todo o empenhodos pais amorosos e dos avós 
devotados] era uma criança invariavelmente triste, raramente se alegrando 
em profundidade. Era o amado de outrora que retornava pelos laços 
sacrossantjos da paternidade, incapaz que fora de permanecer por mais 
21 
tempo no mundo espiritual. Como desejasse e necessitasse reencarnar 
para a busca do reequilíbrio, como da retomada do vínculo afetivo, agora 
com o objetivo de sublimação, ele retorna, não se tendo ainda recuperado 
da depressão que o levara à desencarnação, reencarnando deprimido. 
Joanna de Ângelis informa a Divaldo que o garoto não resistirá 
muitos anos no corpo, que desencarnará relativamente jovem, em 
consequência da depressão alimentada intensamente nos últimos anos, 
somando-se os períodos da encarnação anterior, de desencarnado e outra 
vez encarnado. 
Nota-se, pois, que a depressão é um estado emocional que pode 
acompanhar o ser onde quer que ele se encontre, no corpo ou fora dele, 
podendo-se reencarnar com depressão após ter desencarnado neste estado. 
Por fim, registre-se que os estudiosos afirmam que se uma tristeza 
profunda perdurar por duas semanas, sem indício de recuperação, já 
poderá ser diagnosticada como sendo uma depressão clínica. 
22 
a mulher e a depressão 
Sexo| idade, condição cultural, condição social e ou condição 
económica por si sós, não isentam pessoa alguma da aflição ora 
examinada, 
A mi ilher, porém, está muito mais exposta a esta enfermidade. As 
pesquisas r< velam que as taxas de depressão para as mulheres são maiores 
do que para os homens. 
Ante cipando-me ao capítulo que trata especificamente das causas 
( IV) , indag): 
E qu lis as causas que levam a mulher a ficar mais exposta do que 
o homem? 
Pod( -se dizer que há causas biológicas, causas psicológicas e 
causas psi :ossociais-econômicas-espirituais, que respondem a esta 
questão. 
A m ilher, periodicamente (ciclo mensal), apresenta uma situação 
orgânica q ie lhe é peculiar, podendo tal ocorrência conduzi-la a um 
estado depi essivo. É a também chamada TPM (tensão pré-menstrual...). 
Con a menopausa, poderá a mulher ficar exposta à depressão, 
especialmí ate a mulher de uma só atividade, isto é, aquela que durante 
toda a sua vida ou em boa parte dela fixou-se somente no marido, nos 
filhos, naçzsa. Com as dificuldades e desencantos domésticos,perdendo 
a capacidade de procriação (função essencial, para esse tipo de mulher), 
desiludida !e cansada, sem motivações outras para viver, a mulher, com 
alguma facilidade, poderá deprimir-se. Anote-se que nesse período, 
comumente, os filhos saem de casa, vão-se, adicionando um sentimento 
de perda muito grande. 
Os Estudiosos lembram que as mulheres têm tendência a remoer 
sentimentos, introvertidas ou oprimidas que são, o que também contribui 
para este í: idice maior. 
Cos umo dizer que a mulher, sobretudo na intimidade doméstica, 
acaba senc o uma espécie de antena parabólica, captando tudo quanto 
se passa ab derredor, envolvendo marido, filhos e demais familiares. 
Absorvenjdo os problemas de todos, sobrecarrega-se (estresse), 
terminandp por deprimir-se. É tão dramática a situação que muitas 
23 
terminam a existência de forma extremamente neurótica, irrealizadas, 
inclusive sexualmente. As pesquisas referem que trinta por cento das 
mulheres fingem orgasmol 
Os homens, saindo e expondo-se mais, disfarçariam o estado 
íntimo, ocultando-o ou extravasando-o de várias formas, algumas falsas 
e equivocadas, como, por exemplo, o álcool, o cigarro, tóxicos outros, o 
sexo desregrado, o jogo, os companheiros... 
As mulheres, sobretudo em países pobres, sofrem limitações 
profissionais, econômico-financeiras e limitações de poder, o que as 
tornam dependentes, muitas vezes* humilhadas, levando-as a uma crise 
de auto-estima muito grande, de consequência arrastando-as à depressão. 
Consoante observações feitas em todos esses anos de atendimento 
aos aflitos, e também de acordo com os estudos elaborados, estas são 
algumas das tantas causas que desencadeiam a depressão na mulher: (29) 
• maus-tratos ou agressões físicas e psicológicas; 
• os salários menores; 
• ocupar-se com uma só tarefa (mulher que somente se ocupa 
da casa e ou da família); 
• o complexo de inferioridade; 
• o abuso sexual; 
• o tédio; 
• os conflitos domésticos; 
• a inveja (quer o dinheiro, o status e a segurança do homem); 
• o excesso de consumismo que leva à escassez; 
• o estresse; 
• a rejeição do próprio corpo; 
• a sensação de abandono; 
• a carência afetiva; 
• a preocupação excessiva com tudo; 
• a ansiedade; 
• a competição dos tempos atuais; 
• o perfeccionismo; 
• a velhice; 
• o pensar que sofre demais... 
24 
o que é depressão? 
Em poucas palavras: depressão é uma tristeza profunda e 
prolongai a. 
Aufélio Buarque de Holanda Ferreira define depressão como sendo 
"... abaixamento de nível, resultante de pressão ou de peso; baixa de 
terreno 01 ainda, abatimento moral ou físico, letargia". (22) 
Os aspectos ou significados apresentados pelo ilustre dicionarista 
servem, aimiravelmente, ao estudo proposto, embora o objetivo seja o 
determo-iios no último referido, aquele que caracteriza o estado moral 
de abatiip mto, de tristeza. 
Realmente, quando uma mente se apresenta em estado de 
depressão, assemelha-se ela a um terreno cujo abaixamento de nível, 
formandotim buraco, enseja o acúmulo de miasmas pestilenciais, detritos, 
impureza*, - lixo!!! - numa palavra, dando surgimento aos mais variados 
problemas de saúde, de desequilíbrio. 
O doutor Willian Stiron, professor-clínico adjunto de psiquiatria 
da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, observa o seguinte: 
A ti eblina cinzenta do horror induzido pela depressão assume 
a qualidade da dor física mas - adverte ele - não é uma dor 
imediatamente identificável como a de um osso quebrado. 
E d implementa o estudioso, afirmando: 
...tálvez seja melhor dizer que o desespero... acaba por se 
assemelhar ao diabólico desconforto de estar aprisionado num 
aposento superaquecido. E como não sopra brisa nesse caldeirão, 
como nã( há saída desse confinamento sufocante - acrescenta ele - é 
inteiramente natural que a vítima comece a pensar incessantemente 
no esquecimento. (2) 
Resumindo o conceito, poderíamos dizer o seguinte: depressão é 
um estadé de espírito de melancolia, tristeza ou desespero. A intensidade 
e a duração deste estado dependem da personalidade, dos fatores que 
desencadliem o processo e da situação atual da vida do paciente. 
25 
graus da depressão 
A depressão apresenta sempre a mesma intensidade e ou duração? 
Não. Como já dito no item anterior, a intensidade e a duração 
deste estado dependem da personalidade, dos fatores que desencadeiem 
o processo e da situação atual da vida do paciente. 
A depressão, deste modo, apresenta ou pode apresentar vários 
graus ou níveis. 
Todo depressivo, pelo menos esta é a regra geral, apresenta-se 
triste; mas, nem toda pessoa triste está clinicamente depressiva. 
Disse Jesus: no mundo tereis aflições... 
Não há exceção para esta regra: todos nós padecemos aflições, o 
que não significa que todos estejamos no estado de depressão 
propriamente dito. 
Considerando a complexidade da vida moderna, suas lutas e 
incertezas, muito natural não se conseguir manter um estado psíquico 
positivo inalterável; compreensível que vez ou outra apresentemos 
algumas tristezas, mágoas, aborrecimentos que, num certo grau e, desde 
que passageiro este estado, não pode ser qualificado de depressão clínica. 
E , em muitas situações, sobretudo nas especialmente traumáticas, chega 
a ser normal o cair em depressão, não se podendo esperar mesmo, em 
tal conjuntura, outra reação. 
Diz o Dr. John Bowlby: a tristeza é uma reação normal e 
saudável a qualquer infortúnio. (28) 
Duas expressões um tantoantigas, e bastante incorporadas ao 
linguajar do brasileiro, definem bem este estado aflitivo da alma. Quando 
alguém se apresenta triste, comumente se diz que ele está na fossa, ou 
ainda, de baixo astral. Este quadro da fossa ou baixo astral - se 
passageiro -, não chega a ser uma depressão patológica e é, repito, muito 
natural nos dias atuais, de tanto aturdimento. 
Hodiernamente, uma outra expressão veio incorporar-se ao 
palavreado popular para definir a fossa; diz-se, então, que a pessoa está 
deprê e alguns até se sentem na moda e com status, usando esta curiosa 
expressão, dizendo, satisfeitos:... Ah! Eu estou deprê! E você, também 
está deprê? 
26 
A depressão perdura por semanas, meses ou até anos, se não tratada 
convenient emente (já vimos que pode perdurar por toda uma encarnação). 
Umafossa )u qualquer contrariedade não dura mais que alguns momentos 
ou horas e 3asta um fato positivo para que a pessoa se sinta novamente 
disposta, a egre e motivada para o enfrentamento da luta. 
Observo, porém, que o dicionarista Aurélio, já citado, considera 
sinonimas | as expressões fossa e depressão. 
Intei essante anotar que pode haver uma ligação entre a melancolia, 
a baixa autõ-estima, a falta de atividade e a introversão do comportamento 
depressivo de um lado, e a exaltação, a mania de grandeza, a loquacidade 
e a agitaçãi) do comportamento maníaco, de outro. Esta alternância entre 
altos e bai xos do comportamento, podem bem caracterizar a chamada 
Psicose M aníaco-Depressiva (transtorno é a expressão mais utilizada 
presentemente) ou a depressão bi-polar. Também este aspecto do 
comportar lento deve merecer atento acompanhamento. 
Son lente para concluir este tópico, lembro que a chamada tristeza 
de doming o e a melancolia comum em algumas pessoas nos períodos do 
outono e i: íverno ou em dias chuvosos, quando diminui o tempo de luz 
solar e o i lia fica mais curto, não são consideradas depressão no seu 
sentido té nico, científico. 
27 
perfil comportamental do depressivo 
Você, talvez, esteja perguntando: como identificar os sinais 
característicos da depressão ou do depressivo ou, noutras palavras, -
como se comporta alguém, vítima de depressão? 
Menciono, para você, a seguir, desdobrando-os ao máximo, quinze 
sinais ou características, que podem estar presentes no depressivo. 
Evidente que não há necessidade de que os quinze sinais estejam 
presentes, para que a depressão seja considerada como tal; alguns sinais, 
os mais graves e importantes, principalmente, já bastarão para que se 
identifique o depressivo. São estas as características que comumente 
estão presentes no enfermo: 
• Aparência triste e abatida; 
• Os movimentos se tornam mais lentos, diminui a gesticulação 
que acompanha a fala e o andar; 
• A pessoa fala pouco e o tom de voz é baixo; tem poucos 
assuntos para conversar; 
• Preocupações constantes com doenças físicas; 
• Perda ou ganho significativo de peso, fora de períodos de dieta. 
Ou, ainda, aumento ou diminuição de apetite, quase todos os dias. Frise-
se, porém, que portadores de graves enfermidades poderão perder peso 
sem que estejam com depressão, o mesmo podendo ocorrer com as 
cr ianças que, em determinados per íodos , apresentam alguma 
incapacidade de aumentar o peso; 
• A pessoa passa muitas horas por dia sentada ou deitada; 
• Redução marcante de interesse ou prazer em todas ou quase 
todas as atividades a maior parte do dia, quase todos os dias. Nas crianças 
e nos adolescentes, este comportamento depressivo poderá apresentar-
se como uma irritação constante, permanente; 
• O deprimido não reconhece que está deprimido; 
• A pessoa não tem capacidade de recuperar sozinha as atividades 
normais, daí a importância do apoio e da compreensão da família, dos 
amigos, do apoio do profissional especializado, do Centro Espírita e de 
outras Instituições mais; 
28 
nsônia ou hipersônia; dificuldade grande para dormir, ou o 
oposto: e? cesso de sono, quase todos os dias; 
radiga ou perda de energia quase todos os dias; 
! Sensações de desvalorização ou culpa excessiva ou inadequada, 
exagerada. A pessoa se sente sem valia alguma, e passa a nutrir este tipo 
de sentim mto; 
• Diminuição da capacidade de pensar ou de se concentrar ou, 
ainda, indecisão, quase todos os dias; 
Poi último, este sinal que serve para identificarmos o portador de 
depressão: 
• Vontade de morrer (pensamentos de morte). Ou, ainda, 
pensamer tos em torno do suicídio, idéias suicidas recorrentes (que 
surgem, qfie desaparecem e que ressurgem na mente da pessoa). Tentativa 
de suicídib também serve para identificar o depressivo. 
Ao£ que lêem estas páginas, lembro que não basta sentir - é bom 
que se frise - um ou mais sintomas para se concluir, apressadamente, 
que a pessoa esteja com depressão. 
Baleado nos estudiosos, e nas observações longamente elaboradas 
no atendimento aos sofredores, posso dizer que a depressão começa a 
ser identificada quando o quadro, ou estes sinais aqui mencionados, se 
mantém $or, pelo menos, algumas semanas, sem o que não se poderá, 
ainda, fal*r em depressão patológica. 
As^im, além de cuidadoso exame do caso, verificar sempre se os 
sinais obsjervados não são reflexos de doenças orgânicas, sem que a alma 
tenha sidè realmente afetada. 
De qualquer maneira, os sinais relacionados são um sério indício 
de depressão já instalada ou em vias de instalar-se. Também pode ocorrer 
que a pessoa apresente um ou outro distúrbio e esteja com depressão, 
sem que è comportamento depressivo (ostensivo) se tenha verificado. 
29 
contribuição do E s p i r i t i s m o e dos Bons 
Espíritos 
Desejo demonstrar, em todo o livro, a excelente contribuição e 
auxílio que o Espiritismo e os Bons Espíritos podem dar a propósito do 
tema. E por quê? 
Allan Kardec, o insigne Codificador do Espiritismo, sobre esta 
Doutrina, escreveu: 
O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, 
por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo 
espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, 
não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma 
das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de 
uma imensidade de fenómenos até hoje incompreendidos e, por isso, 
relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. E a essas 
relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e dai vem que 
muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente 
interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se 
explica de modo fácil. (3) 
Restaurando o pensamento puro de Jesus, o Espiritismo, em 
linguagem atual, demonstra a origem, a natureza e a destinação dos 
Espíritos, demonstrando pela mediunidade bem orientada e conduzida, 
que a alma, que pré-existia em relação ao corpo em formação na cavidade 
uterina, sobreviverá à morte, retornando ao mundo espiritual, onde se 
encontrava antes deste último mergulho no corpo. 
Com esta certeza, a Vida adquire sua real dimensão, enquanto a 
criatura adquire mais profunda e verdadeira compreensão das coisas. 
O Espiritismo é, sem contestação, a Doutrina ressurrecta de Jesus. 
Em sua inolvidável passagem pela Terra, consciente das limitações 
humanas, Jesus sabia que os homens não seriam capazes de compreender 
plenamente sua Doutrina, ou, caso a compreendessem, não teriam forças 
para mantê-la em sua pureza primitiva. Por esta razão, Ele prometeu que 
oportunamente enviaria o Consolador, Consolador este que haveria de 
recordar-nos tudo quanto Ele houvera dito, desdobrando um tanto mais 
Sua mensagem, ensinando-nos muitas outras coisas. 
30 
A criatura humana, no século X I X , é agradavelmente surpreendida 
com a Teixeira grande Revelação para o mundo ocidental, qual seja, a 
Doutrina elaborada pelos Espíritos. No Espiritismo, oser encontra o 
Cristianismo do Cristo, sem adulterações, sem inserções indébitas e ou 
prejudicia s. 
Con i a Doutrina Espírita tem-se a certeza de que as Leis de Justiça 
e de Cause e Efeito acompanham a criatura no corpo e fora dele, nesta e 
nas próxinas encarnações; que a morte não elimina de imediato os 
problemas não superados enquanto no corpo, e que é a alma - muito 
especialm mte - quem se apresentará depressiva ou não. 
Cot iprovando a imortalidade da alma e apresentando-a não mais 
como uma esperança, mas como uma realidade, a Doutrina dos Espíritos 
muito contribui para a compreensão e aceitação dinâmica do sofrimento, 
bem estru urando a criatura para o enfrentamento de todas as situações 
afligentes 
Os Espíritos, aqueles que verdadeira e sabiamente nos amam e se 
devotam e n nosso favor (portanto, os Bons), acompanham-nos, assistem-
nos e nos fortalecem para o êxito imprescindível. E eles, amorosos 
sempre, v*lem-se de muitas e variadas técnicas para prodigalizar-nos o 
bem de que necessitamos. 
Todo deprimido, portanto, encontrará no Espiritismo e nos Bons 
Espíritos, excelente concurso à recuperação da saúde e da alegria. 
No capítulos subsequentes, retornarei a todos estes aspectos. 
31 
CA FTTTJLG 
UMA SÍNTESE DA 
DOUTRINA ESPÍRITA. O 
HOMEM, NO CONCEITO 
ESPÍRITA 
I 
Surkário: uma síntese da Doutrina Espírita; o homem, no 
conceito Espírita. 
uma síntese da Doutrina Espírita 
No capítulo anterior falou-se algo a respeito da excelente 
contribuição que a Doutrina dos Espíritos dá a propósito do tema 
depressão; 
Cre io ser oportuno apresentar um resumo do Espiritismo sobre o 
qual se apbia todo o conjunto desta obra. Allan Kardec, em O Livro dos 
Espíritos, que é a obra que contém a síntese da Doutrina, em sua 
Introdução, item V I , traz uma sinopse que vale a pena ser anotada aqui. 
Eis o resu no que nos é oferecido pelo sábio Codificador : 
• Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, 
soberanamente justo e bom. 
• Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e 
inanimac os, materiais e imateriais. 
• ()s seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, 
e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos 
Espíritos 
• i) mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, 
preexiste ite e sobrevivente a tudo. 
• O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, 
ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência 
do mundi > espírita. 
• Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro 
material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a 
liberdade. 
• '. Cntre as diferentes espécies de seres corpóreos, Deus 
escolheu ia espécie humana para a encarnação dos Espíritos que 
chegaran i a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade 
moral e ii itelectual sobre as outras. 
• i l alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o 
seu envol tório. 
• ! lá no homem três coisas: I o , o corpo ou ser material 
35 
análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2o, a 
alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3o, o laço que 
prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o 
Espírito. 
• Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa 
da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, 
participa da natureza dos Espíritos. 
• O laço ouperispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma 
espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do 
invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe 
constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém 
que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como 
sucede no fenómeno das aparições. 
• O Espírito não é, pois, um ser abstraio, indefinido, só 
possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, 
que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e 
pelo tato. 
• Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, 
nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em 
moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que 
se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, 
sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu 
amor do bem: são os anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes 
se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se 
os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas 
paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. Comprazem-se no 
mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons 
nem muito maus, antes perturbadores e enredadores, do que 
perversos. A malícia e as inconseqiiências parecem ser o que neles 
predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos. 
• Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma 
categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da 
hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, 
que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida 
material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até 
que hajam atingido a absoluta perfeição moral. 
• Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, 
36 
donde saí a, para passar por nova existência material, após um lapso 
de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado 
de Espíri o errante. 
• r endo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-
se que to( os nós temos tido muitas existências e que teremos ainda 
outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros 
mundos. 
• A encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie 
humana; seria erro acreditar-se que a alma ou Espírito possa 
encarnar)no corpo de um animal. 
• A s diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre 
progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso 
depende los esforços que faça para chegar à perfeição. 
• As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado 
em nós; í ssim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, 
o homem perverso a de um Espírito impuro. 
• A 
conserva 
todo mal 
o homem 
sua alma 
todas as 
aproxim 
natureza 
• 
Universo 
alma possuía sua individualidade antes de encarnar; 
a depois de se haver separado do corpo, 
a^ sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra ela todos 
aqueles q íe conhecera na Terra, e todas as suas existências anteriores 
se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo o bem e de 
que fez. 
O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria; 
que vence esta influência, pela elevação e depuração de 
se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um 
dia estar*. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe 
suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se 
dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua 
animal. 
< Ds Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do 
• Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região 
determin ida e circunscrita; estão por toda a parte no espaço e ao 
nosso ladb, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo. E toda uma 
populaça 3 invisível, a mover-se em torno de nós. 
• < )s Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral 
e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o 
37 
pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa 
eficiente de uma multidão de fenómenos até então inexplicados ou 
mal explicados e que não encontram explicação racional senão no 
Espiritismo. 
• As relações dos Espíritos com os homens são constantes. 
Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas 
da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os 
maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e 
assemelhar-nos a eles. 
• As comunicações dos Espíritos com oshomens são ocultas 
ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que 
exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as 
boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por 
meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, 
quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos. 
• Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante 
evocação. 
• Podem evocar-se todos os Espíritos: os que animaram 
homens obscuros, como os das personagens mais ilustres, seja qual 
for a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, amigos, ou 
inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou verbais, 
conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no 
Além, sobre o que pensam a nosso respeito, assim como as revelações 
que lhes sejam permitidas fazer-nos. 
• Os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes 
inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos 
superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o 
amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de 
se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos 
inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar 
com toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente 
pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe de 
se obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem 
esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou 
mistificações, pois que muitas vezes tomam nomes venerados, a fim 
de melhor induzirem ao erro. 
• Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. 
38 
Os Espír: tos superiores usam constantemente de linguagem digna, 
nobre, re >assada da mais alta moralidade, escoimada de qualquer 
paixão ii ferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos 
conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da 
Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é 
inconsequente, amiúde trivial e até grosseira. Se, por vezes, dizem 
alguma céisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e 
absurdos] por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos 
homens d se divertem à custa dos que os interrogam, lisonjeando-
lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com falazes esperanças. 
Em resumo, as comunicações sérias, na mais ampla acepção do 
termo, só jsão dadas nos centros sérios, onde reine íntima comunhão 
de pensamentos, tendo em vista o bem. 
• A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do 
Cristo, nefcta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos 
que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste 
princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, 
mesmo para as suas menores ações. 
• Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são 
paixões q ne nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à 
matéria; [ue o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, 
despreza: ido as futilidades mundanas e amando o próximo, se 
avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de 
acordo c< m as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos 
para exp rimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem amparo e 
proteção 10 Fraco, porquanto transgride a Lei de Deus aquele que 
abusa da orça e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, 
finalment e, que, no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, 
o hipócritta será desmascarado e patenteadas todas as suas torpezas; 
que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para 
com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que 
nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade 
dos Espír tos correspondem penas e gozos desconhecidos na Terra. 
• 1 las, ensinam também não haver faltas irremissíveis, que 
a expiaçãi > não possa apagar. Meio de conseguí-lo encontra o homem 
nas difere fites existências que lhe permitem avançar, conformemente 
aos seus c esejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, 
39 
que é o seu destino final. (4) 
Pelo que se observa do resumo, são estes alguns dos princípios 
básicos da Doutrina: 
• Deus; 
• Espírito ou Alma; 
• Preexistência da Alma em relação à concepção; 
• Imortalidade da Alma; 
• Comunicabilidade dos Espíritos; 
• Reencarnação; 
• Pluralidade dos Mundos Habitados; 
• Lei de Causa e Efeito ou de Ação e Reação; 
• Lei de Justiça, Amor e Caridade; 
• Lei do Progresso; 
• Perispírito... 
Kardec, como homem de ciência, teve o cuidado de estabelecer 
com clareza o sentido de determinadas palavras, com isto evitando-se 
os prejuízos decorrentes de uma má interpretação. Assim, repetindo o 
mestre de Lyon, fica convencionado que chamaremos alma ao princípio 
espiritual quando encarnado, e chamaremos espírito quando este mesmo 
princípio encontrar-se desencarnado. 
40 
o homem, no conceito espírita 
O homem, no conceito espírita, apresenta contornos não 
encontra ios no pensamento materialista. 
Pi ra o materialismo o espírito não é mais que uma forma de 
atividac e da matéria que, em determinada fase de sua evolução, de 
forma si nples para outras mais complexas, adquiriu consciência... (5) 
N ío desconheço que para a psicologia organicista, ainda presa à 
visão mí terialista, o ser humano é composto somente de matéria, não 
possuinc o alma ou espírito. Para os defensores deste pensamento, a 
depressãb seria algo relacionado, em parte, com o organismo da pessoa 
enferma] e, de outra parte, com a influência do meio a que ela foi levada 
a viver ' 
Pçlo que se pôde perceber do resumo apresentado por Kardec, o 
homem o composto destes elementos: 
• Corpo; 
• IBiossoma ou fluido vital; 
• Perispírito; 
• [Espírito. 
E: :iste ou não o Espírito ou Alma? 
Pí ra aquele que não acredita na sua existência esta obra se tornará 
pueril. V existência do Espírito, porém, está, hoje, comprovada 
cientific imente. 
N ío somente as religiões afirmam a sua existência, como, também, 
os pesquisadores e cientistas, isentos de preconceitos, conseguem 
demonsl rar a sua realidade. 
O Espírito, presentemente, deixa de ser assunto exclusivo de 
teólogo; e pastores, religiosos e filósofos, para se tornar algo 
perfeitai lente demonstrável em laboratório. 
V ja-se, neste sentido, a extraordinária contribuição dos chamados 
transcomunicadores que, através de gravadores, telefones, fax, fotos, 
filmagei s, computadores e outros recursos mais, gravam as vozes dos 
Espírito sons outros e imagens do mundo espiritual. 
41 
A Física vem falando abertamente nos chamados universos paralelos. 
A Mediunidade, em todos os tempos, através de suas variadas M 
manifestações, tais como a vidência, a audiência, a psicografia, a 
psicofonia, a xenoglossia, vem demonstrando e documentando a 
existência da alma, a sua sobrevivência à morte e consequente 
comunicabilidade com os homens. 
As materializações ocorridas em todas as épocas corroboram as 
afirmativas feitas por teólogos e pesquisadores isentos de paixão, 
verdadeiros sacerdotes que, pela intuição, e pela comprovação, guardaram 
sempre a certeza da existência da alma. 
Mesmo a Psicologia Transpessoal aceita, defende e comprova, 
com segurança, a existência do princípio espiritual na criatura. 
Ao estabelecer contato com os Espíritos, Kardec perguntou: Que 
é o Espírito? 
Recebeu esta resposta: O princípio inteligente do Universo. (4a) 
Também indagou mais adiante: Que é a alma? 
E obteve o seguinte: um Espírito encarnado. (4b) 
Temos, pois, o que já se registrou há pouco: a Alma é um espírito < 
encarnado, sendo o Espírito uma alma desencarnada. 
O sábio Léon Denis, em sua respeitável obra Depois da Morte, 
anotou: 
O estudo do Universo conduz-nos ao estudo da alma, à 
investigação do princípio que nos anima e dirige-nos os atos. 
Já o dissemos: a inteligência não podeprovir da matéria. A 
Fisiologia ensina-nos que as diferentes partes do corpo humano 
renovam-se em um lapso de tempo que não vai além de alguns meses. 
Sob a ação de duas grandes correntes vitais, produz-se em nós uma 
troca perpétua de moléculas. Aquelas que desaparecem do organismo 
são substituídas, uma a uma, por outras, provenientes da alimentação. 
Desde as substâncias moles do cérebro até as partes mais duras da 
estrutura óssea, tudo em nosso ser físico está submetido a contínuas 
mutações. O corpo dissolve-se, e, numerosas vezes durante a vida, 
reforma-se. Entretanto, apesar dessas transformações constantes, 
através das modificações do corpo material, ficamos sempre a mesma 
pessoa. A matéria do cérebro pode renovar-se, mas o pensamento é 
sempre idêntico a si mesmo, e com ele subsiste a memória, a recordação 
de um passado de que não participou o corpo atual. Há, pois, em nós 
um princípio distinto da matéria, uma força indivisível que persiste e 
se mantém entre essas perpétuas substituições. 
Sabemos que, por si mesma, não pode a matéria organizar-se 
e produz r a vida. Desprovida de unidade, ela desagrega-se e divide-
se ao inf nito. Em nós, ao contrário, todas as faculdades, todas as 
potência^ intelectuais e morais grupam-se em uma unidade central 
que as abraça, liga, e esclarece, e esta unidade é a consciência, a 
personal dade, o Eu, ou, por outra, a Alma. (06) 
A i Uma, ou Espírito, possui vários atributos. Dentre eles: 
• Densamento; 
• Sentimento; 
• Uvre-arbítrio; 
• Vlemória; 
• Gontade. 
O '. ispírito tem por destino a perfeição relativa. Para alcançar esta 
meta, vai :-se ele do esforço, do estudo, do trabalho, do desenvolvimento 
de todas as suas potencialidades, empenhando-se pelo despertar e 
crescimei tto do seu Cristo interno, o que faz através de várias etapas 
evolutiva> ou reencarnações. 
Le amos juntos esta interessante questão do já mencionado O Livro 
dos Espítitos: 
O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como 
pretende n alguns, está sempre envolto numa substância qualquer? 
Enfvolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas 
ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para 
poder eh var-se na atmosfera e transportar-se aonde queira. 
Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo 
modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar 
perispírit 0, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito. (4c) 
Assim, pode-se concluir que o Espírito, quando na Terra, 
apresenta-se envolto pelo perispírito e pelo corpo orgânico. Pela morte, 
desfaz-se o Espírito da vestimenta orgânica, mantendo-se vivo e envolto 
por este c orpo semi-material, que lhe permite entrar em contato com os 
homens. 
EÂc corpo espiritual permanece com o Espírito durante todo o 
tempo. E esencarnado, conservá-lo-á enquanto no mundo espiritual e, 
ao retornj r para uma nova encarnação e em um outro corpo especialmente 
preparad ) para ele, o Espírito trará consigo a vestimenta perispiritual. 
A biemória não é algo simplesmente orgânico. Além de ser um 
43 
dos atributos do Espírito, apresenta-se também presente no perispírito. 
O perispírito é, por conseguinte, o repositório natural de todas as 
experiências e conquistas amealhadas pelo Espírito, constituindo-lhe uma 
forma de arquivo. 
Quando o Espírito reencarna traz consigo, de forma latente, todas 
as lembranças das suas vidas anteriores, lembranças essas que poderão 
ser evocadas em circunstâncias especiais. 
Se a memória estivesse radicada somente no cérebro físico, nada 
sobreviveria à morte. No perispírito, portanto, encontraremos os registros 
de todas as experiências vividas, tendo ele, dentre outras, a função de 
conservar as aquisições. 
Gabriel Delanne, em sua obra A Reencarnação, escreve o seguinte: 
A alma humana está associada a uma substância infinitamente 
sutil, à qual Allan Kardec deu o nome de perispírito. Esse corpo 
espiritual existe durante a vida e sobrevive à morte. É ele o molde 
no qual a matéria física se incorpora, ou, mais exatamente, o plano 
ideal que contém as leis organogênicas do ser humano. O perispírito 
está ligado ao corpo por intermédio do sistema nervoso; toda 
sensação, que abala a massa nervosa, desprende essa espécie de 
energia, à qual se deram os mais diversos nomes: fluido nervoso, 
fluido magnético, força ectênica, força psíquica, força biológica... 
Essa energia age sobre o perispírito, para comunicar-lhe o 
movimento vibratório particular, segundo o território nervoso que 
foi excitado (vibração visual, auditiva, táctil, muscular, etc), de 
maneira que a atenção da alma seja acordada e que se produza o 
fenómeno da percepção; desde esse momento, essa vibração faz parte, 
para sempre, do organismo perispiritual, porque, em virtude da lei 
da conservação da energia, ela é indestrutível. Sem dúvida, poderá 
desaparecer do campo da consciência, mas, como vimos, persiste 
inalterada nas profundezas dessa memória latente a que hoje se 
chama inconsciente. Foram as experiências espíritas que 
estabeleceram a certeza absoluta desse corpo espiritual, que se torna 
visível durante o desdobramento do ser humano e que demonstra a 
sua persistência depois da morte, pelas aparições, e, sobretudo, pelas 
materializações. 
Porque o perispírito é indestrutível, conservamos, depois da 
morte, a integridade de todas as nossas aquisições terrestres, e a 
44 
memória acorda, então, completa, nos seres suficientemente 
evolvidos, por maneira que podemos abraçar o panorama de nossa 
passada (xistência. (7) 
Djalma Motta Argollo, por sua vez, assim se expressa: 
O §erispírito é o veículo onde são gravados os resultados do 
processo ivolutivo do homem, isto é, o fruto das interações dos seres 
com o n eio ambiente em sua globalidade. As experiências 
existencii is, repetidas ad nauseam, são nele fixadas como reflexos 
condicioi ados psicossomáticos, tornando-se substratos condutores 
dos proc< ssos mentais e fisiológicos. 
E p -ossegue o mesmo autor: 
Ati avés dos estudos mediúnicos contemporâneos, bem como 
das refle] ões de notáveis pesquisadores e pensadores espiritistas de 
ontem e de hoje, constatamos que as atividades do perispírito 
abrangem, inclusive, a dimensão psicológica sendo não só 
responsá e^l pelo controle do automatismo fisiológico, mas sediando 
igualmen te o registro dos fatos de ordem psíquica, como a memória, 
os incons dentes passado e atual, enfim, todos os fenómenos mentais. 
Isso porc ue o perispírito se organiza em diversos níveis de energia, 
que se r jsponsabilizam pelos matizes da manifestação físio-
psicológ ca dos indivíduos. Como, porém, o perispírito é um 
complexo orgânico, o verdadeiro responsável pela existência e 
funcionamento do ser é o Princípio Inteligente, ou Espírito 
proprian ente dito, Centelha Divina, Raio Consciente do Pensamento 
de Deus. 
No 
Perispíriti 
Poi 
8) 
desdobramento da obra, voltarei aos tópicos Espírito e 
, associando-os ao tema examinado. 
enquanto, que fique este registro: sobretudo o Espírito é quem 
efetivamehte poderá cair em depressão, por consequência e por extensão 
podendo J ifetar o perispírito e o corpo orgânico. 
Qu indo se analisa a questão da prevenção ou cura da depressão, 
imperiosc o atendimento à essência espiritual do ser e ao seu veículo 
perispirit lai, sob pena de se abordar a questão de forma míope e 
superfície I , incompleta portanto. 
Nã) se desconsidera a influência do corpo sobre a mente ou 
Espírito IÍ bem pode dar-se que um problema fisiológico apresente 
reflexos no psiquismo, todavia, mesmo nas chamadas causas orgânicas 
45 
da depressão, o atendimento ao Espírito é de capital importância para o 
tratamento. 
O Espírito André Luiz, estudando o Homem de acordo com o 
Espiritismo estabelece que ele é composto de: 
• Corpo; 
• Fluido vitalindividualizado ou biossoma; 
• Psicossoma; 
• Corpo mental; 
• Espírito. 
Djalma Motta Argollo, a seu turno, assim vê a composição do 
Homem: 
• Espírito; 
• Níveis energéticos supra mentais; 
• Nível mental que se divide em superconsciente, consciente e 
subconsciente; 
• Psicossoma ou perispírito; 
• Biossoma ou duplo; 
• Corpo. 
Jorge Andréa dos Santos, médico e também renomado escritor 
espírita, entende ser o Homem composto de: 
• Inconsciente Puro ou Espírito; 
• Inconsciente Passado ou Arcaico; 
• Inconsciente Atual; 
• Corpo Mental; 
• Perispírito ou Psicossoma; 
• Duplo Etérico; 
• Corpo Físico. (8a) 
Porque foge ao escopo da obra, não comentarei sobre todos estes 
aspectos. No capítulo seguinte, porque mais intimamente ligado ao 
assunto, aborda-se sobre a intimidade da casa mental 
46 
NA INTIMIDADE DA 
CASA MENTAL 
1 
I 
... 
48 
Sun ário: subconsciente, consciente e superconsciente; 
subconsci nte: um arquivo; fixação no passado; consciente: comando 
atual; fixí ção no presente; somos o que pensamos ser. 
subconsciente, consciente e 
superconsciente 
André Luiz, em sua Obra No Mundo Maior (09) faz comentários 
excelentes sobre a Casa Mental, dizendo que possuímos apenas um 
cérebro, i ue se divide em três regiões distintas, quais sejam, o 
subconsci nte, o consciente e o superconsciente. Ele compara a Casa 
Mental a u m castelo constituído de três andares. No primeiro andar, está 
situado o s ubconsciente; no segundo, o consciente; e, no terceiro andar, 
encontra-se o superconsciente. 
No sistema nervoso, diz o querido médico espiritual, temos o 
cérebro iricial, ou subconsciente. O subconsciente representa e ou 
contém: 
<) repositório dos movimentos instintivos; 
() porão da individualidade; 
() arquivo das experiências; 
) registro dos menores fatos da vida; 
L residência dos nossos impulsos automáticos; 
) sumário vivo dos serviços realizados; 
) hábito e o automatismo, que moram nele; 
Representa e contém o passado, desta e das anteriores 
reencarna ões. 
O consciente, prossegue explicando André Luiz, localiza-se na 
região do córtex motor e também na zona intermediária entre os lobos 
frontais e 3s nervos. O consciente consubstancia: 
• , \.s energias motoras para as manifestações imprescindíveis no 
atual mon ento evolutivo do nosso modo de ser; 
• Representa o domicílio das conquistas atuais; 
• | síele se erguem e consolidam as qualidades nobres que estamos 
edificandi 
49 
• Nele residem o esforço e a vontade; 
• Representa o presente. 
No terceiro andar desse castelo, localiza-se o superconsciente, 
que se encontra nos planos dos lobos frontais; superconsciente este, ainda, 
silencioso para a investigação científica do mundo, que: 
• Guarda materiais de ordem sublime, que a criatura humana 
conquistará gradualmente; 
• Representa a parte mais nobre do nosso organismo divino em 
evolução; 
• Representa a casa das noções superiores, indicando as 
eminências que nos cumpre atingir; 
• Nele, demoram-se o ideal e a meta superior a ser alcançada; 
• Representa o futuro. 
50 
r 
subconsciente: u m arquivo 
Cono já anotado, o subconsciente representa o porão da 
individual dade, o arquivo das experiências e o registro dos menores 
fatos da \dda. Estes aspectos são de fundamental importância para a 
compreensão do tema depressão e dos motivos pelos quais muitas das 
criaturas humanas, nossas irmãs, sofrem deste terrível mal. 
O c epressivo, em regra, é alguém que através do tempo vem 
arquivando experiências negativas, sendo oportuno dizer que nesse 
arquivo ta las as informações são ali colocadas, ou seja, o subconsciente 
registra tá ato os maiores quanto os menores fatos da vida, mas não 
somente oi i fatos como, também, as emoções sentidas quando da vivência 
desses fatos. 
Pod í-se comparar o subconsciente a uma chapa fotográfica, que 
registra fie lmente o quadro, ou, também, pode-se compará-lo a uma fita 
magnética que registra com autenticidade o que nela é gravado ou 
projetado. Pode-se, ainda, comparar o subconsciente a um quarto de 
despejo, m uitas vezes um quarto escuro repleto de miasmas pestilenciais, 
de lixo de variada condição e procedência. 
Os c omputadores hodiernos dão-nos uma idéia excelente de como 
funciona 1 1 Casa Mental. Estes aparelhos possuem a capacidade de 
armazenai muitos dados, armazenamento este que se dá através de uma 
palavra/eh ive, de uma letra que possa facilitar o acesso ao arquivo. Novos 
arquivos \ odem ser inseridos, sem prejuízo dos que lá se encontram, 
respeitada a capacidade de armazenamento da máquina. 
Ass m também se dá com a casa mental. A cada momento, novos 
arquivos es :ão sendo elaborados preservando a criatura os que j á foram obj eto 
de armazer amento, com a diferença fundamental de que a casa mental possui 
uma capac: dade infinitamente maior de registro das situações e emoções. 
Essiis informações, ou esses fatos e sentimentos arquivados são, 
num prim :iro momento, registrados pelo consciente; depois, descem 
para esse porão. Os pensamentos, as idéias, os conceitos, os fatos 
arquivado; e registrados vão formando o caráter da pessoa, elaborando 
o seu moi o de ver, de sentir, de proceder; em uma palavra, a sua 
personalic ade. 
51 
Para reforçar tudo quanto estamos estudando, e para que você 
tenha uma idéiada impressionante capacidade de registro do subconsciente, 
anoto, para as suas reflexões, duas situações trazidas pelo inesquecível 
Carlos Toledo Rizzini, uma delas extraída da obra de André Luiz: 
Certa mulher nova não só sentia dor no curso do ato genésico 
como também tinha verdadeiro horror ao mesmo; e, além disso, 
acordava costumeiramente de madrugada com cólicas abdominais; 
sintomas, portanto, físicos e psíquicos, aos quais se deve ajuntar 
uma infecção vaginal crónica rebelde ao tratamento ginecológico. 
A regressão de memória semiconsciente, conservando a 
lembrança posterior dos fatos evocados, revelou que em existência 
bem anterior (numa "civilização primitiva"), em seguida ao 
adultério, o marido mandou prendê-la em jaula baixa, onde só cabia 
acocorada; tal posição determinou-lhe, então fortes e contínuas dores 
no ventre. Dias depois, por ordem dele, um médico seccionou-lhe o 
clitóris, sentindo, na ocasião, rápida dor lancinante; era seu intuito 
usá-la sexualmente sem que ela pudesse corresponder. E assim foi 
anulada a atividade erótica. Em vida subsequente, descreve-se como 
jovem meretriz que atravessa triste episódio; apaixonada por certo 
homem, este, alcançando o próprio orgasmo, a deixa no momento 
em que ia atingindo o clímax; ofende-a, então, gravemente com 
palavras pesadas. Confusa e frustrada, cai do alto da escada e é 
deixada sem socorro até morrer. Desta experiência procede sua 
desconfiança dos homens e da anterior o pavor das relações carnais; 
as dores são ainda sequelas da gaiola baixa e da operação cruenta; 
A vaginite, complicação do ato cirúrgico séptico. 
Vejam. Coisas muito antigas e ainda em vigor! É que por detrás 
delas há um erro moral (sobre isto conversaremos nos capítulos 
seguintes), já profligado em os Dez Mandamentos! Mas, muita gente 
assoalha que os tempos mudaram e que o mundo é diferente... O 
passado gravado nas profundezas das almas não sabe disso e emerge 
sob a forma de distúrbios psicossomáticos e de sintomas neuróticos! 
Tal mulher - nossa irmã não mais errada do que somos em geral -
curou-se inteiramente: esgotaram-se-lhe os débitos mediante os 
sofrimentos que enfrentou até 1970, digamos. E , naturalmente, 
mudou a sua condição íntima, do mesmo passo. 
É bom recordar que André Luiz conta a estória de dois 
52 
s bs espíritos bastante aprimorados que, não obstante, permaneciam no 
plano iní mor. Querendo saber porque não conseguiam ascender, a 
análise d > passado de ambos revelouque, cinco séculos antes, haviam 
lançado dois companheiros muralha abaixo, liquidando-os 
sumariai lente. Tiveram que renascer, como pilotos de prova, para 
dar a vi< a pelo progresso da aviação, caindo no devido tempo... 
Consulte nAçãoe Reação, obra em que o querido instrutor menciona 
casos de iébitos pendentes há mais de 1.000 anos, confirmando os 
achados la regressão de memória... (10). 
Do meu trabalho no atendimento fraterno a depressivos, recordo-
me de um i experiência vivida por uma certa irmã, que ilustra bem a fiel 
capacidade de registro do subconsciente que, se não atendido 
conveniei temente, através dos anos passa a governar nossa vida. 
A i: mã, informada de que poderia conversar comigo em particular, 
no objetrvo de buscar respostas e possíveis orientações para o seu caso, 
veio até o gabinete de atendimento. Estava com depressão e este quadro 
se devia a ressentimentos arquivados desde há muito, como 
posteriori lente se pôde perceber. 
No diálogo, para minha estranheza, dava ela a impressão de que 
tudo esta^ a bem em sua vida, o que tornava inexplicável aquele estado 
depressivi». Indagada sobre sua saúde orgânica, seu casamento, seus filhos 
e as várias situações possíveis, informava ela que tudo corria bem. Intuído, 
comecei 2 insistir no tópico casamento. E perguntei-lhe, dentre outras 
coisas: a senhora ama seu marido? seu marido a ama? o relacionamento 
de ambos lé bom? ele a trata com respeito e carinho? ele a ofende ou a 
agride? - 1 L O que respondia ela: 
E u amo meu marido! Meu marido me ama! O nosso 
relaciona mento é excelente! Ele me respeita e é carinhoso comigo, 
não raro me cercando de mimos e convidando-me para jantares e 
passeios! (que ela nunca aceitava!) Meu marido não me ofende e não 
me agridf! 
Cono no presente (consciente) daquela irmã tudo parecia fluir 
bem, nec< ssitando aprofundar um pouco mais para detectar a causa 
daquela evidente depressão, perguntei-lhe então: como foi o 
relacional lento de ambos no início do casamento! 
A n ulher, colhida talvez de surpresa pela pergunta, desorganizou-
se ainda nais emocionalmente. Muito nervosa e agitada, com a face 
53 
agora alterada, num rictus de amargura e dor, começou a dizer: 
Ah! Pelo amor de Deus! Não me faça lembrar esse triste e 
doloroso passado! O início de meu casamento foi terrível, muito 
difícil! Meu marido era muito violento e agressivo, não poucas vezes 
ferindo-me moral e fisicamente! Só eu sei o quanto tive que suportar 
para não ver a ruína completa do casamento!... 
E por muito tempo, abrindo as comportas do subconsciente, com 
as lembranças emergindo para o consciente, a nossa irmã entregou-se 
às confidências amargas, narrando detalhes que jaziam no porão das 
recordações. Por fim, ela admitiu que trazia mágoas não superadas há 
mais de 30 anos (!), sendo esta a causa profunda de sua depressão. O 
marido se modificara para melhor; ela, porém, ainda o não perdoara 
pela conduta da juventude distante, e agora não desejava 
(subconscientemente ou inconscientemente) dar-lhe o perdão e a 
possibilidade de serem felizes. 
A irmã foi orientada quanto à excelência do amor e do perdão, 
dispôs-se a colaborar e hoje vive realmente feliz com o marido, superadas 
as dificuldades que jaziam arquivadas. 
54 
fixação no passado 
Fixar 
comprom( timento 
O 
O depressivo, em regra, é alguém que traz a mente fixada no 
passado ti iste e sombrio, comprazendo-se em recordar as experiências 
menos fel zes, as situações que mais o afligiram. Mas, na hipótese de 
você estai com depressão, pergunto-lhe: por que se fixará somente no 
lado pior, aquele que o descontentou? por que a eleição da amargura, 
em detrimento dos júbilos? 
Ninguém, no mundo, que passe incólume às experiências 
alegres cc mo às tristes. (13) 
Ass ím, alma irmã, na hipótese de estar enferma, procure se libertar 
da amargi ra, da queixa e do pessimismo, recordando as horas boas e 
revivendofas, o que lhe dará estímulo e forças para prosseguir. 
se no passado é desperdício da oportunidade presente, com 
do futuro. 
hbmem é as suas memórias, o somatório das experiências que 
se lhe armazenam no inconsciente, estabelecendo as linhas do seu 
comportamento moral, social, educacional. 
memórias constituem-lhe o que convém e o que não é 
lícito realizar. Concorrem para a libertação ou a submissão aos 
códigos ei tabelecidos, que propõem o correto e o errado, o moral, o 
legal, o conveniente e o prejudicial. (14) 
55 
consciente: comando atual 
Como escreveu Germano de Novais, o consciente lúcido como 
cristal é uma semente boa. O subconsciente é a terra fértil, apta para 
receber, a semente. O consciente comanda. O subconsciente é como 
a terra que não sabe se a semente é de boa ou má ou até de péssima 
qualidade. O subconsciente também não distingue se o pensamento 
que acolhe é bom ou mau, positivo ou negativo, otimista ou 
pessimista. A função da terra é fazer nascer o que nela se deposita, 
como a função do subconsciente é desenvolver os pensamentos e 
sentimentos que nele penetram. Se colocamos na terra um grão de 
abóbora vai nascer um pé de abóbora. Se semeamos uma pequenina 
semente de mostarda brotará um pé de mostarda. Se pusermos um 
grão de milho nascerá um pé de milho. Assim acontece com a mente 
humana. Quando plantamos um pensamento de amor no 
subconsciente, brotam atitudes impregnadas de amor. Quando 
plantamos pensamentos de angústia e preocupação, pode até nascer 
uma úlcera gástrica... A função da mente consciente épensar, dirigir, 
plantar idéias certas na época certa. A função do subconsciente é 
fazer brotar ou realizar o que a mente consciente lhe ordenou ou 
entregou. O pensamento é uma grande energia, uma semente 
poderosa. A mente consciente a emite e transmite ao subconsciente, 
que é seu receptor. (11) 
Consideremos o subconsciente como parte do inconsciente, 
que pode aflorar à consciência, com os seus conteúdos, alterando o 
comportamento do indivíduo. Ele é o arquivo próximo das 
experiências, portanto, automático, destituído de raciocínio, estático, 
mantendo fortes vinculações com a personalidade do ser. É ele que 
se manifesta nos sonhos, nos distúrbios neuróticos, nos lapsos orais 
e de escrita - atos falhos - tornando-se, depois de Freud e seus 
discípulos, mais tarde dissidentes, Jung e Adler, responsável também 
pela conduta moral e social. 
56 
Os pensamentos e atos - logo após arquivados no subconsciente 
- programam as atitudes das pessoas. Assim, quando se toma 
conhecimento de tal possibilidade, elege-se quais aqueles que devem 
ser aciot ados - no campo moral e social - para organizar ou 
reprogramar a existência. (12) 
57 
fixação no presente 
Não poucas criaturas, malbaratando o presente e não investindo 
no futuro, gastam-se e desgastam-se naposocupação. A posocupação é 
ocupação vã, porque retém a mente fixada em algo já ocorrido no pretérito 
e que poderia estar superado. É uma atitude típica do depressivo que se 
compraz, de maneira enfermiça, em fixar-se nas experiências negativas 
transatas, desperdiçando tempo, energia e oportunidade. 
De outras vezes, o ser desgasta-se numa atitude de preocupação. 
Preocupar-se, como o indica a própria palavra, é o ocupar-se antes com 
a ocorrência que imagina ocorrerá mais tarde. Com isto a pessoa ocupa-
se pelo menos duas vezes, antes da ocorrência e enquanto ela se dá. Na 
hipótese de posocupar-se com o problema, a criatura terá se ocupado 
três vezes, isto é, antes, durante e depois. 
Pensar e refletir com serenidade e confiança na problemática, é 
positivo e necessário. Preocupar-se em excesso é inútil e nada de bom 
acrescenta. 
O ideal, para a existência humana, é a criatura procurar viver sem 
tristeza pelo passado e sem ansiedade negativa pelo futuro, num 
interminável e abençoado presente, vivendo cada instante, totalmente,não se preocupando de maneira estéril com o que virá, e também não se 
posocupando com o que de negativo sucedeu. 
A hora é agora. 
Como ensina velha canção, quem sabe faz a hora, não espera 
acontecer... 
Emmanuel, pelas mãos queridas de Francisco Cândido Xavier, 
assevera que hoje é o dia mais importante de nossas vidas; nem o 
ontem, que já vivemos com suas experiências, nem o amanhã que poderá 
surgir modificado... 
58 
somos o que pensamos ser 
Os 
a dona de 
outro prof 
O 
conquistas 
nesse are u 
presentem mte 
bconsciente está para a alma, como o quarto de despejo para 
:asa, ou como as gavetas de um arquivo para o executivo ou 
ssional. 
npsso passado, desta e de outras encarnações, todas as nossas 
experiências e emoções estão arquivadas nesse subconsciente, 
ivo, interferindo de maneira decisiva no que somos 
dessa 1 
leitura defta 
existência 
experiênc^ as 
na base 
A 
submetido 5 
pensamem o 
que as leis 
a terem 
Os 
espécie, reàl 
acanhados 
procriar, 
É o 
de realizar 
de nós. O 
vivido poi 
amanhã d; 
que principia 
realidade 
contínuo, 
Os 
descontírfua 
Por|anto, somos hoje, no momento em que nos ocupamos com a 
obra, o que fizemos de nós nos séculos passados e na 
atual. Eu sou o que me fiz, através das múltiplas encarnações, 
, vivências e emoções. E o pensamento, como artífice, está 
longa realização, 
nfatéria inerte, as plantas, os insetos, as aves e os animais estão 
a um determinismo absoluto. Os últimos, não mantém um 
contínuo, não deliberam conscientemente, sendo necessário 
da natureza e inteligências outras se ocupem deles, de modo 
prfc vidas as suas necessidades. 
nsetos, as aves e os animais podem, pelo automatismo da 
izar determinadas coisas, mas dentro de limites extremamente 
Conseguem locomover-se de um lugar para outro, caçar, 
podendo até, pelo condicionamento, construir o seu habitat. 
ornem, porém, e somente o homem, o ser que tem capacidade 
se a si mesmo. Consequentemente, somos hoje o que fizemos 
oje representa o futuro de um passado próximo ou remoto já 
nós, quando idealizamos e realizamos o que somos. No 
alma, seremos o que nos dispusermos a ser, conquista esta 
no pensamento. Nesse dia, defrontar-nos-emos com a nossa 
jjúpria. Isto se dá, porque já estamos no estágio do pensamento 
ma conquista do espírito imortal. 
nsetos, as aves e os animais pensam, mas de maneira 
ou intermitente, o que não lhes permite grandes 
59 
r e a l i z a ç õ e s . O homem pensa sempre, salvo nos casos de 
psicopatologias graves em que, pelo desarranjo do cérebro, ou pela 
pe r tu rbação do espí r i to encarnado, não consiga manter um 
pensamento contínuo. Mas, feita a ressalva das psicopatologias 
graves, o homem comum, mesmo o ignorante, o inculto, o selvagem, 
o bárbaro, como os homens mais cultos e civilizados estão sempre 
pensando. 
Com o Espiritismo temos condições de compreender bem isto, 
porque a alma é um ser distinto do corpo, que sobrevive à morte. Mesmo 
quando se dá o sono fisiológico, a alma, que vive sempre, emancipa-se 
do corpo e continua pensando e realizando. 
Oportunamente, alguém escreveu: há uma tendência muito 
grande de materializar-se aquilo em que a pessoa pensa 
continuamente... 
Disse outrem: imaginar é criar, ainda que seja uma criação fugaz, 
momentânea. 
Considerando que ninguém vive sem pensar, conclui-se que o 
pensamento, pela sua capacidade criadora, tem sido o responsável pela 
nossa desgraça como, também, pela nossa ventura. 
Poderíamos fazer uma projeção para o exterior e culpar 
circunstâncias, pessoas e ou ocorrências, no entanto, o pensamento está 
na base da felicidade ou da infelicidade individual ou coletiva, porque 
as ocorrências de fora poderão encontrar o anteparo do pensamento 
correto, do pensamento saudável, do pensamento positivo, e a pessoa 
conservar-se relativamente bem intimamente conquanto as adversidades 
exteriores. 
O depressivo é alguém que, insistentemente, e de maneira 
enfermiça, se compraz em pensar no que é negativo, prejudicial. O 
pensamento negativo, longamente acalentado, termina por conduzi-lo à 
tristeza profunda... 
60 
Swiário: o próprio depressivo; imaturidade psicológica; 
comportí mento materialista; sentimento de perda; ressentimento; 
sentimei to de culpa; obsessão; outras causas: psicossociais, 
psicoafeti yas, socio-econômicas, enfermidades orgânicas, substâncias 
entorpeci ntes, alcoolismo e psicológico-espirituais. 
o próprio depressivo 
Fat ires externos e orgânicos, certamente, poderão concorrer 
decisivam mte para que alguém sofra de depressão. Todavia, este ou 
aquele fat< >r concorrerá mais ou menos, dependendo do estado de espírito 
em que se encontra a criatura. Tanto é assim, que a mesma circunstância 
ou ocorrêiicia que arrasta alguém à depressão, em outro poderá produzir 
um efeito i nenor ou nenhum efeito. O que afeta a um nem sempre afetará 
necessária mente a outrem, o que demonstra que é o próprio depressivo 
ou Espirite o primeiro fator decisivo para que ele venha ou não a cair em 
depressão 
Alg ins exemplos: 
Há aessoas que detestam a solidão, afirmando que esta lhes 
produz de aressão e angústia, sensação de abandono e de infelicidade. 
Oul ras, no entanto, buscam-na como terapia indispensável 
ao refazin ento das forças exauridas, caminho seguro para o reexame 
de atitude s, para a reflexão em torno dos acontecimentos da vida. 
A sc lidão, todavia, não é boa nem má. Os valores dela defluentes 
são sentid )s de acordo com o estado de espírito de cada ser. 
O s lêncio produz em alguns indivíduos melancolia e medo. 
Parece su jerir-lhes um abismo apavorante, ameaçador. 
Em outras pessoas, faculta a paz, o processo de readaptação 
ao equilíb rio, abrindo espaço para o autoconhecimento. 
O siêncio, no entanto, não é positivo ou negativo. Conforme o 
estado ínt mo de cada um, ele propicia o que se faz necessário à paz, 
à alegria. 
Mu tos homens se atiram afanosamente pela conquista do 
63 
dinheiro, nele colocando todas as aspirações da vida como sendo a 
meta única a alcançar. Fazem-se, até mesmo, onzenários. 
Inúmeros outros, todavia, não lhe dão maior valor, 
desperdiçando-o com frivolidade, esbanjando-o sem consideração. 
Terminam, desse modo, na estroinice, na miséria económica. 
O dinheiro, entretanto, não é essencial ou secundário na vida. 
Vale pelo que pode adquirir e segundo a consideração de que se 
reveste transitoriamente. (14a) 
Assim, observa-se que a condição íntima do Espírito, em princípio, 
é que determinará se isto ou aquilo o arrastará ou não ao estado de 
tristeza. 
Pergunta-se, então: porque tão grande quantidade de depressivos 
na Terra? 
Joanna de Ângelis responde a esta indagação, dizendo: 
Expressiva maioria de indivíduos somente acalenta idéias 
negativas, lucubra pessimismo, agasalha mal-estares. Como 
resultado, enfraquecem-se-lhe as resistências morais, debilitam-se-
lhe os valores espirituais e alimenta-se da próprio insânia. (15) 
Sem dúvida, aflições de natureza vária poderão ocorrer na vida 
do indivíduo, marcando-o consideravelmente. No entanto, dependendo 
da estrutura íntima da criatura, ela, ou não se permitirá influenciar pela 
ocorrência, ou, se por ela influenciada, saberá conduzir-se de modo a 
não permitir estados emocionais mais graves ou danosos. 
Incontestavelmente, a depressão tem a sua matriz ou génese no 
Espírito. 
Se desejarmos examinar as causas psicológicas, genéticas e 
orgânicas, bem estudadas pelas ciências que se encarregam de 
penetrar o problema, temos que levar em conta o Espírito imortal, 
gerador dos quadros emocionais e físicos de que necessita, para 
crescer na direção de Deus. 
A depressão instala-se, a pouco e pouco, porque as correntes 
psíquicas desconexas que a desencadeiam, desarticulam, 
vagarosamente,

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