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Histórico da Escola de Frankfurt*
Bárbara Freitag
Outrora fazia parte do senso comum que sociólogos empenhassem todo seu esforço em compreender o presente como história. Hoje, pelo menos entre os colegas da área, desprezam-se as análises do presente, de cunho histórico, juntamente com a herança da filosofia da história. (Habermas, Philosophisch-politische Profile)
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Introdução
Como Siater (1976), um dos divulgadores da teoria crítica nos Estados Unidos e no Brasil, destacou muito bem, o nome “Escola de Frankfurt” refere-se simultaneamente a um grupo de intelectuais e a uma teoria social. Em verdade, esse termo surgiu posteriormente aos trabalhos mais significativos de Horkheimer, Adorno, Marcuse, Benjamin e Habermas, sugerindo uma unidade geográfica que já então, no período do pós-guerra, não existia mais, referindo-se inclusive a uma produção desenvolvida, em sua maior parte, fora de Frankfurt.
Com o termo “Escola de Frankfurt” procura-se designar a institucionalização dos trabalhos de um grupo de intelectuais marxistas, não ortodoxos, que na década dos anos 20 permaneceram à margem de um marxismo-leninismo “clássico”, seja em sua versão teórico-ideológica, seja em sua linha militante e partidária.
A criação do Instituto de Pesquisa Social (1922-1932)
A partir de uma semana de estudos marxistas em 1922 na Turíngia, na qual participaram, além de seu idealizador e organizador, Félix Weil, os marxistas Karl Korsch, Georg Lukács, Friedrich Pollock, Karl August Wittfogel e outros, surgiu a idéia de institucionalizar um grupo de trabalho para a documentação e teorização dos movimentos operários na Europa. Procurou-se, desde o início, assegurar o vínculo do Instituto a ser criado com uma universidade. Para tal foi escolhida a Universidade de Frankfurt.
O Instituto de Pesquisa Social foi oficialmente criado em 3 de fevereiro de 1923. O Instituto, com prédio próprio desde 1924, ficou vinculado à Universidade de Frankfurt, mas preservava sua autonomia acadêmica e financeira, dedicando-se exclusivamente à pesquisa e reflexão. Apesar dos tempos turbulentos que se seguiram, boa parte dos intelectuais filiados ao Instituto, bem como o próprio prédio, sobreviveram aos bombardeios e à perseguição nazista. Seus primeiros colaboradores foram típicos socialistas de cátedra, raros numa época em que a maior parte dos marxistas rejeitava o trabalho acadêmico, envolvendo-se em militâncias partidárias.
O primeiro diretor do Instituto foi Carl Gruenberg, historiador e marxólogo de Viena, que de fato só permaneceu no cargo, de forma ativa, até 1927, e simbolicamente até 1930, momento em que foi substituído por Max Horkheimer, jovem filósofo formado em Frankfurt, que assumiu a cátedra de filosofia social.
Sob a gestão de Gruenberg o Instituto editou uma revista (Arquivo) que, como indica o título, era voltada para a história do socialismo e do movimento operário e tinha uma orientação claramente documentária, procurando descrever, dentro da tradição marxista, as mudanças estruturais na organização do sistema capitalista, na relação capital-trabalho e nas lutas e movimentos operários.
Com a nomeação de Max Horkheimer para a direção do Instituto em 1930 essa orientação mudou substancialmente. O Instituto passou a assumir as feições de um verdadeiro centro de pesquisa, preocupado com uma análise crítica dos problemas do capitalismo moderno que privilegiava claramente a superestrutura.
Essa mudança também se expressa na criação de uma nova revista que substituiria o Arquivo (o arquivo da história do socialismo e do movimento operário), a Revista de Pesquisa Social, novo veículo da produção e divulgação dos pesquisadores e críticos filiados ao Instituto. Seu primeiro número foi lançado em 1932 e seu último em 1941, completando nove anos de editoração. Ao lado de sua função de diretor do Instituto, Horkheimer assumia também a função de editor da revista, assegurando sua publicação durante todo o período de existência do Instituto em Frankfurt e na emigração.
Como professor universitário, Horkheimer satisfazia às exigências da carreira acadêmica e assegurava o vínculo com a Universidade de Frankfurt; como intelectual marxista, despreocupado com a burocracia e a legitimação acadêmica, investia toda sua energia na reflexão sobre a especificidade do capitalismo moderno nas condições históricas da Europa e em especial da Alemanha do Pós-guerra. Havia sido indicado para diretor do Instituto por seu amigo e companheiro de estudos Friedrich Pollock que, por sua vez, mantinha contato com Felix Weil, o financiador e fundador do Instituto. Felix Weil era filho de um produtor de trigo alemão, emigrado para a Argentina no final do século XIX, e que com suas exportações de grãos para a Europa financiava não somente os estudos do filho como ainda o próprio Instituto. Foi esse financiamento generoso que permitiu ao grupo de intelectuais sobreviver nos tempos turbulentos que se seguiram, dando ao Instituto uma autonomia e independência que poucos centros de estudos tinham na época.
O grotesco dessa situação chegou a incentivar a imaginação de Bertholt Brecht para uma possível peça de teatro. Depois de um jantar com Eisler na casa de Horkheimer, faz as seguintes anotações em seu diário:
“Um velho rico (especulador de trigo) morre, angustiado com a miséria do mundo. Ele doa, em seu testamento, uma quantia respeitável de sua fortuna para a fundação de um instituto que deve investigar as fontes dessa miséria, que se encontra, obviamente, em si mesmo”. Seria uma possível versão do Romance do Tui (cf. Diário de Brecht, citado em H. Gumnior e R. Ringguth; Max Horkheimer, Rororo, Reinbeck, 1973, p. 29).
Graças à envergadura intelectual de Max Horkheimer e à sua excelente formação filosófica (havia elaborado suas teses de doutorado e de livre-docência, sobre Kant e Hegel, sob a orientação de Hans Comelius em Frankfurt), conseguiu aglutinar em torno do Instituto intelectuais como Pollock, Wittfogel, Fromm, Gumperz, Adorno, Marcuse e outros que passaram a contribuir regularmente com artigos, ensaios e rese​nhas para a Revista. Muitos dos ensaístas, como foi o caso de Benjamin, Marcuse e Adorno, somente se filiaram ao Instituto na fase de sua emigração para os Estados Unidos.
Preocupado com o anti-semitismo crescente na Alemanha e o progresso implacável do movimento nazista encabeçado por Hitler, Horkheimer teve a previsão de criar, a partir de 1931, filiais do Instituto em Genebra, Londres e Paris, transferindo a redação da Revista de Leipzig para Paris, onde permaneceria até a invasão alemã, depois que seus principais redatores já haviam emigrado há muito para os Estados Unidos.
Em 1933 o governo nazista decreta o fechamento do Instituto em Frankfurt por suas “atividades hostis ao Estado”, confiscando seu prédio juntamente com os 60000 volumes de livros que então constitituiam o acervo de sua biblioteca.
A produção intelectual dos pensadores de Frankfurt nessa primeira fase não se restringiu aos ensaios publicados nos números iniciais da revista. Um dos trabalhos mais significativos desse período foi (Estudos sobre Autoridade e Família, Paris, 1936), realizado sob a coordenação geral de Horkheimer e Fromm em vários países europeus. Trata-se de um estudo empiricamente orientado que procurou obter informações sobre a estrutura de personalidade da classe operária européia. Segundo os teóricos de Frankfurt, essa classe teria perdido a consciência de sua missão histórica, submetendo-se a formas de dominação e exploração totalmente contrárias ao seu interesse emancipatório. A busca de uma integração da teoria marxista com o freudismo constitui a preocupação central desse estudo, em que Horkheimer e Fromm lançam os fundamentos teóricos para uma retomada da discussão iniciada pelo grupo Sex-Pol e especialmente elaborada por Bernfeld, Fenichel e Reich nos anos 20 (cf. A. Schmidt, 1980, pp. 31 e segs.; e Rouanet, 1983, pp. 157 e segs.). Também data desse período um ensaio de Horkheimer sobre históriae psicologia, no qual o diretor do Instituto reflete sua profunda preocupação em integrar o nível macroteórico (produção capitalista) com o nível micro (indivíduo sexualmente reprimido), mediatizados pela estrutura familiar autoritária. O interesse de Horkheimer pela psicologia é de longa data. Originalmente havia planejado fazer sua tese de doutorado não no campo da filosofia (onde efetivamente viria a defendê-la) mas sim no campo da psicologia da Gestalt. Foi obrigado a desistir desse tema, que já se encontrava em fase adiantada de elaboração, quando soube da publicação de uma tese análoga na Universidade de Copenhague.
A grande preocupação teórica e política de Horkheimer nesses primeiros anos de existência e funcionamento do Instituto ficou explicitada em seu discurso inaugural, no momento em que assumia a direção do Instituto. Ele se propunha elaborar “o esboço de uma teoria materialista, social-psicológica dos processos históricos societários” (cf. A. Schmidt, 1980, p. 27). A elaboração dessa teoria somente seria possível se fossem incluídas na reflexão teórica as contribuições empíricas e históricas da sociologia e da moderna historiografia. Isso não deveria ocorrer de forma acrítica e indiscriminada mas sim a partir de uma teorização freudo-marxista flexível, cuja dinâmica se basearia em uma metodologia dialética, de inspiração hegeliana e marxista. Desta forma, Horkheimer imaginava reorientar a reflexão filosófica da época, partindo de um patamar abstrato para um nível mais concreto que não se confundisse, no entanto, com o puro ativismo da luta partidária.
Como se pode ver facilmente, a primeira fase de existência do Instituto foi decisivamente marcada pela personalidade de Max Horkheimer, sua orientação teórica e suas convicções políticas. Foi ele quem conduziu com firmeza e prudência o processo de institucionalização do Instituto, criando a Revista como porta-voz de seus trabalhos teóricos e empíricos. A ele se deve a maior ênfase no trabalho teórico voltado para a superestrutura, mudando a temática básica do centro de pesquisas por ele administrado. O interesse documentário de como a classe operária enfrentava as crises especificas do capitalismo do início do século XX transformou-se no interesse teórico do porquê de a classe operária não ter assumido o seu destino histórico de revolucionar a ordem estabelecida. Essa explicação era buscada na conjunção específica das macro-estruturas capitalistas com as micro-estruturas da família burguesa e proletária.
O período de criação e consolidação do Instituto de Frankfurt traz a marca inequívoca da filosofia social de Max Horkheimer, inspirado no freudo-marxismo de Reich e Fromm.
O período da emigração para os Estados Unidos (1943-1950)
Em 1933 Horkheimer assegura a transferência do Instituto de Frankfurt para Genebra, onde ele passa a funcionar sob o nome de Sociedade Internacional de Pesquisas Sociais. Nessa fase estão filiados Pollock, Tillich, Ch. Beard,R. 5. Lynd, F. de Saussure, E. Fromm, Neumann e outros, todos colaboradores ati​vos da Revista, agora já editada em Paris.
Em 1934 Horkheimer negocia a transferência do Instituto para Nova York. Ela se tornara possível graças ao apoio dado por Nikolas Murray, diretor da Universidade de Colúmbia em Nova York, Reinhold Niebuhr e Robert Mcíver. Assim como sua primeira sede era vinculada à Universidade de Frankfurt, o Instituto passa a vincular-se sob o nome de Instituto Internacional de Pesquisa Social à Universidade de Columbia, mantendo, no entanto, sua autonomia financeira que lhe fora assegurada graças ao auxilio irrestrito do “especulador de grãos” da Argentina.
Neste período de emigração o Instituto concede mais de cinqüenta bolsas de estudo e de pesquisa a intelectuais e judeus perseguidos pelo nazismo na Europa. Entre eles se encontravam W. Benjamin, que entre 1933 e 1938 viveu em Paris, custeado por uma das bolsas do Instituto, e Ernst Bloch, que ao contrário de Benjamin consegue emigrar em tempo para os Estados Unidos. Benjamin e Maurice Halbwachs são presos; o primeiro, recolhido a um campo de concentração mantido pelo governo de Vichy, consegue ser liberado por intervenção de Horkheimer. Ao tentar a fuga pela França e Espanha é barrado por um agente de polícia na fronteira espanhola, o que o leva a sui​cidar-se (1943). O segundo, Halbwachs, é internado em Buchenwald, onde morre nas câmaras de gás do regime nazista (1945).
Em 1940 Horkheimer e Adorno se transferem para a Califórnia, onde se encontram com Thomas Mann, Bertholt Brecht e outros intelectuais alemães e judeus refugiados. Fromm já se havia incompatibilizado com o grupo em Nova York; Marcuse, colaborador da Revista também no período da emigração, passa a trabalha passa a trabalhar no Escritório de serviços Estratégicos; Polock vira conselheiro do Ministério da Justiça americano. A Revista, que até 1940 é publicada em alemão, elabora um número em inglês em 1941; será seu um último número.
Em 1946 Horkheimer recebe o convite da municipalidade de Frankfurt para retornar a essa cidade com os membros do Instituto que quisessem acompanhá-lo. Em 1948 Horkheimer decide viajar para a Alemanha liberada do nazismo, mas derrotada e destruída, a fim de negociar as condições de sua volta, sendo surpreendido por uma recepção calorosa que o leva a con​cordar com a transferência, que seria efetivada em 1950.
A produção do Instituto nessa época da emigra​ção para os Estados Unidos se reflete, por um lado, em uma série de artigos fundamentais publicados na Revista, e que deram origem à criação da “teoria crítica” e, por outro, em duas obras que se transformariam em um marco para a pesquisa e teorização sociológicas. Trata-se da obra coletiva de um grande número de cientistas americanos e alemães, entre os quais Frenkel-Brunswik, Levinsou, Sanford e Morrow que, juntamente com Adorno, elaboraram a pesquisa empírica publicada sob o título de A Personalidade Autoritária (1950), e da coletânea de ensaios escritos em colaboração por Horkheimer e Adorno: A Dialética do Esclarecimento (1947).
Os trabalhos da fase de emigração estão sob o impacto provocado sobre os intelectuais europeus pela cultura americana, expressão máxima do capitalismo moderno e da democracia de massa. Horkheimer procura salvar a reflexão filosófica dialética face a uma crescente tendência positivista e empirista nas ciências sociais. Com seu ensaio “A teoria crítica e teoria tradicional” (1937) lança os fundamentos da teoria critica da Escola de Frankfurt. Adorno, nessa época, se concentra na fundamentação de uma sociologia marxista da música, analisando a “regressão da capacidade auditiva dos ouvintes”, o jazz e outras manifestações musicais da moderna sociedade de consumo como os “musicais” do teatro e do cinema, a produção em massa de discos e as emissões radiofônicas.
Em Personalidade Autoritária os psicólogos, psicanalistas, filósofos e pesquisadores empíricos que colaboraram nesse estudo procuram refletir sobre a interação entre a dinâmica psíquica do indivíduo e as condições sociais e políticas da sociedade em que vivem esses indivíduos.
Apesar de sua maior sofisticação metodológica e empírica, o estudo americano traz claramente a marca da reflexão teórica de Horkheimer e Fromm, desenvolvida originalmente nos Estudos sobre Autoridade e Família (1936) do primeiro período de trabalhos do Instituto na Europa. “Mas seria um erro subestimar a importância teórica da Personalidade Autoritária, vendo nela uma simples reedição, adaptada ao contexto americano e às exigências da operacionalização empírica, de teorias preexistentes”, adverte Rouanet (1983, p. 172).
Se nos Estudos Horkheimer e Fromm foram os grandes intérpretes teóricos dos dados coletados na Europa dos anos 30, no caso da Personalidade Autoritária esse papel coube a Adorno. A riqueza desse trabalho se encontra na capacidade de Adorno de teorizar, de forma original, sobre um material exclusivamente empírico, no contexto americano. Adorno preserva a unidade teórica entreos Estudos e a Personalidade Autoritária, mantendo a orientação freudo-marxista do estudo anterior. Interpreta o que em Fromm e Reich ainda aparecia sob a denominação de “caráter” como “personalidade”, a qual conceitua como sendo “uma organização de forças mais ou menos durável” no indivíduo (cf. Rouanet, 1983, pp. 168-169). Como no caso de Reich e Fromm, a personalidade é vista como uma instância entre a base econômica e a ideologia das sociedades capitalistas modernas. Não há, pois, na essência, divergência teórica entre Adorno e seus antecessores. Somente Adorno amplia a tipologia caracterológica introduzida por Reich (caráter neurótico e caráter genital) e por Fromm (caráter individual e social), colocando ainda em parênteses a reflexão sobre a estrutura familiar. Apoiando-se nos dados empíricos das diferentes escalas (etnocentrismo, autoritarismo, fascismo, organização econômica e social) elaboradas pela equipe, propõe uma nova tipologia de estruturas de personalidade (a do liberal genuíno, do conservador, do lunático, do manipulador, etc.) diferenciando cada um dos tipos em high e low scorers. Com isso ressalta a necessidade de considerar diferentes graus de intensidade em cada um dos tipos ou síndromes de personalidade. Somente dessa forma consegue explicar um aparente paradoxo encontrado na pesquisa americana: a baixa correlação entre os níveis altos da escala PEC (temas econômicos e sociais) e a escala F (fascismo). Mostra que os dados colhidos na primeira escala somente atingem camadas superficiais da personalidade, enquanto os dados da escala F detectani a dinâmica profunda da vida pulsional dos indivíduos. Desta forma consegue explicar como pessoas que emitem opiniões conservadoras sobre a política e a economia podem ter estruturas caracterológicas menos fascistas que outras pessoas, com opiniões liberais e democráticas. Essas opiniões progressistas podem ter caráter meramente episódico e superficial, ao passo que ao nível profundo esses indivíduos têm personalidade rígida, frutos de um conflito edipiano mal resolvido, e que portanto são vulneráveis ao anti-semitismo, em outros momentos históricos, como válvula de escape para pulsões mal interiorizadas.
A Dialética do Esclarecimento (1947), escrita na Califórnia, reflete a atitude crítica com a qual Adorno e Horkheimer encaram a evolução da “cultura” nas modernas sociedades de massa, da qual os Estados Unidos seriam a versão capitalista mais avançada. Segundo Habermas (Die Zeit, n? 40, de 27.9. 1985) esse trabalho constitui uma espécie de ruptura dos dois autores com os trabalhos anteriores, dando início a reflexões teóricas mais radicais que posteriormente conduziriam Adorno à sua nova concepção de dialética negativa. Até então, tanto Horkheimer quanto Adorno haviam mantido uma certa confiança na razão critica, que se imporia no decorrer do processo histórico que gerou a modernidade. Acreditavam até então que, apesar dos percalços e retrocessos, a humanidade chegaria, em última instância, a realizar a promessa humanística, contida na concepção kantiana da razão libertadora.
A razão acabaria por realizar-se concomitantemente com a liberdade, a autonomia e o fim do reino da necessidade. A Dialética do Esclarecimento representa a ruptura com essa convicção profunda. A onipotência do sistema capitalista, reificado no mito da modernidade, estaria, segundo essa nova análise, deturpando as consciências individuais, narcotizando a sua racionalidade e assimilando os indivíduos ao sistema estabelecido. Esses se incorporam hoje na totalidade do sistema, sem condições de uma autodeterminação, sem participação na elaboração do futuro da humanidade, sem possibilidade de uma resistência crítica. Desta forma, a Dialética do Esclarecimento tematiza, em última instância, a morte da razão kantiana, asfixiada pelas relações de produção capitalista.
Com esse diagnóstico de seu tempo, Adorno e Horkheimer abandonam definitivamente os paradigmas do materialismo histórico, buscando um novo caminho que igualmente se afasta e distancia dos paradigmas do positivismo e neopositivismo que dominam as ciências naturais e humanas de sua época. Mas esse caminho não lhes trará a “salvação”. Horkheimer reaproxima-se, no final de sua vida, da teologia e Adorno, desesperando cada vez mais da capacidade do pensamento de compreender o particular sem anulá-la pelo terrorismo do conceito, busca um refúgio na dialética negativa e na teoria estética. Mas isso já são os frutos do trabalho de uma nova fase que se inicia com o regresso de Adorno e Horkheimer a Frankfurt depois da Segunda Guerra Mundial.
A reconstrução Instituto de Pesquisa Social (1950-1970)
O Instituto passa a funcionar novamente em sua velha sede na S~nckenbergan1age em Frankfurt ao lado dos prédios da universidade a partir de 1950.
Horkheimer e Adorno são nomeados professores catedráticos do Departamento de Filosofia da Universidade Johann Wolgang Goethe, ministrando regularmente os seus cursos até 1969 e trabalhando simultaneamente em pesquisa. A biblioteca do Instituto havia sido renovada e os arquivos organizados depois dos desfalques sofridos durante o nazismo.
Horkheimer continua sendo diretor do Instituto durante os primeiros anos depois do seu regresso, nomeando, logo em seguida, Adorno como seu co-diretor. Este assume integralmente a direção do Instituto depois da aposentadoria de Horkheimer (em 1967). O grupo de intelectuais que outrora cercava os dois teóricos se havia reduzido muito. Marcuse decidira ficar nos Estados Unidos. Deixara o Escritório de Serviços Estratégicos para assumir uma cátedra na Universidade Brandeis na Califórnia, onde permaneceria até sua morte em 1980. Loewenthal tornou-se diretor da “Voz das Américas”; Wittfogel e Neumann aceitaram cátedras nas universidades de Washington e Nova York, e Fromm, como já foi dito, se incompatibilizara com o grupo ainda durante os primeiros anos da emigração em Nova York. Permaneceu nos Estados Unidos até sua aposentadoria, transferindo-se somente depois para a Floresta Negra, pouco antes de sua morte. Ben​jamin havia se suicidado em 1943 na fronteira espanhola. Bloch, depois da emigração nos Estados Unidos iria para a Alemanha Oriental. Aceitou depois uma cátedra em Tuebingen, onde lecionou até sua morte. A “Escola de Frankfurt” estava, pois, reduzida aos seus expoentes mais significativos: Adorno e Horkheimer. Associaram-se a eles, nos primeiros anos da década de 60, jovens filósofos como Alfred Schmidt, que viria a editar toda a obra de Horkheimer bem como reeditar uma versão fac-similar da Zeitschrift; Juergen Habermas, que até certo ponto pode ser considerado o grande herdeiro intelectual da teoria crítica, procurando salvá-la do pessimismo e do desespero no qual ameaçava perder-se; Ludwig von Friedeburg, atual diretor do Instituto de Pesquisa Social em Frankfurt; Rolf Tiedemann, o grande editor da obra de Benjamin (foi ele quem resgatou o Passagens para o público moderno) e de Adorno (cuja Teoria Estética lançou depois de sua morte); Helge Pross, Christoph Oehler e outros.
Nesse período Habermas e Friedeburg, auxiliados por Oehler e Weltz realizam um estudo entre estudantes universitários de Frankfurt e Berlim — Estudante e Política (1961) — que segue as trilhas dos dois estudos anteriores: Estudos sobre Autoridade e Família e A Personalidade Autoritária. No contexto da reconstrução democrática da Alemanha Ocidental eles procuram estudar — recorrendo às escalas A e F (autoritarismo e fascismo), elaboradas nos Estados Unidos e adaptadas às condições alemãs o potencial autoritário e/ou democrático da nova geração estudantil pós-Segunda Guerra. Essa geração, educada por pais autoritários, em sua maioria nazistas ou simpatizantes do regime de Hitler, e criada durante a Guerra, é agora confrontada com um regime liberal-democrático, quase imposto pelos aliados. Interessava aos pesquisadores saber como se configurava nessa geração a questão do autoritarismo e do anti-semitismo. A pesquisa, realizada em Frankfurt no finalda década de 50, é publicada em 1961 e revela uma síndrome autoritária latente na maioria dos entrevistados. O estudo de Berlim, coordenado por von Friedeburg no início da década de 60, é surpreendido, antes de sua publicação, pelo movimento estudantil que eclode em todo das as cidades alemãs e européias em grandes universidades, revelando o novo potencial político de uma geração estudantil não conformista.
Já nos anos 1966-1967 o protesto estudantil contra as estruturas autoritárias da universidade e da sociedade alemãs começou a mobilizar centros como Berlim, Frankfurt, Heidelberg. Esse movimento, encabeçado pela organização estudantil SDS , tem como expoentes os irmãos Wolff (que morreriam em um desastre de automóvel), os irmãos Enzensberger, Rudi Dutschke e Cohn-Bendit, original de Hessen, mas que liderara o movimento de maio de 68 em Paris, até a sua expulsão da França. Os jovens contestadores, entre os quais Rudi Dutschke assumiria um papel de liderança na Alemanha, fundamentavam seu protesto nas reflexões críticas de Marcuse, Adorno e Horkheimer. Refugiado da Alemanha Oriental e inconformado com o marxismo-leninista autoritário do SED (partido comunista da RDA), imposto pela linha partidária de Ulbricht, Dutschke havia encon​trado no pensamento da teoria critica uma nova forma de contestação da sociedade. Sua atenção nos cursos e seminários dos Departamentos de Sociologia, Política e Filosofia da Universidade Livre de Berlim revelava o alto nível de sua formação teórica (estudara teologia na República Democrática Alemã, filosofia com Marcuse na Califórnia e sociologia e política na Universidade Livre de Berlim). Sua atuação como líder estudantil permitiu transpor a teoria crítica em prática revolucionária.
Em nome da unidade da teoria e prática, da relação dialética entre o particular e o universal e entre o sujeito do conhecimento e o seu objeto, Dutschke e seus companheiros de luta defendiam a transformação radical da sociedade capitalista do Milagre alemão, tomando como ponto de partida a democratização da própria universidade. Apregoavam a “longa marcha pelas instituições” burguesas, começando pela des​truição da família e do Estado autoritário. O projeto político do movimento estudantil decorria logicamente dos ensinamentos recebidos dos seus maítres à penser. Estes, no entanto, se assustaram com a radicalidade do movimento e com a imaturidade da grande maioria dos estudantes que seguiam seus dirigentes, não por motivos racionais, mas por sua liderança carismática, que paralisava a autocrítica dos seus adeptos.
Os frankfurtianos viram no movimento estudantil da segunda metade dos anos 60 nítidos traços fascistas, passando a combatê-lo, cada qual com suas armas.
Adorno mandou chamar a policia quando os estudantes ameaçaram invadir o Instituto e depredar o prédio e a biblioteca. Para ele não havia diferença entre os nazistas radicalizados que vieram incinerar os livros “judeus”, a partir do incêndio do Reichstag em Berlim, e o estudantado engajado do final da década de 60. A forma de manifestação do protesto estudantil era aparentemente a mesma: invasão violenta dos prédios, saque de livros, irreverência com os intelectuais e sua produção acadêmica. Havia, é certo, uma variante pop do movimento estudantil: o teatro, a pantomima, reproduzindo a hierarquia empoeirada da universidade; a ocupação de prédios para festas e danças e provocação da polícia; as passeatas pelas ruas em protesto à política agressiva dos Estados Unidos no Vietnã e em favor de uma sociedade mais democrática.
Habermas procurou usar a arma do debate crítico escrito. A expressão “fascismo de esquerda” foi criada e divulgada por ele. Como não conseguiu adesão dos estudantes, nem quis participar do movimento por eles desencadeado, preferiu retirar-se para Starnberg, onde trabalhou de 1971 a 1983 no Instituto Max Planck que se propunha a estudar as condições de vida do homem na civilização técnica e industrial.
Ludwig von Friedeburg e Herbert Marcuse enfrentaram “corpo a corpo” as massas estudantis, pro​curando dialogar, convencer, fazer refletir. Eram partidários de reformas profundas do sistema universitário e educacional, mas rejeitavam as propostas revolucionárias e os movimentos de guerrilha urbana do grupo Baader-Meinhoff e da Rote Armée Fraktion (RAF).
A incorporação da “teoria crítica” ao movimento estudantil parecia anunciar o seu fim. A desilusão e incompreensão de ambas as partes – frankfurtianos e estudantes – terminou com a saída de Horkheimer para a Suíça (1967), a morte prematura de Adorno (1969) e a crítica de Marcuse a certas simplificações da revista New Left (Nova Esquerda). Os estudantes abandonaram os seus “ídolos”, voltando-se alguns para a carreira universitária tradicional, outros aderiram a seitas, outros ainda se filiaram a partidos (a maioria ao SED e Westberlins – Berlim Ocidental) e uma minoria ingressou em grupos de esquerda que partiram para a luta armada. Um pequeno grupo de estudantes optou pelo debate teórico com os frankfurtianos, desenvolvendo linhas próprias de trabalho nas quais, entretanto, não se deixa de sentir a influência do pensamento critico de Frankfurt, como foi o caso de Offe, Preuss, Brandt, Senghaas, Altvater, Buerger, Sloterdijk e muitos outros.
O renascimento e a superação da teoria crítica
Acalmados os ânimos, R. Tiedemann, J. Habermas, A. Schmidt, A. Wellmer e outros passaram a publicar as obras ainda inéditas dos teóricos críticos da primeira geração, reeditando, como já foi dito, as obras esgotadas (como foi o caso da Zeitschrift) ou inacessíveis (como foi o caso do Passagens de Benjamin).
Desta forma se dá início a uma quarta fase de trabalho, desta vez sobre a Escola de Frankfurt. Nela se distinguem duas tendências: uma, representada por Tiedemann e A. Schmidt, que consiste em preservar o pensamento de Benjamin, Horkheimer, Adorno e em parte Marcuse, através de um trabalho minucioso de reconstituição e revisão dos textos para sua edição ou reedição, com novos comentários e interpretações; e outra, seguida por Habermas, Wellmer, Buerger e outros, que consiste em prosseguir de modo original e criador o pensamento dos mestres, não hesitando em criticá-los e superá-los.
Em trabalho exaustivo e meticuloso Tiedemann publica a Teoria Estética de Adorno e reedita posteriormente toda a sua obra, bem como vários trabalhos de Walter Benjamin, entre eles a Origem do Drama Barroco (de 1925). E ainda Rolf Tiedemann quem con​segue a proeza de reconstituir, na íntegra, o Passagens, considerado impublicável por Adorno, devido ao seu caráter fragmentário.
Tiedemann resgata os manuscritos de Benjamin na Biblioteca Nacional de Paris e lança uma edição em dois volumes, depois de checar em laborioso trabalho todas as fontes (mal) citadas por Benjamin. Rouanet se deu o trabalho de ler os dois volumes e de fazer uma interpretação do trabalho para o leitor brasileiro (cf. Folhetim, de 12.9. 1982, e Tempo Brasileiro, n? 68/69, 1982).
Depois de reeditar múltiplos escritos de Horkheimer, A. Schmidt se empenha em reeditar uma versão fac-similar de todos os números de Zeitschrift fuer Sozialforschung (DTV Verlag, Munique, 1980), fornecendo ao leitor uma excelente introdução e avaliação dos trabalhos do grupo entre 1932 e 1941.
Ao lado desse trabalho editorial torna-se digna a de nota a atuação da Suhrkamp Verlag (Frankfurt) que começa a lançar a correspondência entre os grandes expoentes da Escola de Frankfurt, que conseguiu ser salva ou resgatada no pós-guerra, como a de Benjamin e Scholem. Benjamin e Adorno, Bloch e Adorno, Bloch e Lukács e muitos outros. Esse movimento editorial lança uma nova luz sobre a rica produção dos frankfurtianos durante quase meio século de atividades intensas.
Especialmente Habermas se preocupa em retomar o debate de conteúdo da obra de Adorno, Benjamin, Horkheimer, Marcuse em vários ensaios e conferências, criticando, discutindo-os e transcendendo-os. Além de comentar e debater a primeira geração dos teóricos críticos,Habermas pode ser considerado o pensador mais produtivo de uma nova versão da teoria crítica do momento. Desde os seus trabalhos de cunho mais epistemológico (Lógica da Socialdemocracia, 1967, Conhecimento e Interesse, 1968.), Habermas vem se preocupando com uma reformulação da teoria crítica de Frankfurt que permita a sua saída do impasse ao qual foi conduzida especialmente por Adorno. Suas reflexões em torno dos problemas da legitimação do Estado moderno (Técnica e Ciência como Ideologia, 1968, O problema de Legitimação do Neocapitalismo, 1972) e a elaboração de uma teoria da ação comunicativa (Teoria da Ação Comunicativa, 1981-1984, 3 vols.) exemplificam os esforços de Habermas em preservar o cunho crítico dos teóricos de Frankfurt no interior de uma reformulação e inovação teórica que os supera e transcende.
O renascimento da teoria crítica não é devido exclusivamente aos trabalhos de A. Schmidt, R. Tiedemann e J. Habermas. Há toda uma geração de jovens filósofos, pedagogos, sociólogos e críticos literários que têm usado a teorização dos frankfurtianos para novas reflexões e buscas de apropriação ou superação de seu pensamento. Neste ensaio somente serão relacionados alguns do mundo de fala alemã. E o caso de A. Wellmer com sua Dialética sobre o Moderno e o Posmoderno (1985), ou a coletânea organizada por W. Bonss e A. Honneth, Sozialforschung als Kritik, que leva o subtítulo sugestivo de “sobre o potencial sociológico da teoria crítica” (1982), ou a Conferência sobre Adorno de 1983, organizada por Ludwig von Friedeburg, o atual diretor do Instituto, posteriormente publicada juntamente com Habermas e que contém contribuições de Carl Dahlhaus, Peter Buerger, Ruediger Bubner, Ullrich Oevermann, além dos vários nomes aqui citados.
A contribuição desses autores mais jovens – uma terceira geração de frankfurtianos – será objeto da terceira parte deste livro, que busca avaliar de que forma a primeira geração (da qual faziam parte Horkheimer, Adorno, Benjamin, Marcuse) e até mesmo a segunda geração (à qual pertencem Habermas, A. Schmidt e Tiedemann) influenciaram a teorização crítica na Alemanha, na França, na Itália, nos Estados Unidos e no Brasil.
Numa breve retrospectiva do caminho até agora percorrido, poder-se-ia dizer que a teoria crítica foi concebida e desenvolvida em três grandes momentos. No primeiro, Horkheimer exerce a principal influência sobre o andamento dos trabalhos. E o período de antes e durante a Segunda Guerra Mundial, até a volta de Horkheimer e Adorno para Frankfurt em 1950. Num segundo momento, que se segue ao período da reconstrução do Instituto, é Adorno quem assume a direção intelectual, introduzindo o tema da cultura e desenvolvendo em sua teoria estética uma versão especial da teoria crítica. Finalmente, no terceiro momento, a liderança passa a Habermas que, discutindo a teoria crítica, buscará, com sua teoria da ação comunicativa, uma saída para os impasses criados por Horkheimer e Adorno, propondo, para isso, um novo paradigma: o da razão comunicativa. Esse terceiro momento tem início na década de 70 e continua em pleno desenvolvimento. Nele os dois momentos anteriores são absorvidos, preservados e superados, deixando no ar a questão da relação entre a teoria crítica e a teoria da ação comunicativa.
Se houve momentos em que a Escola de Frankfurt nada tinha a ver com Frankfurt, encontrando-se todos os seus representantes dispersos pelo mundo, temos agora o fenômeno contrário: Habermas e Friedeburg encontram-se em Frankfurt, mas seriam eles ainda “teóricos críticos” segundo a visão original de Horkheimer? O desenvolvimento dos eixos temáticos da segunda parte deste trabalho poderá fornecer alguns subsídios para que o próprio leitor forme uma opinião a respeito, tornando-se capaz de responder, por conta própria, a essa pergunta.
* FREITAG, Bárbara. O histórico da Escola de
Frankfurt. In: A Teoria Crítica: ontem e hoje. São
Paulo: Brasiliense, 1993, p. 9-30.

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